[ANPPOM-Lista] [Educação Musical] Sete razões para defender a Prova de Habilidades Específicas
Daniel Lemos
dal_lemos em yahoo.com.br
Seg Abr 29 22:35:26 BRT 2013
Prezado Patrick,
Obrigado por compartilhar teus pensamentos
com a lista. Primeiramente, gostaria de
divulgar meu artigo sobre a elaboração do Teste, especialmente para que
acredita que este só se limita a verificar habilidades tradicionais
como "leitura de partituras" ou "reconhecimento de intervalos". O artigo
está aqui.
Bem, vamos lá:
1)
Quando me referi ao fato de que o músico é tratado como um amador por
ser um "beneficiado pelos dons divinos", digo que esta é uma visão
amplamente difundida na sociedade. Logicamente, a Universidade nada tem a
ver com isso. O que ela pode - e deve fazer - é ser o elemento transformador:
buscar disseminar na sociedade a ideia de que o músico deve ser
respeitado como um profissional que possui suas competências e
habilidades específicas. Obviamente, nem todo músico passa pela
Universidade (aí nossa dicussão é mais difícil: todo engenheiro
necessariamente passa; nós não podemos exigir um diploma de graduação
como pré-requisito profissional. Isso é uma ampla discussão que temos
tido sobre a OMB e as leis que regulamentam a profissão de músico).
Agora, quem entra na Universidade para o Curso de Música deve necessariamente
defender o profissionalismo da Música, e ao formar, irá levar estas
ideias às escolas. Caso contrário, seria a "institucionalização do
amadorismo musical".
2) Creio que você interpretou minha ideia de
uma forma diferente. Quem dera eu se a simples adoção da prova de Música
despertasse todas as diretorias de Escola, Secretarias Municipais e
Estaduais a regularizar o ensino de Música na Escola... este seria
inclusive um forte argumento em defesa do teste, não? O objetivo do
teste não é esse, mas valorizar o acesso à graduação daqueles que já
possuem contato com a Música. Para isso, o teste não é eliminatório, mas
CLASSIFICATÓRIO - o que derruba qualquer argumentação de que o "teste
de Música é excludente". Quem quiser resolver o problema da "exclusão"
que passe a cobrar o Ministério da Educação por mais vagas e
investimentos, ou parem de adotar o ENEM e aceitem somente diplomas de
ensino médio para ingresso na Universidade. A "exclusão" certamente não é
por causa do teste de Música que, por ser a parte mais fraca e
"desnecessária" do processo, é sempre a mais criticada.
3)
Com todo o respeito aos cursos que receberam nota máxima (como o Curso
de Música da UFSJ que, na minha opinião, deveria tirar 35 ou 40),
receber nota máxima pelo MEC significa que o curso se adequou
completamente aos critérios exigidos. Além disso, como o MEC se
responsabiliza pelos cursos das Universidades
Federais, a tendência avaliativa é justamente de não reprová-los. Só
isso explica o fato do
curso de Música da UFMA ter sido "milagrosamente" aprovado com nota
três,
mesmo diante dos latentes problemas de falta de professores e estrutura
para gerência acadêmica. Além disso, a ausência da prova de habilidades
específicas conforme indicada em seu Projeto Pedagógico diminuiu o
conceito do curso (fato reforçado pelos examinadores do MEC). Se o
curso fosse reprovado, talvez seria melhor, pois
isso faria com que o próprio MEC desse mais atenção (com investimentos,
talvez), mas isso não aconteceu e continuamos na mesma. Além disso,
alguns critérios como "titulação do coordenador do
curso" tiveram conceito máximo, pois na época, era um Doutor (mesmo não
sendo em Música). Na prática, isso quer dizer que é melhor um Doutor de
qualquer área coordenar um curso do que um graduado com titulação na
área. A avaliação tem critérios muitos questionáveis. Conheço muitos
deles, porque participei do processo de avaliação do nosso curso.
Finalizando, quando disse "A Vida é Combate",
me referi à frase de Gonçalves Dias que está no brasão da UFMA - e que
pelo visto, é bem adequada ao que temos vivido...
Creio
que esta discussão ficou redundante. Nós vamos defender o teste.
Professores e alunos dos cursos que não adotam o teste vão argumentar o
contrário. Trata-se de um rodeio que não terá fim. Gostaria apenas de ter também a oportunidade de
ouvir os colegas da UECE sobre a questão.
Cordialmente,
Daniel Lemos Cerqueira
http://musica.ufma.br
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