[ANPPOM-Lista] novo artigo sobre a vaia contra Andre mehmari - entrando também na questão do que faz (e deve fazer) a musicologia

Ferraz,Gabriel A gabrielferraz em ufl.edu
Qui Maio 30 21:20:14 BRT 2013


Caro Climério e demais colegas da ANPPOM,

Eu, respeitosamente, discordo de tudo o que você falou. A vaia 
representa muito mais do que se pode imaginar em uma primeira análise; 
não creio que estejamos aqui discutindo o quanto as vaias feriram o ego 
de um artista (o Mehmari)-algo que o marcou profundamente, assim como 
acredito que marcaria outros artistas de maior ou menor destaque - mas 
as razões por trás dessas vaias, principalmente porque vieram de 
crianças. Dizer que grandes intérpretes foram vaiados não explica 
porque as crianças vaiaram o Mehmari. Além disso, você não mencionou 
quem vaiou esses músicos, nem quando, nem porque. Foram adultos? 
Crianças? Adolescentes rebeldes? Todos juntos? No caso dos cânones que 
você menciona, foram eles vaiados por príncipes, reis, imperadores, 
rivais? Foram vaiados por motivos musicais ou por motivos políticos? 
Enfim, a lista de variáveis é enorme, e uma comparação entre a vaia 
que recebeu o Mehmari e uma vaia que recebeu Mozart, que viveu em um 
tempo e contexto cultural completamente diferentes, não tem, a meu ver, 
um propósito claro.

Diferentemente do que você afirmou, acredito que vaias podem revelar 
questões muito mais sérias, quando analisadas sob um ponto de vista 
mais amplo do que o simples "olhar do músico". É muito triste que um 
músico da categoria do Mehmari tenha sido vaiado, especialmente por 
crianças, mas se isso aconteceu, temos que tentar entender os motivos 
sob diversos ângulos, tanto os ligados à música quanto os ligados ao 
sistema educacional e circunstâncias nas quais as vaias aconteceram. 
Primeiramente, devemos ter em mente que o Mehmari na visão dos músicos 
não é o mesmo que o Mehmari na visão das crianças. Ali, ele era um 
simples pianista tocando em um projeto educacional.

Além disso, devemos lembrar que crianças, de modo geral, têm um 
verniz social menos denso do que o de um adulto. Devemos levar em 
consideração, também, que no ambiente escolar a identidade de grupo 
é muito forte, e as vaias podem ter simplesmente se iniciado por 
algumas crianças mais rebeldes, desdobrando-se em um coro no qual 
outras crianças entraram simplesmente porque sentiram necessidade de 
pertencer àquele grupo. Quem não teve em sua vida escolar, a 
experiência de se sentir pressionado a fazer algo porque um grupo de 
amigos decidiu que esse algo deveria ser feito? Quem não teve aqueles 
colegas que agitavam os outros para realizarem ações que não eram as 
mais "ortodoxas"? Mas não basta apenas concordar (ainda que se concorde 
por puro medo da rejeição) com os "cabeças"; é preciso participar 
ativamente para mostrar que você realmente aceita e abraça o grupo (no 
caso do Mehmari, um grito pode ter "puxado" o outro).

Foi isso que aconteceu com o Mehmari? Não sei, e não sei se alguém 
sabe dizer (talvez só um interrogatório com as crianças possa 
revelar, ou um relato de alguém que observou atentamente o evento). Mas 
devemos levar isso em conta também. Será que isso aconteceria se 
fossem escolas privadas? Pode ser que sim. Eu estudei em um colégio 
católico privado e vi muita "coisa errada" acontecer. Mesmo naquela 
época (anos de 1990), em um colégio frequentado por pessoas com poder 
aquisitivo alto, tocar música clássica já era motivo de chacota, e, 
apesar de eu nunca ter sido hostilizado (talvez por conta de outros 
traços de minha personalidade), sempre senti um certo estranhamento por 
parte de outros colegas, quando o assunto música surgia. Toquei algumas 
vezes em aulas de educação artística, e posso afirmar sem medo de 
incorrer no erro que se a música era brasileira ou europeia, pouco 
importava, já que para meus colegas, tudo soava "estrangeiro", parte de 
um mundo que não era o deles. Se aplaudiram, foi mais por terem saciado 
sua curiosidade do que por terem se identificado com a música ou com o 
"evento artístico" em si. Teriam aplaudido igualmente (talvez mais) se 
eu tivesse feito malabarismo.

Ainda na adolescência, tinha amigos que me perguntavam: por que você 
toca música de pessoas que já morreram há mais de cem anos? Esses 
amigos esperavam que eu tocasse no piano tudo aquilo que eles ouviam no 
rádio, mas não música de "gente morta". Ou seja, estranhamento sempre 
existiu; não é de hoje. (A agressividade na manifestação de 
opiniões, por outro lado, talvez esteja sendo aprimorada).

Portanto, tocar Nazareth e dizer que ele é parte das raízes da nossa 
música popular pouco importa para quem não experimentou a música dele 
e não sabe absolutamente nada sobre quem ele é. Algumas vezes 
desejamos que nossas convicções sejam também as do outro, mas como 
todos sabemos, as coisas não funcionam dessa maneira. E isso vale para 
crianças de escola pública e privada, bem como para uma grande massa 
de adultos. Quem sabe quem foi Nazareth? Deveriam eles saber quem foi 
Nazareth? Por que, e como esse conhecimento seria adquirido? Onde se 
toca Nazareth? Quem toca Nazareth? O acesso é fácil? Há divulgação? 
E mesmo que tenha pessoas tocando, e o acesso não seja dos mais 
difíces (tanto o local quanto o valor da entrada), por que uma criança 
(de qualquer classe social) se interessaria em ouvir a música de 
Nazareth? Será que se nós não tivéssemos recebido educação musical 
nós gostaríamos (apreciaríamos, ou mesmo, aceitaríamos) a música de 
Nazareth?  (fica aqui para quem quiser responder).

Para concluir (e já me desculpo pelo longo texto), percebo que muitas 
vezes existem generalizações nas análises das causas de determinados 
fenômenos - como a vaia ao Mehmari - o que acredito ser extremamente 
perigoso em uma discussão séria sobre o assunto. Quando falamos do 
caso do Mehmari, devemos primeiramente saber quem são as crianças que 
o vaiaram - pois essa massa não representa necessariamente "a criança 
brasileira - quais foram as circunstâncias específicas do concerto, se 
o Nazareth tinha, de fato alguma coisa a ver com rejeição (já 
pensaram que só o fato de haver um piano no palco pode ter causado 
estranhamento, e o Mehmari e "seu" Nazareth pagaram o pato?), e muitos 
outros fatores, como a questão da percepção fisiológica da música 
(já mencionada anteriormente).

Só uma análise de todos esses elementos juntos poderá nos levar a um 
entendimento realmente "científico" dos porquês das vaias (se 
chegarmos a esse entendimento). O que não se pode é transformar esse 
acontecimento em um modelo de análise da sociedade brasileira, ou 
usá-lo para defendermos pontos de vista pessoais, pois isso não só 
não contribui para o real entendimento do assunto, como também o 
transforma em uma arena de disputas ideológicas.

Gabriel Ferraz

Se vaia fizesse mal, Caetano Veloso, Carlinhos Brown, Lobão, Gilberto 
Gil,
> ... estariam todos pobres.
> Isso se estende aos músicos de concerto também, como Severino 
> Araújo,
> Aliazar de Carvalho, Pavaroti, Mozart, Beethoven... - todos eles 
> foram
> vaiados.
>
> Ser vaiado é muito melhor, por exemplo, do que passar incólume, 
> resultado
> típico de uma performance insossa. Portanto, deixemos de compaixão. 
> André
> Mehmari é massa, é um trabalhador da pesada, um talento e tanto. 
> Quem
> duvidar, vá assistir, ou veja no Youtube.
>
> Não há nada demais numa vaia, a não ser um aspecto importante: uma
> performance só é vaiada quando provoca o público.
>


On Thu, 30 May 2013 18:54:55 -0300, anppom-l-request em iar.unicamp.br 
wrote:
> Enviar submissões para a lista de discussão Anppom-L para
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>    1. Re: novo artigo sobre a vaia contra Andre mehmari
>       (Estevão Moreira)
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>       também na questão do que faz (e deve fazer) a musicologia
>       (climério de oliveira santos)
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>
> Message: 1
> Date: Thu, 30 May 2013 10:22:34 -0300
> From: Estevão Moreira <estevaomoreira em gmail.com>
> Cc: ANPPOM <anppom-l em iar.unicamp.br>
> Subject: Re: [ANPPOM-Lista] novo artigo sobre a vaia contra Andre
> 	mehmari
> Message-ID:
> 	<CAJ_-KarqMT+-0yQqMand3K93M2OM3-Aa54RbNBkoSE9B-UhfcA em mail.gmail.com>
> Content-Type: text/plain; charset="iso-8859-1"
>
> Os textos de Wisnik e Sérgio Santos não oferecem muitos dados de 
> contexto,
> o que nos dificulta, portanto, uma compreensão mais aprofundada do 
> que de
> fato aconteceu. Em geral, os dois pairam no tom apocalíptico do 
> julgamento
> já partindo do princípio de que a música de Nazareth veio da 
> "origem
> popular deles" (sic), estabelecendo-se um hiato entre eles-nós (do 
> qual não
> me sinto representado em nenhum pólo) e por outro lado caindo-se num
> solipsismo metodológico que trata o acontecimento como aberração, 
> como se
> fosse uma novidade que nunca aconteceu. Certamente, não me alegra 
> nem um
> pouco uma situação como esta, onde não há o diálogo. Sim, não
> há o diálogo
> entre o músico (no caso, o Memari) e "eles". Um não quis ouvir o 
> Outro. E
> talvez o primeiro estivesse com mais condições de perceber estas 
> sutilezas
> do que as crianças (por outro lado, muito mais sagazes do que 
> podemos
> imaginar).
>
> Sem querer contrapor julgamento valorativo *versus* descrição 
> tautológica,
> partindo do princípio de que o "dado" seria um mito (Selars), seria 
> de
> grande valia que os músicos (agora sim: "nós"), do ponto de vista 
> de uma
> formação acadêmica na graduação, fossem também instados a
> refletir sobre a
> ideia de que "música" (termo tão equívoco quanto possíveis sejam 
> os seus
> usos) quando concebida como "objeto" não reflete o conjunto de
> relações das
> quais é fruto, i.e. das práticas onde se produz isso que "nós"
> (nós quem?)
> chamamos de música.
> Penso que há abordagens mais propoensas à constatação/aceitação
> de outros
> "solfejos" que não se limitem aos "elementos da linguagem musical" 
> (seja lá
> o que isso for) e que são sim do campo específico  da "pesquisa em 
> musica",
> uma vez que estão dentro desta práxis e não fariam sentido em 
> outros
> departamentos. Mas em geral ainda são iniciativas pessoais e
> personificadas, não refletindo uma proposta institucional
> político-pedagógica mais ampla. É preciso o 80, mas é preciso do
> 8 e também
> do 10, sem os quais o primeiro não existe.
>
> Voltando aos textos, se tudo está errado e "nós" estamos certos (e
> novamente me "incluo" fora desta), alguma/muita coisa está passando 
> batida,
> contrapontos de vozes inauditas pela "percepção".
>
> Estevão
>
>
>
>
>
> 2013/5/28 Ale Fenerich <fenerich em gmail.com>
>
>>
>>
>>
>>
>>
>> 
>> http://www.advivo.com.br/blog/luisnassif/plateia-infantil-hostiliza-musico-andre-mehmari
>>
>> mais um artigo do episodio de Andre Mehmari
>> --
>> ------------------------------------------
>> Alexandre Sperandéo Fenerich
>> prof. Adjunto IAD - UFJF - http://www.ufjf.br/musica/
>>
>> http://soundcloud.com/ale_fenerich
>> http://sussurro.musica.ufrj.br/fghij/f/fenerichale/fenerichale.htm
>> n-1.art.br
>> http://soundcloud.com/n-1-1
>> http://www.ufjf.br/eimas/
>> http://www.limiares.com.br/duo-n1.html
>>
>> (55 32) 8481-8277
>>
>>
>>
>>
>> ________________________________________________
>> Lista de discussões ANPPOM
>> http://iar.unicamp.br/mailman/listinfo/anppom-l
>> ________________________________________________
>>
>
>
>
> --
> *Estevão Moreira*
> estevaomoreira.com <http://estevaomoreira.wordpress.com/>
> -------------- Próxima Parte ----------
> Um anexo em HTML foi limpo...
> URL:
> 
> <http://iar.unicamp.br/pipermail/anppom-l/attachments/20130530/338271e3/attachment-0001.htm>
>
> ------------------------------
>
> Message: 2
> Date: Thu, 30 May 2013 10:24:14 -0300
> From: Estevão Moreira <estevaomoreira em gmail.com>
> To: ANPPOM <anppom-l em iar.unicamp.br>
> Subject: Re: [ANPPOM-Lista] novo artigo sobre a vaia contra Andre
> 	mehmari
> Message-ID:
> 	<CAJ_-Kapw4cwuadmmJ8MxOcZsbiYwOXbh3jrytLWB70FbPkfwpg em mail.gmail.com>
> Content-Type: text/plain; charset="iso-8859-1"
>
> Daniel,
>
> Qual posicionamento? Sem citar, não poderemos saber.
>
> Estevão
>
> Enviado do tel
> Em 30/05/2013 01:19, "Daniel Lemos" <dal_lemos em yahoo.com.br> 
> escreveu:
>
>>
>> Prezado professor Carlos Sandroni,
>>
>> Não direi o nome dos bois, mas uma coisa posso afirmar: vi isso em 
>> eventos
>> da ABEM. Eu definitivamente não concordo com este ponto de vista, 
>> mas
>> alerto todos os colegas da ANPPOM para manter seus olhares críticos 
>> atentos
>> a isso. Estas pessoas estão ganhando coro, ainda mais em um 
>> contexto onde
>> políticas afirmativas estão em alta.
>>
>> Saudações,
>>
>> Daniel Lemos Cerqueira
>>
>> http://musica.ufma.br <http://musica.ufma.br>
>>
>>
>> --- Em *qui, 30/5/13, Carlos Sandroni 
>> <carlos.sandroni em gmail.com>*escreveu:
>>
>>
>> De: Carlos Sandroni <carlos.sandroni em gmail.com>
>> Assunto: Re: [ANPPOM-Lista] novo artigo sobre a vaia contra Andre 
>> mehmari
>> Para: "Daniel Lemos" <dal_lemos em yahoo.com.br>
>> Cc: "'anppom-l'" <anppom-l em iar.unicamp.br>
>> Data: Quinta-feira, 30 de Maio de 2013, 1:08
>>
>> Prezado Daniel,
>>
>> Quem são estes colegas que dizem que "a cultura européia deve ser 
>> negada
>> da nossa vivência"? E que "Teorias Sociais" são essas, que 
>> fundamentariam
>> tão esdrúxula proposição?
>> Como é que numa lista universitária, de uma associação de 
>> pesquisa e
>> pós-graduação, se pode fazer atribuições tão levianas?
>> Carlos Sandroni
>>
>>
>> 2013/5/29 Daniel Lemos 
>> <dal_lemos em yahoo.com.br<http://mc/compose?to=dal_lemos@yahoo.com.br>
>> >
>>
>>
>> Cara, isso é absurdo... passei por isso também quando morava em 
>> Macaé e
>> participei de um concerto beneficente para crianças carentes... 
>> isso lá pra
>> 1996... vou fazer meu "coro" também a esse artigo.
>>
>> É mais um motivo pra acreditar hoje em dia que a Música de 
>> Concerto deve
>> ser considerada um tipo de minoria. E já vi muitos professores de
>> Universidade afirmando que a "cultura europeia" deve ser negada e 
>> excluída
>> da nossa vivência, com base nas "Teorias Sociais" de dominação 
>> das colônias
>> e do imperialismo... a primeira coisa que estes caras deveriam fazer 
>> é
>> pedir exoneração (afinal, a Universidade é uma instituição 
>> europeia) e ir
>> morar no mato. Só assim pra abandonar a cultura europeia de fato.
>>
>> Abraço,
>>
>> Daniel Lemos Cerqueira
>>
>> http://musica.ufma.br <http://musica.ufma.br>
>>
>>
>> --- Em *ter, 28/5/13, Ale Fenerich 
>> <fenerich em gmail.com<http://mc/compose?to=fenerich@gmail.com>
>> >* escreveu:
>>
>>
>> De: Ale Fenerich 
>> <fenerich em gmail.com<http://mc/compose?to=fenerich@gmail.com>
>> >
>> Assunto: [ANPPOM-Lista] novo artigo sobre a vaia contra Andre 
>> mehmari
>> Para: "ANPPOM" 
>> <anppom-l em iar.unicamp.br<http://mc/compose?to=anppom-l@iar.unicamp.br>
>> >
>> Data: Terça-feira, 28 de Maio de 2013, 15:44
>>
>>
>>
>>
>>
>>
>>
>> 
>> http://www.advivo.com.br/blog/luisnassif/plateia-infantil-hostiliza-musico-andre-mehmari
>>
>> mais um artigo do episodio de Andre Mehmari
>> --
>> ------------------------------------------
>> Alexandre Sperandéo Fenerich
>> prof. Adjunto IAD - UFJF - http://www.ufjf.br/musica/
>>
>> http://soundcloud.com/ale_fenerich
>> http://sussurro.musica.ufrj.br/fghij/f/fenerichale/fenerichale.htm
>> n-1.art.br
>> http://soundcloud.com/n-1-1
>> http://www.ufjf.br/eimas/
>> http://www.limiares.com.br/duo-n1.html
>>
>> (55 32) 8481-8277
>>
>>
>>
>>
>> -----Anexo incorporado-----
>>
>> ________________________________________________
>> Lista de discussões ANPPOM
>> http://iar.unicamp.br/mailman/listinfo/anppom-l
>> ________________________________________________
>>
>>
>> ________________________________________________
>> Lista de discussões ANPPOM
>> http://iar.unicamp.br/mailman/listinfo/anppom-l
>> ________________________________________________
>>
>>
>>
>>
>> --
>> Carlos Sandroni
>> Departamento de Música, UFPE
>> Programa de Pós-Graduação em Antropologia, UFPE
>> Programa de Pós-Graduação em Música, UFPB
>> Telefones:
>> (81) 2126 8596 / 8597 (UFPE)
>> (81) 9811 1473 (Celular)
>> Endereço:
>> Rua César Loureiro, 75/103
>> Casa Forte - 52060-350
>> Recife - PE
>>
>>
>> ________________________________________________
>> Lista de discussões ANPPOM
>> http://iar.unicamp.br/mailman/listinfo/anppom-l
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> Um anexo em HTML foi limpo...
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>
> ------------------------------
>
> Message: 3
> Date: Thu, 30 May 2013 08:36:20 -0300
> From: climério de oliveira santos <zabumba2 em gmail.com>
> To: "Ferraz,Gabriel A" <gabrielferraz em ufl.edu>
> Cc: anppom-l em iar.unicamp.br
> Subject: Re: [ANPPOM-Lista] novo artigo sobre a vaia contra Andre
> 	mehmari - entrando também na questão do que faz (e deve fazer) a
> 	musicologia
> Message-ID:
> 	<CACgBZQ_KyKP_t1Aivb=gRJ1N-eQe4qcNhgNtWk6JReLYntVOkQ em mail.gmail.com>
> Content-Type: text/plain; charset="windows-1252"
>
> Pessoal,
>
> Se vaia fizesse mal, Caetano Veloso, Carlinhos Brown, Lobão, 
> Gilberto Gil,
> ... estariam todos pobres.
> Isso se estende aos músicos de concerto também, como Severino 
> Araújo,
> Aliazar de Carvalho, Pavaroti, Mozart, Beethoven... - todos eles 
> foram
> vaiados.
>
> Ser vaiado é muito melhor, por exemplo, do que passar incólume, 
> resultado
> típico de uma performance insossa. Portanto, deixemos de compaixão. 
> André
> Mehmari é massa, é um trabalhador da pesada, um talento e tanto. 
> Quem
> duvidar, vá assistir, ou veja no Youtube.
>
> Não há nada demais numa vaia, a não ser um aspecto importante: uma
> performance só é vaiada quando provoca o público.
>
>
> Abraços em todos,
>
> Climério de Oliveira.
>
>
> Em 29 de maio de 2013 18:11, Ferraz,Gabriel A
> <gabrielferraz em ufl.edu>escreveu:
>
>> Oi pessoal. Eu conheci o André Mehmari na USP, quando fiz meu 
>> bacharelado
>> lá. Apesar de não ter me tornado amigo dele, conversamos 
>> rapidamente
>> algumas vezes. Além de ser um dos músicos mais talentosos de sua 
>> geração
>> (talvez o mais talentoso que eu conheço), ele é realmente uma 
>> pessoa muito
>> simples, e nem posso imaginar como ele se sentiu no palco ao ser 
>> vaiado por
>> crianças. Um episódio realmente triste para a nossa música.
>>
>> Com relação ao motivo pelo qual as crianças vaiaram, menciona-se 
>> muito a
>> questão da indústria cultural e do meio cultural onde essas 
>> crianças vivem,
>> a maneira como elas são, de certa forma, condicionadas 
>> culturalmente a
>> ouvir certos tipos de música. Esse argumento é totalmente válido 
>> e
>> verdadeiro, mas a questão do "condicionamento" da escuta vai além 
>> do poder
>> que o meio cultural exerce na formação do indivíduo. Pesquisas 
>> neurológicas
>> recentes têm mostrado que quando o cérebro se condiciona a ouvir
>> determinadas combinações de sons, esses sons passam a estimular 
>> áreas do
>> cérebro sons causam prazer (as mesmas áreas que são estimuladas 
>> quando
>> alguém come algo gostoso ou pratica sexo). Além disso, o córtex 
>> auditivo
>> literalmente se molda para ouvir esses sons aos quais a pessoa é 
>> exposta
>> mais constantemente, e combinações de sons que não se encaixam 
>> nesses
>> padrões já apreendidos soam muito dissonantes (entenda-se "mal") 
>> para o
>> indivíduo, e causam um enorme desconforto e, posteriormente, a 
>> rejeição
>> desses sons "desagradáveis".
>>
>> Pesquisas australianas mostraram que quanto mais o indivíduo é 
>> treinado a
>> ouvir determinadas combinações de sons, menos dissonantes elas 
>> soarão
>> (mesmo que a teoria da música as classifique como dissonantes - 
>> pensem em
>> uma 2a maior, por exemplo). Talvez essa seja a explicação 
>> científica para o
>> que comumente chamamos "costume". Ou seja, o "costume" não é só 
>> um
>> condicionamento social e cultural, mas, primeiramente, fisiológico.
>>
>> Sei que no caso do André as vaias começaram antes mesmo de ele 
>> começar a
>> tocar, o que implica em um preconceito contra Nazareth (já que as 
>> crianças
>> não haviam ouvido a música ainda), muito provavelmente 
>> desconhecido dessas
>> crianças. Não quero aqui teorizar sobre os diversos porquês da 
>> atitude das
>> crianças, que certamente também brotaram da sua falta de 
>> exposição ao
>> compositor e, portanto, da sua falta de conhecimento da música, o 
>> que deve
>> ter gerado a resistência antes mesmo do concerto começar. E sem 
>> querer
>> especular demais, mas seguindo um raciocínio lógico, afirmaria 
>> que,
>> provavelmente, essas crianças já haviam imaginado, antes mesmo da
>> apresentação começar, todo o tipo de sons "do passado" - que 
>> talvez elas
>> nem saibam exatamente o que são - associados a um compositor que 
>> elas não
>> conheciam, o que causou o estranhamento, distanciamento, e 
>> finalmente, o
>> repúdio. Seguindo as conclusões dos estudos dos neurologistas, 
>> acredito que
>> ao ouvir aqueles  sons, que elas realmente não conheciam, o 
>> cérebro dessas
>> crianças deve ter percebido uma enorme "dissonância", mesmo que a 
>> música de
>> Nazareth não seja dissonante de acordo com a nossa teoria musical, 
>> o que as
>> levou a balbúrdia total. (E isso independe de condição social e 
>> cultural).
>>
>> Desculpem pelas digressões no caminho, mas meu ponto principal aqui 
>> é que
>> em musicologia utiliza-se muito as teorias das ciências sociais e 
>> da
>> antropologia para explicar comportamentos associados à música, e 
>> muitas
>> vezes esquece-se de que muito do que se percebe e se apreende em uma
>> experiência musical (seja ela com simples ruídos que ouvimos na 
>> rua ou em
>> obras musicais complexas) deve-se à maneira como nosso cérebro 
>> processa
>> essa informação. Não devemos deixar esse ponto de lado em nossas
>> discussões. Pelo contrário, acredito que, em se tratando de 
>> tópicos que
>> envolvem discussões sobre música e comportamento, o entendimento 
>> dos
>> processos neurológicos da percepção da música é um componente 
>> fundamental,
>> e que, talvez, deva ser entendido antes mesmo de utilizarmos teorias 
>> da
>> sociologia e antropologia na tentativa de entendermos e explicarmos 
>> esses
>> tópicos.
>>
>> Para quem quiser saber mais sobre as pesquisas que mencionei, tenho 
>> 3
>> tópicos que versam sobre o assunto no meu site: dois textos com 
>> comentários
>> sobre pesquisas em música e neurologia, e um documentário 
>> interessantíssimo
>> sobre o mesmo assunto, que todos os músicos e, principalmente, 
>> musicólogos,
>> devem conhecer. Envio ainda o link para uma discussão estética da
>> apreciação musical, que também se relaciona com o assunto. Como o 
>> objetivo
>> é tratar os assuntos musicais de uma maneira mais "jornalística" e 
>> menos
>> musicológica, para que um público mais geral leia e se interesse 
>> pelo que
>> acontece no mundo da música que só os especialistas conhecem, os 
>> textos não
>> seguem o padrão acadêmico, e eu não me proponho a dar respostas 
>> sobre os
>> assuntos discutidos, mas tão somente transmitir informações e 
>> propor
>> reflexão. As informações discutidas, entretanto, não são menos 
>> válidas ou
>> menos "verdadeiras" por esse motivo.
>>
>> Os links seguem abaixo:
>>
>> Aprenda a gostar da música que você não gosta:
>> 
>> http://www.zapmusico.com.br/**blog/como-gostar-de-musica/<http://www.zapmusico.com.br/blog/como-gostar-de-musica/>
>> Boa música é ?tão bom quanto sexo?: 
>> http://www.zapmusico.com.br/**
>> 
>> blog/musica-boa-e-sexo/<http://www.zapmusico.com.br/blog/musica-boa-e-sexo/>
>> O que é a música, afinal de contas?:
>> The Music Instinct: Science & Song by Elena Mannes:
>> 
>> http://www.zapmusico.com.br/**blog/a-psicologia-da-musica/<http://www.zapmusico.com.br/blog/a-psicologia-da-musica/>
>>
>> Obrigado pela atenção. Espero que o comentário contribua para a 
>> discussão
>> e que os textos do blog gerem discussões sobre o entendimento de 
>> assuntos
>> ligados à música e comportamento.
>>
>> Abraços,
>>
>> Gabriel Ferraz, pianista e musicólogo
>>
>>
>>
>> On Wed, 29 May 2013 12:52:29 -0300, 
>> anppom-l-request em iar.unicamp.**br<anppom-l-request em iar.unicamp.br>wrote:
>>
>>> Enviar submissões para a lista de discussão Anppom-L para
>>>         anppom-l em iar.unicamp.br
>>>
>>> Para se cadastrar ou descadastrar via WWW, visite o endereço
>>>         
>>> http://iar.unicamp.br/mailman/**listinfo/anppom-l<http://iar.unicamp.br/mailman/listinfo/anppom-l>
>>> ou, via email, envie uma mensagem com a palavra 'help' no assunto 
>>> ou
>>> corpo da mensagem para
>>>         
>>> anppom-l-request em iar.unicamp.**br<anppom-l-request em iar.unicamp.br>
>>>
>>> Você poderá entrar em contato com a pessoa que gerencia a lista 
>>> pelo
>>> endereço
>>>         anppom-l-owner em iar.unicamp.br
>>>
>>> Quando responder, por favor edite sua linha Assunto assim ela será
>>> mais específica que "Re: Contents of Anppom-L digest..."
>>>
>>>
>>> Tópicos de Hoje:
>>>
>>>    1. Re: Fim da Prova de Habilidade Específica em Música
>>>       (Luciano Morais)
>>>    2. Re: [Sonologia-l] [etnomusicologiabr] "pontos de ruptura no
>>>       tecido civilizatório" (Carlos Palombini)
>>>    3. Re: novo artigo sobre a vaia contra Andre mehmari
>>>       (Carlos Palombini)
>>>    4. Re: Fim da Prova de Habilidade Específica em Música
>>>       (Estevão Moreira)
>>>
>>>
>>>
>>> ------------------------------**------------------------------**
>>> ----------
>>>
>>> Message: 1
>>> Date: Wed, 29 May 2013 08:41:44 -0300
>>> From: Luciano Morais <lucianocesar78 em yahoo.com.br>
>>> To: Daniel Lemos <dal_lemos em yahoo.com.br>
>>> Cc: "anppom-l em iar.unicamp.br" <anppom-l em iar.unicamp.br>
>>> Subject: Re: [ANPPOM-Lista] Fim da Prova de Habilidade Específica 
>>> em
>>>         Música
>>> Message-ID: 
>>> <730C22E0-FCB8-47D8-911A-**75F968D58A05 em yahoo.com.br<730C22E0-FCB8-47D8-911A-75F968D58A05 em yahoo.com.br>
>>> >
>>> Content-Type: text/plain; charset="utf-8"
>>>
>>>     Musicologia não precisa ser circunscrita a um "ramo" das
>>> ciências humanas (um braço, um sub-item, um setor, sem
>>> especificidade nem autonomia em relação às ciências humanas no 
>>> que
>>> se refere a método tratamento e escolha dos objetos), mas também 
>>> (e,
>>> para alguns, principalmente, porque engloba pesquisas voltadas
>>> especificamente para a performance, processos de composição e
>>> critica de obras de arte como tais, ao lado e além da 
>>> consideração
>>> delas enquanto dados sócio-histórico-culturais) o estudo 
>>> aprofundado
>>> da música enquanto produção artística. Me perdoe, caro prof. 
>>> Dr.
>>> Didier, mas qualquer pesquisa séria nessa área exige formação
>>> técnica e musical bem além do básico. Um musicólogo tem ter 
>>> livre
>>> acesso às "obras"  ou objetos sonoros e musicais pela via da 
>>> leitura,
>>> da escrita, da perspectiva da performance, ou seja, tem que ter 
>>> tido
>>> em algum momento da vida vivido a situação de musico, e dos bons,
>>> capaz de ler, tocar, fazer musica de conjunto, discutir
>>> interpretação, etc. Essa formação permite ao pesquisador acesso
>>> às obras, seja de que origem social forem, vale as da tradição
>>> oral, mas elas tem que poder ser comentadas e percebidas (vai uma 
>>> aula
>>> de percepção aí ou não precisa saber distinguir intervalos pra 
>>> ser
>>> musicólogo?) do ponto de vista musical, não só 
>>> histórico-social.
>>>      Vale lembrar que José Ramos Tinhorão rejeitava ser chamado 
>>> de
>>> musicólogo dizendo: "Eu sou historiador, musicólogo é o Regis
>>> Duprat!"). Gostem ou não dos dois, eles respeitavam as diferenças 
>>> de
>>> área.
>>>     Duprat estreou obras do Cláudio Santoro, se for preciso 
>>> lembrar.
>>> Abraço!
>>> Luciano
>>>
>>> Em 28/05/2013, às 12:09, Daniel Lemos <dal_lemos em yahoo.com.br> 
>>> escreveu:
>>>
>>>
>>>>
>>>> Mas o que seria a Musicologia sem um musicólogo capaz de ler 
>>>> partituras,
>>>> conhecer o repertório, técnicas de composição, análise 
>>>> musical e situar a
>>>> importância de seu trabalho em meio à produção musical? Um 
>>>> antropólogo, um
>>>> sociólogo ou um historiador seriam capazes de fazer esse tipo de 
>>>> trabalho?
>>>>
>>>>
>>>> Daniel Lemos Cerqueira
>>>>
>>>> http://musica.ufma.br
>>>>
>>>>
>>>>
>>>> --- Em ter, 28/5/13, Didier Guigue <didierguigue em gmail.com> 
>>>> escreveu:
>>>>
>>>> De: Didier Guigue <didierguigue em gmail.com>
>>>> Assunto: Re: [ANPPOM-Lista] Fim da Prova de Habilidade Específica 
>>>> em
>>>> Música
>>>> Para: "Daniel Lemos" <dal_lemos em yahoo.com.br>
>>>> Cc: "ANPPOM" <anppom-l em iar.unicamp.br>
>>>> Data: Terça-feira, 28 de Maio de 2013, 11:35
>>>>
>>>>
>>>> Mas o que seria "musicologia", lato sensu [estudos sobre música], 
>>>> senão
>>>> um ramo das ciências humanas?
>>>>
>>>> Em 27 de maio de 2013 01:53, Daniel Lemos <dal_lemos em yahoo.com.br>
>>>> escreveu:
>>>>
>>>> Prezado Luciano,
>>>>
>>>> Bravíssimo! Excelente colocação. Destaco uma frase de seu 
>>>> discurso:
>>>>
>>>> "Para perspectivas interdisciplinares sem exigência de 
>>>> habilidades
>>>> específicas, estão aí as áreas de ciências humanas."
>>>>
>>>>
>>>> ______________________________**__________________
>>>> Lista de discussões ANPPOM
>>>> 
>>>> http://iar.unicamp.br/mailman/**listinfo/anppom-l<http://iar.unicamp.br/mailman/listinfo/anppom-l>
>>>> ______________________________**__________________
>>>>
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>>> URL:
>>>
>>> <http://iar.unicamp.br/**pipermail/anppom-l/**
>>> 
>>> attachments/20130529/9c6d7f61/**attachment.htm<http://iar.unicamp.br/pipermail/anppom-l/attachments/20130529/9c6d7f61/attachment.htm>
>>> >
>>>
>>> ------------------------------
>>>
>>> Message: 2
>>> Date: Wed, 29 May 2013 10:07:04 -0300
>>> From: Carlos Palombini <cpalombini em gmail.com>
>>> To: Pesquisadores em Sonologia (Música)
>>>         <sonologia-l em listas.unicamp.br**>
>>> Cc: Etnomusicologia Br Yahoo 
>>> <etnomusicologiabr@**yahoogrupos.com.br<etnomusicologiabr em yahoogrupos.com.br>
>>> >,
>>>         anppom-l <anppom-l em iar.unicamp.br>
>>> Subject: Re: [ANPPOM-Lista] [Sonologia-l] [etnomusicologiabr] 
>>> "pontos
>>>         de ruptura no tecido civilizatório"
>>> Message-ID:
>>>         
>>> <CAJWibmEr14PfnUzX2J_=16kL9i9Z**7kMUe9PkzfjpZsKqtWW30Q em mail.**
>>> gmail.com <16kL9i9Z7kMUe9PkzfjpZsKqtWW30Q em mail.gmail.com>>
>>> Content-Type: text/plain; charset="iso-8859-1"
>>>
>>> Hugo,
>>>
>>> Enviei o texto por várias razões, que não caberiam num simples 
>>> "não
>>> concordo". Há muita coisa errada ali, independente do que tenha
>>> acontecido.
>>> A primeira delas, e a principal, é que André Mehmari ser 
>>> insultado numa
>>> apresentação apareça como "pontos de ruptura no tecido 
>>> civilizatório", um
>>> clichê precioso (entre os vários clichês do texto) no qual os
>>> Mehmari/Wisnik ofendidos (tenho em mente também a manifestação 
>>> do pianista
>>> no Facebook) são o civilizatório rompido. A outra face da moeda 
>>> é seu
>>> significado, o fio do qual esse civilizatório é tecido: são os
>>> tiros com os
>>> quais os não-Mehmari não-Wisnik são não só impedidos de 
>>> realizar seu
>>> trabalho como também executados (no sentido criminal do termo) 
>>> impune,
>>> pura
>>> e simplesmente --- em São Paulo mesmo.
>>>
>>> Não sei se você lê a *Piauí*, mas o último número tem um bom
>>> artigo que se
>>> intitula, na capa, "A praga modernista", e no interior, "Reféns da
>>> modernistolatria":
>>>
>>>
>>> http://revistapiaui.estadao.**com.br/edicao-80/questoes-de-**
>>> 
>>> literatura-cultura/refens-da-**modernistolatria<http://revistapiaui.estadao.com.br/edicao-80/questoes-de-literatura-cultura/refens-da-modernistolatria>
>>>
>>> Abraço,
>>>
>>> Carlos
>>>
>>>
>>> 2013/5/28 Hugo Leonardo Ribeiro <hugoleo75 em gmail.com>
>>>
>>> Palombini,
>>>
>>>>
>>>> Posso afirmar, com quase certeza, que você enviou esse texto mas 
>>>> não
>>>> concorda com o autor. Nem eu concordo. Há muitos problemas 
>>>> básicos em seu
>>>> discurso, entre os quais esse necessidade de uma ponte para ligar
>>>> culturas
>>>> distintas. Isso sempre é problemático. Principalmente quando se 
>>>> pensa que
>>>> um grupo de indivíduos precisa ter acesso a determinados bens 
>>>> culturais
>>>> para poder elevar seu status sociocultural. Espero que tal projeto 
>>>> seja
>>>> mais do que o que o Wisnik descreveu. Senão, é, no mínimo,
>>>> etnocêntrico...
>>>>
>>>> Hugo Ribeiro
>>>>
>>>>  -------------- Próxima Parte ----------
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>>> <http://iar.unicamp.br/**pipermail/anppom-l/**
>>> 
>>> attachments/20130529/a5875b7a/**attachment.htm<http://iar.unicamp.br/pipermail/anppom-l/attachments/20130529/a5875b7a/attachment.htm>
>>> >
>>>
>>> ------------------------------
>>>
>>> Message: 3
>>> Date: Wed, 29 May 2013 12:10:09 -0300
>>> From: Carlos Palombini <cpalombini em gmail.com>
>>> To: ANPPOM <anppom-l em iar.unicamp.br>
>>> Subject: Re: [ANPPOM-Lista] novo artigo sobre a vaia contra Andre
>>>         mehmari
>>> Message-ID:
>>>         
>>> <**CAJWibmGeLLr9obBbv0xdJKUZ76Csf**N=7V7VUN98HBVTr7cREgw em mail.**
>>> gmail.com <7V7VUN98HBVTr7cREgw em mail.gmail.com>>
>>> Content-Type: text/plain; charset="windows-1252"
>>>
>>> Este trecho aqui é uma joia:
>>>
>>> Vejamos: primeiramente, Nazareth não é dodecafônico, Nazareth 
>>> não foi um
>>>
>>>> alienígena de difícil compreensão, ou um compositor nascido na 
>>>> Monróvia.
>>>> Nazareth retirou o material de sua criação da música do povo 
>>>> brasileiro,
>>>> das ruas, do choro, das valsas, do ambiente musical popular de sua 
>>>> época.
>>>> Sendo assim, a aberração está não em mostrar Nazareth ao povo, 
>>>> mas no
>>>> fato
>>>> desse mesmo povo não ser capaz ? não de ?compreender? ? mas de 
>>>> se
>>>> reconhecer minimamente em uma obra que se baseia na raiz de sua 
>>>> própria
>>>> forma de expressão, a ponto de recusá-la com veemência. Se há 
>>>> algo de
>>>> errado nesse enredo, o erro é esse! E, evidentemente a 
>>>> responsabilidade
>>>> disso não está nas crianças! Algo tem que ter ocorrido no 
>>>> percurso de
>>>> tempo
>>>> de Nazareth até hoje, para fazer com que uma música  que tenha 
>>>> vindo tão
>>>> profundamente do povo não seja reconhecida por esse próprio povo 
>>>> como
>>>> parte
>>>> de sua simbologia.
>>>>
>>>>
>>> Ao fim e ao cabo, é o mesmo lero-lero: oferecer aos ignaros algo 
>>> melhor
>>> que
>>> a lama em que chafurdam, algo de que necessitariam, se ao menos 
>>> pudessem
>>> entender isso. Para corigi-lo, que o governo nos dê mais um 
>>> dinheirinho.
>>>
>>> "Colocar a semente de Nazareth no coração desses jovens..." Ave 
>>> Maria
>>> cheia
>>> de graça!
>>>
>>> "Jovens oriundos de um ambiente socialmente degradado, tocando 
>>> Stravinsky
>>> como gente grande na Sala São Paulo..."
>>>
>>> AD MAJOREM DEI GLORIAM INQUE HOMINUM SALUTEM
>>>
>>> Abraço,
>>>
>>> Carlos
>>>
>>> 2013/5/28 Ale Fenerich <fenerich em gmail.com>
>>>
>>>
>>> http://www.advivo.com.br/blog/**luisnassif/plateia-infantil-**
>>> 
>>> hostiliza-musico-andre-mehmari<http://www.advivo.com.br/blog/luisnassif/plateia-infantil-hostiliza-musico-andre-mehmari>
>>>
>>>>
>>>> mais um artigo do episodio de Andre Mehmari
>>>>
>>>>
>>> --
>>> carlos palombini
>>> pesquisador visitante, centro de letras e artes, unirio
>>> 
>>> ufmg.academia.edu/**CarlosPalombini<http://ufmg.academia.edu/CarlosPalombini>
>>> proibidao.org
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>>>
>>> <http://iar.unicamp.br/**pipermail/anppom-l/**
>>> 
>>> attachments/20130529/55a2a08d/**attachment.htm<http://iar.unicamp.br/pipermail/anppom-l/attachments/20130529/55a2a08d/attachment.htm>
>>> >
>>>
>>> ------------------------------
>>>
>>> Message: 4
>>> Date: Wed, 29 May 2013 12:14:55 -0300
>>> From: Estevão Moreira <estevaomoreira em gmail.com>
>>> To: Daniel Lemos <dal_lemos em yahoo.com.br>
>>> Cc: anppom-l em iar.unicamp.br
>>> Subject: Re: [ANPPOM-Lista] Fim da Prova de Habilidade Específica 
>>> em
>>>         Música
>>> Message-ID:
>>>         <CAJ_-KaqwSFe=+**xMKqBwmgkD6MrGCHnyn=3EU6sQVH5P**
>>> 74FaBPQ em mail.gmail.com <3EU6sQVH5P74FaBPQ em mail.gmail.com>>
>>> Content-Type: text/plain; charset="iso-8859-1"
>>>
>>> Caros,
>>>
>>> Se nossa área de pesquisa situa-se, a título de categorização, 
>>> dentro da
>>> linguística, convém ampliar o q se quer chamar de campo de estudo 
>>> da
>>> música. Ademais, a própria ideia de linguagem, sobre a qual se 
>>> aportam e
>>> se
>>> apertam muitas teorias, práticas e querelas sobre a noção de 
>>> "linguagem
>>> musical", são alheias ao campo estrito da música, tem sua origem 
>>> nas
>>> ciências sociais.
>>>
>>> Isso certamente não seria um problema se houvesse consenso no uso
>>> corriqueiro de termos tão polêmicos e polissêmicos. Afinal de 
>>> contas, um
>>> dos requisitos da pesquisa científica é comunicabilidade e 
>>> objetividade.
>>>
>>> Estevão
>>>
>>> Enviado do tel
>>> Em 29/05/2013 00:51, "Daniel Lemos" <dal_lemos em yahoo.com.br> 
>>> escreveu:
>>>
>>>
>>>> Mas o que seria a Musicologia sem um musicólogo capaz de ler 
>>>> partituras,
>>>> conhecer o repertório, técnicas de composição, análise 
>>>> musical e situar a
>>>> importância de seu trabalho em meio à produção musical? Um 
>>>> antropólogo,
>>>> um
>>>> sociólogo ou um historiador seriam capazes de fazer esse tipo de
>>>> trabalho?
>>>>
>>>>
>>>> Daniel Lemos Cerqueira
>>>>
>>>> http://musica.ufma.br <http://musica.ufma.br>
>>>>
>>>>
>>>> --- Em *ter, 28/5/13, Didier Guigue <didierguigue em gmail.com>* 
>>>> escreveu:
>>>>
>>>>
>>>> De: Didier Guigue <didierguigue em gmail.com>
>>>> Assunto: Re: [ANPPOM-Lista] Fim da Prova de Habilidade Específica 
>>>> em
>>>> Música
>>>> Para: "Daniel Lemos" <dal_lemos em yahoo.com.br>
>>>> Cc: "ANPPOM" <anppom-l em iar.unicamp.br>
>>>> Data: Terça-feira, 28 de Maio de 2013, 11:35
>>>>
>>>>
>>>> Mas o que seria "musicologia", lato sensu [estudos sobre música], 
>>>> senão
>>>> um
>>>> ramo das ciências humanas?
>>>>
>>>> Em 27 de maio de 2013 01:53, Daniel Lemos 
>>>> <dal_lemos em yahoo.com.br<http:/
>>>> 
>>>> **/mc/compose?to=dal_lemos@**yahoo.com.br<http://mc/compose?to=dal_lemos@yahoo.com.br>
>>>> >
>>>> > escreveu:
>>>>
>>>>
>>>> Prezado Luciano,
>>>>
>>>> Bravíssimo! Excelente colocação. Destaco uma frase de seu 
>>>> discurso:
>>>>
>>>> *"Para perspectivas interdisciplinares sem exigência de 
>>>> habilidades
>>>> específicas, estão aí as áreas de ciências humanas."*
>>>>
>>>>
>>>>
>>>> ______________________________**__________________
>>>> Lista de discussões ANPPOM
>>>> 
>>>> http://iar.unicamp.br/mailman/**listinfo/anppom-l<http://iar.unicamp.br/mailman/listinfo/anppom-l>
>>>> ______________________________**__________________
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>>> 
>>> attachments/20130529/64f785a6/**attachment.htm<http://iar.unicamp.br/pipermail/anppom-l/attachments/20130529/64f785a6/attachment.htm>
>>> >
>>>
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>>> Anppom-L em iar.unicamp.br
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>>> http://iar.unicamp.br/mailman/**listinfo/anppom-l<http://iar.unicamp.br/mailman/listinfo/anppom-l>
>>>
>>>
>>> Fim da Digest Anppom-L, volume 97, assunto 31
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>> Lista de discussões ANPPOM
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>
>
> --
> Climério de Oliveira Santos
>
> (81) 9945-9434
> (21) 8001-6586
>
> Aguardo sua resposta.
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> Anppom-L em iar.unicamp.br
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>
> Fim da Digest Anppom-L, volume 97, assunto 36
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