[ANPPOM-L] Qual a música que queremos em nossas Universidades?
carlos palombini
palombini em terra.com.br
Seg Out 15 01:21:31 BRST 2007
> temos esta tal música ("de tradição européia") que de fato está vivíssima e
> vem sendo criada aqui no Brasil (e no México, em Cuba, na Argentina, no
> Peru, na Bolívia etc.) há quase 500 anos
Schaeffer descreve muito bem esta vivacidade para o crítico marxista
Marc Pierret, em 1969 (em _Entretiens avec Pierre Schaeffer_, Paris:
Belfond):
...a música contemporânea como um todo tem pouco a dizer. Por razões
históricas [...]: porque os meios de comunicação de massa [...] levaram
ao extremo um descompasso que sempre existiu entre a criação e o consumo
musical, entre uma arte de elite e uma arte de massa. Eis que esta arte
de elite e as instituições que a mantêm congregam o lumpemproletariado
de fraque, os semidesempregados que as ditas instituições colocam
regularmente em circulação, os compositores arrogantes e miseráveis, que
são suas vítimas, mas também seus cúmplices, seus reféns mui servis.
Todo este /beau monde/ está repleto de estereótipos, sombras de antigos
privilégios, pretensões deploráveis, que mal disfarçam a falta de
imaginação e a irresponsabilidade de uns, a insegurança afetiva e o
desvario intelectual de outros... (Pierret 1969: 62)
--
carlos palombini (dr p)
professor adjunto de musicologia
universidade federal de minas gerais
<cpalombini em gmail.com>
"... a littérature de résistance vaut très exactement ce que vaut la littérature de collaboration." (Armand Robin, 19 de abril de 1946)
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