[ANPPOM-Lista] MUSICOLOGIA DA VOZ - PROGRAMA - II Jornada do Grupo de Pesquisa “Novas Musicologias”

Profa. Dra. Maria Alice Volpe volpe em musica.ufrj.br
Qui Jun 8 14:22:16 BRT 2017


*II Jornada do Grupo de Pesquisa “Novas Musicologias”*

*Musicologia da Voz*


Heliana Farah

Anita Posateri

Maria Alice Volpe (orgs.)


Universidade Federal do Rio de Janeiro, Escola de Música, Departamento de
Musicologia e Educação Musical, Programa de Pós-graduação em Música


9 Junho 2017


*PROGRAMA E RESUMOS*



*Manhã – Sala 2105*



8:30 h. Abertura e Pronunciamentos

9:00 – 10:00 h. *VICTOR EMMANUEL TEIXEIRA MENDES ABALADA *(UERJ)

*“E versi melanconici un trovator cantò”: O mito da “voz verdiana” e a
pluralidade interpretativa em gravações de **Il Trovatore*

O trabalho busca problematizar, através da análise contextualizada de
registros sonoros, o respeito à partitura, variantes textuais, escolhas e
práticas interpretativas e a(s) tradição(ões) interpretativa(s) do século
XIX, sua permanência, recriação ou abandono. A escolha da ópera
*Il Trovatore*, de Giuseppe Verdi, como objeto de tal análise, se deve por
sua centralidade tanto no cânone verdiano, conjugando elementos
estilísticos diversos, quanto no repertório operístico geral, tendo se
mantido um dos baluartes do repertório tradicional italiano de sua estreia
aos dias atuais, em trajetória cuja projeção é igualmente refletida na
história do registro sonoro. Desta maneira, busca-se entender a obra a
partir de suas diversas abordagens e contextos de recepção, visando, assim,
desconstruir uma série de mitos criados em relação a Verdi, sua escrita e o
tipo de voz a que se destina, questionando-se até que ponto haveria
(apenas) uma voz verdiana. Nesse processo, é ressaltado o papel do registro
gravado como fonte de pesquisa e acesso a diferentes práticas
interpretativas, estéticas e estilos vocais, bem como, ao mesmo tempo,
agente ativo na própria padronização desses mesmos elementos, como apontam
J. B. Steane e Daniel Leech-Wilkinson.



10:00 – 11:00 h. *DANIEL SALGADO DA LUZ* (UFRJ)

*Hermenêutica do fonograma: uma visão crítica do registro gravado enquanto
texto para análise estética da voz lírica*

O trabalho tem como intuito explorar as possibilidades comunicativas entre
o registro gravado e o ouvinte, no que circunscreve as práticas
interpretativas do canto operístico e tradições orais que tangem a
performance de ópera. A reflexão hermenêutica do século XX – cujas notáveis
proposições sobre a interpretação da obra de arte enquanto fenômeno
fruidor, em autores como Hans Georg Gadamer, Wolfgang Iser, Hans Robert
Jauss da estética da recepção e da semiótica de Umberto Eco – torna-se
ferramenta para compreender os limites da gravação como texto informativo.
O disco enquanto fenômeno linguístico, objeto transmissor de um
significante, cuja base da fruição é a matéria sonora – a interação é via
escuta – permite que autores como J. B. Steane, Michael Scott e Rodolfo
Celletti ponham a gravação como registro “*par excellence*” das práticas e
tradições do canto lírico. A escolha da reflexão do disco como objeto
artístico para a fruição estética tem como objetivo promover o debate sobre
as possibilidades deste em reproduzir o fenômeno da performance da ópera.
Por fim, a forma fixa de reprodução do som tem impacto na construção do
discurso histórico da música, ressaltando a importância de acervos e
coleções fonográficas. Gravações transmitidas nas salas de espetáculo
permitem a análise dos estilos de canto e tradições que circulavam nos
palcos líricos, como é o caso da hegemonia do estilo italiano, representado
entre muitos ouros interpretes pelo tenor Beniamino Gigli, no Theatro
Municipal do Rio de Janeiro, cujos vários espetáculos foram transmitidos e
guardados pela Rádio MEC nos anos de 1947 e 1951.



11:00 – 12:00 h. *HELIANA FARAH* (UFRJ)

*Metáforas e terminologia vocal: hipóteses para uma leitura crítica*

Com base nos tratados, biografias, críticas e documentos de época que
tratam da voz humana, este trabalho propõe criar hipóteses para fazer
sentido sobre as características vocais fugidias a que se referem metáforas
tão diversas e terminologia tão pouco precisa e instável. Percorrerá a
importância de analisar as possibilidades fisiológicas para explicar os
diversos fenômenos e se possível, a verificação através de documentação
fonográfica de época.



12:00 – 13:00h. *ANITA POSATERI *(Universitá di Bologna)

*Os meandros do processo de pesquisa e análise de vozes não gravadas:
problemas e perspectivas*

Este trabalho irá lidar com as problemáticas relacionadas à análise de
vozes que não deixaram gravações. Serão consideradas as dificuldades
encontradas na tentativa de fazer uma reconstrução holística da vida e da
carreira de um cantor cujas peculiaridades vocais vieram a nós somente
através de documentos escritos (crítica, cartas, artigos, etc.) sem apoio
de registro fonográfico. Na ausência de um testemunho acústico direto os
documentos de maior interesse para o estudo das possíveis hipóteses em
relação a uma voz são: o repertório presente na cronologia da carreira e a
crítica a ela relacionada e, se disponíveis, cartas que tratam do argumento
em questão. A esses testemunhos são adicionadas fontes de vários tipos que
podem ser usadas para fins de comparação e avaliação das informações. Será
examinada a classificação vocal de ontem e de hoje, já que na análise das
críticas e do repertório é crucial entender como a terminologia é usada
naquele determinado contexto e naquela época, e se existem correspondências
e/ ou diferenças com a terminologia de hoje. Adicionado a isso necessitamos
compreender como a distribuição de papéis e a classificação de vocal
associada mudou ao longo dos anos. Será desenvolvida a complexa
problemática da construção de uma hipótese para analisar uma voz que não
chegou a nós; complexa devido à falta de tanto testemunho acústico direto
quanto pela inexistência de uma metodologia de estudo adequada para
enfrentar essa falta.





*Tarde – Sala 2101*



14:00 – 15:00 h. *ANDREA ALBUQUERQUE ADOUR* (UFRJ)

*Africanias em **Festa na Bahia de Francisco Mignone*

A presença do legado africano na música brasileira é o objeto de pesquisa
do grupo AFRICANIAS UFRJ, vinculado ao PPGM da Escola de Música da UFRJ. O
grupo abarca também o Projeto Africanias que propõe a apresentação de peças
que demonstrem o legado africano na música brasileira de concerto. Além
disso, os pesquisadores do grupo estão construindo um Vocabulário bilíngue
de africanias na música brasileira, que permita aos intérpretes consultar
possibilidades de tradução, contextualização do repertório bem como melhor
escolha de pronúncia e observações a respeito da análise musical, rítmica e
prosódica da peça. O grupo de pesquisa utiliza metodologias com aportes da
Musicologia e da Etnomusicologia, visto que, os cantos com línguas
africanas que influenciam nossa música, presentes nos terreiros e festas
populares, utilizam de uma língua que não é mais falada, ou seja, nos
textos a competência simbólica é mais importante que a linguística, o que
torna necessária a utilização de entrevistas e conversas com colaboradores
dos diversos contextos pesquisados, acrescentando à visão musicológica, um
ponto de vista êmico. Nesse artigo, trataremos das africanias presentes na
canção *Festa na Bahia* para canto e piano do compositor Francisco Mignone
com poesia de Ribeiro Couto composta em 1953.



15:00 – 16:00 h. *TIAGO DE SOUZA* (UFRJ)

*A vocalidade de João Gilberto e a desleitura da obra de Caymmi*

Nessa apresentação, farei uma análise comparativa utilizando duas
interpretações da música “Rosa Morena”: uma do seu próprio autor Dorival
Caymmi (1914-2008) e outra de João Gilberto (1931-). Buscarei apontar
possibilidades para o entendimento da abordagem musical de Gilberto através
da utilização do conceito de “desleitura” e, com isso, irei apontar
questões interessantes sobre a interpretação vocal de João Gilberto além de
problematizar certos aspectos mais específicos do cenário artístico do
Brasil do final de 1950 e início de 1960.



16:00 – 17:00 h. *FREDERICO CARDIM DE PINHO FREITAS *(UFRJ)

*Voz e efeitos: Novas possibilidades na performance*

O presente artigo busca investigar novas possibilidades de performance
vocal mediadas ou não por tecnologia de áudio, que busquem estender
possibilidades de timbres além das “convencionais” técnicas vocais usadas
no mundo da música de concerto ou de técnicas na performance do mundo não
concertista como Belting, Yodel, Twang. O trabalho irá apresentar,
principalmente através das performances do californiano Make Patton,
vocalista da banda Faith no more, e criador uma série de outros projetos de
música, performances vocais que utilizam filtros eletrônicos, ou que sem
filtros criam novas timbragens, algo entre técnicas como o Growling, drive
e gutural. Esse tipo de proposta, ambientado entre ruídos (Noise)
apresentam uma nova concepção de música e performance.



17:00 – 18:00 h. *DORIANA MENDES* (UNIRIO)

*Vocalidade Contemporânea: revisando conceitos, da partitura ao palco*

A proposta da comunicação é apresentar um panorama da vocalidade
contemporânea entendida como estética e expressão vocal das novas obras
surgidas a partir da segunda metade do século XX. A partir da trajetória da
performer e professora Doriana Mendes ―que completa 20 anos de experiência
com música vocal contemporânea brasileira e internacional em 2017― teoria e
prática se unirão, na abordagem de partituras dessas novas obras, expondo a
experimentação de uma nova vocalidade. Em total sintonia com as
perspectivas abordadas pela II Jornada a exposição teórica, a partir de uma
visão musicológica, discutirá principalmente a vocalidade, a performance,
os estilos vocais, a construção da persona e a relação entre tradição e
mudança.



18:00 – 19:00 h. *HOMERO ANTONIO STRINI VELHO* (UFRJ)

*A Universidade e seu Egresso: percepção do ensino superior de música
através de seus egressos*

De que maneira os egressos do curso de bacharelado em canto da UNESP
avaliam o impacto universitário na sua trajetória profissional? Esse estudo
pretende entender como a educação superior em música age sobre as
trajetórias profissionais de seus egressos. De que maneira a universidade
realmente prepara seus alunos para a vida profissional de um cantor? De que
maneira os egressos sobrevivem em uma profissão tão pulverizada e com
poucas oportunidades de inserção profissional?






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*Grupo de Pesquisa CNPq "Novas Musicologias"*

*dgp.cnpq.br/dgp/espelhogrupo/5079825233036337*
<http://dgp.cnpq.br/dgp/espelhogrupo/5079825233036337>






*Profa. Dra. Maria Alice VolpeUniversidade Federal do Rio de JaneiroEscola
de MúsicaPrograma de Pós-graduação em Música da UFRJDepartamento de
Musicologia e Educação Musical*




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