<div dir="ltr"><b>Um discurso verdadeiramente progressista de ampliação ao acesso à 
cultura deve necessariamente alojar sob o mesmo teto pianos de cauda e 
turntables. É preciso que seja proporcionado indistintamente o contato 
com toda a arte produzida até então e inserir a todos no diálogo com 
linguagens contemporâneas. Para tanto, é preciso que esteja à mão do 
novo artista o ensino que até hoje lhe foi negado e os instrumentos para
 que possa ressignificar e criticar a sua realidade da maneira que lhe 
parecer apropriado. Seja através de uma composição eletroacústica ou de 
uma rima proibidona.</b><br><br><a href="http://www.cartamaior.com.br/?/Editoria/Cultura/Sobre-pianos-e-turntables/39/29689">http://www.cartamaior.com.br/?/Editoria/Cultura/Sobre-pianos-e-turntables/39/29689</a><div class="" style="float:left;width:668px">
<hr style="width:668px" color="#e7e7e9">
  </div><br><br><br><h2 style="margin:0px"><font><span style="font-weight:normal">29/11/2013 - Copyleft</span></font>
    
      </h2><h1 class="" style="color:rgb(251,122,117)">
        Sobre pianos e turntables
      </h1><h2 style="margin:0px"><a href="http://www.cartamaior.com.br/includes/controller.cfm?cm_conteudo_id=29689" title="Sobre pianos e turntables" class="" style="color:rgb(251,122,117)">O funk entre a gestão pública de cultura e o mofo da academia 
            </a></h2><br clear="all"><h2 class="" style="font-size:12pt;color:rgb(139,139,131)">Na 
academia, muito se fala sobre as implicações sociais do funk. Pouco se 
fala da estética e dinamismo criativo emergidos de um movimento 
complexo. <br></h2>Andrei Reina (*)<h2 class="" style="font-size:12pt;color:rgb(139,139,131)"><img title="Catraca Livre" alt="Catraca Livre" src="http://www.cartamaior.com.br/arquivosCartaMaior/FOTO/128/E8E722DA3B506833F8D09531DF804DE623F738C3EBAA3B6CE37A57CD73980091.png" style="float: left; clear: left; margin: 10px 20px 15px 0px; max-width: 668px; border-color: white;">
      
      
       </h2><p class="" id="texto_detalhe">
          </p><br><br><br><br><br><br><br><br><br><br><br><br><br><br><br><br>Desde a conturbada gestão de 
Ana de Hollanda à frente do Ministério da Cultura, a gestão pública na 
área tem sido debatida cada vez mais. Embora louvável, esse aumento em 
quantidade nem sempre vem acompanhado de qualidade. No que diz respeito à
 música, um dos tópicos mais polêmicos gira em torno do funk carioca. 
Tirando os que se prestam ao preconceito puro e simples, é possível 
observar duas tendências ao olhar o fenômeno que costumam prevalecer.<br> <br>Há
 quem trate o gênero em um tom patriarcal e inflija um olhar maniqueísta
 sobre os artistas dali oriundos, contrapondo-os entre politizados e 
alienados. Existiria, de um lado, o artista preocupado com sua 
comunidade e, de outro, aquele cuja atenção se dirige exclusivamente 
para sua ascensão social. Logo, é um olhar violento que retira de um 
movimento complexo apenas o que lhe apraz.<br> <br>A outra revela seu 
germe no distanciamento e contamina parte da academia - sublinhado pelo 
fato da maioria dos estudos sobre o funk pertencer às prateleiras de 
Antropologia. Ou seja, uma ciência fundada na questão da alteridade teve
 de tentar dar conta do fenômeno. Com isso, pouco se fala da estética e 
dinamismo criativo dali emergidos, e sim de suas implicações sociais.<br> <br>Não
 é preciso muito para notar o quanto essas visões são limitadas, mas há 
exemplos ainda mais escatológicos dentro do progressismo. No dia 16 de 
setembro, em debate promovido pelo Programa de Educação Tutorial do 
Departamento de Filosofia da FFLCH-USP, o professor Vladimir Safatle 
afirmou categoricamente que “o funk não deu em nada”. Embora ele 
defendesse que a divisão entre culturas popular e erudita não fosse mais
 suficiente - o que parece bastante razoável -, suas falas revelavam 
grande ignorância sobre manifestações tidas como populares.<br> <br>Um 
ponto consensual entre aqueles preocupados com a gestão pública da 
cultura é a necessidade urgente da universalização do acesso ao ensino e
 produção artística. Isto se daria, por exemplo, com multiplicação de 
centros culturais pela cidade, que levassem para além do centro ensino 
de longo prazo e aprofundado de história e fruição das artes, bem como 
oferecesse meios para produção de novo conteúdo.<br> <br>Quando a 
crítica à precariedade dos aparelhos culturais do Estado vem acompanhada
 de distanciamento, desconhecimento e preconceito em relação a fenômenos
 populares como o funk, ela se torna imediatamente surda e ecoa em um ou
 outro gabinete mofado. Enquanto se discute o que é arte ou o que seria 
sub-serviço à indústria cultural hoje, tanto não são construídos 
conservatórios como são reprimidos bailes funk. Como em vários casos em 
que a consequência do sectarismo na esquerda grita, quem ganha com a 
falta de unidade é justamente a estrutura que se tenta combater.<br> <br>Um
 discurso verdadeiramente progressista de ampliação ao acesso à cultura 
deve necessariamente alojar sob o mesmo teto pianos de cauda e 
turntables. É preciso que seja proporcionado indistintamente o contato 
com toda a arte produzida até então e inserir a todos no diálogo com 
linguagens contemporâneas. Para tanto, é preciso que esteja à mão do 
novo artista o ensino que até hoje lhe foi negado e os instrumentos para
 que possa ressignificar e criticar a sua realidade da maneira que lhe 
parecer apropriado. Seja através de uma composição eletroacústica ou de 
uma rima proibidona.<br><br>(*) Andrei Reina é estudante de Ciências Sociais na Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras da USP.<br><br>-- <br><div dir="ltr"><div>carlos palombini<br>professor de musicologia ufmg<br><a href="http://proibidao.org" target="_blank">proibidao.org</a><br>
</div><a href="http://ufmg.academia.edu/CarlosPalombini" target="_blank">ufmg.academia.edu/CarlosPalombini</a><br><a href="http://scholar.google.com.br/citations?user=YLmXN7AAAAAJ" target="_blank"><span style="display:block">scholar.google.com.br/citations?user=YLmXN7AAAAA</span></a><br>
<div></div><div></div><div></div><div></div><div></div><div></div><div></div><div></div><div></div><div></div><div></div><div></div><div></div><div></div></div>
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