<div dir="ltr">Olá professor Palombini, <div><br></div><div>Nossa!!! Que texto maravilhoso! Que texto lúcido, humano, urgente, relevante e belo!</div><div>Muitíssimo obrigada por compartilhar com a gente aqui. Obrigada mesmo!</div><div><br></div><div><br></div><div><p style="font-family:arial,helvetica,sans-serif;font-size:12.8px">"<i>E tristeza gera impotência, improdutividade, sensação de não poder dar conta de demandas específicas que são esperadas numa trajetória bem-sucedida. (...) <span style="font-size:12.8px">Estou falando de discussão e compartilhamento de vivências acadêmicas para que possamos construir estratégias de enfrentamento das adversidades, não estou falando em transformar trajetórias em exemplos individuais de superação que reiterem a falácia da meritocracia. E estou falando de solidariedade, traduzida aqui em socialização de informação, doação de textos e um pouco de tempo, e uso dos micropoderes para que outros/as avancem, sem que isso represente obrigação de ajudar quem não se gosta do ponto de vista pessoal ou não se respeita intelectualmente, tampouco se configure em fazer o trabalho por quem não quer se encarregar do esforço.</span><span style="font-size:12.8px"> </span></i><span style="font-size:12.8px"><i>É um texto pra gente pensar junto, saber-se humano e seguir sendo solidário.</i>" </span><span style="font-size:12.8px">(Érica Peçanha, 17.7.2016, 23h05)</span></p><p style="font-family:arial,helvetica,sans-serif;font-size:12.8px"><span style="font-size:12.8px"><br></span></p><p style="font-family:arial,helvetica,sans-serif;font-size:12.8px">Abraços gratos, </p><p style="font-family:arial,helvetica,sans-serif;font-size:12.8px">Camila.</p></div></div><div class="gmail_extra"><br><div class="gmail_quote">Em 18 de julho de 2016 00:19, Carlos Palombini <span dir="ltr"><<a href="mailto:cpalombini@gmail.com" target="_blank">cpalombini@gmail.com</a>></span> escreveu:<br><blockquote class="gmail_quote" style="margin:0 0 0 .8ex;border-left:1px #ccc solid;padding-left:1ex"><div dir="ltr"><div class="gmail_default" style="font-family:arial,helvetica,sans-serif"><br></div><div class="gmail_default" style="font-family:arial,helvetica,sans-serif">Foi divulgado ontem no Facebook como postagem pública. Achei pertinente:<br><br><a href="https://goo.gl/PSbSAQ" target="_blank">https://goo.gl/PSbSAQ</a><br><br>Ao longo da pós-graduação, somos pouco encorajados a problematizar 
competições, rejeições, bloqueios de escrita, desentendimentos, relações
 com docentes e colegas, pressões e frustrações – sejam de ordem 
pessoal, teórica ou profissional – em espaços formais da chamada 
academia. Vez ou outra, dividimos essas questões com aqueles de quem nos
 tornamos mais íntimos nos encontros de bar, quando o álcool nos deixa 
relaxados o suficiente para fazer desses mais do que momentos que também
 fazem parte da sociabilidade acadêmica. <br><p> O que vem depois da defesa
 de uma tese não é menos desestimulante: as reduzidas chances de se 
publicar um livro com os resultados de pesquisa sem ter que se 
responsabilizar pelos custos da edição, os concursos docentes que se 
distanciam dos critérios objetivos e decisões que pareçam justas, os 
poucos postos de trabalho compatíveis com o nível de formação alcançado,
 as possibilidades de circulação que minguam quando não se tem mais um 
vínculo institucional. Com o agravante que os encontros com docentes e 
colegas serão muito menos frequentes, e as possibilidades de se discutir
 essas outras dificuldades também, mesmo que na mesa de bar. <br></p><p> Eu, 
por exemplo, sempre tive problemas para escrever e isso gerou momentos 
de muita tristeza, especialmente quando não consegui cumprir prazos e 
tive receio de ser taxada de irresponsável ou incapaz. E tristeza gera 
impotência, improdutividade, sensação de não poder dar conta de demandas
 específicas que são esperadas numa trajetória bem-sucedida. Mas fui 
percebendo que isso não era uma exclusividade ou tinha a ver somente com
 questões subjetivas, um tipo de formação recebida no nível 
médio/superior e possibilidades de construção de um repertório cultural 
(que, certamente, tem seus efeitos...), mas com o próprio modo como o 
sistema acadêmico é construído (permeado por pressões e competições que 
sequer vão significar muito dinheiro no final do arco-íris...). E posso 
dizer – e digo sempre que vejo um/a colega nessa situação – que não 
conheci ninguém, próximo a mim, que não tivesse caído no choro, se 
sentido deprimido, incapaz ou muito inseguro, principalmente nos 
momentos finais de escrita da dissertação/tese ou próximos à defesa: do 
colega de origem popular que tinha medo que seu “fracasso” frustrasse 
toda a família, passando por quem era tida como fodástica desde o 
primeiro encontro do curso e pelo profissional estabelecido que foi 
cursar a pós-graduação na maturidade, até chegar aos bem-nascidos, que 
frequentaram boas instituições e não têm a menor noção de como as 
dificuldades materiais podem impactar na incorporação de certo ethos 
acadêmico ou na permanência nesse contexto.<br> </p><p>Eu também sofro muito 
com a falta de trabalho desde a defesa do doutorado, não apenas porque 
isso tem implicações práticas bastante óbvias, mas porque a 
intermitência nas oportunidades gera dúvidas com relação às escolhas que
 fiz, à dedicação que posso ter e às ambições que devo alimentar. Sei 
que as possibilidades nas ciências humanas sempre foram mais limitadas, 
que o país formou mais doutores do que tem conseguido absorver (e isso é
 um problema do mercado, não da expansão das matrículas...) e que não 
sou a única a ter que lidar com esse tipo de adversidade; pelo 
contrário, não conheço um/a colega mais próximo e contemporâneo a mim 
que tenha passado no primeiro concurso docente que prestou, ou que não 
tenha acionado sua rede de contatos para manter-se no jogo profissional. <br></p><p> Mas quero lembrar que, nesse jogo, o os variados capitais 
(econômico, social e simbólico) fazem diferença, assim como os 
marcadores de classe, raça/cor e gênero, já que é muito mais difícil 
equilibrar o projeto de ser intelectual e/ou pesquisador/a, mantendo a 
participação em eventos e a produção de textos que somam linhas 
Plataforma Lattes, com a pungente questão da sobrevivência, quando não 
se tem parentes familiarizados com as agruras da vida acadêmica e que 
possam oferecer suportes financeiros e/ou emocionais, quando se é 
negro/a e são escassas as referências e redes de relações nesse campo, 
quando se é mãe e as crianças podem ser vistas como empecilhos para a 
dedicação ao trabalho, entre tantas outras situações.<br> Ontem tive uma
 conversa catártica de mais de três horas com uma colega sobre esses 
assuntos, que me fez entender o quão fundamental é falar sobre as 
especificidades e os problemas que vivenciamos na vida acadêmica, assim 
como saber reconhecer quais problemas devem ser contextualizados dentro 
do sistema (acadêmico e social) e quais devem ser associados à nossa 
personalidade e talentos. Mais do que isso, ao utilizar-se do lugar que 
ela ocupa agora para me oferecer um trabalho e disponibilizar o 
pagamento adiantado por compreender que isso se fazia urgente, essa 
colega demonstrou o quanto é importante sermos solidários a partir da 
experiência que adquirimos ou dos lugares de poder que passamos a 
ocupar. <br> </p><p>Compartilhar textos que não usamos mais, divulgar processos
 seletivos e ensinar artimanhas para a aprovação, ajudar na escrita de 
um projeto ou no contato com um/a docente, juntar pessoas em grupos 
estudos de idiomas podem ser determinantes para que a academia seja cada
 vez menos uma bolha elitista. Assim como recomendar currículos, 
compartilhar editais e experiências de concursos acadêmicos, convidar 
ex-colegas de pós-graduação para integrar publicações e equipes de 
trabalho ou para apresentar suas pesquisas durante um curso ou evento, 
mesmo que esses/as colegas não tenham vínculo institucional, pode ser 
encorajador para que quem furou a bolha não desista, ou para que a 
experiência acadêmica não seja fonte de adoecimento ou de abandono de 
aspirações.</p><p> Estou falando de discussão e compartilhamento de 
vivências acadêmicas para que possamos construir estratégias de 
enfrentamento das adversidades, não estou falando em transformar 
trajetórias em exemplos individuais de superação que reiterem a falácia 
da meritocracia. E estou falando de solidariedade, traduzida aqui em 
socialização de informação, doação de textos e um pouco de tempo, e uso 
dos micropoderes para que outros/as avancem, sem que isso represente 
obrigação de ajudar quem não se gosta do ponto de vista pessoal ou não 
se respeita intelectualmente, tampouco se configure em fazer o trabalho 
por quem não quer se encarregar do esforço. <br> </p><p>É um texto pra gente 
pensar junto, saber-se humano e seguir sendo solidário. E também pra 
agradecer a quem tem sido solidário comigo porque fez ou continua 
fazendo cada uma das ações que sugeri aqui.</p><p> (Érica Peçanha, 17.7.2016, 23h05)</p></div><span class="HOEnZb"><font color="#888888">-- <br><div data-smartmail="gmail_signature"><div dir="ltr"><div><div dir="ltr"><div><div dir="ltr"><div><div dir="ltr"><div><div dir="ltr"><div>carlos palombini, ph.d. (dunelm)<br>professor de musicologia ufmg<br>professor colaborador ppgm-unirio<br><a href="http://www.proibidao.org" target="_blank">www.proibidao.org</a><br><a href="http://goo.gl/KMV98I" target="_blank">ufmg.academia.edu/CarlosPalombini</a><br></div><div><a href="http://www.researchgate.net/profile/Carlos_Palombini2" target="_blank">www.researchgate.net/profile/Carlos_Palombini2</a><br><a href="http://scholar.google.com.br/citations?user=YLmXN7AAAAAJ" target="_blank">scholar.google.com.br/citations?user=YLmXN7AAAAAJ</a><br></div><div></div><div></div><div></div><div></div><div></div><div></div><div></div><div></div><div></div><div></div><div></div><div></div><div></div><div></div><div></div><div></div><div></div><div></div><div></div><div></div><div></div></div></div></div></div></div></div></div></div></div></div>
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