[ANPPOM-Lista] situação da composição e da musicologia nos (novos) cursos de música

Jorge Antunes antunes em unb.br
Qua Nov 2 10:24:59 BRST 2011


Caro Alexandre:

Quando usei a expressão "*carregados pelos industriais da música comercial*",
eu não pretendia dizer ou insinuar que artistas tiveram suas passagens e
estadias pagas pelas gravadoras multinacionais. Eu quis me referir apenas
às motivações e aos objetivos que levavam aqueles cantores populares a
viajarem e fazerem lobby. Esses objetivos –sempre transpareceu– se
resumiriam em implementar uma educação musical daquele tipo a que eu
chamaria deseducação musical: a prática, em sala de aula, de fabricação de
mentes jovens potenciais futuros consumidores de música popular comercial.
Aí sim, caro Alexandre, pode ser que eu esteja enganado. Você então poderia
me esclarecer.
Por favor, informe qual tipo de Educação Musical a Daniela Mercury, o Zezé
de Camargo, o Luciano, o Ivan Lins, a Cristina Saraiva, a Joyce e a
Fernanda Abreu pretendem ver implantado nas escolas?
Abraço,
Jorge Antunes


>
> Em 01/11/2011, às 09:58, Alexandre Negreiros escreveu:
>
> Olá Jorge e Daniel,
>
> Primordial que se cultive o debate e propostas em torno desse tema, e
> aguardo ansioso a implementação da lei, com todas as incertezas que conduz.
> Mas preciso ressalvar a notícia de que Ivan e Daniela teriam ido ao
> Congresso conduzidos pelos industriais da música comercial: as passagens de
> ambos, na época, foram custeadas ou por gabinetes de políticos que nos
> apoiavam, ou pelo Sindicato dos Músicos do Rio de Janeiro, ou pelos
> próprios bolsos. Tivemos o apoio puramente conceitual de diversas
> organizações ligadas à música, dentre elas a ABMI, que se interessava que
> apoiássemos o projeto que hoje está prestes a ser votado chamado PEC da
> música, com incentivos tributários (tardios, é certo) à produção
> fonográfica, equiparando-a ao livro. A dissertação do Felipe Radicetti, na
> Unirio, descreve em detalhes a história.
>
> Abçs!
> Alexandre
>
>
> Em 30/10/2011, às 12:15, Jorge Antunes escreveu:
>
> Oi, Daniel:
>
> Aguardo ansioso seu projeto político-pedagógico.
> Minha simpatia e luta pelos cursos na área de Performance estão na
> reserva, no frigorífico, a espera de descongelamento.
> A explosão delas poderá acontecer, dependendo do repertório a ser
> programado e preconizado, e do espaço a ser dado à música erudita
> contemporânea de hoje.
> Abraço,
> Jorge Antunes
>
>
> Em 30 de outubro de 2011 11:35, Daniel Lemos <dal_lemos em yahoo.com.br>escreveu:
>
>>
>> Caro prof. Jorge Antunes,
>>
>> Muito obrigado por sua mensagem! Não havia visto a situação dessa forma,
>> agradeço por me despertar para uma visão diferente. O canto orfeônico
>> certamente tem suas raízes no ensino tradicional de Música, e sabemos da
>> problemática em torno das ideologias pedagógicas que prega. A Educação
>> Musical realmente tem este compromisso: quanto maior o contato da sociedade
>> brasileira com a Música de forma saudável, espontânea e livre dos "traumas
>> da pedagogia musical tradicional", maiores os benefícios para todos:
>> amadores, admiradores e profissionais. E de fato, qualquer defesa destes
>> "ícones da Música Popular" em prol da Educação Musical certamente é de se
>> desconfiar.
>>
>> A minha preocupação maior é que as Universidades brasileiras tem dado
>> muita atenção à formação de profissionais capazes de atuar na Educação
>> Básica, capazes de adotar metodologias apropriadas a este contexto. Porém,
>> pela natureza dessa formação e das precárias condições que eles
>> hipoteticamente encontrariam nas escolas brasileiras, o ensino da
>> Performance é praticamente deixado de lado na formação destes. É esta a
>> situação que me preocupa, e também a vários colegas daqui. A ampliação da
>> área também precisa acontecer dessa forma.
>>
>> Estamos trabalhando em um projeto político-pedagógico para fundação de um
>> Bacharelado que emergirá da Licenciatura com poucos custos à Universidade,
>> engajado em ampliar as possibilidades de atuação profissional dos bacharéis
>> e adotando idéias muito positivas da Educação Musical. Em breve enviarei o
>> projeto para lista para que todos possam discutir, e quem sabe motivar a
>> abertura desta habilitação em outras Universidades que fundaram a
>> Licenciatura há alguns anos.
>>
>> Grande abraço,
>>
>>
>> Daniel Lemos
>>
>> Curso de Música/DEART - musica.ufma.br
>> Grupo de Pesquisa em Ensino da Performance Musical -
>> musica.ufma.br/ensaio
>> Perfil no academia.edu - ufma.academia.edu/dlemos
>> Blog Audio Arte - audioarte.blogspot.com
>> Universidade Federal do Maranhão
>>
>>
>> --- Em *dom, 30/10/11, Jorge Antunes <antunes em unb.br>* escreveu:
>>
>>
>> De: Jorge Antunes <antunes em unb.br>
>> Assunto: Re: [ANPPOM-Lista] situação da composição e da musicologia nos
>> (novos) cursos de música
>> Para: anppom-l em iar.unicamp.br, dal_lemos em yahoo.com.br
>> Data: Domingo, 30 de Outubro de 2011, 11:10
>>
>>
>> Caro Daniel:
>>
>> Você, tal como vários outros colegas, usa a frase "volta do ensino de
>> Música na Educação Básica".
>> Proponho que se passe a usar, no lugar da frase acima, o seguinte:
>> "início do ensino de Música na Educação Básica".
>>
>> Não há como pensar na "volta" de algo que nunca houve.
>>
>> O que houve no passado foi a educação cívica através da música, com a
>> prática do chamado "canto orfeônico", disciplina que fazia com que os
>> estudantes passassem a ter raiva da Música.
>>
>> Quanto aos novos cursos e à grande clientela de Educação Musical e das
>> Licenciaturas, acho isso bastante bom e promissor e necessário.
>> Temos que construir novas cabeças que possam ocupar o mercado que se
>> abrirá. As "majors", indústrias multinacionais do disco e da música popular
>> comercial estão de olho nesse nicho que se abre. Não é à toa que
>> personalidades da música popular, como Ivan Lins e Daniela Mercury,
>> frequentam o Congresso Nacional fazendo lobby pela Educação Musical,
>> carregados pelos industriais da música comercial.
>>
>> Abraço,
>> Jorge Antunes
>>
>>
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