[ANPPOM-Lista] currais (off topic)

Carlos Palombini cpalombini em gmail.com
Ter Abr 26 09:10:39 BRT 2016


 24/04/2016 00:02:36
João Batista Damasceno: Sincera homenagem parlamentarHá profunda
sinceridade em cada voto que remontou às famílias ou ao reduto eleitoral de
cada um. O poder no Brasil repousa no mando local e nas famílias
*O Dia*

Rio - A sessão da Câmara na qual se votou autorização para que o Senado
instaure processo de impeachment da presidente Dilma causou estranheza a
quem a assistiu. Apenas dois parlamentares tocaram no fato indevidamente
imputado à presidente. Os fundamentos ou dedicação dos votos foram
relacionados a Deus, ao curral eleitoral ou aos familiares.

Analistas formados em universidades estadunidenses, ou sob influência de
suas escolas, disseram que o Parlamento brasileiro não é aquilo que foi
visto, que no dia a dia os deputados são melhores, que é ano eleitoral e
por isso ele estão de olho nos respectivos currais eleitorais e que o
funcionamento do Congresso se dá sob a articulação dos líderes, mais bem
preparados. Mas, há profunda sinceridade em cada voto que remontou às
famílias ou ao reduto eleitoral de cada um. O poder no Brasil repousa no
mando local e nas famílias.

Os intérpretes do Brasil real, que buscaram explicar o funcionamento de
nossas instituições, falaram da prevalência do poder local e mando pessoal,
que — por vezes — se articula com o poder central. Mas, também se
desarticula. É no âmbito local, berço do caciquismo e do nepotismo, que
repousa o exercício do poder no Brasil. Na periferia ou no interior, ao
poderoso local, pouco importa a existência de Brasília, salvo para mandar
verbas a serem consumidas com a parentela.

Um único deputado deu nome ao seu compromisso com o poder local de onde é
originário e falou em municipalismo. Já em 1939, Nestor Duarte publicou ‘A
Ordem Privada e a Organização Política Nacional’ e em 1948 Vitor Nunes Leal
publicou ‘Coronelismo, Enxada e Voto’ onde analisaram o poder local. Em
1949, Oliveira Vianna publicou ‘Instituições Políticas Brasileiras’, em
1958, Raimundo Faoro publicou ‘Os donos do poder’ e entre 1956 e 1957,
Maria Isaura Pereira de Queiroz publicou ‘O Mandonismo Local na Vida
Política Brasileira’.

Destas leituras resultam que, se o poder central quiser apoio, tem que
pagar, sob pena de, com ressentimento, o poder local lhe impor impeachment.
Em tempo de crise não há como comprar apoio. Que o digam os depostos em
tempo de crise D. Pedro I, em 1831, e Floriano Peixoto, em 1894. Se o poder
central não pode pagar, o capital internacional compra a tropa mercenária.

*João Batista Damasceno é cientista político e juiz de Direito*

-- 
carlos palombini, ph.d. (dunelm)
professor de musicologia ufmg
professor colaborador ppgm-unirio
www.proibidao.org
ufmg.academia.edu/CarlosPalombini <http://goo.gl/KMV98I>
www.researchgate.net/profile/Carlos_Palombini2
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