[ANPPOM-Lista] RES: RILM - Academia Brasileira de Música

Jose Augusto Mannis jamannis em uol.com.br
Sáb Abr 25 13:53:30 BRT 2015


Senhoras, Senhores,

 

Entendo que a RILM sobrevive somente com a contribuição de seus membros e de seus serviços.

 

Não tenho em mente que seja uma entidade com fins lucrativos. 

 

Se isso efetivamente se verifica, qual a justificativa que apresentaríamos para reivindicar junto aos demais membros a especial isenção brasileira? Nesse caso os demais países participantes estariam assumindo a parte das despesas que caberiam ao Brasil.

 

Não seria o caso talvez de pleitear a participação do Estado nessas despesas uma vez que são de interesse de toda a comunidade brasileira especializada? A CAPES não paga para termos acesso a Periodicos e Dicionarios de editoras comerciais?

Não poderia intervir neste caso?

 

Creio que a retirada quase que em tom de protesto soe efetivamente, no silêncio e nas entrelinhas das respostas dos demais membros, como brados de gestores rebeldes isolados do grupo internacional. Mais uma vez caminhando rumo a uma ilha.

 

Pequenos descuidos acumulados vão escrevendo nossa história, infelizmente.

 

A Camerata Aberta em São Paulo acabou de ser extinta e a ELM enxugada pelo Governo do Estado.

 

São pequenas ações que acabam convergindo.

 

E a responsabilidade disso tudo é nossa por que deixamos isso acontecer.

 

E estamos deixando os erros se repetirem.

 

É isso o que queremos?

 

Mannis

 

 

 

De: Anppom-L [mailto:anppom-l-bounces em iar.unicamp.br] Em nome de Beatriz Magalhães Castro
Enviada em: sexta-feira, 24 de abril de 2015 13:54
Para: anppom-l em iar.unicamp.br
Assunto: Re: [ANPPOM-Lista] RILM - Academia Brasileira de Música

 

Prezados colegas,

 

A respeito do questionamento levantado pela ABM, na condição de representante RILM, esclareço que os dados informados por determinado país RETORNAM SEM CUSTOS aos países de origem, mas já tratados (o que inclui revisão, normalização de palavras-chave e indexação temática, resumos e títulos em inglês, e demais aspectos que permitam eficiente recuperação da informação ao nível internacional), podendo reverterem-se em bases nacionais (vide mensagem do RILM abaixo). Os países, quando pagam, assim o fazem para terem acesso aos dados de OUTROS PAÍSES (e não aos seus próprios dados).

 

Dito isso, gostaria de esclarecer alguns outros pontos, que a oportunidade me permite, já me desculpando por alongar a missiva. 

 

Incluímos abaixo mensagem recíproca que nos foi comunicada por Barbara Dobbs MacKenzie - Editora-Chefe do RILM, que pode auxiliar na compreensão dos processos de atualização de grupos nacionais e da colaboração entre a ABM e o RILM.

 

SOBRE O RILM E PAÍSES COLABORADORES

 

1. O RILM constitui rede de pesquisadores e profissionais em ciência da informação, especializados em Música, em 48 países dos quais 7 países ibero-americanos (Brasil, Cuba, Espanha, Guatemala, México, Portugal e Venezuela). Disponível em: http://www.rilm.org/globalNetwork/index.php

 

2. Os 48 países que colaboram neste projeto o fazem de forma idêntica, com custos operacionais abrigados sob custódia de instituições de ensino e pesquisa locais (inclusive Bibliotecas Nacionais como o Departamento de Música da BN de Paris, grupos locais/regionais, entre outros). Nenhum membro/colaborador recebe remuneração para realizar tais atividades.

 

3. A base possui cerca de 2 milhões de buscas POR SEMANA devido à sua abrangência e adesão internacional como ferramenta de busca bibliográfica especializada em Música.

 

4. Dispõe ainda de indexação de periódicos nacionais, denominados CORE JOURNALS - inclusive já tendo sido utilizado pela área Música no Brasil, em cumprimento a exigências da CAPES para o QUALIS, pela então ausência de periódico brasileiro indexado nas bases SCIELO, Latindex, etc.

 

SOBRE O RILM-BRASIL

 

5. O RILM-Brasil possui raízes indeléveis no histórico e trajetória de duas personalidades fundamentais: Mercedes Reis Pequeno e Luiz Heitor Correa de Azevedo, que juntos introduziram, a partir da década de 50, conceitos assimilados ao que hoje denominamos o campo da gestão e tratamento da informação em música. Luiz Heitor, entre outros, foi responsável pela primeira bibliografia musical brasileira (Bibliografia Musical Brasileira (1820-1950), com a colaboração de Cleofe Person de Matos e Mercedes Reis Pequeno, Instituto Nacional do Livro, 1952, 254 páginas). Mercedes Reis Pequeno, enquanto chefe da Divisão de Música da Biblioteca Nacional, não só colaborou com Luiz Heitor e foi responsável pela expansão do segundo volume da BMB (1999), mas também utilizou e informou dados para as bases do RISM (fontes musicais) e RIdIM (iconografia musical) a partir do conjunto documental da DIMAS/Biblioteca Nacional, além de ter exercido por 3 vezes a vice-presidência da Associação Internacional de Bibliotecas, Arquivos e Centros de Documentação em Música AIBM/IAML – disponível em: http://www.iaml.info/en/node/486. Portanto, até onde tenho  conhecimento, a participação da Academia Brasileira de Música, enquanto Comitê RILM-Brasil, foi desenvolvida neste âmbito e nestes mesmos termos de colaboração com o RILM, configurando suas ações em projetos complementares, exportando-se de uma base à outra, ou mesmo, a inserção dos mesmos dados em ambas as bases. 

 

6. Em 2013, o RILM iniciou reformulação de seus grupos nacionais buscando participação ampliada e inclusão irrestrita de dados da produção intelectual brasileira cujo objeto seja a música. O que inclui desde as produções dos PPGs-Música brasileiros, como também aqueles produzidos em outros programas, modalidades e níveis. Não há assim crivo apriorístico (i.e., "gatekeeping") a não ser aquele desenvolvido pelas exigências do próprio pesquisador e dos seus pares nos processos inerentes à práxis acadêmica.

 

7. O volume de trabalho mapeado pelo grupo RILM-Brasil visa hoje priorizar as produções cujas lacunas sejam maiores na base, quais sejam, teses e dissertações, anais de eventos e monografias. Para termos uma ideia, na Universidade de Brasília somam-se mais de 200 trabalhos defendidos em música (dos quais 57 dissertações defendidas no PPGMUS). Se estabelecermos uma média de 200-300 trabalhos defendidos por universidade brasileira com PPGMUS instalado, teremos um universo de 2800-4200 teses e dissertações dos quais nem 5% fazem parte hoje da base RILM. Portanto, não são conhecidos nem acessados internacionalmente.

 

8. Em relação aos CORE JOURNALS propusemos adotar o QUALIS CAPES como parâmetro, incluindo todos os periódicos avaliados com qualificação A (A1 e A2) a B (B1, B2, B3, B4 e B5), permanecendo consoantes às avaliações feitas pela própria área, evitando não só a duplicidade de ações mas também a ambiguidade de critérios.

 

Entendemos que a iniciativa beneficia a área e portanto deve ser discutida e moldada de acordo com as práticas acadêmicas e interesses brasileiros na ampliação da disseminação do conhecimento desenvolvido no Brasil, que tem hoje com meta a sua internacionalização - e, portanto, do seu reconhecimento.

 

Lembramos que o acesso a bibliotecas digitais constitui hoje forma democrática e eficaz, pelas dimensões geográficas brasileiras, de acesso ao conhecimento, e o IBICT é responsável pela instalação de diversas iniciativas (estrangeiras) em Open Source (SEER, D-Space, repositórios institucionais, BDTD, etc). Contudo, há métodos e investimentos consolidados internacionalmente como o JSTOR, Oxford Music Online, RILM, PROQUEST, EBSCO, para os quais o país ainda não desenvolve ações no mesmo nível e abrangência. Consequentemente, a prática de aquisições de bases digitais é consolidada em qualquer área bastando um breve passeio pelo Portal de Periódicos CAPES. 

 

De qualquer modo, teremos que encontrar formas para enfrentar o problema e que sejam evidentemente colaborativas, pois não será jamais tarefa de poucos, mas investimento de muitos no desenvolvimento de iniciativas que dialoguem ao nível internacional e promovam a disseminação do conhecimento produzido no país. 

 

Poderá auxiliar o papel relevante que a AIBM/IAML-Brasil (seção brasileira da Associação Internacional de Bibliotecas, Arquivos e Centros de Documentação em Música AIBM/IAML, recém-aprovada na Assembleia Geral na Antuérpia julho 2014 – e disponível em: http://www.iaml.info/en/organization/national_branches) tem no sentido de fomentar em nosso país iniciativas diversas, inclusive os Rs e o RILM, especialmente para viabilizar ações no próximo Congresso da ANPPOM. Estamos assim à disposição para oferecer minicursos e workshops nesta temática (i.e., formas de uso; abrangência; importância de participação dos núcleos de pesquisa) inclusive em função da crescente demanda por sistematização de arquivos de pesquisadores,  muitos destes oriundos de pesquisa de campo que hoje não foram organizados, tratados e muito menos disponibilizados para a área por falta de apoio e ação especializada.

 

Portanto, deve ser entendida primordialmente enquanto área estratégica para a pesquisa brasileira em música. Nos colocamos assim à disposição para prestar outros esclarecimentos, como integrar outros interessados em participar da iniciativa.

 

Buscando sempre aprofundar esta discussão, 

 

Cordialmente,

 

Beatriz Magalhães Castro

 

--

Professor Associado III
Universidade de Brasília
Coordenador, Programa de Pós-graduação Música em Contexto (UnB)
Presidente, IAML-Brasil
Coordinator, RISM / RILM-Brasil & RIdIM-DF
​Membro Comitê Gestor, Associação Brasileira de Musicologia​ (ABMUS)

 

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Dear Mr. Andre Cardoso,

 

Thank you for your email, and for letting us know officially that ABM is no longer interested in collaborating with RILM. 

 

You have expressed some issues in your email that prompt a brief reply. As you know, since the days of the close cooperation between Mercedes Reis Pequeno and RILM, Ricardo Tacuchian was chair of the committee, and communications with him also were very positive, though fewer records came from ABM during this time. Ricardo never expressed the concerns you outline below, including a perception of lack of "reciprocity", and certainly never mentioned that concerns of this type led to stalled collaboration. Just so you know, committee members in Brazil always could have free access to RILM for themselves, and several did, at Ricardo's request. But institutions, indeed, do have to pay for access to RILM, because RILM does not receive state funding as ABM does. Nevertheless, the value to Brazilian scholars is that the RILM database is widely searched around the world (these days it is searched 2.2 million times every week), and the detailed indexing our editors add to every record means that music scholarship published in Brazil (and all other countries) is far easier to discover by scholars worldwide through inclusion in RILM. This is what RILM offers back to those whose works are included, and why many countries around the world are strong partners in RILM. 

 

Regarding proposals from Maria Alice that you mention below, if the request was free access for Brazil, indeed that is not possible for RILM given our structure. If there were any other proposals, I am unaware of them.

 

I think it is a wonderful thing for scholars and students in Brazil to have access to the Bibliografia Musical Brasileira for free, and send you all my best wishes for ongoing success and strength for that project. Many countries offer their own national bibliographies for free, and it is a great and worthy service. RILM is a different kind of organization and service, as you know, and the two do not have to be mutually exclusive. RILM will carry on with the cooperation of others in Brazil, and through that, we will do our best to continue to represent the published works of Brazilian scholars. We will be glad to consider new collaboration with ABM if interest there is ever renewed.

 

In the meantime, I send you cordial good wishes for every success in the future.

 

Sincerely,

Barbara Dobbs Mackenzie

 

Barbara Dobbs Mackenzie

Editor-in-Chief, Répertoire International de Littérature Musicale (RILM)

Director, Barry S. Brook Center for Music Research and Documentation

President, International Association of Music Libraries, Archives, and Documentation Centres (IAML)

The Graduate Center of The City University of New York

365 Fifth Avenue  •  New York, NY 10016

T: 212.817.1991 •   BMackenzie em rilm.org <mailto:BMackenzie em rilm.org> 

www.rilm.org <http://www.rilm.org/>   •  brookcenter.gc.cuny.edu <http://brookcenter.gc.cuny.edu/> 

www.iaml.info <http://www.iaml.info/> 

 

***

Prezado Sr. André Cardoso,

 

Obrigada pelo seu e-mail, e por nos informar oficialmente que a ABM não está mais interessada ​​em colaborar com RILM.

 

O senhor expressou alguns problemas no seu email que necessitam uma breve resposta. Como o senhor sabe, durante os dias da estreita colaboração entre Mercedes Reis Pequeno e RILM, Ricardo Tacuchian foi presidente da comissão do RILM no Brasil, e as comunicações com ele sempre foram muito positivas, embora tenha havido uma redução na quantidade de material enviado pela ABM durante este tempo. Ricardo nunca expressou as preocupações que o senhor detalha em seu email, incluindo a percepção de falta de "reciprocidade", e certamente nunca mencionou que preocupações deste tipo tivessem levado a uma paralização da colaboração com RILM. Os membros da comissão do RILM no Brasil sempre puderam ter acesso gratuito ao RILM, e vários deles fizeram uso constante do nosso banco de dados. Entretanto, é imprescindível que RILM cobre pelo acesso de outras instituições ao nosso banco de dados, porque RILM não recebe financiamento do Estado como é o caso da ABM. No entanto, o valor para acadêmicos brasileiros é que o banco de dados do RILM é amplamente utilizado em todo o mundo (atualmente, RILM é usado 2,2 milhões de vezes a cada semana), e a indexação detalhada que nossos editores preparam para cada registro significa que o trabalho dos musicólogos brasileiros (como é o caso de outros países que colaboram com RILM) tenha uma penetração internacional e seja descoberto e conhecido por estudiosos em todo o mundo exatamente devido à inclusão no RILM. Isto é o que o RILM oferece como reciprocidade e reconhecimento pelo trabalho de nossas várias comissões em todo o mundo, que por tantos anos têm sido parceiros estáveis do RILM.

 

Quanto às propostas de Maria Alice que o senhor menciona, se estas se referem ao pedido de acesso gratuito para o Brasil, isso realmente não é possível para o RILM. Se houve quaisquer outras propostas, não tenho conhecimento delas.

 

Sem dúvida, é algo excelente para acadêmicos e estudantes no Brasil terem acesso gratuito à Bibliografia Musical Brasileira, e envio-lhe meus melhores votos para o sucesso contínuo desse projeto. Muitos países oferecem suas próprias bibliografias nacionais de graça, e isto é um grande e digno serviço. RILM é um tipo diferente de organização, como o senhor sabe, e estes dois tipos de organização não têm que ser mutuamente exclusivos. RILM vai continuar com a cooperação dos outros membros da comissão no Brasil, e através disso, vamos fazer o melhor para continuar a representar os trabalhos dos musicólogos brasileiros em nossa plataforma internacional. Teremos o maior prazer de renovar nossa colaboração com a ABM, se isso for algo desejável no futuro.

 

Nesse meio tempo, eu lhe envio cordiais votos de todo sucesso.

 

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2015-04-23 23:40 GMT-03:00 Diósnio Machado Neto <diosnio em gmail.com <mailto:diosnio em gmail.com> >:

Caros colegas,

Considero a participação brasileira nos depositórios R importante. Ela integra ao mesmo tempo que divulga. No entanto, não posso deixar de manifestar que não é possível não termos uma contrapartida em forma de livre acesso quando os dados se referem a nossa própria produção. Nesse sentido solidarizo com o problema levantado na ABM.

Acredito que é necessário esclarecer determinados pontos, e, ademais, buscar soluções para que possamos cada dia mais nos integrar nestes sistemas-mundo, mas garantir acesso ao que não só trabalhamos para montar, mas ao patrimônio que nos diz respeito.

Sem mais,

Diósnio Neto


Em quarta-feira, 22 de abril de 2015, Profa. Dra. Maria Alice Volpe <volpe em musica.ufrj.br <mailto:volpe em musica.ufrj.br> > escreveu:

Caros colegas da ANPPOM,

Encaminho mensagem da Academia Brasileira de Música, cujo assunto é de interesse público e, especialmente, de nossa comunidade.

O arquivo anexo contém a exposição de motivos.

Abraço a todos,

Maria Alice

 

Maria Alice Volpe

Academia Brasileira de Música

Projeto Bibliografia Musical Brasileira, Coordenadora

 

 

 

---------- Mensagem encaminhada ----------
De: Andre Cardoso <andrecardoso em musica.ufrj.br <mailto:andrecardoso em musica.ufrj.br> >
Data: 22 de abril de 2015 23:27
Assunto: RILM - Academia Brasileira de Música



Caros colegas

Cumprimentando a todos cordialmente encaminho cópia traduzida da mensagem enviada à Dra. Bárbara Mackenzie, onde comunico o desligamento oficial da Academia Brasileira de Música do projeto RILM. Os motivos de tal decisão seguem expostos no documento anexado.

Muito atenciosamente

André Cardoso

Presidente da Academia Brasileira de Música

Diretor da Escola de Música da Universidade Federal do Rio de Janeiro 

 

 

 

 

 

-- 
Diósnio Machado Neto

História da Música e Música Brasileira

Departamento de Música - FFCLRP/USP



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-- 

Profa. Dra. Beatriz Magalhães Castro
Professor Associado III
Universidade de Brasília
Coordenador, Programa de Pós-graduação Música em Contexto
Tutor, Grupo PET-Música em Etnografia
 ​ ​

Presidente, IAML-Brasil
Coordinator, RISM / RILM-Brasil & RIdIM-DF
​Membro Comitê Gestor, Associação Brasileira de Musicologia​ (ABMUS)

tel: (61)9817-6373 <tel:%2861%299817-6373> 
e-mail: bmagalhaescastro em gmail,.com <mailto:bmagalhaescastro em gmail,.com> 
Para acessar o CV LATTES: http://lattes.cnpq.br/1300185668660798 

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