[ANPPOM-Lista] Evolução da educação básica e superior no Brasil

Carlos Palombini cpalombini em gmail.com
Sex Nov 16 09:56:21 BRST 2012


De Olavo de Carvalho, disse José Colucci Jr.: "Devemos passar por cima das
grosserias de Olavo de Carvalho e, cuidando para que elas não nos sujem a
sola dos sapatos, levar a discussão para o terreno onde as suas
deficiências são patentes: o das idéias". Será muito digno, para quem
encontrasse ideias ali. Vejam esta: a falência do sistema educacional
brasileiro é resultado do sucesso do socioconstrutivismo e, portanto,
causada pelo PT.

cvp

2012/11/15 cristovam augusto de carvalho sobrinho augusto <
caviolao em yahoo.com.br>

>
> Gostaria de compartilhar o texto abaixo.
>
> Att.
>
>
> *O novo imbecil coletivo
> *
>
> Olavo de Carvalho
> *Diário do Comércio**,* 30 de outubro de 2012
>
>          Quando entre os anos 80 e 90 comecei a redigir as notas que
> viriam a compor *O Imbecil Coletivo*, os personagens a que ali eu me
> referia eram indivíduos inteligentes, razoavelmente cultos, apenas
> corrompidos pela auto-intoxicação ideológica e por um corporativismo de
> partido que, alçando-os a posições muito superiores aos seus méritos,
> deformavam completamente sua visão do universo e de si mesmos. Foi por isso
> que os defini como “um grupo de pessoas de inteligência normal ou mesmo
> superior que se reúnem com a finalidade de imbecilizar-se umas às outras”.
>
>           Essa definição já não se aplica aos novos tagarelas e
> opinadores, que atuam sobretudo através da *internet*e que hoje estão
> entre os vinte e os quarenta anos de idade. Tal como seus antecessores, são
> pessoas de inteligência normal ou superior separadas do pleno uso de seus
> dons pela intervenção de forças sociais e culturais. A diferença é que
> essas forças os atacaram numa idade mais tenra e já não são bem as mesmas
> que lesaram os seus antecessores.
>
>           Até os anos 70, os brasileiros recebiam no primário e no ginásio
> uma educação normal, deficiente o quanto fosse. Só vinham a corromper-se
> quando chegavam à universidade e, em vez de uma abertura efetiva para o
> mundo da alta cultura, recebiam doses maciças de doutrinação comunista,
> oferecida sob o pretexto, àquela altura bastante verossímil, da luta pela
> restauração das liberdades democráticas. A pressão do ambiente, a imposição
> do vocabulário e o controle altamente seletivo dos temas e da bibliografia
> faziam com que a aquisição do *status* de brasileiro culto se
> identificasse, na mente de cada estudante, com a absorção do estilo
> esquerdista de pensar, de sentir e de ser – na verdade, nada mais que um
> conjunto de cacoetes mentais.
>
>           O trabalho dos professores-doutrinadores era complementado pela
> grande mídia, que, então já amplamente dominada por ativistas e
> simpatizantes de esquerda, envolvia os intelectuais e artistas de sua
> preferência ideológica numa aura de prestígio sublime, ao mesmo tempo que
> jogava na lata de lixo do esquecimento os escritores e pensadores
> considerados inconvenientes, exceto quando podia explorá-los como exceções
> que por sua própria raridade e exotismo confirmavam a regra.
>
>           Criada e mantida pelas universidades, pelo movimento editorial e
> pela mídia impressa, a atmosfera de imbecilização ideológica era, por assim
> dizer, um produto de luxo, só acessível às classes média e alta, deixando
> intacta a massa popular.
>
>           A partir dos anos 80, a elite esquerdista tomou posse da
> educação pública, aí introduzindo o sistema de alfabetização
> “socioconstrutivista”, concebido por pedagogos esquerdistas como Emilia
> Ferrero, Lev Vigotsky e Paulo Freire para implantar na mente infantil as
> estruturas cognitivas aptas a preparar o desenvolvimento mais ou menos
> espontâneo de uma cosmovisão socialista, praticamente sem necessidade de
> “doutrinação” explícita.
>
>           Do ponto de vista do aprendizado, do rendimento escolar dos
> alunos, e sobretudo da alfabetização, os resultados foram catastróficos.
>
>           Não há espaço aqui para explicar a coisa toda, mas, em resumidas
> contas, é o seguinte. Todo idioma compõe-se de uma parte mais ou menos
> fechada, estável e mecânica – o alfabeto, a ortografia, a lista de fonemas
> e suas combinações, as regras básicas da morfologia e da sintaxe -- e de
> uma parte aberta, movente e fluida: o universo inteiro dos significados,
> dos valores, das nuances e das intenções de discurso. A primeira aprende-se
> eminentemente por memorização e exercícios repetitivos. A segunda, pelo
> auto-enriquecimento intelectual permanente, pelo acesso aos bens de alta
> cultura, pelo uso da inteligência comparativa, crítica e analítica e, *last
> not least*, pelo exercício das habilidades pessoais de comunicação e
> expressão. Sem o domínio adequado da primeira parte, é impossível
> orientar-se na segunda. Seria como saltar e dançar antes de ter aprendido a
> andar. É exatamente essa inversão que o socio construtivismo impõe aos
> alunos, pretendendo que participem ativamente – e até criativamente – do
> “universo da cultura” antes de ter os instrumentos de base necessários à
> articulação verbal de seus pensamentos, percepções e estados interiores.
>
>           O socioconstrutivismo mistura a alfabetização com a aquisição de
> conteúdos, com a socialização e até com o exercício da reflexão crítica,
> tornando o processo enormemente complicado e, no caminho, negligenciando a
> aquisição das habilidades fonético-silábicas elementares  sem as quais
> ninguém pode chegar a um domínio suficiente da linguagem.
>
>            O produto dessa monstruosidade pedagógica são estudantes que
> chegam ao mestrado e ao doutorado sem conhecimentos mínimos de ortografia e
> com uma reduzida capacidade de articular experiência e linguagem. Na
> universidade aprendem a macaquear o jargão de uma ou várias especialidades
> acadêmicas que, na falta de um domínio razoável da língua geral e
> literária, compreendem de maneira coisificada, quase fetichista,
> permanecendo quase sempre insensíveis às nuances de sentido e incapazes de
> apreender, na prática, a diferença entre um conceito e uma figura de
> linguagem. Em geral não têm sequer o senso da “forma”, seja no que lêem,
> seja no que escrevem.
>           Aplicado em escala nacional, o socioconstrutivismo resultou numa
> espetacular democratização da inépcia, que hoje se distribui mais ou menos
> equitativamente entre todos os jovens brasileiros estudantes ou diplomados,
> sem distinções de credo ou de ideologia. O novo imbecil coletivo, ao
> contrário do antigo, não tem carteirinha de partido.
>
>
>
>
> ________________________________________________
> Lista de discussões ANPPOM
> http://iar.unicamp.br/mailman/listinfo/anppom-l
> ________________________________________________
>



-- 
carlos palombini
www.researcherid.com/rid/F-7345-2011
-------------- Próxima Parte ----------
Um anexo em HTML foi limpo...
URL: <http://www.listas.unicamp.br/pipermail/anppom-l/attachments/20121116/a13977ff/attachment.html>


Mais detalhes sobre a lista de discussão Anppom-L