[ANPPOM-L] Dia Nacional da Música Clássica
Ricardo Tacuchian
rtacuchian em terra.com.br
Ter Jan 27 10:39:15 BRST 2009
A Academia Brasileira de Música enviou para a Presidência da República e
para o Ministério da Cultura o seguinte texto: Simbolismo e Pragmatismo
Simbolismo e Pragmatismo
Dia Nacional da Música Clássica
Ricardo Tacuchian
A música brasileira possui várias datas oficiais, celebrando
diferentes gêneros e ritmos. Assim, 23 de abril é o Dia Nacional do Choro;
14 de setembro, Dia do Frevo; 27 de setembro, Dia da Música Popular
Brasileira; 22 de novembro, Dia Nacional da Música e do Músico; e 2 de
dezembro, Dia Nacional do Samba. No dia 13 de janeiro de 2009, o Presidente
da República, Luiz Inácio Lula da Silva e o Ministro interino da Cultura
Alfredo Manevy assinaram o Decreto que institui o dia 5 de março como o Dia
Nacional da Música Clássica. A data escolhida é a de nascimento de
Villa-Lobos (em 1887). Até agora, nenhum compositor brasileiro, do universo
popular ou clássico, teve tanta repercussão internacional, por tanto tempo,
como Villa-Lobos. Sua obra continua viva, no século XXI, sendo tocada e
gravada pelas maiores orquestras e solistas do mundo.
Nós músicos de concerto recebemos com aplausos esta iniciativa
do Governo Federal embora tenhamos a consciência de que ela se reveste de
dois aspectos: um simbólico, plenamente alcançado, e outro pragmático, a ser
conquistado.
O Decreto do dia 13 de janeiro aponta para o reconhecimento
oficial dessa forma de expressão artística que tantas glórias vem dando ao
Brasil e que está intimamente ligada à nossa história, pelo menos desde o
século XVIII até hoje. Apesar da pujança da música clássica brasileira, ela
vem paulatinamente perdendo espaço na mídia, na sociedade, na escola e mesmo
na igreja, empurrada por uma avassaladora pressão comercial de expressões
midiáticas, nem sempre com um mínimo de qualidade. A música clássica quer
apenas ocupar o seu espaço e conviver ao lado de outras manifestações
populares. A música clássica, tradicional ou experimental, precisa receber
apoio oficial e da iniciativa privada, sem o qual ela não pode sobreviver. O
Decreto comemorativo reafirma a posição simbólica do governo de
reconhecimento desta importante vertente da cultura brasileira.
O outro lado da questão é o pragmático. Nada adiantará termos um
“Dia Nacional” se não forem incrementadas políticas de educação musical,
especialmente aquelas de inclusão social, apoio a orquestras, bandas de
música e coros, suporte às temporadas dos teatros de ópera e de concerto e
criação de novos espaços para a música clássica, incentivo a jovens
intérpretes e compositores e encomendas de obras sinfônicas, camerísticas e
experimentais a compositores consagrados, apoio a projetos de registro
fonográfico e à divulgação de nossa música no exterior, conforme ocorre em
todos os países civilizados.
O simbolismo já foi “decretado”. Agora partamos para o
pragmatismo de promover a Música Clássica Brasileira. Esta é uma tarefa do
Governo, dos músicos e da sociedade em geral.
Ricardo Tacuchian é maestro/compositor e
Presidente da Academia Brasileira de Música
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