[ANPPOM-Lista] RES: Lucas Robatto sobre o Mestrado Profissional em Música da UFBA

Rubens Ricciardi rrrr em usp.br
Qua Jan 30 21:58:10 BRST 2013


Caros colegas da ANPPOM,

Já há muitos anos venho defendendo uma fusão de horizontes entre poíesis
(composição), práxis (interpretação-execução) e theoria (pesquisa
musicológica) enquanto unidade musical indissociável dentro da academia,
evitando-se, assim, a profissionalização precoce (algo que sempre o Prof.
Régis Duprat também defendeu). Neste sentido, faço minhas as palavras abaixo
do Prof. Silvio Ferraz. Está na hora de termos cursos de música nas
universidade brasileiras com música de fato, tanto na graduação como na
pós-graduação. O espírito positivista do século XIX não deve mais ditar as
regras desta pseudo-hierarquia em que a análise tem mais valor que a própria
obra ou sua execução. Por isso, temos que estar atentos, porque as condições
do ME profissional e do ME acadêmico não devem se distinguir pela essência
musical.

Abs a todos

Rubens R. Ricciardi - DM-FFCLRP-USP

-----Mensagem original-----
De: anppom-l-bounces em iar.unicamp.br [mailto:anppom-l-bounces em iar.unicamp.br]
Em nome de silvioferrazmello em uol.com.br
Enviada em: quarta-feira, 30 de janeiro de 2013 11:05
Para: “anppomlist“; professoresdemusicadobrasil em googlegroups.com
Assunto: Re: [ANPPOM-Lista] Lucas Robatto sobre o Mestrado Profissional em
Música da UFBA


Caros Lucas e colegas,

A proposta da UFBA é bastante interessante, e tem de ser parabenizada.
Porém ela dá a volta sem resolver um problema fundamental: a contínua
separação entre performance, criação e reflexão conceitual (ou teórica).
Tanto a produção composicional e de performance devem ser consideradas
produções acadêmicas (aquelas que se dão na academia), não se distinguindo
da conceitual, nem sendo complementares umas às outras.
Uma tese em matemática pode ter 10 linhas introdutórias e 100 páginas de
cálculo, que apenas os matemáticos entendem, por que uma tese em música não
pode ter 10 linhas introdutórias e 100 páginas de partitura ou 2 horas de
gravação, que só os músicos entendem?
Por que a música, pelo seu flerte com as ciências humanas, tem de se
submeter a mecanismos intelectuais do século XIX?

Por que não podemos assumir a posição de uma ciência a parte, um real
estética (ciência do sensível) e com isto reservar lugar digno para a
produção do musicólogo (esta conceitual ou história) e para a produção
musical (em teses e dissertações focadas em suas práticas, nas quais os
textos não necessariamente se constituam em trabalhos conceituais ou
teóricos).
Claro que o texto clarifica uma proposta, ele introduz, apresenta uma
proposta composicional ou de performance, mas ele não pode ser o único
resultado esperado deixando à prática o lugar de campo de experimentação.

Mas de qq maneira, parabenizo a iniciativa, pois já coloca a prática em
algum lugar na produção acadêmica.
Apenas pergunto se já não estaria na hora de assumirmos nossas produções
musicais em sua íntegra.
Se não formos nós a fazer tal mudança, sem dúvida ela não será feita pelo
departamento de engenharia elétrica.

abs
Silvio Ferraz
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