[ANPPOM-Lista] Fotógrafo francês traça a ‘geografia noturna’ dos bailes funk no Rio

Rafael Marin da Silva Garcia rafaelmarin7 em hotmail.com
Qua Nov 7 12:35:11 BRST 2012


Ao invés de uma celebração pela etnografia fotográfica que o olhar - de perto e de dentro - de Vicent Rosenblatt nos traz (trabalho este que deveria levar, em primeiro lugar, a uma discussão acerca das pesquisas etnomusicológicas que têm como campo e objeto de pesquisa os espaços do funk carioca e suas implicações sócio-culturais), o que tivemos foi, lamentavelmente, um infeliz comentário que reflete um olhar - de fora e de longe - ingênuo (cientificamente falando), preconceituoso e elitista de um devoto e escravo dos ditames senhoriais que ainda insistem em se proclamar, através de seus porta-vozes, detentores dos critérios que distinguem o belo do não-belo, o artístico do não-artístico, o estético do não-estético, quando na verdade a única distinção que fazem é entre ciência e senso comum, entre pesquisador e curioso.Rafael Marin


Date: Tue, 6 Nov 2012 13:42:36 -0200
From: lcm em usp.br
To: cpalombini em gmail.com
CC: sonologia-l em listas.unicamp.br; anppom-l em iar.unicamp.br
Subject: Re: [ANPPOM-Lista] Fotógrafo francês traça a ‘geografia noturna’ dos bailes funk no Rio

    Cultura pra francês ver. Às "elites" interessa exatamente isso: alienação, ignorância, superficialidade  da classe popular. O funk não é uma insurreição contra nenhuma estrutura social, pelo contrário. Até defendo o o funk como expressão social e cultural de uma classe oprimida, mas a apologia e a esteticização disso me parece a mesma coisa que elogiar a pujança e a beleza das senzalas. 
Abraço, 

Luciano Morais
De: "Carlos Palombini" <cpalombini em gmail.com>
Para: anppom-l em iar.unicamp.br, "Pesquisadores em Sonologia (Música)" <sonologia-l em listas.unicamp.br>
Enviadas: Sexta-feira, 2 de Novembro de 2012 14:22:31
Assunto: [ANPPOM-Lista] Fotógrafo francês traça a ‘geografia noturna’ dos bailes funk no Rio

Vincent Rosenblatt mergulhou no universo dos bailes há sete anos e criou site para exibir as imagens dessa coleção

http://oglobo.globo.com/cultura/fotografo-frances-traca-geografia-noturna-dos-bailes-funk-no-rio-6613037#ixzz2B5CDvYEq




Fabiano Moreira

Publicado:
2/11/12 - 7h00


Atualizado:
2/11/12 - 7h00















Fotos de mais de cem lugares registrados em 300 noites compõem o portfólio de Rosenblatt

RIO — Um desavisado pode entrar no riobaile funk.net
 e achar que está em uma espécie de ‘I Hate Flash’ (site com fotos da 
noite carioca) da favela. Só que os bailes retratados ali pelo fotógrafo
 francês Vincent Rosenblatt não aconteceram no último fim de semana, 
muito menos na Zona Sul da cidade. E a maioria deles não existe mais 
após a entrada das UPPs nas comunidades cariocas. As imagens, de rara sensibilidade, são apenas 10% de um acervo 
construído durante sete anos, em 300 noites, em mais de cem lugares 
diferentes, às vezes de carona com algum MC que fazia cinco bailes de 
uma vez, na tentativa de desenhar um mapa do funk e traçar a “geografia 
noturna do Grande Rio, mostrando uma cidade negra que dança contra a 
proibição e o desprezo das elites”. As fotos foram expostas na Maison 
Européenne de La Photographie, em Paris, mas ainda são pouco conhecidas 
aqui, por isso a ideia do site, que também reúne textos sobre o ritmo.Vincent
 veio para o Brasil por meio de uma bolsa de estudos de seu curso na 
Escola Superior de Belas Artes de Paris, há 12 anos, mas só há sete 
sentiu o que chama de “espécie de epifania”.— Meu primeiro baile 
funk, no Castelo das Pedras, teve um sentido quase religioso. Ali estava
 a cidade como ela é, não como ela se sonha e idealiza — conta o 
fotógrafo, que ouviu o chamado do funk quando sentiu as paredes de seu 
apartamento, na época em Santa Teresa, vibrarem com o batidão do Morro 
Santo Amaro. — Eu não sabia como chegar lá. Quando comprei os CDs, vi 
que aquilo era poesia pura, mesmo a mais bruta, que fala do Brasil, de 
uma realidade. Não gosto da MPB cordial, charmosa, que fala de seu 
coraçãozinho, sua dorzinha, desconectada da realidade social.No 
site, dá para refazer parte do trajeto de Vincent, em noitadas que 
consumiam até R$ 150 de táxi para chegar aos locais mais distantes. 
Estão lá os extintos bailes de Andaraí, Gambá, Austin, Santa Marta e 
Morro dos Prazeres, além dos que ainda acontecem, como o do Castelo das 
Pedras, o de Olaria, e o do Fazenda, em São João de Meriti.— Não tem coisa mais linda do que o baile do Cantagalo — ele diz.E recomenda:—
 Quem quiser ir a um baile fácil de acesso e de acompanhar a música, 
pode ir ao Castelo das Pedras, ao Boqueirão, ao Emoções, na Rocinha... 
Mas não aponto os bailes nas comunidades porque a midiatização pode 
atrair perseguição e proibição. Na Penha, o quartel general da UPP agora
 fica na quadra onde se dançava. Em alguns bailes, não se pode mais 
tirar a camisa, proibição de comandantes. Para mim, isso é uma questão 
de direitos humanos. E o Rio, sem baile funk, é um tremendo tédio.As
 fotos feitas nas comunidades são exibidas, depois, em sessões nos 
próprios bailes, que ele mesmo organiza, com laptop, projetor e a 
solidariedade que tem encontrado nos morros.— As pessoas se veem 
retratadas ali no auge do gesto, da dança, da expressão. Conhecem os 
outros bailes funk e percebem que fazem parte de algo muito maior e 
bonito — diz.Vincent tem sua própria agência de fotografia, a 
Olhares, que representa alguns fotógrafos no Brasil e que o ajuda a 
vender suas fotos para agências em Paris, Hamburgo e Inglaterra. No 
Brasil, ele ainda desenvolveu o projeto Olhares do Morro, estimulando 
jovens da Santa Marta, da Rocinha e do Vidigal, entre outras 
comunidades, a atuar como correspondentes de suas favelas, mostrando 
seus olhares sobre o cotidiano. O projeto rendeu exposição no Oi Futuro e
 na sede da Unesco, em Paris.Enquanto fala ao telefone, Vincent se distrai:—
 Tem um DJ, no Facebook, me chamando para um baile numa comunidade em 
que eu nunca fui. Nenhum baile é igual a outro, não se dança igual, as 
músicas mudam, é sempre único, tem nuances e modismos. Cada comunidade 
desenvolve uma arte diferente.-- 
carlos palombini

www.researcherid.com/rid/F-7345-2011



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