[ANPPOM-L] FWD: O banzo da bossa

carlos palombini palombini em terra.com.br
Sáb Mar 31 11:05:00 BRT 2007


Mas nem só de bossa nova vive o Pan. Soube que o governo do Rio está 
financiando uma ONG que vai ensinar inglês às profissionais do sexo da 
Vila Mimosa para que possam satisfazer melhor às necessidades dos 
clientes estrangeiros.

Quanto a esta "incapacidade do Estado de combater o tráfico de drogas" 
me parece um eufemismo. O Estado faz cara feia às milícias que invadem 
as favelas do Rio e cobram dos favelados por serviços irregulares como 
os "gatos" e por sua própria presença ali, matando usuários de 
substâncias ilícitas, um serviço que o tráfico lhes fornecia de graça e 
com mais critério. O mais provável é que as milícias constituam um braço 
criminoso do estado, pois são elas que reforçam o orçamento de policiais 
aposentados ou não. Evidentemente, elas não vão tomar conta de favelas 
cujo tráfico é altamente lucrativo, como o Morro  Dona Marta, o 
Cantagalo, a Rocinha ou o Vidigal. Afinal, se a polícia recebe vultosas 
somas para permitir a realização de bailes funk nestes locais, se ela 
recebe vultosas somas para libertar traficantes importantes, como está 
descrito em vários relatos publicados, é evidente que o tráfico é 
lucrativo para o estado. Pelo menos, para um estado com uma visão 
equivocada de seu papel.

--
cvp
 
José Luiz Martinez escreveu:
> Agência Fapesp
>
> O banzo bossa nova
>
> Onda nostálgica sobre Rio de Janeiro, que deve aumentar com o Pan 2007,
> idealiza uma época
>
> Algo de inusitado chamou a atenção dos telespectadores mais atentos na
> última novela das 8, Páginas da vida, da Rede Globo, exibida até a primeira
> semana de março. Na contramão dos filmes e programas de TV focados na
> miséria e no mundo da criminalidade do Rio de Janeiro, o autor Manoel Carlos
> preferiu centrar sua história no universo da classe média de bairros como
> Leblon e Ipanema. Ao som de Wave, clássico de Tom Jobim, gravado por ele
> próprio pela primeira vez em 1967 em disco de mesmo nome, o teledrama deixou
> de lado as favelas cariocas para, ao que parece, resgatar um pouco da magia
> de um Rio que remonta a quase cinco décadas, ao período do pré-golpe militar
> de 1964, quando a bossa nova se tornou a trilha histórica de uma era de
> desenvolvimento, desencadeada por Juscelino Kubitschek (1902-1976).
>
> Entre as múltiplas possibilidades de interpretação do propósito da novela
> pode-se fazer uma constatação: o desejo de resgatar um passado que parece
> glorioso, em contraposição a uma cidade acuada pela violência generalizada e
> pela incapacidade do Estado de combater o tráfico de drogas. Um modismo que
> deve ganhar reforço no segundo semestre deste ano, com a realização dos
> Jogos Pan-americanos do Rio de Janeiro. O fenômeno tem se intensificado nos
> dois últimos anos, com lançamentos de livros, CDs e DVDs. Se antes a bossa
> nova era vista como um gênero típico da classe média carioca, com penetração
> em algumas outras capitais, invadiu a música eletrônica e ganhou até
> inusitadas roupagens.
>
> Nas lojas da internet existem perto de duas centenas desses produtos à venda
> relacionados ao gênero. Tem de tudo, para todos os gostos, principalmente
> coletâneas e ³releituras²: Zélia Duncan ­ Pré-pós-tudo-bossa-band; Momento
> jazz: bossa nova; Clara Moreno ­ Morena bossa nova; Quincy Jones ­ Big band
> bossa nova; Bossa nova ­ Sua história sua gente; Bossa nova for lovers; MPB
> bossa nova e canções; Ouça, toque e cante bossa nova e as séries Bossa nova
> lounge (cinco volumes), Purê bossa nova (doze volumes) e MPBaby bossa nova
> (cinco CDs). Entre as extravagâncias, Koi ­ Sushi e bossa, descrito como um
> ³delicioso mix de culturas distintas em forma de música²; e o roqueiro
> Supla, com Bossa furiosa ­ entre as faixas, ³Monkey Copacabana Beach
> Banana².
>
> Nas livrarias, a última novidade foi Rio Bossa Nova (Casa da Palavra), de
> Ruy Castro, autor da ³biografia² do movimento, Chega de saudade, de 1990,
> que acumula 40 mil exemplares vendidos; e de outros dois títulos sobre o
> Rio: A onda que se ergueu no mar e Ela é carioca ­ os três da Companhia das
> Letras. Mas tem sido a mídia televisiva o principal veículo difusor da onda
> de saudade que se ergue dos tempos da bossa nova. Em janeiro do ano passado,
> a Globo exibiu a série JK, em que o ex-presidente foi mostrado como misto de
> herói predeterminado e estadista visionário. Um pouco antes, a Editora Globo
> lançou o livro JK: O presidente bossa-nova, de Marleine Cohen. De olho nas
> tendências do mercado, a Consul apostou no Fogão Bossa Nova: ³É bonito,
> moderno, resistente e fácil de limpar. Tudo o que você precisava!² Este ano,
> os 80 anos de nascimento de Tom Jobim foram celebrados com especial da Globo
> e uma luxuosa caixa com três DVDs.
>
> http://www.revistapesquisa.fapesp.br/?art=3184&bd=1&pg=1&lg=
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