[ANPPOM-Lista] Suzana Herculano-Houzel na BBC Brasil

Carlos Palombini cpalombini em gmail.com
Dom Jun 5 17:39:17 BRT 2016


Sobre os que admitem a discussão e os que a não admitem, há um interessante
paralelo no artigo de Gabriel Cohn, professor emérito de filosofia da USP,
"O sono da política produz monstros", publicado no *Le Monde Diplomatique*,
http://goo.gl/7MGiEk:

Todos esses marcos históricos apontam para a mesma composição: direitos em
> expansão e avanços na base da sociedade, a mescla por excelência para gerar
> insegurança e temor naquelas camadas da sociedade que se sentem muito
> próximas aos contingentes que avançam e temem ser engolfadas por eles,
> junto com rancor crescente naquelas que se imaginam longe, mas são
> obrigadas a tomar conhecimento daquilo que sempre foi invisível (e,
> portanto, indiferente) para elas, os de baixo que se comportam como se não
> o fossem. Isso tudo marcado por uma ambiguidade com alto poder destrutivo.
> É que os contingentes beneficiados pelas políticas da era Lula não têm por
> que serem intrinsecamente democráticos, mesmo quando gratos ao
> ex-presidente pela abertura que propiciou. Eles compartilham a
> característica de todos os grupos historicamente em ascensão, que é a
> vigilância contra qualquer ameaça de paralisia ou retrocesso em seu avanço,
> sem que isso envolva necessariamente o empenho em universalizá-lo. E é essa
> última preocupação que define o cerne da posição democrática. A esse
> respeito, aliás, um dado interessante foi revelado na edição do dia 9 de
> março do jornal *Folha de S.Paulo*, a respeito da distribuição de apoio
> às manifestações a favor e contra o impeachment. As respostas afirmativas à
> pergunta sobre o direito de ir às ruas foram em número significativamente
> maior quando se tratava de manifestação pelo impeachment do que contrária a
> ele. Não cabe a resposta de que, em amostragem representativa, isso reflita
> marcada maioria de um grupo sobre outro, até porque a pergunta incidia
> sobre direito à manifestação, e não diretamente sobre a posição dos
> entrevistados. É muito mais plausível concluir que a diferença se deve a
> que a maioria de um dos grupos (contra o governo) reservava para si esse
> direito, enquanto a maioria do outro (contra o impeachment) o concedia a
> ambos. Isso toca no ponto: a questão da democracia passa pela extensão da
> capacidade de universalizar direitos e demandas. Se esse for o caso, o
> episódio narrado anteriormente serve como indicador de que impulsos
> democráticos existem, sim, na sociedade, mas em condições de difícil
> efetivação.
>

Não sei se fui claro.

E para terminar, "Fora Temer" (e fora o sono também).

Abraços,

-- 
carlos palombini, ph.d. (dunelm)
professor de musicologia ufmg
professor colaborador ppgm-unirio
www.proibidao.org
ufmg.academia.edu/CarlosPalombini <http://goo.gl/KMV98I>
www.researchgate.net/profile/Carlos_Palombini2
scholar.google.com.br/citations?user=YLmXN7AAAAAJ
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