<div dir="ltr">Olá, <div><br></div><div>Sobre este episódio, o historiador, pesquisador e Professor Associado na UNIRIO Paulo Cavalcante compartilhou reflexões cheias de lucidez e discernimento em um grupo de historiadores/as, que, compartilho aqui com vocês, na esperança de trazer um pouco desta lucidez e deste discernimento também para "cá":</div><div><br></div><div><br></div>"<i>Ontem, a divulgação, por Keila Grinberg, da fotografia deste cartaz afixado nas dependências da CAPES [o Cartaz que anunciava Um o “Grupo de Oração” na CAPES], gerou o diálogo que abaixo reproduzo com o cuidado de não identificar o meu interlocutor.</i><div><i><br>Ele- Pode?<br>Eu - Não pode. No interior de repartições públicas, não pode. O Estado é laico.<br>Ele - Não pode ser promovido pela instituição, mas as pessoas poderiam utilizar. E não seria prioridade dos cristãos, mas se outro grupo quiser se reunir, que problema há? Como se diz, laicidade não é ateísmo.<br>Eu - Não. Repartição pública, por ser PÚBLICA, não é lugar de culto. Quem quiser rezar que o faça em sua casa ou em seu templo, igreja etc.<br>Ele - Já que é pública, é pra todos.<br>Eu - Sim, exatamente por isso não pode ser apropriada por nenhuma religião<br>Ele – Quem disse?<br>Eu - Trata-se do princípio do Estado laico.<br>Ele - Já disse, se é laico, não é ateu. Está aberto a todos.<br>Eu - Quem está falando de ateísmo aqui é você. Laico quer dizer independente de qualquer confissão religiosa. Para ser INDEPENDENTE não pode abrigar e propagar nenhuma religiosidade. E isto é o princípio que assegura a liberdade de cada um de nós professar a religião que bem entender.<br>Ele - Não pode propagar em nome da instituição. Mas os funcionários podem, pois tem liberdade de crença.<br>Eu - O espaço não é dos funcionários. É público e estatal. Não pode ser utilizado para cultos. Lugar de culto é no seu respectivo templo.<br>Ele - Lugar de Culto é onde tiver gente. É apenas uma reunião de oração, pelo que parece, na hora do almoço. Não há problema algum.<br>Eu - Não. Não nas repartições públicas. O Estado só deixa de ser uma abstração e passa a ser uma realidade concreta por intermédio de seus espaços e das pessoas (funcionários públicos) e suas relações entre si e com a sociedade. Se os espaços do Estado se tornarem palco de cultos patrocinados pelos próprios funcionários públicos isso significa o fim do estado laico. Assumem posição contra a laicidade do Estado aqueles que, de propósito ou por falta da devida compreensão, querem tornar "normal" a prática cultos nas dependências do Estado. Você parece não compreender a grandeza para a paz social do estatuto do estado laico. O Ocidente levou séculos de guerras e perseguições religiosas para construir esta ideia e institucionalizá-la. O Estado não pode ter religião nem propagá-la. Isso resulta em guerra civil. A Época Moderna é farta em exemplos.<br>Ele - Por ter gente fazendo orações num lugar, gera guerra civil? Tá bom.<br>Eu - Agora, você tergiversa. O problema enfrentado não é o de "gente fazendo orações num lugar". O problema é a preservação do Estado laico. Sobre as guerras religiosas na Época Moderna, penso que não convém fazer uma explicação detalhada, afinal, você é um colega professor de História.</i>" Paulo Cavalcante</div><div><br></div><div><br></div><div>Saudações, </div><div>Camila.</div></div><div class="gmail_extra"><br><div class="gmail_quote">Em 2 de agosto de 2016 19:28, Carlos Palombini <span dir="ltr"><<a href="mailto:cpalombini@gmail.com" target="_blank">cpalombini@gmail.com</a>></span> escreveu:<br><blockquote class="gmail_quote" style="margin:0 0 0 .8ex;border-left:1px #ccc solid;padding-left:1ex"><div dir="ltr"><div class="gmail_default" style="font-family:arial,helvetica,sans-serif"><br></div><div class="gmail_default" style="font-family:arial,helvetica,sans-serif">O "meu" departamento tem um particularmente hediondo. Jamais ocorreu a quem quer que seja jogá-lo no lixo. Abraços, Carlos<br></div></div><div class="gmail_extra"><br><div class="gmail_quote">2016-08-02 13:16 GMT-03:00 Lucas Ferreira <span dir="ltr"><<a href="mailto:lucasferreiraviolao@gmail.com" target="_blank">lucasferreiraviolao@gmail.com</a><wbr>></span>:<br><blockquote class="gmail_quote" style="margin:0 0 0 .8ex;border-left:1px #ccc solid;padding-left:1ex"><p dir="ltr">Lamentável. Mas, para um país cujo plenário da suprema corte tem afixado um crucifixo na parede, uma missa no órgão de fomento à ciência é coisa pouca. Curioso mesmo é não haver uma secretaria responsável pelo ensino, pesquisa e extensão do criacionismo.</p>
<p dir="ltr">A isso, somam-se os demais crucifixos, também afixados nos plenários da Câmara, do Senado e dos TJs de todos os estados, bem como a sugestiva frase impresa no nosso dinheiro e os cultos de uma única religião realizados livremente nas universidades federais. </p>
<p dir="ltr">Pra quem acha que isso não tem nada a ver com música... bem, a fortíssima presença da música de matriz africana e indígena nos currículos, editais, escolas, cerimoniais e espaços públicos em geral que o diga.</p>
<p dir="ltr">O que diz a CF: </p>
<p dir="ltr">"Art. 19. É vedado à União, aos Estados, ao Distrito Federal e aos Municípios:</p>
<p dir="ltr">I - estabelecer cultos religiosos ou igrejas, subvencioná-los, embaraçar-lhes o funcionamento ou manter com eles ou seus representantes relações de dependência ou aliança, ressalvada, na forma da lei, a colaboração de interesse público"</p>
<p dir="ltr">Mas também, mais acima</p>
<p dir="ltr">" Nós, representantes do povo brasileiro, reunidos em Assembléia Nacional Constituinte para instituir um Estado Democrático, [...] promulgamos, sob a proteção de Deus, a seguinte constituição [...]".</p>
<div class="gmail_quote">Em 02/08/2016 12:33, "Jorge Antunes" <<a href="mailto:antunes@unb.br" target="_blank">antunes@unb.br</a>> escreveu:<br type="attribution"><blockquote class="gmail_quote" style="margin:0 0 0 .8ex;border-left:1px #ccc solid;padding-left:1ex"><div dir="ltr">
















<p class="MsoNormal"><a href="http://painelacademico.uol.com.br/painel-academico/7298-sede-da-capes-e-usada-para-realizacao-de-missas-em-brasilia" target="_blank">http://painelacademico.uol.<wbr>com.br/painel-academico/7298-<wbr>sede-da-capes-e-usada-para-<wbr>realizacao-de-missas-em-<wbr>brasilia</a></p>

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