[ANPPOM-Lista] Fotógrafo francês traça a ‘geografia noturna’ dos bailes funk no Rio

Ale Fenerich fenerich em gmail.com
Sáb Nov 10 13:47:37 BRST 2012


Mas Marcos,!


os acadêmicos são os culpados. Chavões mal-analisados reaparecem e pululam
no seu discurso, como pulgas. São parasitas do seu pensamento e eles nem se
dão conta. Que posso fazer?


Creio que a autocrítica irá nos salvar enquanto classe do risco de nossas
ações e esforços serem completamente inócuos. Sim, talvez meu discurso soe
maoísta. Não é: acabo de ler esta entrevista aqui:

http://acertodecontas.blog.br/atualidades/entrevista-com-o-lider-do-pcc-marcola/


abraço saudoso, Marcos!


Ale


Em 10 de novembro de 2012 11:16, Marcos Branda Lacerda <mbl em uol.com.br>escreveu:

> Ê, dr. Alê,
>
> Não acho  correto atribuir aos "acadêmicos" os tais chavões. Eles estão
> por aí, à procura de quem os quer e precisa usar, tipo produtores,
> personalidades midiáticas (como jornalistas), empresários, donas de casa,
> ferreiros, marceneiros, gregos, cipriotas, tecnólogos, cineastas etc etc...
> Abraço,
> Marcos
>
> ------------------------------
> Em 09/11/2012 10:57, *Ale Fenerich < fenerich em gmail.com >* escreveu:
>
> Me impressiona o fato de doutores em música não conseguirem ter um olhar
> minimamente isento de seu preconceito de classe diante das imagens
> apresentadas por Palombini, no site de Vincent Rosenblatt. O patético é que
> esse preconceito vem revestido de um discurso de esquerda dos anos 60, que
> só acentua o lugar de onde esses senhores falam.
>
> O fotógrafo em questão realizou um trabalho de pesquisa guiado por uma
> expressão musical - o Funk no Rio de Janeiro. Este trabalho, pela extensão
> temporal e espacial, pela qualidade técnica (pois as imagens são
> impecáveis) e pela sua aguda inserção nas comunidades dificilmente é
> igualado por outros trabalhos realizados no âmbito acadêmico. Entretanto,
> só escutamos: alegoria de turismo sexual, dominação estrangeira,
> imperialismo, "não existe pecado ao sul do equador", música estrangeira...
> - ou seja, uma série de chavões acadêmicos. Me desculpem, mas isso tudo é
> muito pobre enquanto crítica. O trabalho de Vincent merece uma maior
> qualidade crítica.
>
>
>
> Em 8 de novembro de 2012 16:45, Carlos Palombini <cpalombini em gmail.com<http://../../../undefined/compose?to=cpalombini@gmail.com>
> > escreveu:
>
>> Silvio
>>
>> Conheço Vincent pessoalmente. Ele é meu amigo e sei perfeitamente de que
>> ponto de vista ele se coloca em relação ao que retrata. Creio que vc
>> deveria se ater a discutir objetos dos quais tem conhecimento, para evitar
>> expor-se ao ridículo.
>>
>> cp
>>
>> 2012/11/8 silvio ferraz <silvioferrazmello em gmail.com<http://../../../undefined/compose?to=silvioferrazmello@gmail.com>
>> >
>>
>>> caros�€?
>>>
>>> desculpe-nos carlos�€? mas uma hora a coisa passa da conta�€? e o limite
>>> entre dogma e temática de estudo passa a não ser tão tênue e assim.
>>> a matéria enviada ha uns dias é tão tosca qto a posição dos senhores
>>> coronéis da PM paulistana.
>>> o olhar estrangeiro é mais que alegoria, é fato histórico não superado,
>>> daí o resultado:
>>> aquela matéria é eurocentrista, bem ao estilo "não existe pecado ao sul
>>> do equador"�€? aquele besteirol que vem se desenrolando desde as épocas do
>>> descobrimento�€? bem ao estilo:
>>> "le brésil c'est cool"
>>> "oh là là, il manque des fête punk au brésil a cause des UPPs�€? tu
>>> c'est qu'est-ce-que une UPP? �€? ah! ce sont des choses que sont
>>> réguliÃ?res en france�€? mais au brésil..."
>>>
>>> desculpem-me mas o artigo não passa de manifestação de turismo sexual
>>> barato�€? de um cara que é dono de agencia de fotografia e que deve de
>>> encher o rabo vendendo rabo fotografado�€?.
>>> ou de um fulano que realmente está por aqui mais é pra traçar do que
>>> realmente pra contribuir em alguma coisa.
>>>
>>> abs
>>> silvio
>>>
>>>  On Nov 8, 2012, at 1:31 PM, luciano cesar wrote:
>>>
>>>    Prezados senhores da lista,
>>>
>>>
>>>
>>> A ligeireza com que tratei o assunto a que se refere o título desta
>>> mensagem facilitou julgamentos – esses sim, *ad hominem – *a minha
>>> pessoa, diretamente. Não reclamo da divergência de opiniões, mas me senti
>>> ofendido e humilhado por ser associado a uma lente de olhar “curioso”,
>>> “preconceituoso”, “elitista” do senso “comum”, “devoto e escravo dos
>>> ditames senhoriais” e por ter minha opinião sendo classificada como
>>> irrelevante, apesar de ter merecido a atenção dos senhores a partir de
>>> julgamentos que atingem a minha pessoa e não a opinião que emito a respeito
>>> de um gênero musical. Mas não recebi nenhum argumento.
>>>
>>> Há dois pontos que levantei em meu comentário que, pela leveza até
>>> irresponsável do meu tratamento, foram ignorados. Primeiro, a questão de se
>>> o funk é (entre muitas coisas diferentes que caracterizam o objeto social)
>>> um gênero musical legítimo como representação das classes populares
>>> associadas a ele, ou licença, dada pela classe dominante, para manutenção
>>> de estruturas sociais desiguais e estratificadas. O segundo ponto é, no
>>> caso de se considerar o funk como manutenção de estruturas estratificadas
>>> de poder, se o olhar estrangeiro laudatório não facilitaria a celebração
>>> dessa manutenção dominante. As questões são claras, e podem ser
>>> perfeitamente discutidas sem juízo do interlocutor e a partir de uma
>>> argumentação científica. Pode ser que frequentar e fotografar bailes
>>> realmente qualifique um fotógrafo a se dizer conhecedor “por dentro e de
>>> perto”, como afirma o sr. Rafael M arin. Mas trabalhar em projetos sociais
>>> – como é o meu caso – talvez também ajude a alimentar um olhar mais
>>> aproximado sobre a representatividade que os moradores de comunidades de
>>> periferia efetivamente conferem a esse gênero musical.
>>>
>>> Não entendo como a crítica feita a partir desses dois pontos
>>> (estratificação de estruturas de poder e apologia a uma cultura isolada,
>>> uma reforçando a outra) seja a de uma “mentalidade colonizada”, até porque
>>> não aleguei em momento nenhum, comparação com qualquer manifestação
>>> cultural de “elite”. Sequer falei da relação de belo-não belo. Esse
>>> preconceito, provavelmente, está na cabeça de quem leu. A defesa que faço -
>>> em minha vida privada e acadêmica - da política das cotas, por exemplo,
>>> leva em conta exatamente a intenção de desestratificar essas estruturas de
>>> poder exercido através da cultura. A meu ver, a apologia da cultura das
>>> classes subjugadas tem esse efeito ambíguo: por um lado celebra a vida
>>> cultural de uma comunidade, mas por outro, oculta a negação do livre acesso
>>> de outras expressões culturais a uma parcela desfavorecida da população num
>>> movimento de dominaçà £o implícita.
>>>
>>> Isso não é fruto de uma pesquisa científica, mas uma opinião (embasada)
>>> a que tenho direito, com toda a probabilidade de ser refutada por
>>> convencimento da parte de pesquisadores comprometidos com a questão. O que
>>> eu não gostaria é de me ver enredado em ofensas pessoais por defender tal
>>> opinião, mesmo que tenha que discutir e reconhecer o erro de meu ponto de
>>> vista.
>>>
>>> Embaso essa discussão não só em minha opinião mas, entre outras
>>> experiências, na ação pública do escritor, cantor e artista Ferrez (
>>> http://ferrez.blogspot.com.br/p/autor.html), a quem tive oportunidade
>>> de ouvir renegando os bailes funk como representativos da cultura de
>>> periferia (palestra dada ao programa Guri Santa Marcelina em 08/02/2012).
>>> Não sei se Ferrez concordaria com minha mensagem, mas com certeza
>>> discutiria a questão em outros termos. Sou levado a pensar que talvez ele
>>> discutisse a questão e não a minha pessoa. E talvez, mesmo que concordasse
>>> comigo do ponto de vista da crítica, apreciaria a qualidade artística das
>>> fotos, como eu também apreciei.
>>>
>>> No entanto, o sr Carlos Palombini e o sr. Rafael Marin responderam como
>>> se se quisessem pareceristas de um artigo acadêmico ao que deveria ter sido
>>> a expressão livre de uma opinião. Ou seja, cientificizaram o rechaçamento
>>> de minha pessoa, de minha capacidade de raciocínio (“O restante do
>>> raciocínio, se é correto empregar este termo aqui”), rejeitaram minha
>>> experiência possível e subestimaram minha capacidade de compreender
>>> argumentos contrários que, acredito sinceramente, os senhores são
>>> perfeitamente capazes de proferir. Nesses “pareceres”, um verniz
>>> cientificista deslocado trouxe a luz uma leitura rasa que atribui à minha
>>> pessoa posições que absolutamente não defendo, além de me acusarem de
>>> ignorante sem sequer conhecer a experiência que tenho como professor de
>>> projetos sociais. Nenhum dos dois me conhece pessoalmente para justificar o
>>> seu juízo.
>>>
>>> Pergunto aos senhores onde está o argumento *ad hominem *na minha
>>> mensagem, já que não mencionei pessoas: o termo “francês ver”, de minha
>>> primeira frase, alegoriza um olhar estrangeiro, tradicionalmente
>>> deslumbrável pelo exótico com que reveste o diferente, às vezes para
>>> mostrar a beleza, mas às vezes para negar a injustiça social imanente ao
>>> fenÃ?meno social que observa. Nas respostas, entretanto, faculdades
>>> cognitivas foram mencionadas. Fui acusado, além de elitista e ignorante,
>>> também de falacioso no “abraço” com que sempre assino minhas mensagens
>>> escritas a comunidade acadêmica de que faço parte, que amo e defendo, mesmo
>>> discordando, exercendo minha liberdade de expressão e confiança de que
>>> minhas opiniões possam ser acolhidas, compreendidas e refutadas sempre que
>>> necessário.
>>>
>>> Se falei uma imensa bobagem, peço sinceras desculpas e me disponho a
>>> pesquisar melhor os dados. Como acabo de dizer, manifestei uma opinião e
>>> estou realmente aberto a argumentos que enriqueçam essa opinião, desde que
>>> haja discussão dos pontos levantados. Mas eu, sinceramente, esperava uma
>>> reação melhor dos senhores.
>>>
>>>
>>> Grato pela atenção,
>>>
>>> Um abraço a quem aceitar.
>>>              Luciano Morais
>>>
>>>
>>>
>>>
>>> --- Em *ter, 6/11/12, Carlos Palombini <cpalombini em gmail.com<http://../../../undefined/compose?to=cpalombini@gmail.com>
>>> >* escreveu:
>>>
>>>
>>> De: Carlos Palombini <cpalombini em gmail.com<http://../../../undefined/compose?to=cpalombini@gmail.com>
>>> >
>>> Assunto: Re: [ANPPOM-Lista] Fotógrafo francês traça a ‘geografia
>>> noturna’ dos bailes funk no Rio
>>> Para: anppom-l em iar.unicamp.br<http://../../../undefined/compose?to=anppom-l@iar.unicamp.br>
>>> Data: Terça-feira, 6 de Novembro de 2012, 14:41
>>>
>>> Interessante como os ataques à matéria mostram uma forte propensão ao *argumentum
>>> ad hominem*, isto é, atacam o oponente, e não seus argumentos. Trata-se
>>> de uma falácia lógica ou, mais precisamente, de uma irrelevância. O
>>> restante do raciocínio, se é correto empregar este termo aqui, é
>>> tautológico. Não há qualquer sombra de elaboração teórica ou de experiência
>>> reveladora do que quer que não seja preconceito de classe, isto é,
>>> ignorância. Agradeço a gentileza dos "abraços", que não posso aceitar, por
>>> falaciosos.
>>>
>>> cp
>>>
>>> Mensagem de Rafael Marin:
>>>
>>> Ao invés de uma celebração pela etnografia fotográfica que o olhar - de
>>> perto e de dentro - de Vicent Rosenblatt nos traz (trabalho este que
>>> deveria levar, em primeiro lugar, a uma discussão acerca das pesquisas
>>> etnomusicológicas que têm como campo e objeto de pesquisa os espaços do
>>> funk carioca e suas implicações sócio-culturais), o que tivemos foi,
>>> lamentavelmente, um infeliz comentário que reflete um olhar - de fora e de
>>> longe - ingênuo (cientificamente falando), preconceituoso e elitista de
>>> um devoto e escravo dos ditames senhoriais que ainda insistem em se
>>> proclamar, através de seus porta-vozes, detentores dos critérios que
>>> distinguem o belo do não-belo, o artístico do não-artístico, o estético do
>>> não-estético, quando na verdade a única distinção que fazem é entre
>>> ciência e senso comum, entre pesquisador e curioso.
>>> Rafael Marin
>>>
>>>
>>>
>>> 2012/11/6 <lcm em usp.br>
>>>
>>>      Cultura pra francês ver. Às "elites" interessa exatamente isso:
>>> alienação, ignorância, superficialidade da classe popular. O funk não é uma
>>> insurreição contra nenhuma estrutura social, pelo contrário. Até defendo o
>>> o funk como expressão social e cultural de uma classe oprimida, mas a
>>> apologia e a esteticização disso me parece a mesma coisa que elogiar a
>>> pujança e a beleza das senzalas.
>>> Abraço,
>>>
>>>
>>>
>>> -----Anexo incorporado-----
>>>
>>> ________________________________________________
>>> Lista de discussões ANPPOM
>>> http://iar.unicamp.br/mailman/listinfo/anppom-l
>>> ________________________________________________
>>>
>>>   ________________________________________________
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>>> http://iar.unicamp.br/mailman/listinfo/anppom-l
>>> ________________________________________________
>>>
>>>
>>
>>
>> --
>> carlos palombini
>> www.researcherid.com/rid/F-7345-2011
>>
>>
>> ________________________________________________
>> Lista de discussões ANPPOM
>> http://iar.unicamp.br/mailman/listinfo/anppom-l
>> ________________________________________________
>>
>
>
>
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> ------------------------------------------
> Alexandre Sperandéo Fenerich
> prof. Adjunto IAD - UFJF - http://www.ufjf.br/musica/
>
> http://soundcloud.com/ale_fenerich
> http://sussurro.musica.ufrj.br/fghij/f/fenerichale/fenerichale.htm
> n-1.art.br
> http://soundcloud.com/n-1-1
> http://www.ufjf.br/eimas/
> http://www.ufjf.br/tecartes/
> http://www.limiares.com.br/duo-n1.html
>
>  (55 32) 8481-8277
>
>
>
>
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Alexandre Sperandéo Fenerich
prof. Adjunto IAD - UFJF - http://www.ufjf.br/musica/

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