[ANPPOM-Lista] RES: O "Ciência sem Fronteiras": Editorial O Estado de S.Paulo

jamannis em uol.com.br jamannis em uol.com.br
Seg Jan 21 12:32:41 BRST 2013


EXCERTOS EDITADOS

... o Tribunal Regional Federal (TRF) da 5.ª Região cassou a liminar  que
determinava a inclusão de 20 cursos da área de ciências sociais no programa
Ciência sem Fronteiras ... que concentra [atualmente] suas bolsas nas
ciências exatas e biológicas, áreas nas quais [segundo interpretação do o
Tribunal Regional Federal (TRF) ] o Brasil tem um grande déficit de
profissionais qualificados. [Ainda segundo o Tribunal Regional Federal
(TRF)]  a Justiça Federal cearense "comprometeu a filosofia" do Ciência sem
Fronteiras" incluindo cursos da área de ciências sociais...

...O problema não está na área de ciências sociais, mas, principalmente, nas
de engenharias. Nas humanidades, o Brasil já tem uma expressão bastante
grande", disse o ministro... 

.../...

...O programa tem sido elogiado pela iniciativa privada, que há muito tempo
reivindica mão de obra qualificada...

.../...

...O governo acertou ao lançar um programa que reduz a distância entre as
universidades brasileiras e as estrangeiras mais conceituadas nas áreas de
conhecimento estratégicas para o desenvolvimento do País...

.../...

... Contudo, pressões corporativas (+) e a incerteza causada por decisões
judiciais que alteram as regras do jogo podem comprometer o sucesso desse
programa.

(+) [ as reivindicações para inclusão das Ciências Humanas são interpretadas
como “pressões corporativas” ! Como se as Ciências Sociais tivessem o poder
hoje de interferir na condução das políticas nacionais de Indústria,
Economia e C&T.]

 

 

Considerar que as Humanidades já tem uma expressão bastante grande em nosso
país, não pode ser sinônimo de exclusão dessa área do conhecimento em
políticas públicas de incentivo.

Considerar algumas áreas de conhecimento estratégicas e mais importante que
outras é se entregar à taxonomia precária que a leitura humana tem do
universo, das coisas, dos fenômenos, dos processos, e fechar os olhos e
ouvidos à inovação, à diversidade e à interdisciplinaridade que subjaz em
todo o conhecimento. É uma concepção limitada da totalidade do conhecimento,
ignorando as relações entre as categorias classificatórias restritas que o
ser humano adotou de sua própria razão, portanto contida em suas próprias
limitações perceptivas e cognitivas. 

Se as áreas que merecem atenção não são as que vão bem, mas aquelas que
estão com problemas, então deveríamos ter um incentivo especial para as
ARTES [sobretudo aquelas que não tem uma expressão bastante grande em nosso
país] e mesmo um FUNDO SETORIAL(*) à elas dedicado, sendo este não somente
restrito (como o é atualmente) ao setor Audiovisual(**) (FSA), mas estendido
aos demais suportes de expressão artística. Isso garantiria uma estabilidade
de recursos para a área de ARTES como um todo, de forma ampla e abrangente.
Seria talvez o caso de uma política afirmativa para as ÁREAS DO CONHECIMENTO
marginalizadas e até mesmo excluídas da ordem social atual?

(*) http://www.finep.gov.br/pagina.asp?pag=30.10  A criação dos Fundos
Setoriais representa o estabelecimento de um novo padrão de financiamento
para o setor, sendo um mecanismo inovador de estímulo ao fortalecimento do
sistema de C&T nacional. Seu objetivo é garantir a estabilidade de recursos
para a área e criar um novo modelo de gestão, com a participação de vários
segmentos sociais, além de promover maior sinergia entre as universidades,
centros de pesquisa e o setor produtivo. Os Fundos Setoriais constituem
ainda valioso instrumento da política de integração nacional, pois pelo
menos 30% dos seus recursos são obrigatoriamente dirigidos às Regiões Norte,
Nordeste e Centro-Oeste, promovendo a desconcentração das atividades de C&T
e a conseqüente disseminação de seus benefícios.”

(**) http://www.finep.gov.br/pagina.asp?pag=fundos_audiovisual O Fundo
Setorial do Audiovisual - FSA foi criado pela
<https://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2004-2006/2006/lei/l11437.htm>
Lei nº 11.437, de 28 de dezembro de 2006 e regulamentado pelo
<http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2007-2010/2007/Decreto/D6299.htm>
Decreto nº 6.299, de 12 de dezembro de 2007, como uma categoria de
programação específica do Fundo Nacional de Cultura - FNC. Os recursos do
FSA serão aplicados em programas e projetos voltados para o desenvolvimento
das atividades cinematográficas e audiovisuais em consonância com os
programas do governo federal. Dessa forma, espera-se aumentar a participação
do produto audiovisual brasileiro no mercado nacional e internacional, e, em
última análise, traduzir em valor econômico e desenvolvimento social o
esforço da sociedade brasileira para se inserir no cenário global do cinema
e do audiovisual. Fonte de financiamento: Seus recursos são oriundos da
própria atividade econômica, de contribuições recolhidas pelos agentes do
mercado, principalmente da Contribuição para o Desenvolvimento da Indústria
Cinematográfica Nacional – CONDECINE - e do Fundo de Fiscalização das
Telecomunicações - FISTEL.

Considerando o acima exposto, a opinião do Redator parece preconceituosa,
limitada e emitida sem o devido aprofundamento sobre o assunto abordado.

 

J. A. Mannis

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

De: anppom-l-bounces em iar.unicamp.br [mailto:anppom-l-bounces em iar.unicamp.br]
Em nome de Carlos Palombini
Enviada em: domingo, 20 de janeiro de 2013 03:35
Para: anppom-l em iar.unicamp.br
Assunto: [ANPPOM-Lista] O "Ciência sem Fronteiras": Editorial O Estado de
S.Paulo

 


O 'Ciência sem Fronteiras' 


19 de janeiro de 2013 | 2h 03

O Estado de S.Paulo

http://www.estadao.com.br/noticias/impresso,o-ciencia-sem-fronteiras-,986117
,0.htm

Alegando que o governo tem o direito de estabelecer prioridades em matéria
de financiamento ao ensino e à pesquisa, o Tribunal Regional Federal (TRF)
da 5.ª Região cassou a liminar concedida pela Justiça Federal do Ceará que
determinava a inclusão de 20 cursos da área de ciências sociais no programa
Ciência sem Fronteiras, beneficiando com isso estudantes de letras,
sociologia, artes, publicidade e comunicação. Segundo o relator do processo
no TRF, desembargador Manoel Erhardt, ao ampliar a abrangência desse
programa - que concentra suas bolsas nas ciências exatas e biológicas, áreas
nas quais o Brasil tem um grande déficit de profissionais qualificados -, a
Justiça Federal cearense "comprometeu a filosofia" do Ciência sem
Fronteiras".

A liminar suspensa pelo TRF da 5.ª Região havia sido concedida em dezembro a
pedido do Ministério Público Federal, que acolheu uma reivindicação da
Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência. Em sua 64.ª reunião,
realizada em julho de 2012, a entidade reivindicou a concessão de bolsas
para pesquisadores de ciências humanas, sob a justificativa de "aprimorar a
área e fortalecer a política nacional de pós-graduação". 

Em resposta, os ministros de Ciência e Tecnologia e de Educação alegaram que
o déficit de engenheiros, médicos, biólogos, químicos e tecnólogos é um
obstáculo para o desenvolvimento do País. "O problema não está na área de
ciências sociais, mas, principalmente, nas de engenharias. Nas humanidades,
o Brasil já tem uma expressão bastante grande", disse o ministro Aloizio
Mercadante. 

Embates judiciais e pressões corporativas têm sido um dos principais
entraves para a modernização do sistema educacional e do sistema de fomento
à pesquisa e qualificação do pessoal do ensino superior. Lançado há um ano,
o Ciência sem Fronteiras prevê a concessão de 101 mil bolsas de mestrado,
doutorado e pós-doutorado no exterior. 

As primeiras bolsas se destinaram a estudos nos Estados Unidos, Inglaterra,
Alemanha, França e Itália, nas áreas de matemática, física, química e
biologia. Os editais seguintes deram prioridade às engenharias e às ciências
aplicadas, como nanotecnologia, biotecnologia, computação, tecnologia de
comunicação, tecnologia mineral, petróleo, gás e carvão mineral. 

O programa tem sido elogiado pela iniciativa privada, que há muito tempo
reivindica mão de obra qualificada. O crescimento da economia, ainda que
modesto no ano passado, agravou o problema do déficit de profissionais
preparados no mercado de trabalho. Na área financeira, a escassez de
engenheiros chegou a tal ponto que os bancos, as seguradoras e os fundos
passaram a contratar profissionais recém-formados em matemática, física e
ciências atuariais para trabalhar em atividades que normalmente são
exercidas por especialistas em engenharia financeira, como análise de risco,
modelagem, precificação e uso de plataformas de investimentos com base em
algoritmos.

A comunidade acadêmica também recebeu bem o Ciência sem Fronteiras, apesar
das reivindicações da área de ciências humanas e sociais para ser agraciada
com bolsas de estudo no exterior. Por causa dessas pressões, as autoridades
educacionais assumiram uma posição ambígua. Apesar de o TRF da 5.ª Região
ter cassado a liminar que permitia a participação de universitários da área
de ciências humanas e sociais no Ciência sem Fronteiras, as duas agências de
fomento responsáveis pelo programa - a Capes e o CNPq - mantiveram as
inscrições desses alunos. No entanto, não deixaram claro se, ao final do
processo de avaliação dos currículos e dos projetos de pesquisa, eles
receberão bolsas - o que pode levar a novos recursos nos tribunais. 

O governo acertou ao lançar um programa que reduz a distância entre as
universidades brasileiras e as estrangeiras mais conceituadas nas áreas de
conhecimento estratégicas para o desenvolvimento do País. Contudo, pressões
corporativas e a incerteza causada por decisões judiciais que alteram as
regras do jogo podem comprometer o sucesso desse programa.

-- 

carlos palombini

www.researcherid.com/rid/F-7345-2011 

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