[ANPPOM-L] Adeus a EmilioTerraza (1929-2011)

Jorge Antunes antunes em unb.br
Sex Jan 14 16:19:43 BRST 2011


*Adeus a Emilio Terraza

*Faleceu hoje, dia 14 de janeiro de 2011, a cerca de 4 horas atrás, em
Natal, o maestro  e compositor Emilio Terraza, que foi professor do
Departamento de Música da UnB. Um enfisema pulmonar o atormentava.
Terraza nasceu em 1929, na Argentina, onde estudou piano com R. Ehrlich e
composição com J. Ficher. Em Paris estudou com Toni Aubin. Foi, na época,
bolsista dos governos da Argentina e da França.
Em 1958 fixou-se no Brasil, casando com a pianista brasileira Marly Terraza,
já falecida. Terraza adquiriu a cidadania brasileira em 1960. Foi Diretor
suplente da Orquestra Sinfônica Universitária do Rio de Janeiro de 1959 a
1964. Organizou o Serviço de Documentação Musical da Ordem dos Músicos do
Brasil, e foi professor do Instituto Villa-Lobos, o ex-Conservatório
Nacional de Canto Orfeônico.
De 1969 a 1972 foi professor do Departamento de Música da UnB, tendo
integrado o grupo de mais de duas centenas de professores que se demitiram
na crise de 1972. Daí até 1975 se transferiu para a Universidade Federal do
Piauí, onde criou e coordenou o Setor de Artes e Departamento de Música
daquela Universidade. Em 1975 voltou a integrar o corpo docente da
Universidade de Brasília, criando e dirigindo a disciplina Oficina Básica de
Música, antes implantada no Instituto Villa-Lobos, que abriu pedagogicamente
centenas de cabeças jovens para a experimentação da música de vanguarda
erudita. Como compositor, Terraza nos deixa um catálogo pequeno mas rico
esteticamente. Escreveu ele dezenas de peças para piano, duos e trios.
Deixou-nos dois quartetos de cordas e obras para conjunto de câmara.
Sua *Pequena
Marcha Infantil*, para orquestra, de 1952, foi estreada no Rio de Janeiro em
1960.

Depoimento do maestro Jorge Antunes:
*Eu e Terraza fomos colegas e companheiros de luta cultural, desde os idos
de 1965 no Rio de Janeiro. Primeiro estivemos juntos na Orquestra Sinfônica
Universitária. Ele, então com 36 anos, assessorava o maestro Rafael Batista,
e eu era um jovem violinista e compositor com 23 anos. Foi ele quem
preparou, regendo, a minha obra Sarau, para orquestra, em um concerto na
Casa do Estudante do Brasil. Depois estivemos juntos no Instituto
Villa-Lobos, como colegas no corpo docente. Ele se revelava grande pedagogo
e eu dava os primeiros passos como professor de música eletrônica. Os anos
de chumbo nos separaram. Tendo eu ingressado no corpo docente da UnB em
1973, nos reencontramos no Departamento de Música quando Terraza voltou a
Brasília em 1975. Desde então, e até o final do século XX, quando Terraza se
aposentou, realizamos vários trabalhos juntos, formando orquestras, grupos
de câmara e participando de enriquecedoras discussões estéticas. O homem
baixinho, simpático e falador, o amigo elétrico e afável, o tangueiro
virtuose, o compositor criativo, depois de viver 52 anos no Brasil nunca
largou o sotaque porteño. Ele nos deixa muita saudade.*
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