[ANPPOM-Lista] SOS MÚSICA MARANHENSE - SÃO LUÍS 400 ANOS

Jorge Antunes antunes em unb.br
Ter Set 11 10:09:41 BRT 2012


*Caro Daniel:*
*
*
*Sugiro que você adira à campanha:*
*SARNEY: DEVOLVA O MARANHÃO AO BRASIL !*
*
*
*abraços de luta,*
*Jorge Antunes*







Em 10 de setembro de 2012 19:08, Daniel Lemos <dal_lemos em yahoo.com.br>escreveu:

>
> Caros,
>
>
>
> A cidade de São Luís/MA está completando 400 anos. Como festa
> comemorativa, a Secretaria de Cultura do Estado pagou mais de 10 milhões de
> reais (pelo que se diz, já que não existe nenhuma política de transparência
> das finanças estaduais – e muito menos Editais) em shows de artistas
> reconhecidos como Roberto Carlos, Ivete Sangalo e Gilberto Gil. Obviamente
> nada contra a reputação destes grandes artistas brasileiros, mas contra a
> escolha arbitrária feita pela administração pública maranhense. Além disso,
> destaca-se a apresentação da Orquestra Sinfônica Brasileira (OSB), adotando
> “repertório maranhense”, ou seja: arranjo de estilos como Bumba-meu-Boi,
> Tambor de Crioula, Cacuriá e Caixa do Divino, entre outros. Provavelmente a
> OSB recebeu um bom incentivo para tocar um repertório que está
> completamente fora de sua proposta artística. E obras de compositores
> maranhenses como Leocádio Rayol, Antônio Rayol, Elpídio Pereira, João Nunes
> e Ignácio Cunha – representantes dignos da cultura maranhense – ficaram de
> fora.
>
>
>
> Na contramão deste propagandismo ufanista da administração estadual, temos
> uma Escola de Música fechada desde Dezembro de 2011, que tem sido a grande
> responsável pela formação de músicos maranhenses – muitos deles inclusive
> que tocam em festejos folclóricos patrocinados pelo Estado, *demorando
> até cinco meses para receber, quando recebem*. Alguns estão em outros
> Estados, outros foram para a Europa seguir carreira, e não há perspectivas
> de que eles retornem tão cedo. E assim como fora com Elpídio Pereira – que
> no final do século XIX, após inúmeras tentativas de apoio no Maranhão, só
> conseguiu ir estudar na Europa graças a uma bolsa do governo do Amazonas –
> perpetua-se a tradição local de *não investir no artista local*. Não há
> 500 mil reais para realizar uma reforma do prédio da Escola de Música, mas
> há *oito milhões* para a Beija-Flor de Nilópolis desfilar com o tema do
> “Bumba-meu-Boi” no concurso de Escolas de Samba do Rio de Janeiro,
> desperdiçando dinheiro do contribuinte maranhense como se sua cultura
> precisasse do crivo de artistas de outras regiões para se afirmar... e
> vinte mil reais para fazer uma Semana de Cordas com instrumentistas
> brasileiros renomados?
>
>
>
> O músico maranhense está cansado de trabalhar por “amor à profissão”,
> lidando em seu cotidiano com situações precárias e com o mais absoluto
> descaso do governo e das grandes empresas – que obviamente se alinham com
> as políticas públicas de Cultura em um país extremamente protecionista ao
> empresário com estes impostos pesadíssimos, em prol de seu interesse maior:
> lucro e publicidade.
>
>
> Que alternativas restam ao músico maranhense para que possa viver com *
> DIGNIDADE* e *RESPEITO À SUA PROFISSÃO* em seu próprio Estado? Um Estado
> que, através de suas políticas, delega o próprio artista maranhense à
> mediocridade, condições precárias de trabalho e o mais absoluto descaso
> profissional, se diz “defensor da cultura maranhense”?
>
>
>
> O mundo está mudando, especialmente agora com as mídias digitais. Governos
> autoritários, medidas repressoras, descaso com direitos humanos e fraudes
> tem sua voz assegurada em e-mails, blogs e páginas de relacionamento.
> Ajude-nos a divulgar esta situação lastimável em que se encontra o apoio ao
> artista no Estado do Maranhão – este sim, representante da cultura
> maranhense de fato. *Por favor, encaminhe este e-mail para toda a sua
> lista e contribua para que sejam tomadas providências!*
>
>
>
> Seguem abaixo dois depoimentos de músicos maranhenses natos e verdadeiros
> batalhadores, que cansaram de esperar por uma Orquestra Sinfônica no Estado
> do Maranhão, situação semelhante apenas a Roraima e Amapá. Ao contrátio
> destes dois Estados, o Maranhão já tem estrutura e pessoal suficiente para
> abrir uma orquestra; falta apenas contar com a *“caridade”* da
> administração pública.
>
>
>
> *Primeiro manifesto:*
>
>
>
> Gente, vamos fazer uma campanha contra essa vergonha que é vermos nosso
> dinheiro público "desaparecer" e não termos direito a uma Orquestra!
>
>
>
> A situação só vai mudar se fizermos algo!...mesmo que comecemos por algo
> simples como por adesivos Perfurados no vidro Traseiro de nossos carros...
>
>
>
>
>
> algo do tipo......
>
> *Que Vergonha!*
>
>
>
>                       O Maranhão *não* tem uma Orquestra Sinfônica!
>
>
>
> .....os turistas vão ler, e os maranhenses -que sequer se dão conta de
> que o MA não possui orquestra- terão algo para ler enquanto perdem horas
> e mais horas nos engarrafamentos!
>
>
>
> ....chega de ficar de braços cruzados!....a EMEM só está sendo reformada
> porque  os professores se manifestaram!
>
>
>
> Vivemos num estado onde não dá para esperar pela iniciativa pública( a não
> ser claro, que montemos algum bloco de carnaval, ou bumba-meu-boi)
>
>
>
>
>
> *Segundo manifesto:*
>
>
>
> *Boi de Orquestra....ou Orquestra do Boi?*
>
>
> Fiquei impressionado com a criatividade dos organizadores e produtores
> musicais da programação cultural da Festa dos 400 anos de São Luís. Falo
> mais especificamente, do concerto “São Luís: 400 anos de ritmo”, que teve a
> participação da Orquestra Sinfônica Brasileira do Rio de Janeiro – OSB e de
> artistas maranhenses.
>
> Nessa ocasião, a OSB apresentou um programa com “sotaque” exclusivamente
> maranhense, composições de Ubiratan Sousa, Turíbio Santos, entre outros,
> acompanhada por percussionistas e cantores locais. A exceção foi a peça de
> abertura, “Parabéns São Luís”, de autoria do maestro Mateus Araújo (RJ),
> mas que também, teve “inspiração” maranhense.
>
> Um repertório desse gabarito é de impressionar e de encher de orgulho a
> nós, maranhenses, por ver “nossa música” sendo executada por uma das
> orquestras mais importantes do país.
>
> Bem, seria isso mesmo que eu também sentiria se não fosse o fato de que o
> Maranhão não possui uma orquestra sinfônica. Explico.
>
> Uma orquestra é a formação instrumental, por excelência, para democratizar
> a música dita universal, obras de compositores de vários lugares, épocas e
> estilos, que por seu valor histórico, artístico e cultural, tornaram-se um
> patrimônio universal, a que todos deveriam ter acesso. Entretanto, este é
> um direito, o qual vem sendo (e ouso dizer, por 400 anos!) sistematicamente
> negligenciado ao povo maranhense. Direto que é negado, não só pelo fato da
> inexistência de uma orquestra sinfônica no Maranhão, mas também pela
> “ditadura” da cultura popular como única expressão artística com validade
> real em nosso Estado.
>
> O Povo Maranhense vive e faz música popular 365 dias por ano. A música
> folclórica do Bumba-meu-boi, do Tambor de Crioula, entre outros tipos
> maranhenses já ultrapassaram os limites espaço-temporais do Carnaval e do
> São João, acontecendo durante todo o ano e também, já gozam de
> reconhecimento nacional e até internacional. Por tudo isso, consolidou-se
> como uma expressão legítima e visceral da cultura maranhense, o que muito
> nos alegra. Mas será que este mesmo Povo não merece conhecer Vivaldi, Bach,
> Mozart, Beethoven, Schubert, Wagner, Tchaikovsky, Carlos Gomes,
> Villa-Lobos, Ernani Aguiar, Francisco Mignoni, (certamente, todos fazem
> parte do repertório da OSB), e mais Antônio Rayol, Elpídio Pereira, Pedro
> Growell entre outros, artistas igualmente legítimos e viscerais da cultura
> universal, que expressam/despertam as mais diversas emoções por meio da
> arte musical?
>
> A música popular maranhense NÃO precisa da OSB para se projetar para o
> resto do mundo, coisa que os grupos e artistas locais já o fazem, e diga-se
> de passagem, muito melhor, com toda a sua criatividade e originalidade e a
> despeitos das adversidades. No entanto, o Povo Maranhense ainda precisa SIM
> da OSB para ter acesso ao patrimônio da música universal.
>
> Trazer uma orquestra sinfônica para São Luís, para que ela se apresente,
> entre músicos, cantores e performances de dançarinos, é colocar a música
> sinfônica em segundo plano, pois todos havemos de concordar que nesse
> contexto, a orquestra foi apenas o suporte, o acompanhamento dos cantores,
> dos dançarinos e dos “nomes pseudomaranhenses” que estiveram no palco da
> Lagoa da Jansen, no dia 6 de setembro de 2012.
>
> Por que será que a organização e os produtores da Festa, não solicitaram a
> Gilberto Gil, a Zezé de Camargo e Luciano, a Ivete Sangalo, a Alcione, a
> Zeca Pagodinho ou a Roberto Carlos que também fizessem os seus shows
> exclusivamente com músicas maranhenses?
>
> No entanto, tal “concepção artística” sobrou para a OSB (atração que, como
> já dissemos, é a única porta-voz da música universal) e que, politicamente,
> aceitou tal incumbência, a pedido da organização e da produção da Festa dos
> 400 Anos e, obviamente, de seus patrocinadores oficiais.
>
> Perdemos mais uma raríssima chance de ouvirmos obras, compositores,
> estilos musicais que fazem sim, parte de nossa cultura e que somente (e
> infelizmente!) poucos, aqui em São Luís, tem acesso.
>
> Este desabafo não é, de maneira alguma, um ataque à música, ou à OSB, ou
> aos artistas locais que participaram do concerto. Mas, um ATO DE REPÚDIO às
> circunstâncias e às instâncias que tal programa foi concebido. E isso
> inclui, uma não representatividade legítima de artistas, profissionais e
> instituições que efetivamente trabalham com música e que sabem o valor da
> música universal para a formação de qualquer ser humano.
>
> Completamos 400 anos. 400 anos de muitas alegrias e conquistas. Mas
> também, de tristezas, de descasos, como a que observamos nesta oportunidade
> em que o Povo Maranhense continua a ser subestimado, onde os nossos líderes
> ainda impõem as ordens, ditam e rasgam regras, concedem privilégios
> particulares e execram direitos coletivos.
>
> Contagiado pela euforia deste momento festivo, mas também, envolvido por
> um sentimento de pesar, é que lhe desejo
>
>
> PARABÉNS, SÃO LUÍS!
>
>
>
> Daniel Cerqueira
>
> Professor de Piano da Universidade Federal do Maranhão (UFMA)
>  <http://musica.ufma.br> <http://musica.ufma.br>
> ________________________________________________
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