[ANPPOM-Lista] Matéria sobre avaliação diferenciada entre arte e ciência *

Ale Fenerich fenerich em gmail.com
Dom Jun 24 01:28:57 BRT 2012


Olá professor! Olá a todos!


Que ótimo que a discussão está divertida! Me interessa mais se humor entrar
nessa história.


Professor Antunes, Ok, cada um faz aquilo que achar relevante para sua
vida, para a Universidade, para a cultura geral. Quem sou eu para julgar se
um DE ganha o Prix de Roma usando papel e tinteiro da Universidade. Se for
para o bem geral de todos e de nossa honrada Música, muito que bem! Eu não
posso sequer atirar a primeira pedra, e não atirarei.

Mas persisto na pergunta: porque raios a Sala São Paulo vale mais que uma
boite na Lapa, talvez onde Villa-Lobos, Nazareth, Catra e tantos outros
tocaram?


Não entendo, juro que não entendo.


Um abraço!



Em 23 de junho de 2012 22:08, SBME . <sbme em sbme.com.br> escreveu:

> Caro Fenerich:
>
> Existem professores nos Departamentos de Arquitetura que abraçam com
> paixão a carreira docente -são professores universitários-, mas que não
> abandonaram a profissão de arquiteto. Não sei como atuam esses que exercem
> as duas profissões. São contratados por empresas e particulares para
> projetar construções, e ganham remuneração boa e extra para isso. Seus
> salários de dedicação exclusiva na Universidade se somam às remunerações
> extras aumentando a renda. Não sei se fazem esses servicinhos extras nos
> horários do expediente, usando computadores da Universidade, impressoras da
> Universidade, papel da Universidade, sala da Universidade.
> Talvez não façam isso. Talvez esperem chegar a noite e a madrugada para,
> em suas casas, nos seus computadores, fazerem o servicinho extra.
> Talvez eles realizem o servicinho extra na Universidade, mas doem boa
> percentagem da remuneração extra à institução onde têm contrato de
> dedicação exclusiva.
>
> Ale! Imagine! Hoje fui à igreja me confessar e pedir aconselhamentos.
> Entrei no confessionário e desfilei muitas perguntas:
> *- Seu padre, sou um dos 40 compositores que recentemente receberam
> encomendas da Funarte. Vâo me pagar 15 mil reais para escrever uma obra
> para orquestra de cordas. Posso compor a obra em meu horário de expediente
> na Universidade, onde sou contratado em regime de dedicação exclusiva?*
> Ale! O padre ficou calado! Caladão?
> *- Seu padre, poderei, na Universidade, compondo a obra, alegar que estou
> pesquisando?*
>  Ale! O padre ficou calado! Caladão?
>  *- Seu padre, devo esperar chegar a noite e a madrugada para execer essa
> minha outra profissão de compositor, e não ocupar horários da Universidade
> onde devo dar aulas, preparar aulas, pesquisar e desenvolver atividades de
> extensão?*
>  Ale! O padre ficou calado! Caladão?
> *- Seu padre, se eu  compuser a obra encomendada no horário de expediente
> da Universidade, deverei doar boa percentagem do pagamento da encomenda à
> Universidade?*
>  Ale! O padre ficou calado! Caladão?
> Desisti. Voltei para casa e fui compor.
>
> Abraço,
> Jorge Antunes
>
>
>
>
> Em 21 de junho de 2012 09:35, Ale Fenerich <fenerich em gmail.com> escreveu:
>
> Caros
>>
>>
>> Concordo totalmente com o prof. Antunes (finalmente!): colocar no Lattes
>> sua composição, estréia, tocação sei lá onde; colocar que você tocou com o
>> Ensemble Intercontemporain, com Paulinho da Viola ou com Teló, colocar que
>> seu aluno ganhou o concurso da dona Maricota, em Dracenópolis, ou o prêmio
>> Chopin, tudo isso é, do ponto de vista acadêmico, desleal. Um cientista, um
>> teórico ou um dentista NAO PODEM pontuar a sua hipótese (a não ser por um
>> artigo) ou a sua obturação. O lado desleal para conosco é o registro de
>> patentes, que conta muitíssimo na pontuação do lattes...talvez outra
>> história.
>>
>>
>> Um dentista ganha para obturar um dente, e se for DE, não poderá obturar
>> fora dos muros institucionais. Um compositor-professor pode compor à
>> vontade e se tocarem sua peça será um bônus, que não tem absolutamente nada
>> a ver com a vida acadêmica.
>>
>>
>> E volto ao meu ponto: quem é, do alto do seu currículo, que vai discernir
>> se a estréia no Palais Garnier é mais ou menos relevante que uma jam
>> sessiom em Porto Real (os lugares são fictícios para evitarmos problemas)?
>> É insensata essa classificação...
>>
>>
>> abraços!!
>>
>>
>>  Em 20 de junho de 2012 21:35, Jorge Antunes <antunes em unb.br> escreveu:
>>
>>  Colegas:
>>>
>>> Convenhamos, o "sistema" tem sido muito condescendente e bondoso para
>>> conosco.
>>> Afinal, muitos exercem duas profissões. Alguns são ao mesmo tempo
>>> professores de instrumento e músicos intérpretes. Em geral a atuação como
>>> músico intérprete acontece em horário fora do expediente de professor, com
>>> cachê. Alguns usam o horário do expediente de professor para estudar as
>>> peças que serão tocadas no concerto fora do expediente e com cachê. Dizem
>>> estarem pesquisando ao estudarem aquelas peças naqueles horários. Outros
>>> são ao mesmo tempo professores de harmonia-contraponto-composição e
>>> compositores. Ao comporem consideram, a nível de Lattes, estarem
>>> pesquisando.
>>> O sistema não é condescendente com aqueles que são ao mesmo tempo
>>> professores de odontologia e dentistas. O "sistema" paga as aulas, premia
>>> as pesquisas, mas não quer saber ou premiar de acordo com o número de
>>> dentes extraídos quando o professor atua como dentista fora do expediente
>>> de professor.
>>> Compositores, aliás, não existem apenas nos Departamentos de Música.
>>> Eles existem também em Departamentos de Computação, de Comunicação, de
>>> Física etc.
>>> Na UnB existe um professor do Departamento de Comunicação que é ótimo
>>> compositor de música popular. Tem trabalhos de altíssima qualidade gravados
>>> por Fagner, Beth Carvalho e outros bons intérpretes. Essas composições ele
>>> não as inclui no Lattes.
>>> As distorções e os jeitinhos, proporcionados pelo "sistema", só serão
>>> resolvidos com a criação do CNDPA (Conselho Nacional de Desenvolvimento e
>>> Pesquisa das Artes): o CNPq das artes.
>>> Abraços,
>>> Jorge Antunes
>>>
>>>
>>>
>>>
>>> 2012/6/20 Daniel Lemos <dal_lemos em yahoo.com.br>
>>>
>>>> [image: Boxbe] <https://www.boxbe.com/overview> You chose to allow
>>>> Daniel Lemos (dal_lemos em yahoo.com.br) even though this message failed
>>>> authentication
>>>> Click to disallow<https://www.boxbe.com/anno?tc=11642369674_1589520630&action=authfail&set=false>
>>>>
>>>>
>>>> Caros,
>>>>
>>>> Como "já disseram mais de uma vez, volto a repetir denovo": discutir
>>>> critérios de qualis não chegará a um acordo tão cedo. Todos os critérios
>>>> propostos tem suas exceções, assim sendo, não é possível criar subsídios
>>>> para avaliação geral (além de ficarmos "encalacrados" na discussão). A
>>>> solução seria tratar cada produção como um "estudo de caso", avaliado por
>>>> uma comissão conforme a proposta pelo prof. Antunes. Mesmo assim,
>>>> lembrem-se da dificuldade política deste tipo de trabalho: o parecer
>>>> resultante da avaliação destas obras artísticas certamente será alvo de
>>>> discussão por parte dos artistas avaliados. Atribuir pontuações, ainda
>>>> mais! Se nossas respostas fossem simples como o "certo e errado" da
>>>> matemática...
>>>>
>>>> Creio que a situação emergencial é reconhecer a produção artística como
>>>> fruto essencial de nosso trabalho, pelo menos reconhecendo a carga horária
>>>> utilizada para preparação da produção artística (estudo do repertório,
>>>> tempo de composição, etc.). Isto não pode ser medido mas pode ser aprovado
>>>> na instituição. Este deve ser o primeiro passo. Depois viria a discussão do
>>>> qualis.
>>>>
>>>> Abraço,
>>>>
>>>> Daniel L. Cerqueira
>>>> Universidade Federal do Maranhão
>>>>
>>>>
>>>> --- Em *ter, 19/6/12, luciano cesar <lucianocesar78 em yahoo.com.br>*escreveu:
>>>>
>>>>
>>>> De: luciano cesar <lucianocesar78 em yahoo.com.br>
>>>> Assunto: Re: [ANPPOM-Lista] Matéria sobre avaliação diferenciada entre
>>>> arte e ciência
>>>> Para: "silvioferrazmello" <silvioferrazmello em uol.com.br>, "Rodolfo
>>>> Caesar" <rodolfo.caesar em gmail.com>
>>>> Cc: anppom-l em iar.unicamp.br
>>>> Data: Terça-feira, 19 de Junho de 2012, 21:23
>>>>
>>>>   Rodolfo, entendo todas as críticas, mas aí a proposta é deixar como
>>>> está? Pergunto sem ironias, hoje em dia até isso eu tô aceitando. Gostei da
>>>> coisa do conflito...
>>>> Abraço,
>>>>
>>>> Luciano
>>>> --- Em *dom, 17/6/12, Rodolfo Caesar <rodolfo.caesar em gmail.com>*escreveu:
>>>>
>>>>
>>>> De: Rodolfo Caesar <rodolfo.caesar em gmail.com>
>>>> Assunto: Re: [ANPPOM-Lista] Matéria sobre avaliação diferenciada entre
>>>> arte e ciência
>>>> Para: "silvioferrazmello" <silvioferrazmello em uol.com.br>
>>>> Cc: anppom-l em iar.unicamp.br
>>>> Data: Domingo, 17 de Junho de 2012, 15:28
>>>>
>>>> Caros,
>>>>
>>>> Como vai ser difícil, esse trabalho, Silvio!
>>>> Na minha opinião o qualis artístico só 'funciona' em regime de
>>>> precariedade. Daí, em lugar de ansiarmos por um ponto final,
>>>> deveríamos contar mais com uma flexibilidade esperta e ajustes anuais,
>>>> uma vez que a maldição parece inevitável.
>>>> Porque:
>>>> - a proposta de vincular o ponto à autoridade da difusora (editora,
>>>> sala de espetáculo, evento, etc.) implica em dependencia do sistema às
>>>> leis de mercado.
>>>> - p.ex.: as artes visuais, historicamente mais velozes que a música,
>>>> tratam, por exemplo das 'ocupações' (de terrenos baldios, prédios
>>>> abandonados) como obra/política. Nós, aqui, escalonando a partir do A1
>>>> Carnegie Hall, estamos mesmo muuuito por fora!...
>>>> - de tão caretas que somos, nem pontuaríamos os incríveis mashups
>>>> gratuitos no youtube, soundcloud, etc.. (talvez tb. porque seus
>>>> autores não estejam em dia com a OMB).
>>>> - o mundo das artes em geral é mais dinâmico que o mundo que teoriza
>>>> sobre elas (gosto de acreditar que ainda seja assim, ou já me
>>>> engano?). Se assim é, então não podemos, de cima de nossa autoridade,
>>>> dizer que tal coisa vale mais porque impactou com mais força, porque:
>>>> - para analisar impactos é preciso fazer uma avaliação do tipo
>>>> 'musicologia histórica': não dá pra ser na hora e no ato. Falamos de
>>>> impacto cultural, certo? Então que antropólogos e etnólogos ainda
>>>> avaliem a análise do musicólogo histórico!
>>>> - tenho medo desse matrimônio entre arte e ciência. Claro que existe
>>>> ligação histórica entre ambas, mas também muito conflito. Esse loop
>>>> que pretendemos montar com o qualis tende a neutralizar o conflito.
>>>> - sem conflito, nossa arte fica acariciando o próprio umbigo. É nós
>>>> aqui fazendo musicologia da própria obra ou do colega. O mesmo que um
>>>> bioquímico sintetizar a molécula que o colega de outro departamento
>>>> vai analisar. É o compositor compondo obra para (na melhor das
>>>> hipóteses) o colega analisar.
>>>>
>>>> Um abraço,
>>>> Rodolfo Caesar
>>>>
>>>>
>>>>
>>>> 2012/6/17 silvioferrazmello <silvioferrazmello em uol.com.br>:
>>>> > aí tenho de concordar um pouco com "o sistema"...
>>>> > para apresentação em uma sala grande existe um conselho, uma direção
>>>> artística etc...que de certo modo qualifica o evento.
>>>> > a qualificação de um artigo se dá pela revista em que ele foi
>>>> publicado, o de um livro pela editora...o de concertos pela equação
>>>> evento/espaço.
>>>> > ou seja, a avaliação do conteúdo, da técnica, do repertório, etc.
>>>> estaria avaliada pelo local/editora/evento/revista de difusão.
>>>> >
>>>> > abs
>>>> > silvio
>>>> >
>>>> >
>>>> > On Jun 15, 2012, at 9:18 AM, lcm em usp.br wrote:
>>>> >
>>>> >> Caro Álvaro, Silvio e demais da lista,
>>>> >>
>>>> >> Quanto ao parágrafo 5 da resposta do Álvaro ("Correndo o risco de
>>>> falar uma bobagem imensa..."):
>>>> >>
>>>> >>   Me pergunto se realmente é diferente se apresentar em um evento
>>>> local (a tal B1) e numa grande sala, se o conteúdo da interpretação ou
>>>> composição é o que realmente faz a diferença. Já que por um vídeo na
>>>> internet e broadcast yourself (desculpem: divulgar a sua produção
>>>> acadêmica) é coisa que absolutamente QUALQUER UM pode fazer. A diferença
>>>> não reside por aí...
>>>> >>   Eu gostaria que fosse considerada a questão dos critérios de modo
>>>> a diferenciar a produção universitária da produção para e do mercado. Nosso
>>>> modelo já é excessivamente americano, em tudo o que o modelo americano tem
>>>> de ruim (comprometimento com empresas, dinheiro, produção para o mercado)
>>>> sem trazer o que ele tem de bom (basicamente, recursos).
>>>> >>   Será que estamos realmente discutindo se o que deve ser avaliado
>>>> na produção artística universitária é o conteúdo ou a embalagem? Concordo
>>>> com o Sílvio que a discussão sobre conteúdo é imensamente difícil, mas
>>>> avaliar o "impacto na área" (aliás, o que vem a ser "relevância" de uma
>>>> obra ou de uma execução?) me parece igualmente estranho.
>>>> >> Abraços,
>>>> >>
>>>> >> Luciano
>>>> >>
>>>> >>
>>>> >> Citando Alvaro Henrique <alvaroguitar em gmail.com>:
>>>> >>
>>>> >>> Sílvio (permita-me chamá-lo apenas por seu nome), ao optar pela
>>>> opção
>>>> >>> "responder" ao invés da "responder a todos", os e-mails acabam não
>>>> sendo
>>>> >>> enviados à lista, mas apenas ao autor da mensagem respondida.
>>>> >>>
>>>> >>> Acredito que um qualis em performance é extremamente simples,
>>>> provavelmente
>>>> >>> mais simples que na composição - talvez porque sou da performance
>>>> vejo
>>>> >>> assim ;-) . Mas veja só:
>>>> >>>
>>>> >>> - não é a mesma coisa tocar no auditório do próprio local de
>>>> trabalho e
>>>> >>> tocar no Carnegie Hall;
>>>> >>> - não é a mesma coisa tocar numa orquestra de projeto social e ser
>>>> solista
>>>> >>> da Berliner;
>>>> >>> - não é a mesma coisa organizar a própria apresentação e ser
>>>> aprovado pra
>>>> >>> tocar no maior congresso da sua área;
>>>> >>> - não é a mesma coisa fazer um recital isolado e fazer uma turnê de
>>>> >>> lançamento de CD.
>>>> >>>
>>>> >>> Etc...
>>>> >>>
>>>> >>> Dá trabalho, talvez não seja interessante, mas é viável. Claro que a
>>>> >>> primeira versão terá falhas, mas só é aprimorável o quê já existe.
>>>> Já tem
>>>> >>> um protótipo disso, como ser performance em evento acadêmico, ter
>>>> âmbito
>>>> >>> nacional, local ou internacional, etc.
>>>> >>>
>>>> >>> E, ao contrário do que pensa o autor da matéria do jornal, uma
>>>> performance
>>>> >>> A1 tem de valer o mesmo de um artigo A1, além da performance ter de
>>>> ser
>>>> >>> avaliada por parâmetros da performance, não por de outro tipo de
>>>> produção.
>>>> >>> O fato de "regência de coros comunitários" ser objeto de artigos A1
>>>> não
>>>> >>> deve fazer com que, para o qualis de performance, reger um coro de
>>>> igreja
>>>> >>> valha mais que reger a Wiener Philharmoniker. Afinal, a proposta
>>>> dele era
>>>> >>> que seu livro, por poder ser hipoteticamente objeto de estudo de um
>>>> >>> possível artigo qualificável como A1, deve inevitavelmente pontuar
>>>> mais que
>>>> >>> um artigo A1 sempre. Especialmente se o livro for escrito por um
>>>> professor
>>>> >>> e o artigo por um aluno, óbvio. Mais geração x, impossível.
>>>> Desculpe a
>>>> >>> cutucada, aqui não é o local apropriado pra discutir conflito de
>>>> gerações.
>>>> >>>
>>>> >>> Provavelmente se compositores se dedicarem a pensar um pouco sobre
>>>> um
>>>> >>> qualis de composição serão encontradas essas diferenças óbvias que
>>>> podem
>>>> >>> gerar uma proposta de qualis que terá falhas, mas a vida é assim. Só
>>>> >>> podemos discutir sobre melhorar o lattes havendo um lattes, não é
>>>> mesmo?
>>>> >>>
>>>> >>> Correndo o risco de falar uma bobagem imensa, por meter o dedo de
>>>> outra
>>>> >>> área, acho que faz sentido a Bienal pontuar como B1. Ela é demasiado
>>>> >>> nacional, em alguns aspectos extremamente local, pra pleitear um
>>>> qualis
>>>> >>> maior que isso, apesar da peneira certamente ser dura. Desculpe-me
>>>> se
>>>> >>> estiver mal informado, mas me parece que os intérpretes da bienal
>>>> são
>>>> >>> apenas músicos da cidade que a organiza. Isso é um dos fatores que
>>>> limita o
>>>> >>> alcance e a relevância do evento em muitos aspectos, que vão desde
>>>> >>> a intérpretes trabalhando em ritmo de produção que compromete as
>>>> >>> performances à pouca repercussão das obras - afinal, é natural que
>>>> >>> intérpretes que preparam uma obra para um evento importante a
>>>> toquem em
>>>> >>> pelo menos uma ocasião mais, e se 100 intérpretes de 1 cidade a
>>>> toquem de
>>>> >>> novo, foi apenas uma reprise na mesma cidade, provavelmente pro
>>>> mesmo
>>>> >>> público, enquanto 100 músicos de 100 cidades que a toquem de novo
>>>> gerarão
>>>> >>> 100 outras cidades e milhares de outros ouvintes apreciando um
>>>> pouquinho da
>>>> >>> bienal. O fato da Bienal não ser um evento itinerante e não gerar
>>>> gravações
>>>> >>> também não ajuda. Já que apenas os moradores de uma cidade e os
>>>> >>> compositores prestigiados podem apreciar o evento, o alcance fica
>>>> >>> incrivelmente menor que eventos de pequeno porte, como o Festival
>>>> de Música
>>>> >>> Clásica Contemporánea de Lima, que transmite as apresentações ao
>>>> vivo pela
>>>> >>> internet, produz ao final CDs com trechos de cada um dos recitais,
>>>> e conta
>>>> >>> com a presença de compositores e intérpretes de quatro a seis países
>>>> >>> diferentes.
>>>> >>>
>>>> >>> Concordo que o julgamento de qualis deve ser mais focado em
>>>> relevância e
>>>> >>> alcance que qualidade (tanto composição quanto performance). Sem
>>>> dúvida o
>>>> >>> fato de uma apresentação ter acontecido ou de uma composição ter
>>>> sido
>>>> >>> tocada significa que ela já teve seu mérito de qualidade julgado
>>>> como
>>>> >>> satisfatório, do contrário aquela performance não ocorreria.
>>>> >>>
>>>> >>> Abraços,
>>>> >>> Alvaro Henrique
>>>> >>>
>>>> >>>
>>>> >>>
>>>> >>>
>>>> >>>
>>>> >>> Em 11 de junho de 2012 19:44, Damián Keller
>>>> >>> <musicoyargentino em hotmail.com>escreveu:
>>>> >>>
>>>> >>>>
>>>> >>>> Reencaminhando...
>>>> >>>>
>>>> >>>> Abraços,
>>>> >>>> Damián
>>>> >>>>
>>>> >>>> Dr. Damián Keller - Núcleo Amazônico de Pesquisa Musical (NAP) -
>>>> >>>> Universidade Federal do Acre - Amazon Center for Music Research -
>>>> Federal
>>>> >>>> University of Acre - http://ccrma.stanford.edu/~dkeller
>>>> >>>>
>>>> >>>>
>>>> >>>> ------------------------------
>>>> >>>> Subject: Re: [ANPPOM-Lista] Matéria sobre avaliação diferenciada
>>>> entre
>>>> >>>> arte e ciência
>>>> >>>> From: silvioferrazmello em uol.com.br
>>>> >>>> Date: Wed, 6 Jun 2012 10:10:29 -0300
>>>> >>>> CC: musicoyargentino em hotmail.com
>>>> >>>> To: alexandre_ficagna em yahoo.com.br; rcaesar em oi.com.br;
>>>> >>>> carole.gubernikoff em gmail.com
>>>> >>>>
>>>> >>>> Como minhas mensagens não são postadas na lista da ANPPOM, escrevo
>>>> a vcs...
>>>> >>>>
>>>> >>>> Falando da composição, minha área de atuação:
>>>> >>>>
>>>> >>>> Existe uma grande diferença entre produção artística e produção
>>>> científica.
>>>> >>>> A primeira dela diz respeito a arte da performance: "l'art de la
>>>> >>>> répétition" ... "rehearsal art"
>>>> >>>> O que para um teórico seria repetir, repetir um artigo ou palestra
>>>> aqui ou
>>>> >>>> acolá, na arte é outra coisa: repetir uma obra tem implicações
>>>> muito mais
>>>> >>>> sérias e interessantes do que simplesmente se repetir.
>>>> >>>>
>>>> >>>> Do mesmo modo que tocar um concerto duas vezes não é se repetir (o
>>>> >>>> repertório é sempre retrabalhado, sempre envolve boas horas de
>>>> estudo), ter
>>>> >>>> uma obra tocada duas vezes ao ano, por grupos diferentes ou pelo
>>>> mesmo
>>>> >>>> grupo mas em lugares muito diferentes, não é se repetir.
>>>> >>>> Envolve contato com o grupo, ensaios, reensaios, ajustes de
>>>> partitura.
>>>> >>>> Por outro lado a repetição de uma obra em concerto demonstra o
>>>> >>>> amadurecimento de um trabalho.
>>>> >>>> É comum a estreia de uma obra, mas é raro ela ser reapresentada,
>>>> sobretudo
>>>> >>>> reapresentada por grupos diferentes, o que demonstra crescimento
>>>> da obra e
>>>> >>>> de sua recepção.
>>>> >>>>
>>>> >>>> No que diz respeito à criação propriamente dita: Ok, escrevemos a
>>>> peça uma
>>>> >>>> vez só, no entanto não temos como publica-la. Por isto o erro de
>>>> >>>> considerar-se a estreia como publicação. Qdo publicação é
>>>> publicação, seja
>>>> >>>> digital ou analógica. O mesmo vale para gravação, que também não
>>>> substitui
>>>> >>>> a publicação nem a estreia.
>>>> >>>>
>>>> >>>> Neste sentido é que necessitamos de um qualis de composição sério,
>>>> >>>> distinto de qq qualis de livro ou congresso.
>>>> >>>> Ok, podemos ter um primeiro critério: espaços de abrangência
>>>> >>>> internacional, nacional, local; editoras idem; gravadoras idem.
>>>> >>>> Mas temos também o repertório envolvido, sua dificuldade.
>>>> >>>> Uma obra para orquestra tem uma certa complexidade de escrita, mas
>>>> a mesma
>>>> >>>> coisa se dá para um solo...ou seja, não pode ser por aí.
>>>> >>>>
>>>> >>>> Por outro lado... a avaliação por pares: isto já ocorre no
>>>> processo de
>>>> >>>> seleção para concertos, não precisa ser refeito no
>>>> qualis....aliás, o tempo
>>>> >>>> de avaliação de uma banca para uma bienal é bem maior do que o do
>>>> avaliador
>>>> >>>> capes...o que torna sua qualificação falha.
>>>> >>>>
>>>> >>>> Minha sugestão é:
>>>> >>>> 1. avaliação do local de difusão (concerto, evento, editora,
>>>> gravadora:
>>>> >>>> internacional, nacional, local; com/sem conselho; com/sem processo
>>>> seletivo
>>>> >>>> por pares)
>>>> >>>> 2. avaliação do grupo encarregado pela difusão (internacional,
>>>> nacional,
>>>> >>>> local)
>>>> >>>> 3. avaliação de amadurecimento: estreia, apresentação
>>>> (considerando-se
>>>> >>>> distancia mínima entre apresentações e se com o mesmo ensemble ou
>>>> >>>> performer, que configure retrabalho..equivalendo assim estreia e
>>>> >>>> apresentação)
>>>> >>>>
>>>> >>>> A coisa é simples e não devemos nunca entrar em méritos de
>>>> qualidade do
>>>> >>>> trabalho: isto quem qualifica é o grupo que selecionou a obra, o
>>>> evento que
>>>> >>>> a aceitou, a gravadora, ou a editora. Já basta ter papers
>>>> esculhambado por
>>>> >>>> razões de discordância teórica...isto se multiplica
>>>> exponencialmente no
>>>> >>>> caso de trabalhos artísticos...
>>>> >>>>
>>>> >>>> abs
>>>> >>>> Silvio
>>>> >>>>
>>>> >>>>
>>>> >>>>
>>>> >>>>
>>>> >>>> ________________________________________________
>>>> >>>> Lista de discussões ANPPOM
>>>> >>>> http://iar.unicamp.br/mailman/listinfo/anppom-l
>>>> >>>> ________________________________________________
>>>> >>>>
>>>> >>>
>>>> >>
>>>> >>
>>>> >>
>>>> >> ________________________________________________
>>>> >> Lista de discussões ANPPOM
>>>> >> http://iar.unicamp.br/mailman/listinfo/anppom-l
>>>> >> ________________________________________________
>>>> >
>>>> > ________________________________________________
>>>> > Lista de discussões ANPPOM
>>>> > http://iar.unicamp.br/mailman/listinfo/anppom-l
>>>> > ________________________________________________
>>>> ________________________________________________
>>>> Lista de discussões ANPPOM
>>>> http://iar.unicamp.br/mailman/listinfo/anppom-l
>>>> ________________________________________________
>>>>
>>>>
>>>> -----Anexo incorporado-----
>>>>
>>>> ________________________________________________
>>>> Lista de discussões ANPPOM
>>>> http://iar.unicamp.br/mailman/listinfo/anppom-l
>>>> ________________________________________________
>>>>
>>>>
>>>> ________________________________________________
>>>> Lista de discussões ANPPOM
>>>> http://iar.unicamp.br/mailman/listinfo/anppom-l
>>>> ________________________________________________
>>>>
>>>>
>>>
>>> ________________________________________________
>>> Lista de discussões ANPPOM
>>> http://iar.unicamp.br/mailman/listinfo/anppom-l
>>> ________________________________________________
>>>
>>
>>
>>
>> --
>> ------------------------------------------
>> Alexandre Sperandéo Fenerich
>> prof. Adjunto IAD - UFJF - http://www.ufjf.br/musica/
>>
>> http://soundcloud.com/ale_fenerich
>> http://sussurro.musica.ufrj.br/fghij/f/fenerichale/fenerichale.htm
>> n-1.art.br
>> http://soundcloud.com/n-1-1
>> http://www.ufjf.br/eimas/
>> http://www.ufjf.br/tecartes/
>> http://www.limiares.com.br/duo-n1.html
>>
>>  (55 32) 8481-8277
>>
>>
>>
>>
>>
>> ________________________________________________
>> Lista de discussões ANPPOM
>> http://iar.unicamp.br/mailman/listinfo/anppom-l
>> ________________________________________________
>>
>
>


-- 
------------------------------------------
Alexandre Sperandéo Fenerich
prof. Adjunto IAD - UFJF - http://www.ufjf.br/musica/

http://soundcloud.com/ale_fenerich
http://sussurro.musica.ufrj.br/fghij/f/fenerichale/fenerichale.htm
n-1.art.br
http://soundcloud.com/n-1-1
http://www.ufjf.br/eimas/
http://www.ufjf.br/tecartes/
http://www.limiares.com.br/duo-n1.html

(55 32) 8481-8277
-------------- Próxima Parte ----------
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