[ANPPOM-L] Fwd: Diretos e Deveres.

Beatriz Magalhaes Castro bmagalhaescastro em gmail.com
Ter Dez 2 12:02:13 BRST 2008


Meu caro Sr. Bittar,

Este será o último e-mail que lhe dirijo sobre esta questão pois não tenho
intenções de continuar este debate via e-mail e sim pelas vias acadêmicas
pertinentes à função que exerço como docente no âmbito do serviço público.

Dito isto, acredito que o senhor não deveria ter qualquer receio dos
procedimentos acadêmicos, pois estes tramitam na esfera profissional e não
pessoal, nas quais questões técnicas e objetivas são consideradas na
apreciação de qualquer assunto pertinente a uma determinada área do
conhecimento.

Estes são os rigores acadêmicos que possuem ritos próprios de análise,
verificação e justificativa, para um exame minucioso efetivo que possa ser
validado não a partir de opiniões pessoais, mas a partir de dados e estudos
concretos. Imagino que tenham sido estas as razões que motivaram o
Ministério da Cultura a exigir que o projeto fora avaliado por uma
Instituição Federal de Nível Superior, por lá se encontrarem agregados não
somente profissionais formados e atuantes, como também metodologias e
processos que visam unicamente permitir o aprofundamento e promover a
consistência necessária ao seu campo de conhecimento e atuação.

Portanto o senhor deveria estar satisfeito que as questões postas pela
possível adoção da ferramenta "TOMPLAY" como política pública sejam alvo de
debate e que Professores e Pesquisadores sérios e honestos possam avaliar a
proposta e emitirem os seus pareceres. Assim o senhor disporá
quantitativamente de um número considerável de informações advindo de
diversos especialistas no campo da música, como também nos campos conexos
e/ou aplicados da antropologia, sociologia, ciência da computação, ciência
da informação, educação, entre outros.

Que fique claro que implementação de políticas públicas é uma função de
estado e enquanto parte deste segmento no exercício de uma função pública,
não posso me furtar a um processo não somente inerente ao meu campo de
atuação, como também inerente ao debate democrático.

Outrossim, as questões "técnicas" por mim postas estão incluídas nos
escritos já enviados a si e divulgados em diversas listas de discussão da
área. Estas incluem o uso de software proprietário contrário a políticas de
governo, ênfase sobre grafismo contrário às próprias formas do aprendizado
informal, etnocentrismo promovendo a exclusão e não a inclusão por promover
uma visão reduzida não somente da prática musical como também da diversidade
musical do país, erros terminológicos (pentagrama é referido como partitura
já na 1ª lição!), não utilização de sons naturais com total ausência da
diversidade instrumental do país, além da promoção de uma visão mecanicista
mais próxima do behaviorismo do que do aprendizado ativo. Como afirmei
anteriormente, questões ausentes no conceito apresentado por não terem sido
formuladas a partir de pressupostos relacionados com uma visão mais
abrangente da relação homem, sociedade e saber.

Tomando emprestado um texto seu, eu gostaria sim de servir "filet migon" à
população brasileira (com todo o respeito ao feijão com arroz!), não somente
do ponto de vista da qualidade do material como também de ações que
valorizem a diversidade e não proponham ações homogenizantes de forma
acrítica. A academia atua de forma critica e reflexiva e isso exige esforço
e dedicação e soluções um pouco mais complexas, especialmente no que se
refere à dita "coisa pública".

Quanto a dados "duros", veja bem que afirmei que hoje os Pontos de Cultura
totalizam cerca de 850 pontos, e adiciono que o Governo pretende elevá-los a
12.000 até 2010, segundo informações do próprio Ministério.

Assim, se a sua ferramenta será implantada em 9 pontos, não sabemos o que
advirá depois. Tudo isto se fundamenta *num vício de forma pela posição
protagonista e unívoca da sua ferramenta* no projeto apresentado no âmbito
da UnB. Pedimos que tal questão fora corrigida, mas absurdamente e de forma
inexplicável esta lá permanece. Penso que seria uma manifestação de *boa fé
da sua parte solicitar que a ferramenta seja efetivamente retirada do
projeto*. O senhor estaria preparado a fazê-lo?

Assim o senhor viria a concorrer de forma isenta, sem um a priori adquirido,
numa necessária licitação - que tampouco consta no projeto. Porque? Quais
serão os critérios desta licitação? Haverá uma arquitetura informacional
pré-determinada? Uma arquitetura de hardware pré-determinada? Será
verificado até que ponto determinadas arquiteturas atendem ou não as
necessidades ou as condições (precárias) dos Pontos? Por exemplo,
testemunhamos situações concretas na implantação da UAB-UnB no Acre com
paradoxos inaceitáveis do ponto de vista da oferta de condições para o
ensino à distância nos pólos. (Pois não se esqueça que temos já alguma
experiência em EaD através da implantação da Universidade Aberta do Brasil,
com dificuldades e questionamentos precisos.)

Outrossim, se o senhor considera que a ferramenta está sendo avaliada sem
conhecimento, o senhor deveria disponibilizá-la amplamente à comunidade
através do envio de senhas aos diversos destinatários e membros das listas
ditas "fechadas" nas quais as suas mensagens têm inclusive sido veiculadas.

Portanto, Sr. Bittar, não tenha receios sobre o processo acadêmico. Ao
contrário, auxilie-o, *promovendo a transparência e a não centralização
sobre a sua ferramenta,* permitindo que uma suposta avaliação seja feita não
a priori, mas a posteriori, a partir de dados concretos.

Não sou eu quem apenas deve promover a discussão, esta considero como minha
obrigação (meu "dever") pois considero que seja um "direito" da população
obter o melhor resultado possível a partir dos investimentos públicos feitos
na área na qual atuo.

Assim resta a saber o que permanece como lídimo entre "filet mignon",
"surdez" e os "deveres e direitos" de todos nós.

Saudações acadêmicas,

Profa. Dra. Beatriz Magalhães Castro




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*De:* Roberto Bittar [mailto:rbittar em uai.com.br]
*Enviada em:* segunda-feira, 1 de dezembro de 2008 17:38
*Para:* 'Beatriz Magalhaes Castro'; 'Maria Cristina de Carvalho Cascelli de
Azevedo'; 'Secretaria da ABEM'; 'Beatriz Magalhães-Castro';
anppom-l em iar.unicamp.br;
mestrandos_e_doutorandos_ufrgs_musica em yahoogrupos.com.br;
abemcentro-oeste em grupos.com.br; 'Maria Isabel Montandon'; 'Flavia Narita';
'Cristina Grossi'; c2slff em udesc.br; 'Farlley'
*Assunto:* Diretos e Deveres.



Aos Professores Honestos e Sérios.





Conforme e-mail da Profa. Beatriz, grifados em amarelo.



"Como é do seu conhecimento, a ferramenta "TOMPLAY" pretende ser adotada
pelo Ministério da Cultura nos Pontos de Cultura no território federal (que
hoje totalizam cerca de 850 pontos), cujo projeto está sendo tramitado e
coordenado pelos professores do Departamento de Música da Universidade de
Brasília, Profs. Mário Lima Brasil e Ricardo Dourado Freire."

Como em vários outros e-mails, a Profa. Beatriz mostra total desconhecimento
do que está dizendo.

Não são 850 Pontos de Cultura, são 9, uma diferença de 841.

Só não sei o motivo de tantos dados desprovidos da verdade.

A Profa. Beatriz poderia esclarecer.

"... , em tempo inusitadamente rápido,"



" Para fundamentar este embargo estamos solicitando PARECERES TÉCNICOS e/ou
COMENTÁRIOS sobre a ferramenta TOMPLAY pela maioria dos especialistas da
área MÚSICA. Estes pareceres, que já somam mais de uma dezena, farão parte
do processo."





Nada tenho contra a Liberdade de manifestação ou de opinião de todos.



Acho Democrático e Justo.



Entretanto, como tantas observações tem sido feitas demonstrando TOTAL
desconhecimento do produto e da verdade que, quero alertar a todos os que
estão emitindo pareceres sobre o TomPlay,

que a PPV, dentro da Lei, irá se defender de avaliações sem consistência.



Temos  relatórios de Profissionais de Primeira Linha,  que serão
contrapostos no momento e fórum adequado.



*Assim, espero relatórios consistentes e bem documentados.*

* *

Relatórios feitos sob encomenda, em TEMPO INUSITADAMENTE RÁPIDO, podem
levantar suspeita de manipulação ou fraude, havendo responsabilidade legal.



A PPV também exigirá o DIREITO DE DEFESA, constante na Constituição Federal,
que é para todos.



Roberto Bittar







-- 
Beatriz Magalhães Castro
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