[ANPPOM-L] resultado da audiência - ensinodemúsica nas escolas
Alexandre Bräutigam
alexandrebrautigam em hotmail.com
Qua Nov 29 15:50:28 BRST 2006
Todo cuidado é pouco com esse Eterno Retorno.
A música mudou muito dos anos 40 pra cá. Um ensino de música sério não pode
se restringir a apenas um modelo, apenas um sistema, como o tonal, por
exemplo. Ainda mais quando se tem tempo para trabalhar. Em um currículo
escolar que propicia anos de continuidade, um programa mais abrangente pode
ser desenvolvido e aplicado. Não se limitar às notas musicais, por exemplo.
Desenvolver nas crianças/adolescentes a escuta. A percepção. Trabalhar uma
área que é importante na música e aonde ela está inscrita, que é a
sonologia. E aproveitar a estrutura que cada escola possui para já em sala
de aula introduzir brincadeiras lúdicas de percepção e manipulação do som,
com os computadores e softwares livres. Abrir a cabeça dos jovens para a
quantidade infinita de possibilidades de se brincar com o som e organizá-lo.
Compor.
O problema é que isso deveria ser mostrado na faculdade de educação musical.
No currículo deste curso superior, qual é a porcentagem de tempo/aulas gasta
em novas tecnologias de manipulação sonora? Em aculogia (área de estudo dos
diferentes tipos de escuta)? O que sabem os graduados em educação musical
sobre música eletroacústica, estocástica, Cage, Xenakis ou Stockhausen? Isso
só pra falar de alguns já "clássicos" (claro q não no sentido de pertencerem
ao classissismo europeu) e "antigos" compositores do século passado. O
currículo que forma os educadores musicais que darão aulas nas escolas
abordam de maneira satisfatória esses temas?
Senão corremos o risco de reformatar (sim, na pior das leituras q a palavra
pode oferecer) pessoas do século XXI como músicos enraizados com a teoria do
século XIX, mesmo depois de todos os berros de teóricos da educação no
século XX sobre o ensino tradicional (como o nosso Paulo Freire) e até
bandas de rock (é só ver o filme "The Wall", de 1982, do Pink Floyd,
discutindo a formatação educacional via música, um de seus grandes hits).
Discutir é preciso.
abraços,
Alexandre Bräutigam.
>From: jcsnfo em unb.br
>To: "antunes em unb.brAdriana Giarola Kayama" <akayama em iar.unicamp.br>,
>anppom-l em iar.unicamp.br, assom em yahoogrupos.com.br, cdmusica em unicamp.br,
> cidaclf em globo.com, contemporaneidadeprazere_arte em yahoogrupos.com.br,
> forumnacionaldemusica em yahoogrupos.com.br, i_1 em yahoogrupos.com.br,
> mobilizacaomusical em grupos.com.br,
>musicaparacriancas em yahoogrupos.com.br, abmusica em abmusica.org.br
>Subject: Re: [ANPPOM-L] resultado da audiência - ensinodemúsica nas escolas
>Date: Thu, 23 Nov 2006 21:06:47 -0200
>
>Agora eu comecei a gostar!
>É verdade, fico apático, sequer consigo reagir quando alguns verbos são
>utilizados.
>Precisamos mesmo começar a pensar sobre música nas escolas, educação e
>cultura realmente são idissolúveis, concordo plenamente com isso que o
>Antunes escreveu, acho mesmo que precisamos pensar alguns valores e, se for
>mesmo o caso de repensar, é repensar para melhorar e não para reutilizar.
>Jonas Correia
>
>Quoting Jorge Antunes <antunes em unb.br>:
>
>>Colegas:
>>
>>Gosto quando vejo, nos documentos de nossa luta, frases e expressões como
>>estas:
>>
>>*Introdução da Música na grade curricular
>>*incluir a Música no currículo escolar
>>*implantação do ensino de música nas escolas
>>
>>Acho muito bom o uso destes verbos: introduzir, incluir, implantar.
>>
>>Fico preocupado quando vejo colegas falarem em "volta da música às
>>escolas" ou usarem os verbos: reintroduzir, reincluir, reimplantar.
>>
>>A educação musical e o ensino da música nas escolas não podem voltar a ser
>>como eram nos anos 40-50-60, quando ministrados pelos egressos do C.N.C.O.
>>de Villa-Lobos. Formação de orfeões nas escolas devem, sim, voltar a
>>acontecer.
>>Mas, naquela época acontecia uma total deseducação musical, com aulas
>>chatíssimas de "Canto Orfeônico" em que apenas hinos cívicos eram
>>trabalhados. As turmas eram divididas em primeira voz, segunda voz e
>>ouvintes.
>>Também não podemos deixar margem para que o ensino da música nas escolas
>>se atenha a métodos Dalcroze, Orff, Kodaly, Martenot e Montessori, em que
>>tudo se encaminha para o sistema tonal, com alienação total com relação às
>>estéticas pós anos 20.
>>Também não devemos dar margem a que tudo se resuma a reuniões de
>>porralouquice em oficinas básica de música, com sessões de catárse
>>coletiva.
>>Discutamos.
>>
>>Abraço,
>>Jorge Antunes
>>
>>
>>
>>
>>
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