<div dir="ltr">10/04/2013 2:44 pm<br><p><strong>Confira a primeira parte da entrevista com o rapper Mano Brown, capa da edição 120 da revista Fórum</strong></p>
<p><em>Por Glauco Faria, Igor Carvalho e Renato Rovai. Fotos de Guilherme Perez</em></p>
<p><span style="color:rgb(255,0,0)"><strong><em>Você pode comprar a edição de março da Fórum, com Mano Brown, <span style="color:rgb(0,0,255)"><a href="http://pbrasil.lojavirtualfc.com.br/sistema/listaprodutos.asp?IDLoja=7499&IDProduto=3851877&q=revista-forum-edicao--120---marco-2013" target="_blank"><span style="color:rgb(0,0,255)">aqui</span></a></span>. Ou assine a Fórum por 1 ano e ganhe as cinco últimas edições <span style="color:rgb(0,0,255)"><a href="http://pbrasil.lojavirtualfc.com.br/sistema/AddProduto.asp?IDProduto=3865363&IDLoja=7499" target="_blank"><span style="color:rgb(0,0,255)">aqui</span></a></span>.</em></strong></span></p>
<br><div id="attachment_22780" class="" style="width:255px"><a href="http://revistaforum.com.br/wp-content/uploads/2013/04/Mano-Brown-5.jpg"><img class="" style="margin: 3px;" title="Mano Brown 5" src="http://revistaforum.com.br/wp-content/uploads/2013/04/Mano-Brown-5.jpg" alt="" height="368" width="245"></a><p class="">
“A
 gente não foca na polícia, a polícia é um tentáculo do sistema, o mais 
mal pago. Mas é armado e chega com autoridade, é um tentáculo perigoso”</p></div>
<p>“Eu sou o Brown mais velho, macaco velho. Estou menos óbvio, menos 
personagem e mais natural. Comecei a tomar cuidado. Nunca fui 
oportunista, vivo de música, não sou um político que faz música.” Essa é
 uma das formas pelas quais o líder e vocalista do Racionais MC’s se 
define hoje, 25 anos depois de o grupo de rap conseguir levar sua 
mensagem não apenas às periferias de todo o Brasil, mas também a muitos 
lugares e pessoas que não tinham intimidade com o ritmo.</p>
<p>A mensagem de Brown sempre foi forte e contundente, mas hoje o músico
 prepara o lançamento de um álbum solo, no qual o soul e o romantismo 
predominam. Isso não significa, nem de longe, que o seu pensamento tenha
 se modificado, até porque muito do contexto que propiciou o nascimento 
do Racionais ainda está presente na realidade brasileira. “Eu não estava
 falando de chacina, de nada disso, estava preparando um disco de música
 romântica, aí começou a morrer gente aqui e tive de fazer alguma 
coisa.”</p>
<p>O músico se refere à chacina que matou sete pessoas na região do 
Campo Limpo, zona sul paulistana, em 5 de janeiro. Entre as vítimas, DJ 
Lah, em um primeiro momento tido como autor de um vídeo que denunciava a
 execução de um comerciante no mesmo local, feita por policiais. A 
informação foi desmentida depois, mas o espectro de que se tratava de 
uma vingança paira sobre a população do lugar. E Brown fala sobre as 
possíveis consequências para quem viu e sentiu a tragédia de perto. 
“Essa ferida não vai cicatrizar, quem mora naquele lugar onde morreu o 
Lah não vai esquecer, os moleques vão crescer, mano. Quem viveu aquilo 
não vai esquecer.”</p>
<p>Na entrevista a seguir, Mano Brown fala sobre a falta de 
oportunidades na periferia, do racismo, de um sistema que oprime, mas 
também ressalta o que ele considera ser o nascimento de um novo Brasil, 
destacando o papel da nova geração. Assim, ele mesmo tenta se 
“reinventar” para seguir na luta que sempre foi dele e de muitas outras 
pessoas. “Para dar continuidade ao trabalho, temos de caminhar pra 
frente, a juventude precisa de rapidez na informação, não dá pra ficar 
debatendo a mesma ideia sempre. É fácil para o Brown ficar nessas 
ideias, fácil, é até covarde ficar jogando mais lenha, então fui buscar 
as outras ideias, que passam pela raça também, com certeza.”</p>
<p><strong>Fórum – Você esteve em uma reunião do pessoal do rap com o 
então candidato a prefeito de São Paulo Fernando Haddad, e ali disse que
 não iria falar sobre cultura, mas sim denunciar que os jovens estavam 
morrendo na periferia. Recentemente, houve o assassinato do DJ Lah, e 
mortes violentas de músicos da periferia têm sido muito comuns em São 
Paulo, na Baixada Santista, por exemplo. Como definir essa situação?</strong></p>
<p><strong></strong>Mano Brown – Esses moleques cantam o que eles vivem.
 Geralmente, quando você chega nas quebradas, têm poucos lugares que são
 espaços de lazer, e o lugar onde teve a chacina era um ponto de lazer, 
querendo ou não. Um ponto meio marginal, mas tudo que é nosso é 
marginal. Era um bar, tinha a sinuca, tinham os amigos, o bate-papo com a
 família, tem o fluxo, é o centro da quebrada. O barzinho vende de tudo,
 vende pinga, vende leite, vende tudo, e o Lah gostava de ficar por ali,
 vários caras gostavam, era o quintal das pessoas.</p>
<p>O que aconteceu ali foi execução, crime de guerra. Tem a guerra e tem
 os crimes de guerra. As pessoas não estavam esperando por aquilo ali, 
não estavam preparadas pr’aquilo. É o que tem acontecido neste começo de
 ano, e aconteceu no final do ano passado, as mortes todas têm o mesmo 
perfil: moleque pobre em proximidade de favela. Os caras encontram 
várias fragilidades ali, várias formas de chegar, matar e sair rápido, e
 o governo simplesmente ignora o que aconteceu. existem as facilidades. O
 cara vai lá e mata sabendo que não vai ser cobrado.</p>
<p><strong>Fórum – Mas você acha que, por conta dessas ocorrências, há uma coisa dirigida contra o rap?</strong></p>
<p><strong></strong>Brown – Acho que não, se dissesse isso seria até 
leviano, porque muitas pessoas que morreram não tinham nada a ver com o 
rap. Gente comum, motoboy, entregador de pizza, moleque que saiu da 
Febem e estava na rua, com uma passagenzinha primária e morreu… E o rap 
tá na vida da molecada mesmo, tá nos becos, nas esquinas, no bar, na 
viela, geralmente o moleque que curte rap tá nesses lugares. É uma coisa
 dirigida, mas é dirigida à raça. Dirigida a uma classe.</p>
<p>Se você for fazer a conta de quantas pessoas morreram no final do 
ano, mortes sem explicação, crimes a serem investigados, e somar o tanto
 de gente que morreu em Santa Maria… Morreu muito mais aqui. Lá foi 
comoção total pela forma que ocorreu, lógico, todo mundo é ser humano, 
mas veja a repercussão de um caso e a repercussão de outro caso, quanto 
tempo demorou pra mídia acordar pra chacina? Quanto tempo demorou pras 
pessoas perceberem a cor dos mortos? Coisa meio que normal, oito pretos 
mortos, quatro aqui, três ali… É uma coisa meio cultural, preto, pobre, 
preso morto já é uma coisa normal. Ninguém faz contas.</p>
<p><strong>Fórum – E quem está matando nas periferias?</strong></p>
<p><strong></strong>Brown – A polícia. O braço armado, conexões armadas, de direita.</p>
<p><strong>Fórum – Você tem um histórico de estranhamentos com a polícia…</strong></p>
<p><strong></strong>Brown – Houve a época em que soava o gongo, a gente 
saía dando porrada pra todo lado, não olhava nem em quem. Outra época, a
 gente procurava a polícia pra sair batendo. Hoje em dia, espera pra ver
 quem vai vir. Não é só a polícia, são vários poderes. A gente não foca 
na polícia, a polícia é um tentáculo do sistema, o mais mal pago. Mas é 
armado e chega com autoridade, é um tentáculo perigoso. E tem várias 
formas de matar, de matar o preto.</p>
<p><strong>Fórum – Da última vez que você deu entrevista à Fórum, há 
mais de 11 anos, boa parte da conversa foi sobre isso. Você é um ator 
importante dentro desse cenário, como está atuando para mudar a 
situação, está fazendo intervenções no governo, conversando com pessoas,
 ou só se manifestando pela sua arte mesmo?</strong></p>
<p><strong></strong>Brown – Se eu disser que não uso meus contatos, 
estou mentindo. O que tem acontecido traumatizou todo mundo, então 
ficamos todos aqui com muita raiva, lógico que alguma coisa a gente fez.
 Mas não posso dizer o quê. Tenho minhas armas, mas não posso expor, 
parado a gente não ficou.</p>
<p>A partir do momento em que a gente nota realmente que nossa quebrada 
tem fragilidades, vê as famílias das pessoas com muitas mulheres e 
poucos homens, homens com pouca liberdade, pouca liberdade de movimento,
 vida pregressa com problema, pouca mobilidade na sociedade, caras 
condenados a viver no submundo, você começa a criar um exército na 
comunidade, de gente que vê aquele entra e sai da cadeia, de homens com 
vida pregressa que não conseguem mais arranjar emprego. As casas perdem 
esses caras, que deixam de ser úteis dentro de casa. Você vê a morte do 
homem da casa, cinco mulheres chorando; as famílias estão num processo 
que vai demorar, de restauração pra uma vida mais rotineira, mais calma,
 é uma corrente que tem de quebrar.</p>
<div id="attachment_22781" class="" style="width:346px"><a href="http://revistaforum.com.br/wp-content/uploads/2013/04/Mano-Brown-I.jpg"><img class="" title="Mano Brown I" src="http://revistaforum.com.br/wp-content/uploads/2013/04/Mano-Brown-I.jpg" alt="" height="224" width="336"></a><p class="">
“Antigamente, quando só o rico tinha, ninguém reclamava. Pobre com celular, com moto, não pode, o sistema cobra”</p></div>
<p><strong>Fórum – Um cenário de guerra, mesmo.</strong></p>
<p><strong></strong>Brown – É, não passou a ser guerra agora, depois da 
chacina, já vivia em guerra. As mães também lamentam os filhos que vão 
pra vida do crime, perder pra droga… A molecada negra tá muito exposta 
ao perigo, o salário é baixo, o risco é alto. A sociedade cobra muito, 
você tem de ter as coisas, tem de estar, tem de ser, tem de aparentar 
ser… Aparentar ser já custa caro, “ser” é outro estágio. O pessoal acha 
que é vaidade boba a pessoa gostar de marca, de perfume bom, mas são 
coisas que ajudam a pessoa a circular, a arrumar um emprego, a arrumar 
uma gata, tudo melhora. No momento em que no Brasil começa a sobrar um 
dinheirinho pra categoria, pra raça, o outro lado já começa a cobrar com
 a vida também. O excesso de gente usufruindo deste novo Brasil… Não 
pode, é excesso, tem de limpar. Tudo que é moleque de moto… Os excessos 
que o pessoal começa a reclamar, todo mundo com celular no busão. 
Antigamente, quando só o rico tinha, ninguém reclamava. Pobre com 
celular, com moto, não pode, o sistema cobra.</p>
<p><strong>Fórum – Você entende isso como uma reação da elite?</strong></p>
<p><strong></strong>Brown – Uma reação. Três governos de esquerda 
eleitos pelo povo, o Brasil pagou a dívida, a classe C tomando espaço e a
 Globo expondo isso na novela, todo mundo analisando, os autores são 
mais jovens e começaram a mudar a mente, as ideias começaram a ir pra 
tela e os movimentos ganhando força a partir das ideias, muita coisa 
junto… Os caras reagiram. O que aconteceu em São Paulo aconteceu no 
resto do Brasil. Em Alagoas, o índice de negros mortos é muito alto, em 
Belém do Pará, Goiás…</p>
<p><strong>Fórum – E você pediu o impeachment do governador Geraldo Alckmin em um evento na Assembleia…</strong></p>
<p><strong></strong>Brown – Pedi o impeachment do Alckmin e ele tem de 
tomar providências. Naquela altura, estava em um estágio em que dava a 
impressão de que o Alckmin não estava nem aí. As declarações que ele deu
 foram piorando, chegou num ponto de eu achar que ele não sabia o que 
estava acontecendo. Era suicídio, como ele vai se eleger a qualquer 
coisa com esses números de morte?</p>
<p>Muitas vezes, acho a mídia com tanto medo e, de repente, vai um canal
 de direita, que é a Record, que começou a investigação. A gente 
conversava e sentia que tinha o medo no ar, eram jornalistas com medo, 
quando eu vi o [André] Caramante isolando e as pessoas pedindo pra ele 
não voltar, pensei: “Os caras tão com medo, o governo tá junto”. E as 
declarações que ele [Alckmin] estava dando mostravam isso, que não ia 
voltar atrás e era um movimento aprovado pelo povo, o povo estava com 
ele. Redução da violência, crime organizado, a guerra do PCC, o povo leu
 isso como uma coisa benéfica pra sociedade, mas estavam morrendo os 
filhos deles mesmos.</p>
<p><strong>Fórum – Será que o povo leu isso desse jeito?</strong></p>
<p><strong></strong>Brown – Pelo número de PMs que foi eleito, percebo 
que o povo está se dirigindo a votar dessa forma, tem medo. Primeira 
coisa que se pensa: segurança. Segurança é polícia, entre um cantor de 
rap, um padre e um policial, ele vai eleger um policial. O voto explica.</p>
<div id="attachment_22782" class="" style="width:394px"><a href="http://revistaforum.com.br/wp-content/uploads/2013/04/2013-02-07-20.40.12.jpg"><img class="" title="2013-02-07 20.40.12" src="http://revistaforum.com.br/wp-content/uploads/2013/04/2013-02-07-20.40.12.jpg" alt="" height="256" width="384"></a><p class="">
“O PCC hoje tem tanto poder que eles nem precisariam da contravenção pra existir”</p></div>
<p><strong>Fórum – Qual a sua opinião sobre o PCC?</strong></p>
<p><strong></strong>Brown – O PCC hoje tem tanto poder que eles nem 
precisariam da contravenção pra existir. Aí seria realmente um poder 
incontestável, e pelo número de mortes que foi reduzido em São Paulo, a 
gente sabe que muito tem a ver com eles. Já existe o PCC, não precisa 
fazer nada mais contra a lei. Se é que houve alguma coisa contra a lei… 
Não seria mais necessário usar contravenção, já existe a autoridade, 
existe a autoridade instalada, o povo aceitou.</p>
<p><strong>Fórum – Como você vê a ascensão dos movimentos sociais hoje em São Paulo?</strong></p>
<p><strong></strong>Brown – Sou privilegiado de ver acontecer isso, 
minha geração. Acho digno e muito importante mesmo todos os saraus, as 
reuniões, os diálogos, todo o movimento de jovens dedicado a isso, a 
conhecer as causas do Brasil, não só reclamar. É uma geração que não só 
reclama, que faz, que desce o beco da favela, vai trabalhar, vai bater 
nas portas. É um novo Brasil, novos médicos, novos advogados, novos 
pedreiros, novos motoboys, novos motoristas. O que todo mundo bebe, vai 
ser; o que todo mundo come, vai ser; o que todo mundo respira, vai ser. 
Daqui a 20 anos, você vai ver o país que está sendo implantado pelo 
Lula, pela Dilma, pelos Racionais, pelo Bill, pelo Facção Central. Daqui
 a 20 anos, vai ter um povo que vai ter essa cara.</p>
<p><strong>Fórum – Fale um pouco mais de sua concepção desse novo Brasil.</strong></p>
<p><strong></strong>Brown – Tenho 42 anos, sou fruto daquela geração dos
 anos 1980, aquela “geração lixo”. “Geração lixo”. Eu sou aquilo, com 
todos os defeitos e qualidades. Já os nossos filhos, nós que já 
aprendemos e sofremos um pouquinho mais, vão ser melhorados, mais 
ligeiros, mais práticos que eu, e não vão rodar tanto em volta do 
objetivo, vão direto ao foco.</p>
<p>Agora, os meus filhos, a molecada em geral… Ainda temos de lavar a 
roupa suja. Eu e eles. Não gosto de puxar a orelha dos moleques por 
revista e nem por entrevista, mas temos roupa suja pra lavar nas 
favelas, nas vielas, nas ruas, nos palcos, tem muita coisa pra melhorar 
ainda.</p>
<p><strong>Fórum – Mas existe um orgulho hoje de quem vive na periferia, ele não se esconde mais. Há marcas que nascem na periferia. </strong></p>
<p><strong></strong>Brown – É o que o judeu fez, o italiano fez, o 
japonês fez e o preto foi proibido de fazer. Nos dias de hoje, faz, 
monta time de futebol, loja, grupo de rap. Forma a família, que é onde 
está o foco nosso, a família, dialogar, organizar… Historicamente foi 
proibido pra nós, a gente vive correndo, se escondendo, um comportamento
 de foragido que talvez essa geração não vá ter mais.</p>
<p><strong>Fórum – Será que esse não é o susto das elites, perceber que daqui a 20 anos o Brasil não vai ser mais esse? </strong></p>
<p><strong></strong>Brown – O Brasil atrasado, os brancos também não 
querem isso, os brancos ligeiros não querem mais isso. Foi um ganho o 
branco acordar e o preto acordar também.</p>
<p><strong>Fórum – “Fim de semana no parque” fez vinte anos agora. Você 
acha que essa foi a principal mudança nesse período, além do ganho 
econômico, também a elevação da autoestima?</strong></p>
<p><strong></strong>Brown – Começa pela raça, pelo orgulho do que você 
é, de você ter na sua família a sua raiz. Se você não tem vergonha da 
sua mãe você vai ouvir mais ela, se você acha sua mãe bonita, seu pai 
bonito… Eu sou de uma geração em que muitos não tiveram pai, não tive 
pai, vários amigos não tiveram. Tive de aprender a ser meu pai, o homem 
da casa sempre fui eu. Isso também fez eu ser quem eu sou, mas acho que 
seria melhor se tivesse tido um pai. Em várias casas faltam um pai. Acho
 que a periferia vive este momento de fluxo de cadeia, da molecada se 
envolvendo na criminalidade, perdendo o direito de ir e vir, de 
oportunidade de emprego por conta de passagem [na polícia], então vai 
limitando e as famílias vão ficando empobrecidas. Mesmo que o governo 
faça, vai estar sempre correndo atrás, essa corrente tem de cortar. Dar 
oportunidade pra molecada – principalmente para os homens –, que não tem
 como demonstrar nada numa sociedade em que você tem de parecer que é, 
pelo menos. A molecada não tem oportunidade.</p>
<p><strong>Fórum – Falando em oportunidade, o que você acha das cotas?</strong></p>
<p><strong></strong>Brown – Como tudo que envolve o negro, é polêmico. 
Agora, se você negar que o Brasil prejudicou a raça negra… [As cotas] 
não vão resolver o problema, mas dizer que o negro não é merecedor disso
 é racismo. Historicamente teria de ter, mas, dentro da raça negra, o 
lance de cotas é tão dividido ou mais que entre os brancos. Se você 
chegar na inteligência negra, perguntar ali o que acha da cota… Mano, é 
treta! Você vai ter cara crânio que é contra, vai falar pra ele que tem 
de ser a favor… É dividido, acho bom ser polêmico. O problema tem de ser
 debatido, depois faz o acordo, mas de cara tem de conversar.</p>
<div id="attachment_22783" class="" style="width:346px"><a href="http://revistaforum.com.br/wp-content/uploads/2013/04/Mano-Brown-3.jpg"><img class="" title="Mano Brown 3" src="http://revistaforum.com.br/wp-content/uploads/2013/04/Mano-Brown-3.jpg" alt="" height="224" width="336"></a><p class="">
“Primeira
 coisa que se pensa: segurança. Segurança é polícia, entre um cantor de 
rap, um padre e um policial, ele vai eleger um policial. O voto explica”</p></div>
<p><strong>Fórum – Qual a sua avaliação do movimento negro no Brasil?</strong></p>
<p><strong></strong>Brown – O movimento negro evoluiu muito, tenho muito
 orgulho de ver como o movimento atua hoje, algumas reuniões em que eu 
fui, moleques muito inteligentes… Dá vontade de parar de falar e deixar 
só os moleques falarem. No dia do evento mesmo, antes tinha falado um 
garoto do movimento negro, ele já tinha falado tudo. Eu nem quis falar 
muito porque ele já tinha falado tudo. Antigamente, ia nos movimentos e 
era um debate muito primário, ranço de 300 anos debatido nos anos 1980, 
nós estamos em 2013 e a molecada já está debatendo outras coisas, outros
 poderes, não só os visíveis. Já não querem só a roupa de marca, os 
caras querem poder, os moleques vêm pesado na reivindicação, no direito,
 na história. São terríveis e estão vindo aí. Tenho orgulho, já foi um 
movimento confuso, hoje não é mais. É um movimento prático.</p>
<p><strong>Fórum – Existe uma crítica de que somente o empoderamento 
econômico não traria consciência social para as pessoas, mas o seu 
depoimento não diz isso.</strong></p>
<p><strong></strong>Brown – Traz. Traz porque o tempo é dinheiro pra 
todos, inclusive pra classe C. O micro-ondas, o carro que anda melhor 
vai fazer você chegar com mais conforto em casa, no seu trabalho, você 
vai ter tempo pra melhorar. Por que é conforto pro rico e pro pobre não?
 O pobre vai ficar bobo alegre, por quê? É preconceito. O que faz a vida
 do cara ter conforto, permitir organizar o tempo, poder estudar, 
trabalhar e cuidar do filho… Daqui a 20 anos, tá ele formado, o filho 
estudando, se ele não tivesse o carro, com certeza não trabalhava, não 
estudava, tinha cuidado só do filho. Ele não tinha estudado e era só o 
filho, não eram duas rendas, era uma. Bem material “aliena o pobre”, 
porque pobre é alienado, esse é o discurso… O pobre não tem 
inteligência… Sabedoria do povo é sabedoria do povo, tem de escutar, tem
 de entender a mensagem.</p>
<p><span style="color:rgb(255,0,0)"><em><strong>Leia <a href="http://revistaforum.com.br/blog/2013/04/o-novo-velho-mano-brown-2a-parte/" target="_blank"><span style="color:rgb(255,0,0)">aqui</span></a> a segunda parte da entrevista</strong></em></span></p>

<p><span style="color:rgb(255,0,0)"><strong><em>Você pode comprar a edição de março da Fórum, com Mano Brown, <span style="color:rgb(0,0,255)"><a href="http://pbrasil.lojavirtualfc.com.br/sistema/listaprodutos.asp?IDLoja=7499&IDProduto=3851877&q=revista-forum-edicao--120---marco-2013" target="_blank"><span style="color:rgb(0,0,255)">aqui</span></a></span>. Ou assine a Fórum por 1 ano e ganhe as cinco últimas edições <span style="color:rgb(0,0,255)"><a href="http://pbrasil.lojavirtualfc.com.br/sistema/AddProduto.asp?IDProduto=3865363&IDLoja=7499" target="_blank"><span style="color:rgb(0,0,255)">aqui</span></a></span>.</em></strong></span></p>


        


                                                                
                <p><strong>Tags:</strong> <a href="http://revistaforum.com.br/blog/tag/dj-lah/" rel="tag">DJ Lah</a>, <a href="http://revistaforum.com.br/blog/tag/entrevista/" rel="tag">entrevista</a>, <a href="http://revistaforum.com.br/blog/tag/entrevista-com-mano-brown/" rel="tag">entrevista com Mano Brown</a>, <a href="http://revistaforum.com.br/blog/tag/forum-120/" rel="tag">Fórum 120</a>, <a href="http://revistaforum.com.br/blog/tag/glauco-faria/" rel="tag">Glauco Faria</a>, <a href="http://revistaforum.com.br/blog/tag/igor-carvalho/" rel="tag">Igor Carvalho</a>, <a href="http://revistaforum.com.br/blog/tag/mano-brown/" rel="tag">Mano Brown</a>, <a href="http://revistaforum.com.br/blog/tag/movimento-negro/" rel="tag">movimento negro</a>, <a href="http://revistaforum.com.br/blog/tag/movimentos-sociais/" rel="tag">movimentos sociais</a>, <a href="http://revistaforum.com.br/blog/tag/periferia/" rel="tag">periferia</a>, <a href="http://revistaforum.com.br/blog/tag/racismo/" rel="tag">Racismo</a>, <a href="http://revistaforum.com.br/blog/tag/rap/" rel="tag">rap</a>, <a href="http://revistaforum.com.br/blog/tag/renato-rovai/" rel="tag">Renato Rovai</a>, <a href="http://revistaforum.com.br/blog/tag/seguranca-publica/" rel="tag">segurança pública</a>, <a href="http://revistaforum.com.br/blog/tag/upp/" rel="tag">UPP</a>, <a href="http://revistaforum.com.br/blog/tag/violencia/" rel="tag">violência</a>, <a href="http://revistaforum.com.br/blog/tag/violencia-policial/" rel="tag">Violência Policial</a><br>
</p>                              
                <br>-- <br><div dir="ltr"><div>carlos palombini<br>professor de musicologia ufmg<br><a href="http://proibidao.org" target="_blank">proibidao.org</a><br></div><a href="http://ufmg.academia.edu/CarlosPalombini" target="_blank">ufmg.academia.edu/CarlosPalombini</a><br>
<a href="http://scholar.google.com.br/citations?user=YLmXN7AAAAAJ" target="_blank"><span style="display:block">scholar.google.com.br/citations?user=YLmXN7AAAAA</span></a><br><div></div><div></div><div></div><div></div><div>
</div><div></div><div></div><div></div><div></div><div></div><div></div><div></div><div></div></div>
<div style id="__af745f8f43-e961-4b88-8424-80b67790c964__"></div></div>