[ANPPOM-L] Res: A Anppom e Ordem dos Músicos do Brasil

silvioferrazmello silvioferrazmello em uol.com.br
Seg Jan 31 10:04:31 BRST 2011


caro alexandre

vc acha que no nosso caso temos que debater a questão da reserva de mercado?
pergunto pois este tem sido um dos debates, e creio que por conta dos cursos de música obrigatórios no ensino prúblico.

abs
silvio

On Jan 31, 2011, at 12:38 PM, Alexandre Negreiros wrote:

> Oi Rodolfo!
> 
> Comigo tudo bem, doutorado a mil e outras andanças mais melodiosas para o refresco da alma.
> Pois é, achei que poderia contribuir nesse ponto, então me arrisquei; a acolhida me aprovou, creio.
> 
> Vamos aos pontos:
> 
> A classificação como desprezível é quanto ao estado em que se encontra, não ao que poderia - ou deveria, sob o ponto de vista legal - desempenhar. O que sugeri aprimorar é o existente (e desprezível, debochável, tosco) sistema de admissão à OMB que, outra vez, é determinado pela lei. A OMB precisa ser revolucionada, e até curtos-circuito costumam dar bom tempero a esses processos. Lá embaixo, você questiona o porque dos Sindicatos (de músicos profissionais) exigirem para ingresso a carteira da OMB: pois ainda exigem, ou pelo menos - legalmente - deveriam, pois é o único documento que, oficialmente, comprova a habilitação para o exercício da profissão, o que com alguma boa vontade é possível distinguir do inabalável direito à livre expressão musical.
> 
> Note que há dois planos necessários a esse debate: um toma a lei como parâmetro, enquadra nossa "profissão" em meio às demais e estabelece os procedimentos que, à época, avaliava-se como adequados ao que estabelece. Então, trazendo as muitas mudanças ao longo dos anos, nos dirigimos ao segundo, que é o do que queremos para o futuro, onde temos dois caminhos: acabar com a OMB (adorei suas sugestões para aproveitamento dos espaços!) ou admiti-la como entidade possível, para papéis que possamos convergir em torno de. Temo que ambas as posições revelem um naco de profissão de fé, uma vez que uma canetada que a extingua não vá garantir o bom aproveitamento de seu legado físico; tampouco a melhor reformulação da lei garantirá pessoas sensatas ou regulamentos adaptáveis aos contornos multifacetados de nossa arte maior, segundo Meyer não objetivamente valoráveis.
> 
> De onde torna-se tentador o seu argumento em prol dos "países (que) mundo afora sobrevivem tão bem sem essa tal regulamentação". Mas acontece que a regulamentação não deveria servir às controvérsias valorativas dos nossos olhares enviesados ou preconceituosos, e sim às condições em que, já habilitado, exerce sua atividade remunerada. A regulação nasce para que um mercado restrito a posturas adequadas (quanto à grana, nada a ver com origem, habilidade, estilo, destreza, estas da esfera da admissão) não se deprede com amantes que, ao trocar oportunidades profissionais por prazer, limita ou rebaixa a capacidade de remuneração de quem sobrevive da música. E precisamos nos preocupar com elas e com o mercado, se quisermos aproximar a Casa Grande da Senzala (de uma vez por todas!)
> 
> Então lembro outra vez dos muitos países em que isso razoavelmente foi feito, me permito discordar quanto à ausência de regulamentação profissional. Tratando de países desenvolvidos, mesmo onde não há tradição associativa ou sindical consistente, tais como há na França, Alemanha, etc., os governos exercem um alto poder de regulação, direta ou indiretamente, especialmente através dos sistemas de assistência ou fomento, quando não combinam as duas coisas. A "festa" brasileira começa no Estado débil, incrivelmente ainda tão mínimo. O livre mercado - por natureza tendencioso e assimétrico - só se viabiliza na tradicional exceção internacional norte-americana, em que sua pujança resolve por si os desequilíbrios, e acaba havendo trabalho para todos. Aqui no Brasil, penso que carecemos exatamente de maior poder de articulação nacional e, se imbuída de propósitos equilibrados (que admito serão de difícil obtenção), este poderia ser um papel excelente para uma nova OMB, Deus queira laica, asseada da exclusividade das leituras temperadas e ocidentais do século XVII, da qual temo não sejamos capazes de nos livrar em curto prazo, ponderaria.
> 
> Eu também só topo a discussão se for complexa; conduz esse lado desafiador. Mas acho que temos pontos em comum, embora ressalve que os jornalistas querem sim a reserva de mercado, veja a Fenaj; o judiciário e os donos da mídia é que não permitem. E isso só se confunde com nosso problema porque misturamos essa discussão ao "diploma para tocar", repugnante como o "autorização para escrever em jornais". Creio que precisamos mesmo de um Gaspari musical para passar a limpo nossa história cultural durante os anos de chumbo. E vamos dar a carteira à sogra que solfeja tríades de qualquer escala; só que na hora do "serviço", ela vai ter que acatar as regras do mercado de quem vive disso; penso que é assim que operam as associações de classe pelo mundo, e assim imagino termos a nossa (de volta).
> 
> Outro grande abraço, Rodolfo!
> 
> 
> 
> De: Rodolfo Caesar <rodolfo.caesar em gmail.com>
> Para: Alexandre Negreiros <alexandrenegreiros em yahoo.com.br>
> Cc: silvioferrazmello <silvioferrazmello em uol.com.br>; anppom-l em iar.unicamp.br
> Enviadas: Sexta-feira, 28 de Janeiro de 2011 11:18:09
> Assunto: Re: [ANPPOM-L] A Anppom e Ordem dos Músicos do Brasil
> 
> Caro Alexandre,
> 
> 
> 
> Tudo bem com vc? Legal te ver por aqui de novo!
> Eu tenho ainda algumas discordâncias:
> Vc diz:
> 
> > Nada que não possa ser muito melhorado, quem sabe projetando a um
> > padrão "THE-de-final-de-curso" aplicados pelas universidades, ou sob sua
> > supervisão. Ou alguma forma de vínculo entre diplomas das universidades
> > reconhecidas pelo MEC e a carteira profissional, ....
> 
> Vc se refere ao sistema de admissão à OMB. E logo em seguida completa:
> 
> >  Admito que hoje a OMB é desprezível, sob qualquer ângulo,
> 
> Ué, então para que aprimorar o que é desprezível? Esse é o pior ângulo!
> 
> Concordo com vc aqui:
> 
> > não ser sua estrutura instalada: prédios, salas, funcionários que, em tese,
> > servem à música.
> 
> Ótimo! Vamos aproveitar esse hardware p/ fazer escolas (num bom e
> amplo sentido!), salas de espetáculo, conferências, etc! Coisas que
> estimulem o conhecimento e a produção de músicas, de A a Z, ou seja,
> de Adoniram Barbosa à Zoophonie de Hercule Florence, passando pelas
> sonoridades de campanários italianos, de sirenes de navio no golfo de
> Aden ou de minas de carvão inglesas no século XIX, enfim por tudo o
> que soar, e até o que não soar tb... se couber.
> 
> Já, se vc prefere,
> 
> > Com esse hardware adaptável, fazê-la funcionar a contento
> 
> Não volta tudo outra vez à estaca zero?
> 
> > está ao alcance de um bom projeto de lei, que pode até ser proposto pela
> > ANPPOM.
> 
> Aqui eu pulo fora, mesmo!, porque seria submeter o 'hardware' a um
> 'circuit bending' perigoso!
> 
> >.... são duas entidades distintas, com funções distintas, e o
> > que está mesmo faltando é a modernização da lei de 1960, que criou a OMB e
> > regulamentou "nossa" profissão.
> 
> Tantos países mundo afora sobrevivem tão bem sem essa tal
> 'regulamentação'! Por que aqui, onde a classe dos jornalistas tenta
> quebrar a obrigatoriedade do diploma de faculdade, a dos advogados
> enfrenta milhões de problemas, e o modelo de todas: a dos juízes,
> indestrutivelmente instalada no topo da cadeia alimentar
> 
> Meu 'dever', ou vocação (?), como acadêmico, e como artista, é o de
> procurar a complexidade, e não o de resolver (o que, poxa vida, não
> tem solução), dando uma mexida aqui e outra lá, 'modernizando a lei de
> 1960'!
> 
> Fica o meu questionário:
> ( ) Alguém sabe me dizer por que, nos anos setenta, o sindicato de
> músicos exigia, para ingresso, a apresentação da carteira da OMB?
> ( ) Alguém sabe me dizer  quais as 'fontes bibliográficas' que
> apoiariam a preconceituosa decisão da OMB ao repartir suas ovelhas em
> 'eruditas' e 'populares'?
> ( ) Alguém sabe por que, naqueles anos de chumbo, para a 'liberação de
> um show' precisava-se pagar por uma carimbada na OMB, sendo isto
> exigência para descolar outra na Censura Federal, cujo endereço (o
> quartel da PM) era fornecido pela OMB sem o menor escrúpulo?
> ( ) Alguém saberá aplicar um teste modernizado aos músicos regionais
> dos arredores de Dores do Indaiá para que eles possam tocar num
> casamento levando uma graninha? Eles nunca foram a BH, onde sobrevive
> a filial da OMB que os afeta.
> ( ) Alguém sabe me dizer se/como e por que eles cairiam ou não na
> jurisdição da OMB?
> ( ) Alguém daria a carteira pr'aquele genro preguiçoso da dona da
> eco-pousada de outros arredores de Dores, só porque ele sabe tocar no
> violão uma penca de sucessos da Turma da Esquina, animando a noitada e
> cobrando couver artístico dos hóspedes encachaçados? Ele vai de Blazer
> (da sogra) a BH quando bem quiser...
> ( ) A filha da sogra do genro é capaz de solfejar tríades. E se...?
> 
> 
> Obrigado pelo estímulo à conversa, Alexandre e um grande abraço!
> Rodolfo
> 
> 
> 
> 
> 
> 
> 
> > Sugiro sermos menos suscetíveis
> > ao catastrófico histórico recente da OMB, que não deveria determinar uma
> > avaliação que melhor se colocaria para o futuro que querermos. Polarizar
> > entre "viva ou morra" é por demais reducionista, imagino.
> > Alexandre
> > ________________________________
> > De: Rodolfo Caesar <rodolfo.caesar em gmail.com>
> > Para: silvioferrazmello <silvioferrazmello em uol.com.br>
> > Cc: anppom-l em iar.unicamp.br
> > Enviadas: Quinta-feira, 27 de Janeiro de 2011 13:38:34
> > Assunto: Re: [ANPPOM-L] A Anppom e Ordem dos Músicos do Brasil
> >
> > Mas Silvio:
> >
> >> tem os que precisam dela (é pela omb que está regulamentada qtas horas de
> >> ensaio, horas de descanço entre ensaios, definição do que chamamos de
> >> serviços etc)
> >
> > Isto, como já foi dito mais de uma vez aqui, é função de sindicato...
> >
> >
> > abs,
> > rc
> >
> >
> >
> >
> >
> >
> >
> >> hoje mesmo recebemos uma mensagem bacana do antunes sobre o histórico da
> >> omb
> >> e da importância da regularização de um profissão
> >> no mais, vale pensar realmente que se a omb regula também as aulas de
> >> música, ela é oportuna no que diz respeito ao ensino de música nas escolas
> >> públicas por leigos (que acaba mais sendo um desserviço do que um trabalho
> >> real para a música no país).
> >> ou seja, são diversas as posições e importantes de serem colocadas e
> >> ouvidas
> >> (lidas) para que se pense a respeito antes de uma posição, sobretudo se
> >> acatamos a proposta do paulo castagna de uma sessão omb na próxima anppom.
> >> abs
> >> silvio
> >>
> >>
> >>
> >> On Jan 25, 2011, at 9:01 PM, Edilson Rocha wrote:
> >>
> >> Caros colegas
> >> Esta discussão é das mais oportunas, e o momento precisa ser aproveitado
> >> para que seja definida e defendida em bloco uma proposta, escolhida pela
> >> maioria dos associados, e no interesse de categoria.
> >>
> >> Meu voto, se for o caso, também é pelo fim da ordem!
> >>
> >> Edilson Rocha
> >> Prof. Adjunto
> >> DEMUSI - UFSJ
> >>
> >> Acesse o site:
> >> www.maestroedilsonrocha.cjb.net
> >> Pesquisa, regência, técnica vocal
> >>
> >>
> >>
> >> ________________________________
> >> From: marciomattos em marciomattos.com
> >> Date: Mon, 24 Jan 2011 18:11:45 -0300
> >> To: anppom-l em iar.unicamp.br
> >> Subject: Re: [ANPPOM-L] A Anppom e Ordem dos Músicos do Brasil
> >>
> >> Colegas.
> >> Um amigo meu chamado AMAUDSON XIMENES (amaudson em gmail.com) de Fortaleza,
> >> Ceará tem um trabalho acadêmico sobre o assunto (anexo). E outro colega,
> >> advogado, chamado Fábio Barros podem contribuir com o debate caso alguém
> >> tenha interesse em convidá-los.
> >> Meu voto, se for o caso, é pelo fim da ordem!
> >> Um abraço,
> >> Márcio Mattos
> >>
> >> Em 24 de janeiro de 2011 12:48, Sonia
> >> Ray <soniaraybrasil em gmail.com> escreveu:
> >>
> >> Caro Paulo e colegas da lista,
> >> A possibilidade de abrirmos um debate sobre o tema na Assembléia esteve
> >> aberta desde o início da discussão. Acho plausível que o debate ganhe
> >> também
> >> um espaço no Congresso, dada a dimensão que a discussão tem alcançado na
> >> lista. Levarei o assunto a coordenação do Congresso e comissão científica
> >> e
> >> retornarei pra lista uma posição neste sentido.
> >> Abraços,
> >> Sonia
> >>
> >>
> >> --
> >> SONIA RAY
> >> Contrabaixo - PPG Música - Universidade Federal de Goiás
> >> Presidente da ANPPOM (www.anppom.com.br)
> >> Tel: +5562-9249.0911
> >>
> >>
> >> Em 19 de janeiro de 2011 19:37, Paulo Castagna <brsp em uol.com.br> escreveu:
> >>
> >> Colegas,
> >>
> >> Não seria o caso de se agendar um debate sobre a OMB no próximo Congresso
> >> da
> >> Anppom em Uberlândia? Nessa ocasião (e até lá) seria possível levantar
> >> mais
> >> informações sobre a atuação legal da OMB e sobre as questões que vêm sendo
> >> levantadas pela comunidade musical, para, se for esse o nosso desejo,
> >> elaborar uma manifestação oficial da Anppom sobre a questão (como propor a
> >> extinção da obrigatoriedade de filiação à OMB e outras medidas). E, penso
> >> eu, talvez fosse melhor começar por esse caminho, uma vez que começar por
> >> sugerir a extinção dessa entidade pode não ser eficaz, ainda que a
> >> proposta
> >> seja justa (reiterando, trata-se apenas de uma observação sobre eficácia e
> >> não sobre a justiça do argumento). De qualquer maneira, creio que um
> >> debate
> >> no próx imo Congresso e uma posição oficial da Anppom dariam bastante
> >> força
> >> à nossa reivindicação, seja ela qual for.
> >>
> >> Abraço,
> >>
> >> Paulo Castagna
> >> brsp em uol.com.br
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> >> --
> >> MÁRCIO MATTOS
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