[ANPPOM-L] STF e OMB - uma questão ridícula

Marcelo Coelho muzikness em gmail.com
Sáb Ago 13 18:00:07 BRT 2011


dizer que a musica nao tem nenhum poder de transformacao espiritual e
coletiva eh afirmar que john coltrane e toda uma geracao que o seguiu
estavam enganados, tudo nao passou de um delirio...

Em 13 de agosto de 2011 13:16, Gil Amâncio
<givanildo.amancio em gmail.com>escreveu:

> Porque um médico e um advogado possuem "ordem e/ou conselho profissional"
> ?
>
> os músicos são profissionalmente indígnos de possuir conselho
> profissional?
>
> Em 12 de agosto de 2011 18:41, Graziela Bortz <g_bortz em hotmail.com>escreveu:
>
>  Adorei isto, particularmente a última frase! Obrigada, André. Graziela
>> Bortz.
>>
>>  ------------------------------
>> Date: Thu, 11 Aug 2011 12:43:27 -0300
>> From: andrefadel em gmail.com
>> CC: anppom-l em iar.unicamp.br
>> Subject: [ANPPOM-L] STF e OMB - uma questão ridícula
>>
>>
>>
>>
>> *Uma questão ridícula*
>>
>>
>>
>> Um dos grandes males dos dias hoje é haver tantas pessoas que levam música
>> a sério. E olha que muitos me tomam como “músico sério”. Isto tudo é uma
>> grande bobagem. Independe de eu fazer da música o meu ganha-pão ou não. Tem
>> a ver com o entendimento do que música representa para as sociedades. Ou
>> para cada um de nós.
>>
>> Se alguém acha que a má execução de música oferece risco, desculpe-me, mas
>> então somos baratas sobrevivendo à hecatombe nuclear midiática, com bombas
>> de hidrogênio que já explodiram do calibre de “sertanejo universitário”,
>> “leidi gagas”, “bítous” e outras *coisitas más*.
>>
>> (Parêntese: adoro Scriabin. Adoro Schoenberg. Adoro rock progressivo,
>> Bach, Messiaen. Adoro algumas coisas da MPB. Até mesmo do paupérrimo Beatles
>> eu escuto uma coisa ou outra. E daí? Daí que eu não me importo com os gostos
>> de mais ninguém, e muitos deveriam fazer o mesmo.)
>>
>> Não me importo se no barzinho ali embaixo estão tocando Iutchú, exceto se
>> o volume estiver me incomodando. Não me importo se a articulação que o
>> cravista faz numa Partita de Bach é “errada”, “historicamente acurada” ou
>> virada do avesso. Se me agradou, tentarei expor meus argumentos para
>> conseguir entender aquilo que me agradou - e farei o mesmo se não me
>> agradou. É claro que para isso a gente precisa de estudo, leitura,
>> conhecimento e vivência. Mas só farei esse esforço se eu *estiver
>> realmente a fim*, porque música não é objeto científico. Música é para se
>> curtir.
>>
>> Eu me importo com a dimensão ridícula que algumas discussões podem
>> alcançar.
>>
>> Mesmo quanto àquela música que foi feita para NÃO se curtir, o fato de ela
>> ter sido criada já significa que alguém se divertiu com a ideia. Música está
>> relacionada com o *prazer*, seja por criá-la, tocá-la, ouvi-la e, para
>> aqueles que *estiverem a fim*, analisá-la e dissecá-la como se fosse um
>> sapo (com a diferença que, dissecando um sapo a gente aprende biologia e a
>> fazer ciência de verdade. Análise musical nunca vai levar à descoberta de
>> uma vacina).
>>
>> A pergunta que todos deveriam se fazer é: *o que a música representa na
>> minha vida? Por que ela é importante pra mim, especificamente?*
>>
>> Há uma grande diferença em refletir sobre isto e querer imputar uma
>> importância que na maioria das vezes inexiste para o vizinho. Eu e 99,9% das
>> pessoas não estamos nem aí para as análises subjetivas de obras
>> desconhecidas de compostores obscuros e que, muitas vezes, são horrorosas
>> (para mim!). Eu sei também que quase ninguém se importa com a obra de
>> Scriabin, mas eu me importo, e não estou nem aí se outros nem ouviram falar.
>> Vou continuar tocando, estudando e divulgando sua obra com o mesmo *
>> prazer*, mesmo que haja uma hecatombe de verdade e eu fique sozinho no
>> mundo.
>>
>> Isto faz de nós uma tribo com infinitas confrarias e precisamos saber
>> conviver uns com os outros. Não significa que devemos ficar metendo o dedo
>> no nariz alheio.
>>
>> Quando eu era adolescente, eu me perguntava como é que meus amigos não
>> conheciam Bach? Como é que eles não se emocionavam com uma sonata de
>> Beethoven? Eu ainda acreditava que a música era uma linguagem universal – o
>> que também é uma enorme bobagem.
>>
>> *Mas que diabo isto tudo tem a ver com a decisão do STF*?
>>
>> Ora, os Ministros simplesmente conseguiram discernir a natureza da música
>> com a natureza de outros campos do conhecimento. Querer policiar a execução
>> profissional de algo que se faz para se curtir é a mesma coisa que querer
>> criar uma Ordem dos Aeromodelistas, ou uma Ordem dos Passeadores de
>> Cachorros. Criar “delegacias” para tutelar se um violonista de bar está
>> “autorizado” a exercer sua profissão ali é o cúmulo do ridículo.
>>
>> O mesmo não acontece com o Conselho de Medicina. Experimente levar sua
>> mulher a um obstetra incompetente para ver o que acontece.
>>
>> Músicos, não se levem tanto a sério, por favor.
>>
>>
>>
>> André Fadel
>>
>> Pianista e compositor
>>
>>
>>
>>
>>
>>
>>
>>
>>
>>
>>
>>
>>
>>
>>
>>
>> 2011/8/8 SBME . <sbme em sbme.com.br>
>>
>> Colegas:
>>
>> Vejo que existe um intenso movimento de colegas em difundir a notícia
>> sobre a decisão do STF.
>> Mas não vejo qualquer iniciativa em incentivar a discussão sobre a
>> questão.
>>
>> Vejo com muita preocupação os argumentos usados pelo ministros para
>> decidir o que decidiram.
>> Refiro-me aos argumentos, e não à decisão.
>>
>> Ellen Gracie alegou que  o registro em entidades só pode ser exigido
>> quando o exercício da profissão sem controle representa um "risco social",
>> "como no caso de médicos, engenheiros ou advogados".
>> Isso é verdade?
>> O mau exercício da profissão de músico intérprete não representa risco
>> social?
>> Imagine um grupo social ouvindo a execução de uma obra contemporânea, nada
>> conhecida, ou conhecida apenas de outro grupo social, mal tocada, cheia de
>> desafinações, erros, saltos, etc. Nessas circunstâncias o público, sem
>> perceber se estava tudo certo ou errado, recebe aquela execução como se ela
>> representasse a realização fiel da partitura.
>> Nesse caso, o mau músico intérprete, realizador da performance cheia de
>> erros, não estaria provocando consequências desastrosas para a sociedade?
>>
>> O ministro Carlos Ayres Britto disse que não seria possível exigir esse
>> registro pois a música é uma arte.
>> O ministro Ricardo Lewandowski, por sua vez, chegou a dizer que seria o
>> mesmo que exigir que os poetas fossem vinculados a uma Ordem Nacional da
>> Poesia para que pudessem escrever.
>>
>> Mas, dentre as artes, a Música é a única que se utiliza do Triângulo da
>> Comunicação para chegar ao público.
>> O pintor, o poeta, o cineasta, o escultor, colocam suas criações
>> artísticas diretamente no suporte, e o público tem acesso à fruição da arte
>> contemplando o suporte diretamente.
>> A música instrumental não vive esse processo simples. O compositor coloca
>> sua criação num suporte, a partitura, plena de signos representativos, que
>> deverão ser decodificados por músicos instrumentistas. Essa decodificação
>> exige profundo conhecimento técnico.
>>
>> À salutar discussão!!!
>> Abraços,
>> Jorge Antunes
>>
>>
>>
>>
>>
>> Em 1 de agosto de 2011 19:49, Rogerio Budasz <rogeriobudasz em yahoo.com>escreveu:
>>
>>    Matéria da Folha de hoje <
>> http://www1.folha.uol.com.br/ilustrada/952808-musico-nao-precisa-de-registro-para-exercer-profissao-decide-stf.shtml
>> >
>> ==================================================
>>
>> Músico não precisa de registro para exercer profissão, decide STF
>>
>> FELIPE SELIGMAN
>> DE BRASÍLIA
>>
>> Por unanimidade, o STF (Supremo Tribunal Federal) decidiu nesta
>> segunda-feira (1º) que o músico não precisa ter registro em entidade de
>> classe para exercer sua profissão.
>>
>> Os ministros julgaram o caso de um músico de Santa Catarina que foi à
>> Justiça ao alegar que, em seu Estado, ele só poderia atuar profissionalmente
>> se fosse vinculado à Ordem de Músicos do Brasil.
>>
>> Em diversos locais do Brasil, músicos são obrigados a apresentar documento
>> de músico profissional -- a "carteirinha de músico" -- para poder se
>> apresentar.
>>
>> A decisão vale apenas para o caso específico, mas ficou decidido que os
>> ministros poderão decidir sozinhos pedidos semelhantes que chegarem ao
>> tribunal. Ou seja, se o registro continuar a ser cobrado, será revertido
>> quando chegar no tribunal.
>>
>> Para a ministra Ellen Gracie, relatora da ação, o registro em entidades só
>> pode ser exigido quando o exercício da profissão sem controle representa um
>> "risco social", "como no caso de médicos, engenheiros ou advogados",
>> afirmou.
>>
>> O colega Carlos Ayres Britto disse que não seria possível exigir esse
>> registro pois a música é uma arte. Ricardo Lewandowski, por sua vez, chegou
>> a dizer que seria o mesmo que exigir que os poetas fossem vinculados a uma
>> Ordem Nacional da Poesia para que pudessem escrever.
>>
>> Já o ministro Gilmar Mendes lembrou da decisão do próprio tribunal que
>> julgou inconstitucional a necessidade de diploma para os jornalistas, por
>> entender que tal exigência feria o princípio da liberdade de expressão.
>>
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>> http://iar.unicamp.br/mailman/listinfo/anppom-l
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