Olá, Hugo<br><br>De fato, Anitta e Naldo são os primeiros nomes que me teriam ocorrido para ilustrar o tema. São dois casos extremos. Não há nem poderia haver, para a escuta, uma barreira intransponível de classes. E Anitta e Naldo são apenas os casos extremos mais recentes. Eu poderia citar, antes, o MC Mazinho, ou Claudinho e Buchecha. Não conheço o passado de Anitta ou de Naldo no funk, mas sei que os de Mazinho e de Claudinho e Buchecha estão intimamente associados a suas comunidades de origem. Embora eu não tenha me detido muito nas carreiras da dupla ou de Mazinho, posso dizer que a temática e as letras do último não são do tipo que cause problemas de classe, embora a sonoridade geral, a estética, tenham sido (não sei como é seu som agora). Marcinho tornou-se conhecido em meados dos anos 1990 com o "Rap do solitário":<br>
<br><a href="http://youtu.be/XXwTogJ_cZE">http://youtu.be/XXwTogJ_cZE</a><br><br>Não é difícil imaginar que esse tipo de funk (o melody) seja facilmente empacotável para presente a ser entregue na Barra, por exemplo. O melody é um subgênero que não me atrai nem um pouco.<br>
<br>Claudinho e Buchecha surgiram na mesma época com uma temática menos interclasse. A música que os lançou foi o "Rap do Salgueiro":<br><br><a href="http://youtu.be/DOaqQ8OaEzg">http://youtu.be/DOaqQ8OaEzg</a><br>
<br>Eles tornaram-se pop, o que foi facilitado por certo bel-letrismo e por uma vocalidade mais melódica. Mas continuaram interessantes.<br><br><a href="http://youtu.be/QET3qyLBRSk">http://youtu.be/QET3qyLBRSk</a><br><br>
É difícil dizer o que os funkeiros "de raiz", isto é, das comunidades ou favelas do Rio, pensem de Anitta e Naldo. Por daliferentes razões: primeiro, porque não existe um gosto ou uma estética padronizada entre "o grupo", e me parece muito provável que tanto Anitta quanto Naldo correspondam ao anseio de muita gente por uma certa higienização, moralização ou respeitabilidade do gênero, que pode se traduzir em maior ou menor convencionalismo sonoro. Depois, porque a "amostragem" do "grupo" com a qual convivo é substantivamente seletiva. Ela inclui sobretudo os funkeiros que eu chamaria de radicais, aqueles que frequentam os bailes de comunidades sujeitas ao Comando Vermelho, que embora não necessariamente ligados ao comércio de substâncias ilícitas dizem "ser Comando", e odeiam a polícia, seja porque estão sujeitos à violência de Estado, seja porque tem amigos ou parentes que foram encarcerados ou mortos por ela. Arriscando uma generalização, eu diria que, para esses, Anitta é "gostosa" e Naldo, "oportunista". Aliás, ele foi bastante ridicularizado quando apareceu na janela do hotel Fasano para a multidão ao lado de Will Smith no dia 11 de fevereiro, no Rio:<br>
<br><a href="http://youtu.be/_QVwheaX3Hg">http://youtu.be/_QVwheaX3Hg</a><br><br>E foi ridicularizado ainda quando supostamente teve sua entrada impedida no camarote da Brahma onde procurava Will Smith no sambódromo.<br><br>
Diferente é o caso da MC Sabrina, muito mais velha que Anitta, que tem um passado no Proibidão e hoje cultiva uma imagem pop sem deixar completamente de lado os aspectos menos palatáveis de sua arte:<br><br><a href="http://youtu.be/2oxzfCBiPN0">http://youtu.be/2oxzfCBiPN0</a><br>
<br>De fato, ler a história do samba à luz da história do funk, em outras palavras, uma crítica historiográfica, é um dos objetivos de minha pesquisa.<br><br>Afora isso, a situação é realmente revoltante. Conheço um jovem DJ de 17 anos que está impedido de trabalhar porque os bailes estão proibidos na comunidade em que vive (o Jacarezinho), enquanto proibidões se ouvem livremente em boates da Zona Sul.<br>
<br>Abraço,<br><br>Carlos<br><br><br><br><br><br><br><div class="gmail_quote">2013/7/4 Hugo Leonardo Ribeiro <span dir="ltr"><<a href="mailto:hugoleo75@gmail.com" target="_blank">hugoleo75@gmail.com</a>></span><br><blockquote class="gmail_quote" style="margin:0 0 0 .8ex;border-left:1px #ccc solid;padding-left:1ex">
<u></u>
<div style>
<span> </span>
<div>
<div>
<div>
<p></p><div dir="ltr"><div><div><div>Prezado Palombini,<br><br></div>Por acaso minha filha de quatro anos começou a cantar no carro uma música que eu nunca tinha ouvido. Meu filho de seis disse que suas amigas também cantam essa música. Ambos aprenderam a letra com os colegas de sala de aula. Procuramos na internet e descobrimos que é a música "Sohw das poderosas" da cantora Anita. Após ler um pouco sobre ela, me veio à cabeça essa questão da apropriação do funk por outras classes sociais, tal como essa cantora bem disse em sua entrevista no link abaixo que acontecera com o samba no passado:<br>
<br><p>"Ainda de acordo com a cantora, o funk enfrenta, atualmente, o mesmo caminho que o samba trilhou. 'São ritmos vindos de comunidades carentes. Se observarmos a história
do samba, veremos que a luta dos músicos também foi grande. Mas eles
venceram! O funk está no mesmo caminho. Hoje, as festas regadas ao
batidão não estão restritas às comunidades. O funk chegou à novela das
nove. Isso é muito legal', comenta, fazendo referência à forma, cada vez
mais clara, com que a dramaturgia brasileira explora esse universo." </p>Acredito que ela está certa, de certa forma. Nisso aparecem cantores como o tal do Naldo, que parece fazer algo semelhante à Anitta, ou seja, um funk mais bem empacotado, com toda uma preocupação com a afinação do cantor (talvez através de autotune, ou não), vídeos bem produzidos, e shows em locais outros que não os bailes funks.<br>
<br></div>Ou seja, estaremos vivendo um "embranquecimento" do funk para classe média curtir sem se sentir "pobre"?<br><br></div>Mas o que eu gostaria de saber é se você tem ideia de como as comunidades das favelas enxergam esse processo de apropriação e transformação de suas práticas musicais.<br>
<div><div><br></div><div>Será que o Sandroni pode fazer um paralelo entre esse processo atual e seu livro "Feitiço Decente"?<br></div><div><br></div><div>Um abraço,<br><br></div><div>Hugo Ribeiro<br></div><div>
<br>
<div><div><a href="http://www.ofluminense.com.br/editorias/cultura-e-lazer/funk-na-veia-ritmo-que-ja-e-%E2%80%9Cquarentao%E2%80%9D-parece-incansavel-na-arte-da-renov" target="_blank">http://www.ofluminense.com.br/editorias/cultura-e-lazer/funk-na-veia-ritmo-que-ja-e-%E2%80%9Cquarentao%E2%80%9D-parece-incansavel-na-arte-da-renov</a><br>
<br></div><div>p.s. Foi engraçado meu filho de seis anos criticando a irmã, ao dizer que ela não devia cantar aquela música pois, se não era uma música que nós pais, os adultos, ouviam no carro, então não era uma música boa... E agora José? Preconceitos já se formando...<br>
<br><br></div><div><br></div></div></div></div></div>
<p></p>
</div>
<div style="color:#fff;min-height:0">__._,_.___</div>
<div style="clear:both;margin-bottom:10px;white-space:nowrap;color:#666;padding-top:15px">
<div>
<a href="mailto:hugoleo75@gmail.com?subject=Res%3A%20Transforma%E7%F5es%20e%20apropria%E7%F5es%20do%20funk%20carioca" style="margin-right:0;padding-right:0" target="_blank">
<span style="font-weight:700"></span></a> |
<a href="mailto:etnomusicologiabr@yahoogrupos.com.br?subject=Res%3A%20Transforma%E7%F5es%20e%20apropria%E7%F5es%20do%20funk%20carioca" target="_blank">
<span style="font-weight:700">através de email</span></a> |
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</div>
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(<span style="font-weight:700">1</span>)
</div>
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</ul>
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ABET (Associação Brasileira de Etnomusicologia)<br>
Utilize também o sítio do grupo: <a href="http://www.abetmusica.org.br" target="_blank">http://www.abetmusica.org.br</a><br>
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Informações, inscrições e mensagens anteriores, além de outras informações sobre esta lista de discussões, no sítio <a href="http://br.groups.yahoo.com/group/etnomusicologiabr/" target="_blank">http://br.groups.yahoo.com/group/etnomusicologiabr/</a><br>
<br>
A inscrição também pode ser feita enviando um emeio em branco para:<br>
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<img src="" height="1" width="1"> <br>
<div style="color:#fff;min-height:0">__,_._,___</div>
</div>
</blockquote></div><br><br clear="all"><br>-- <br><div>carlos palombini<br>pesquisador visitante, centro de letras e artes, unirio<br></div><a href="http://ufmg.academia.edu/CarlosPalombini" target="_blank">ufmg.academia.edu/CarlosPalombini</a><br>
<a href="http://proibidao.org" target="_blank">proibidao.org</a><br><div></div><div></div><div></div><div></div><div></div><div></div><div></div><div></div>
<div style id="__af745f8f43-e961-4b88-8424-80b67790c964__"></div>