[ANPPOM-L] ENC: Manifesto da Funarte
jamannis
jamannis em uol.com.br
Sáb Out 4 12:49:11 BRT 2008
Colegas,
Encaminho a todos para ciência a manifestação dos servidores da FUNARTE que
segue anexo e abaixo.
Melhores saudações
José Augusto Mannis
From: Flavio Silva <mailto:flazil em terra.com.br>
Sent: Friday, October 03, 2008 9:16 PM
Subject: Manifesto da Funarte
Segue texto para o qual pedimos toda a divulgação possível. E não esqueçam
de ler O Globo de amanhã, sábado.
Flavio Silva
Rio de Janeiro, 02 de outubro de 2008.
Ao Exmo. Sr. Ministro de Estado da Cultura Juca Ferreira
Senhor Ministro,
Os servidores da Funarte, por deliberação da Assembléia Geral realizada em
23 de setembro
de 2008, vêm, por intermédio de sua Associação, relatar a V. S. questões
relativas à situação caótica
que essa Fundação atravessa.
A Funarte vive o pior momento de sua história. A atual gestão tem-se
mostrado extremamente
autoritária, criando um clima de intimidação e desrespeito para com os
servidores, que nunca foram
tão aviltados e desconsiderados em suas competências.
Tal autoritarismo se reflete também na brutal centralização das decisões,
das mais simples às
mais complexas, e na rigidez hierárquica. Não há diálogo ou discussão com o
corpo técnico a
respeito dos programas e ações da instituição. Ao contrário, o que existe é
uma total
desconsideração das sugestões e análises apresentadas.
Os diretores e coordenadores também não possuem nenhuma autonomia para
desenvolver
suas atividades. Os conflitos são tão grandes que mais de 20 servidores já
foram exonerados de
cargos comissionados por incompatibilidades várias com a Direção da Casa.
Alguns permanecem
com sua situação profissional indefinida, visto que ainda não foram
redistribuídos, removidos ou
devidamente aproveitados nos setores onde estão lotados. Aliás, esta
situação não afeta somente os
funcionários exonerados.
Vários grupos de artistas e produtores culturais também têm demonstrado sua
insatisfação
por não conseguir estabelecer diálogo com a Direção do órgão, muito menos
participar da
elaboração de políticas e programas para os segmentos em que atuam.
Sem interlocução com funcionários, artistas e com a sociedade, o Presidente
e o Diretor
Executivo levam a Funarte a uma atuação pífia, muito aquém de suas
potencialidades.
Constatamos que a Instituição não vem desempenhando a contento as funções
para as quais foi
criada. Em vez de “formular, promover e fomentar programas, projetos e
atividades voltadas para as
suas áreas de atuação” (conforme estabelece seu Estatuto), a Funarte está
praticamente reduzida à
condição de mera repassadora de verbas, tentando conceder prêmios e bolsas
por meio de editais
mal elaborados.
Em relação às atuais diretrizes, destacamos os seguintes equívocos:
1. Extinção ou descaracterização de programas e projetos bem sucedidos, tais
como: Conexão
de Artes Visuais, Prêmio Projéteis de Arte Contemporânea, Arte Sem
Barreiras, Câmaras
Setoriais, sem esquecer o caso emblemático do Projeto Pixinguinha;
2. Concepção deformada da idéia de ação nacional, substituída por uma
“estadualização” na
qual a Funarte desempenha o papel que cabe às Secretarias Estaduais e,
mesmo, Municipais
de Cultura. As Secretarias, por sua vez, acabam sendo ignoradas neste novo
formato de
atuação, afastadas da participação em projetos que antes contavam com a sua
parceria,
como o Programa Nacional Bandas de Música e o Projeto Pixinguinha;
3. Desarticulação de uma política de circulação nacional de artistas e
técnicos, ainda em função
da referida “estadualização”;
4. Ausência de uma política coerente de ocupação dos espaços culturais da
Fundação. Ao
mesmo tempo em que teatros e salas encontram-se fechados, alguns em estado
precário, a
Funarte prepara-se para comprar e reformar novo teatro em São Paulo.
Especificamente em relação ao Pronac/Funarte, denunciamos o estrangulamento
de suas
atividades no período de março de 2007 a fevereiro de 2008, quando sete dos
11 pareceristas ad
hoc do setor não foram recontratados por obstrução da Direção da Funarte. Em
conseqüência, houve
atraso na análise de mais de 2.000 projetos da Lei Rouanet, levando o caos à
produção cultural no
país. É improcedente a alegação de que o acúmulo de projetos por analisar
tenha sido causado pela
greve dos servidores em 2007.
Recentemente, o Ministério da Cultura ofereceu, no Rio de Janeiro, um curso
para formação
de pareceristas da Lei Rouanet, destinado a servidores de suas várias
instituições. A Direção
Executiva da Funarte sonegou a informação acerca da existência do curso,
contrariando diretriz do
próprio Ministério e comprometendo o aperfeiçoamento de seu corpo funcional.
Não só deixou de
indicar servidores, como impediu, verbalmente, essa participação. Aliás,
essa é uma tática bastante
usada por essa autoridade: dar ordens verbais, sem assinar documentos,
comprometendo o princípio
da transparência na Administração Pública.
Com relação aos Editais lançados a partir de agosto, cabe dizer que são
confusos, mal
redigidos, contêm exigências absurdas e vários equívocos, além de cláusulas
cuja legalidade pode
ser questionada, pois ferem princípios da Lei 8.666. Até mesmo os técnicos e
demais funcionários
têm dificuldade de compreendê-los para dar conta das inúmeras dúvidas e
reclamações pertinentes
que chegam diariamente à Funarte.
Diante desse quadro, manifestamos nosso total repúdio à calamitosa gestão
Celso
Frateschi/Pedro Braz e esperamos sinceramente a solução deste grave
problema, com a
implantação de uma gestão participativa e democrática na Funarte, de acordo
com os princípios que
orientam este Ministério.
Queira aceitar, Senhor Ministro, a saudação dos servidores da Funarte.
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