[ANPPOM-L] Compositores e intérpretes Baianos

carlos palombini palombini em terra.com.br
Dom Jan 27 16:32:06 BRST 2008


Mais um livro do historiador de Musica Popular Brasileira, Luiz Américo 
Lisboa Junior, intitulado, "Compositores e intérpretes baianos - de 
Xisto Bahia a Dorival Caymmi". O livro é o resultado de intensa pesquisa 
realizada por Luiz Américo e foi editado pela Via Literarium e Editus - 
Editora da Universidade Estadual de Santa Cruz - Ilhéus/Bahia. Luiz 
Américo pesquisa a história da MPB há mais de trinta anos e já publicou 
outros dois livros sobre o assunto, A Presença da Bahia na Musica 
Popular Brasileira e 81 Temas da Musica Popular Brasileira. Neste seu 
novo trabalho, ele faz um profundo estudo sobre 11 artistas baianos que 
a partir do século XIX até a década de 30 do século passado, 
contribuíram para a consolidação da musica popular, como gênero cultural 
urbano. No livro em ordem cronológica surgem nomes como Xisto Bahia, o 
mais importante artista brasileiro do século XIX, passando por Hilário 
Jovino Ferreira, introdutor dos ranchos no carnaval carioca; Getulio 
Marinho, o introdutor da figura do mestre-sala nas escolas de samba 
cariocas; Manuel Pedro dos Santos, o Baiano, artista que gravou o 
primeiro disco no Brasil e o mais importante interprete brasileiro das 
duas primeiras décadas do século XX; Arthur Castro, compositor, ator e 
cantor, que gravou em varias gravadoras do país, de Porto Alegre, São 
Paulo e Rio de Janeiro, além da Alemanha; Antonio Lopes do Amorim Diniz, 
o Duque, compositor, teatrólogo e dançarino, introdutor da dança do 
maxixe na Europa e nos Estados Unidos; João Cândido Ferreira, o De 
Chocolat, compositor e teatrólogo, introdutor do improviso na musica 
popular [sic] e criador da primeira companhia teatral brasileira 
composta apenas de artistas negros, a Companhia Negra de Revistas; Josué 
de Barros, instrumentista e compositor, introdutor do violão elétrico no 
Brasil e descobridor de Carmen Miranda; Assis Valente, um dos mais 
notáveis compositores da década de trinta do século XX, sendo o artista 
mais gravado por Carmen Miranda, enquanto esta, ainda estava no Brasil e 
autor de clássicos como, Boas festas, Camisa listrada e Brasil Pandeiro; 
Humberto Porto, introdutor do gênero, lamento, na musica brasileira, 
autor da marcha, A jardineira, e finalmente Dorival Caymmi, introdutor 
das canções praieiras, responsável pelo sucesso da figura de baiana 
estilizada, criada por Carmen Miranda. Cada artista focalizado tem sua 
obra analisada através de sua biografia e musicografia. Luiz Américo 
traz a tona entre tantas informações, a obra completa do compositor 
Humberto Porto, analisando toda sua produção musical; faz também uma 
analise pormenorizada sobre Xisto Bahia, sendo este livro o primeiro que 
reúne num só trabalho o maior volume de informações sobre o notável 
artista. Inclui também uma analise sobre a modinha e o lundu em terras 
baianas. De relevância também é o resgate da figura do cantor Baiano, 
trazendo sua biografia, analise de sua obra, fotos inéditas, etc, e 
assim seguindo o mesmo critério o autor trabalha os demais artistas 
analisados. Ao findar o trabalho com Caymmi, quando a musica popular já 
esta definitivamente incorporada nos centros urbanos, e consolidada 
através do teatro e do radio nos anos trinta, Luiz Américo, afirma ser 
ele a culminância de um longo processo de baianos que contribuíram 
decisivamente para a maturação de nossa canção, uma geração de artistas 
que com suas peculiaridades, contribuíram decisivamente para fincar os 
alicerces da musica popular como produto cultural de consumo de massa. 
Caymmi é analisado na obra apenas em sua primeira fase, a maturação 
artística na Bahia e a consagração no Rio de Janeiro em 1939, com a 
gravação de O que é que a baiana tem? E A preta do acarajé. Compõe ainda 
o livro toda a discografia/musicografia dos artistas focalizados. O 
trabalho também é pioneiro, pois, é a primeira vez que um autor baiano 
se debruça sobre a história de nossos artistas, que mesmo, não 
desenvolvendo plenamente suas atividades na Bahia, por ser o Rio de 
Janeiro a capital cultural do país, levaram em seus trabalhos toda a 
inspiração de seu berço, divulgando seu Estado e demonstrando a 
importância da Bahia, enquanto celeiro de grandes artistas. O livro 
também tem o mérito de juntar todos esses personagens num só texto, 
sendo, portanto, por sua importância, forte referencia sobre o estudo da 
História da Musica Popular Brasileira e da contribuição da Bahia nesse 
contexto.

Paginas: 371
Preço: R$ 40,00 + envio
Editoras: Via Literarium e Editus


-- 
carlos palombini (dr p)
professor adjunto de musicologia
universidade federal de minas gerais
<cpalombini em gmail.com>

"Et j'ai vu que vous aviez sale mine et pauvre odeur, l'odeur fade de ceux qui n'ont jamais rien souffert ni risqué." (Albert Camus, Caligula, 1944)




Mais detalhes sobre a lista de discussão Anppom-L