[ANPPOM-L] Res: Contraponto sobre possbilidades dos testes específicos

Carlos Palombini cpalombini em gmail.com
Qui Nov 25 03:42:54 BRST 2010


Olá, André

Quando leio você tenho a impressão que sou entendido da melhor maneira
possível. De modo que até eu me surpreendo comigo mesmo. O Schaeffer de que
falo aqui não é o Schaeffer de 1966 ou de qualquer outro período. É um
Schaeffer ruminado e digerido. Não tenho nada de concreto para propor em
termos dos sacrossantos exames farsescos de seleção (já participei de vários
e sei do que estou falando). Por outro lado, que nada sei é só uma parte do
que sei. O texto de Schaeffer me deu um ponto de partida. E os "imbecis" dos
quais ele fala me acrescentaram uma motivação e um impulso.

 "Os imbecis sabem muito bem que um povo colonizado acumulou demorado
rancor, uma raiva oculta sob os bons sentimentos, que o caminho para a
independência não é desses que se tomam de mãos dadas com o antigo invasor.
O imbecil sabe muito bem que quando as crianças de além-mar retornam ao
rebanho coroadas de diplomas, as questões que se colocam não dizem respeito
a altos princípios de colaboração, mas à partilha miserável de alguns
lugares. Rivalizam então redondamente esses 'Brancos' e esses 'Homens de
cor' que a mãe pátria imprudentemente qualificou."


"Pode-se perguntar, por exemplo, se nossas Universidades, que servem tão bem
a nós, Intelectuais do Ocidente, preparam convenientemente os jovens
orientais para a retomada de suas responsabilidades. Se eles voltam munidos
apenas de nossos sórdidos impulsos de pretensão aos postos, de nossa
impaciência e de nossos planos de curto alcance, para que diplomas? Estou
pronto, nesse caso, a preferir-lhes provisoriamente o imbecil; e seus
reflexos necessariamente sãos de defesa da própria pele."

Um abraço,

Carlos

PS A provocação serve para gerar a desestabilização a partir da qual se pode
originar uma nova proposição.

2010/11/25 André Luís Cardoso Machado <andrelcmac em ig.com.br>

> Carlos,
>
> A sua última mensagem parece mostrar que você acredita que nós só
> sabemos que não sabemos. Eu concordo com isso. Penso que sobre música
> sabemos a menor parte, e intuímos o resto. Ana Luíza argumentou que só
> devemos criticar se tivermos algo concreto a propor.
> Mas demonstrar que estamos em um momento onde as coisas parecem não
> estar dando certo, onde ensino, pensamento e prática parecem não
> coadunar já é para mim algo bastante concreto.
> Essa percepção crítica já ocorreu em outros momentos históricos e
> sempre levou a resultados concretos. Alguns desses resultados são
> inclusive apreciados até hoje.
> Temos talvez que perder o medo de abandonar certos critérios do
> passado que já não são tão eficientes e que produzem resultados que
> não fascinam mais tanto assim.
> Eu não vejo isso como uma negação do passado. Muito pelo contrário.
> Talvez essa encruzilhada aparentemente paralisante em que nos
> encontramos seja o que há de mais belo e fascinante em nossa época,
> aquilo que pode levar a verdadeiras contribuições de nossa época para
> o futuro. Precisamos ter coragem de viver o nosso momento que já não é
> nem mesmo o de Schaffer. É o nosso.
> A sua proposta, não sei se provocativa ou propositiva, me parece
> carregada de uma intenção sincera nessa direção.
>
> Abraço
>
>
-- 
Carlos Palombini
cpalombini em gmail.com
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