[ANPPOM-Lista] ambiente acadêmico

Damián Keller musicoyargentino em hotmail.com
Ter Out 25 17:41:27 BRST 2011


Prezada Catarina,
> Em meio a tantas condutas destrutivas que ainda praguejam o cotidiano de todos, tais como inuendos, perseguições, ameaças, assédio moral e até violência física, cabe a nós (e apenas a nós) decidir que tipo de ambiente acadêmico desejamos construir à nossa volta.
Concordo 100% com essa colocação. A difamação é uma ferramenta sutil e poderosa. Como o custo de provar a inocência é altíssimo, os difamadores contam, por um lado, com a impunidade, e por outro, com a certeza do resultado.
Dentro da estrutura burocrática universitária não existem mecanismos de defesa contra perseguições e difamações. Quem de nós, pesquisadores e professores DE, tem tempo e paciência para encarar processos administrativos, judiciais, coleta de provas documentais, etc., etc., para chegar a um resultado que no fim é igual a zero?
Infelizmente, não posso concordar em que cabe a nós decidir o tipo de ambiente com o qual temos que conviver no dia-a-dia. Mas caberia a nós, como membros da Anppom, criar instâncias que ajudem a evitar arbitrariedades dentro do ambiente acadêmico-musical. Instâncias que evitem concursos para professor com cartas marcadas, eliminação de prova específica por motivos políticos, cerceamento da liberdade acadêmica, só para citar alguns exemplos do que temos que aturar no nosso cotidiano.
Abraço,Damián

Dr. Damián Keller -
Núcleo Amazônico de Pesquisa Musical (NAP) - Universidade Federal do Acre - Amazon Center for Music Research - Federal University of Acre - http://ccrma.stanford.edu/~dkeller


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> --- Em seg, 24/10/11, Catarina Domenici <catarina em catarinadomenici.com> escreveu:
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> De: Catarina Domenici <catarina em catarinadomenici.com>
> Assunto: Re: [ANPPOM-Lista] A palhaçada do Concurso de Tatuí
> Para: "André Fadel" <andrefadel em gmail.com>
> Cc: anppom-l em iar.unicamp.br
> Data: Segunda-feira, 24 de Outubro de 2011, 19:12
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> Prezado André,
> Inicio respondendo a útima pergunta da tua mensagem ?...mas quem são os juízes??: eu, Catarina Leite Domenici, fui um dos membros da comissão julgadora do VII Concurso Nacional de Piano de Música Brasileira Espartaco Rossi de Tatuí. Como membro da comissão julgadora, após ter passado uma grande parte dos últimos anos fora do Brasil, posso assegurar que estava em uma posição bastante confortável por estar vendo (e ouvindo) pela primeira vez TODOS os candidatos dos turnos que julguei. Desta maneira, todos se encontravam em perfeita condição de isonomia diante do meu julgamento, que, obviamente, foi baseado APENAS na performance que ocorreu naquele momento. Afirmo que a comissão organizadora do concurso foi extremamente cuidadosa e idônea em não disponibilizar à comissão julgadora as fichas de inscrição, assegurando que informações como idade, procedência e, principalmente, o nome do(a) professor(a) fossem mantidas em sigilo.
> Este último item merece aqui um parênteses: uma das pianistas mais importantes do Brasil (infelizmente já falecida) pediu para não mais ser convidada para integrar o júri de um dos concursos de música mais importantes do país por ter se cansado de receber vários telefonemas de professores de piano (às vezes no meio da noite) que tentavam de alguma maneira influenciar a sua opinião. Do lado dos candidatos, temos aqueles que, infelizmente em qualquer concurso, se julgam maiores e melhores que os outros apenas por serem alunos de X, Y ou Z. Fim do parênteses.
> Lamento imensamente que você não tenha tido a iniciativa ou a oportunidade de me procurar após o concurso (como fizeram tantos outros candidatos) para saber a minha opinião sobre a tua performance (e consequentemente, os meus critérios). Quem me conhece sabe que, sempre que solicitada, emito a minha opinião com muita honestidade e franqueza e que sempre prezei a transparência acima de tudo em todas as relações. Aproveito aqui para me colocar à disposição para compartilhar contigo as minhas anotações sobre a tua performance, posto que ainda tenho minhas anotações das provas do concurso. Farei isso com prazer, de maneira privada, como o fiz com os outros candidatos que me procuraram, pois minha ética não me permite expor publicamente assuntos que considero de cunho e interesse pessoal. Por outro lado, enfatizo que sou inteiramente favorável à discussão pública, séria e respeitosa sobre os critérios de avaliação da performance
> musical de maneira geral (não apenas em situações de concurso), conduzida com o cuidado necessário entre o estabelecimento de parâmetros para a elaboração de critérios objetivos e subjetivos de avaliação, ao mesmo tempo que evitando o engessamento de tais critérios, o que resultaria em tirania ideológica e estética. Devemos sempre lembrar que o que mantém a arte viva (especialmente a performance musical) é justamente a diversidade de opiniões, percepções e interpretações. Dada a natureza pública da performance musical, a qual sempre nos coloca em contato com pontos de vista muitas vezes divergentes, penso ser fundamental que tenhamos maturidade e humildade para conviver com essa diversidade em qualquer situação.
> Gostaria de manifestar minha profunda tristeza e preocupação em ver o fórum de discussões de uma das instituições mais importantes e respeitadas da comunidade acadêmica no Brasil (a ANPPOM) ser usado para mensagens que, acobertadas pela suposta condição de anonimato (os nomes dos integrantes da comissão julgadora são devida e corretamente publicados no programa do evento), contém suposições, ofensas e acusações sérias e infundadas. Parece que ainda não aprendemos com situações passadas, onde discussões que se iniciaram nesta lista, justamente acobertadas pelo pseudo-anonimato, escalaram rapidamente para ofensas pessoais que constrangeram, senão toda, uma boa parte da comunidade acadêmica. Em meio a tantas condutas destrutivas que ainda praguejam o cotidiano de todos, tais como inuendos, perseguições, ameaças, assédio moral e até violência física, cabe a nós (e apenas a nós) decidir que tipo de ambiente acadêmico
> desejamos construir à nossa volta.
> Por fim, gostaria de salientar que a tua mensagem, ainda que de um modo que considero inapropriado para a condução de um debate construtivo, traz à tona questões muito relevantes que merecem ser discutidas pela nossa subárea. Precisamos, sim, discutir critérios de avaliação da performance musical, bem como a necessidade (ou não) dos concursos para intérpretes. Lógicamente que ao debater essas questões não podemos nos esquivar de realizar um profundo questionamento sobre o que concebemos hoje, em pleno século XXI, por interpretação musical e sobre o próprio papel do intérprete, sob pena de continuarmos em concordância com paradigmas estabelecidos no século XIX. Faço votos que a subárea possa iniciar um debate civilizado, produtivo e respeitoso para que possamos avançar no entendimento daquilo que fazemos com tanto amor e dedicação.
> Cordialmente,
> "Srª Benita"Profª Drª Catarina Leite DomeniciUniversidade Federal do Rio Grande do SulPrograma de Pós-Graduação em MúsicaPresidente da Associação Brasileira de Performance Musical (ABRAPEM)e, claro, musicista.
> PS ao pé do ouvido: André, eu tenho ouvido absoluto e posso te assegurar que você não foi o único candidato que "corrigiu" as imperfeições do texto impresso da peça de confronto.

 		 	   		  


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