[ANPPOM-Lista] Crise na UFMA

Daniel Lemos dal_lemos em yahoo.com.br
Sáb Dez 7 15:15:22 BRST 2013


Prezados colegas,

Compartilho com vocês texto publicado no Jornal Pequeno, importante veículo de comunicação do Estado do Maranhão.


MAIS UFMA MENOS CORPORATIVISMO

Lígia Teixeira
Historiadora, é titular da coluna “Falando com Franqueza”, publicada no blog Marrapá aos domingos, e escreve para o Jornal Pequeno às sextas-feiras.

O médico e jornalista Chico Viana costumava dizer em seus programas de TV (não sei se ainda diz) que, no caso de uma paralização simultânea de garis e professores da Universidade Federal do Maranhão, a sociedade sentiria muito mais a ausência dos primeiros.

A comparação de Chico não tem nenhum intuito de diminuir a importância dos garis – como já o fizera certa vez – Boris Casoy, ela serve apenas para confrontar a sociedade com seus próprios níveis hierárquicos de respeitabilidade.

Durante a semana, estudantes da Universidade Federal fizeram várias manifestações interditando a Avenida dos Portugueses. Não fosse esse gesto, a briga entre discentes e o reitor da Universidade passaria despercebida pelo grosso da sociedade. Estudantes protestam contra as supostas intenções de Natalino Salgado em transformar o prédio onde está sendo construída a casa do estudante, na sede da pró-reitoria da instituição.

Desde que foi eleito pela primeira vez para a reitoria, Natalino sofre contestações de alunos e demais setores da comunidade acadêmica. Eleito, a primeira coisa que Natalino fez foi transformar a Ufma na primeira universidade federal do Brasil a aderir ao Reuni, o polêmico programa de reestruturação das universidades públicas federais. Natalino foi à Brasília e sem conversar com o conjunto de alunos e professores da instituição, assinou a proposta feita pelo Ministério da Educação, que pouco tempo depois, transformou o Campus do Bacanga num canteiro de obras e serviu como mote para a reeleição de Natalino.

Aos poucos, o reitor transformou a universidade num antro ainda mais corporativista e fechado. Para conseguir aprovar o que bem entendesse, o reitor começou a fazer favores para determinados grupos. Usando a máquina da universidade para atender favores pessoais e de grupo, cooptando alunos, conselhos universitários e certos professores que, aos poucos, Natalino construiu uma estabilidade política, que na prática o transformou numa espécie de tirano.

O problema é que Natalino também cresceu na base da incompetência de seus adversários.  Com a Universidade em expansão por conta do Reuni, alunos e professores foram se afastando das instâncias universitárias, leia-se conselhos, centros acadêmicos e assembleias em geral.

O ranço político-partidário contaminou muitas das entidades representativas de alunos, professores, funcionários e contribuiu para o desinteresse pelo debate das questões da Universidade. Sem a força da maioria para pressioná-lo, Natalino aproveitou a situação para expandir ainda mais os seus tentáculos.

Acho justa a reivindicação de professores e alunos para que os recursos provenientes do Reuni sejam efetivamente utilizados em obras de acordo com os interesses da comunidade acadêmica e não dos projetos políticos e de poder do reitor, mas é preciso que se diga que por trás de muita gente boa que se volta contra o reitor, está uma turma extremamente corporativista que se mobiliza apenas para tirar proveito político em cima das mazelas de Natalino.

Sem conseguir apoio da maioria, o que se vê muitas vezes é a tentativa igualmente autoritária a antidemocrática de pequenos e barulhentos grupos com interesse contrariado.  Se Natalino virou esse tirano que é, muito disso tem a ver com os interesses igualmente partidários e corporativistas de seus adversários. 

É preciso sim MAIS UFMA e menos Natalino, PSOL, PSTU, PMDB, PT…



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