[ANPPOM-Lista] Sismologia Estelar

Alexandre Torres Porres porres em gmail.com
Sáb Fev 23 13:03:32 BRT 2013


Olá, sim, são análises de "ondas sonoras", mas os dados vêm de ondas
eletromagnétcicas (ou "luz") e então são convertidos para arquivos de som,
mesmo porque não dá pra captar nenhum som pelo espaço, só radiação do
espectro eletromagnético (ondas de luz visível, ondas de rádio, microondas,
etc), e mesmo se fosse possível propagar/captar, o som levaria uma
enormidade de tempo a mais pra chegar aqui que a luz, dando uma diferença
de tempo entre o que se vê e o que se capta.

Ali no texto não disse direito a técnica pra detectar o planeta, mas falam
muito na análise de mudança de brilho/intensidade, deve ser só da variação
de luz pelas órbitas do planeta. Mas tem algo muito parecido com o efeito
doppler que acontece com a luz sim, que quando um objeto se afasta ou
aproxima, as ondas são esticadas ou comprimidas, mudando a frequência. Acho
que tem casos de planetas grandes que orbitam uma estrela em que a força da
gravidade faz com que a estrela oscile pra lá e pra cá um pouquinho, daí é
o caso de conseguir perceber essa variação de frequência e detectar esses
planetas. Esse efeito doppler, na luz, é normalmente chamado de "red-shift"
(Desvio para o vermelho), em que o vermelho é o ponto mais grave do
espectro visível, então isso implica em objetos que estão se afastando,
pois o maior impacto dessa técnica foi descobrir que o universo está se
expandindo e tudo está se afastando ao nosso redor.

No mais, o curioso mesmo é que o pessoal converte isso tudo em arquivo de
som para analisar os dados, e isso se dá simplesmente pelo fato de
aplicativos e algoritmos de DSP estarem bem avançados e bem implementados
em programas de edição e análise de som. Então, em vez de  se preocupar em
criar programas para analisar dados de luz, é mais simples mudar o registro
de frequência e gerar um arquivo de som pra jogar num sound forge da vida e
passar um FFT qualquer. É a indústria fonográfica digital a favor da
astronomia.

Mas a ideia de "ouvir" o cosmos é errônea, e a história que o universo
vibraria em um Si bemol gravíssimo é também uma coisa altamente enganosa,
além de especulativa e arbitrária.

Porres

Em 22 de fevereiro de 2013 13:04, Daniel Lemos <dal_lemos em yahoo.com.br>escreveu:

>
> Prezados,
>
> Ao ler uma mensagem sobre a descoberta de planetas em torno de outras
> estrelas (gosto muito de astronomia), vi que a técnica utilizada envolve
> análise de ondas sonoras:
>
>
> http://www.universetoday.com/100122/smallest-exoplanet-yet-discovered-by-listening-to-a-sun-like-star/#more-100122
>
> Os instrumentos captam variações de frequência resultantes da passagem do
> planeta em frente à estrela (trânsito). Se há um planeta, são detectadas
> variações. Creio que se trata do Efeito Doppler, o mesmo que percebemos
> quando um carro se aproxima e depois se afasta. É interessante ver como até
> a Astronomia agora trata também de sons - não da mesma forma que nós, mas
> trata.
>
> Abraços,
>
> Daniel Lemos Cerqueira
>
> Coordenador de Música
>
> Coordenador do PIBID de Artes
>
> Membro da COPEVE
>
> Universidade Federal do Maranhão (UFMA)
> http://musica.ufma.br <http://musica.ufma.br>
>
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