[ANPPOM-Lista] O Maestro Ricardo Mutti confessa que calou-se por muitos anos

Jorge Antunes antunes em unb.br
Qui Jul 5 10:35:19 BRT 2012


O Maestro Ricardo Mutti confessa que calou-se por muitos anos
*Não faça como ele. Não se canse de falar!!!*

Dia 12 de março(2011) a Itália festejava os 150 anos de sua criação,
ocasião em que a Ópera de Roma apresentou a ópera Nabuco de Verdi, símbolo
da unificação do país, que invocava a escravidão dos Judeus na Babilônia,
uma obra não só musical mas também, política à época em que a Itália estava
sujeita ao império dos Habsburgos (1840).
Sylvio Berlusconi assistia, pessoalmente, à apresentação, que era dirigida
pelo maestro Ricardo Mutti. Antes da apresentação o prefeito de Roma,
Gianni Alemanno - ex-ministro do governo Berlusconi, discursou, protestando
contra os cortes nas verbas da cultura, o que contribuiu para politizar o
evento.

Como Mutti declararia ao TIME, houve, já de início, uma incomum ovação,
clima que se transformou numa verdadeira "noite de revolução" quando sentiu
uma atmosfera de tensão ao se iniciar os acordes do coral "Va pensiero" o
famoso hino contra a dominação. Há situações que não se podem descrever,
mas apenas sentir; o silêncio absoluto do público, na expectativa do hino;
clima que se transforma em fervor aos primeiros acordes do mesmo. A reação
visceral do público quando o côro entoa - "Ó minha pátria, tão bela e
perdida”. Ao terminar o hino os aplausos da plateia interrompem a ópera e o
público se manifesta com gritos de "bis", "viva Itália", "viva Verdi".

Não sendo usual dar bis durante uma ópera, e embora Mutti já o tenha feito
uma vez em 1986, no teatro La Scala de Milão, o maestro hesitou pois, como
ele depois disse: "não cabia um simples bis; havia de ter um propósito
particular".

Dado que o público já havia revelado seu sentimento patriótico fez com que
o maestro se voltasse no púlpito e encarasse o público, e com ele o próprio
Berlusconi.

Fazendo-se silêncio, pronunciou-se da seguinte forma, e reagindo a um grito
de "longa vida à Itália" disse RICCARDO MUTTI:


*"Sim, longa vida à Itália mas... [aplausos]. Já não tenho 30 anos e já
vivi a minha vida, mas como um italiano que percorreu o mundo, tenho
vergonha do que se passa no meu país. Portanto aquiesço ao vosso pedido de
bis para o Va Pensiero. Isto não se deve apenas à alegria patriótica que
senti em todos, mas porque nesta noite, enquanto eu dirigia o coro que
cantava "Ó meu pais, belo e perdido", eu pensava que a continuarmos assim
mataremos a cultura sobre a qual assenta a história da Itália. Neste caso,
nós, nossa pátria, será verdadeiramente "bela e perdida". [aplausos
retumbantes, inclusive dos artistas da peça] Reina aqui um "clima
italiano"; eu, Mutti, me calei por longos anos.
Gostaria agora...nós deveriamos dar sentido a este canto; como estamos em
nossa casa, o teatro da capital, e com um côro que cantou magnificamente e
que é magnificamente acompanhado, se for de vosso agrado, proponho que
todos se juntem a nós para cantarmos juntos."*


Foi assim que Mutti convidou o público a cantar o Coro dos Escravos.
Toda a ópera de Roma se levantou... O coral também se levantou. Vê-se,
também, o pranto dos artistas.

*http://www.youtube.com/embed/G_gmtO6JnRs*<http://www.youtube.com/embed/G_gmtO6JnRs>
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