<div dir="ltr"><div>Caros André, Maria Alice e colegas,</div><div><br></div><div>Gostaria de sublinhar a colocação do professor Diósnio, trazendo a discussão para o contexto mais amplo da produção e do acesso ao conhecimento.</div><div><br></div><div>> Considero a participação brasileira nos repositórios R importante. Ela integra ao mesmo tempo que divulga. No entanto, não posso deixar de manifestar que não é possível não termos uma contrapartida em forma de livre acesso quando os dados se referem a nossa própria produção.</div><div><br></div><div>A tendência atual é clara. Existe um aumento no acesso livre à produção científica e artística impulsionado pelo baixo custo de publicação na internet. Porém simultaneamente existe a tendência (fortemente induzida pelas editoras) de repassar o custo da publicação dos leitores para os autores. A nível internacional, essa prática já está institucionalizada em dois âmbitos: os eventos científicos (que cobram taxas abusivas sem fazer diferença entre pesquisadores de países centrais e periféricos) e os corpos editoriais dos periódicos de acesso restrito (que usam o trabalho altamente especializado dos pesquisadores, sem retribuição efetiva pelo tempo investido).</div><div><br></div><div>Ao ceder nosso trabalho para repositórios de acesso pago, ajudamos a legitimar mais uma instância do lucro através da produção acadêmica. Essa produção no Brasil é financiada pela verba para as universidades públicas. Porém essa verba não é distribuída de maneira uniforme. Ao concordar com o acesso restrito, ajudamos a legitimar a exclusão efetiva dos pesquisadores que estão trabalhando em universidades periféricas.</div><div><br></div><div>O acesso a verba para pesquisa na região Sudeste, na forma de apoio a participação em eventos, taxas para publicação e subscrição a periódicos e repositórios, pode exigir tempo e dedicação mas não é inviável. Em outras regiões, com destaque para o Norte e Nordeste, o acesso é simplesmente aleatório. O CNPq destina menos de 4% do seu orçamento para o Norte e desde 2012, zero para produtividade em pesquisa em Artes. Só para citar um exemplo próximo, a FAPAC não financia projetos de pesquisa em Artes. Portanto, aqui não temos nenhum programa de apoio a publicações de resultados de pesquisa, nem apoio para acesso a repositórios fechados.</div><div><br></div><div>Resumindo, tanto a nível internacional quanto regional, quem paga o preço da restrição no acesso à produção em pesquisa somos nós, pesquisadores.</div><div><br></div><div>Abraços,</div><div>Damián</div><div class="gmail_extra"><br clear="all"><div><div class="gmail_signature"><br>Dr. Damián Keller | <a href="http://ccrma.stanford.edu/~dkeller" target="_blank">ccrma.stanford.edu/~dkeller</a><br>NAP | <a href="http://sites.google.com/site/napmusica" target="_blank">sites.google.com/site/napmusica</a></div></div><br></div></div>