[ANPPOM-Lista] situação da composição e da musicologia nos (novos) cursos de música
josé henrique padovani
zepadovani em gmail.com
Sáb Out 29 12:40:44 BRST 2011
Olá a todos,
Recebi algumas respostas ao e-mail original e estou encaminhando essa
resposta às listas e, privadamente, às pessoas responderam diretamente a
mim. Espero, no futuro, poder delinear melhor um panorama a partir do
que recebi (ou vier a receber). No momento ando consideravelmente
atarefado e, de toda maneira, minha intenção é mais aquela de estimular
um debate do que a de realizar um estudo.
Em síntese:
Cursos mais tradicionais (UFMG, UFBA, UFRJ, Unesp, etc.) possuem
graduação em composição, possuindo até 20 vagas p/ a área (Bahia). Me
parece, no entanto que, na maioria dos cursos, o preenchimento de vagas
fica no máximo em 10. Não estou certo de que seja assim em SP (se alguém
souber os números por favor diga). [SP é, evidentemente, um caso a parte
e conta com uma estrutura acadêmica singular, em grande parte devido à
sua situação econômica, às universidades estaduais, mas também, é claro,
devido à tradição da área e ao esforço pessoal de compositores do estado.]
Já os cursos novos, em sua maioria, estão dedicados quase exclusivamente
à implantação da licenciatura, o que, a princípio, é compreensível e
justificável nesse momento histórico específico (tendo em vista a
necessidade de formar professores p/ a educação básica). Não me parece
justificável, entretanto, o fato de não se implantar novos cursos de
composição em um momento de criação de novos centros acadêmicos ligados
à música usando-se, para isso, o argumento da prioridade de se criar
cursos de licenciatura. Ao meu ver, esse é um antagonismo artificial e
prejudicial ao amadurecimento da área da música no país.
Ao meu ver, a depreciação da composição (e da musicologia) certamente
causa outros efeitos que esse baixo número de ingressantes/formandos
nessas habilitações. Afeta, por exemplo, o próprio ambiente acadêmico
que formará os futuros licenciados em música do país. Se é inegavelmente
urgente criar as condições para que surjam novos professores de música,
devemos pensar que esses professores se formam em um habitat
universitário: e se não existirem modelos nesses ambientes que coloquem
a criação e a pesquisa musicológica como atividades/posturas/valores
importantes, penso que a própria formação desses professores (e de seus
futuros alunos) estará seriamente comprometida.
Por fim, acredito que essa situação deveria ser ao menos discutida de
maneira menos reservada às salas de reuniões de departamentos, já que é
de interesse público.
Abraços e obrigado a todos os que me escreveram pelo retorno,
(desculpem-me não responder individualmente a cada um)
José Henrique
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http://zepadovani.info
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