[ANPPOM-Lista] RILM - Academia Brasileira de Música

Beatriz Magalhães Castro bmagalhaescastro em gmail.com
Sex Abr 24 13:54:01 BRT 2015


Prezados colegas,



A respeito do questionamento levantado pela ABM, na condição de
representante RILM, esclareço que os dados informados por determinado país
RETORNAM SEM CUSTOS aos países de origem, mas já tratados (o que inclui
revisão, normalização de palavras-chave e indexação temática, resumos e
títulos em inglês, e demais aspectos que permitam eficiente recuperação da
informação ao nível internacional), podendo reverterem-se em bases
nacionais (vide mensagem do RILM abaixo). Os países, quando pagam, assim o
fazem para terem acesso aos dados de OUTROS PAÍSES (e não aos seus próprios
dados).



Dito isso, gostaria de esclarecer alguns outros pontos, que a oportunidade
me permite, já me desculpando por alongar a missiva.



Incluímos abaixo mensagem recíproca que nos foi comunicada por Barbara
Dobbs MacKenzie - Editora-Chefe do RILM, que pode auxiliar na compreensão
dos processos de atualização de grupos nacionais e da colaboração entre a
ABM e o RILM.



SOBRE O RILM E PAÍSES COLABORADORES



1. O RILM constitui rede de pesquisadores e profissionais em ciência da
informação, especializados em Música, em 48 países dos quais 7 países
ibero-americanos (Brasil, Cuba, Espanha, Guatemala, México, Portugal e
Venezuela). Disponível em: http://www.rilm.org/globalNetwork/index.php



2. Os 48 países que colaboram neste projeto o fazem de forma idêntica, com
custos operacionais abrigados sob custódia de instituições de ensino e
pesquisa locais (inclusive Bibliotecas Nacionais como o Departamento de
Música da BN de Paris, grupos locais/regionais, entre outros). Nenhum
membro/colaborador recebe remuneração para realizar tais atividades.



3. A base possui cerca de 2 milhões de buscas POR SEMANA devido à sua
abrangência e adesão internacional como ferramenta de busca bibliográfica
especializada em Música.



4. Dispõe ainda de indexação de periódicos nacionais, denominados CORE
JOURNALS - inclusive já tendo sido utilizado pela área Música no Brasil, em
cumprimento a exigências da CAPES para o QUALIS, pela então ausência de
periódico brasileiro indexado nas bases SCIELO, Latindex, etc.



SOBRE O RILM-BRASIL



5. O RILM-Brasil possui raízes indeléveis no histórico e trajetória de duas
personalidades fundamentais: Mercedes Reis Pequeno e Luiz Heitor Correa de
Azevedo, que juntos introduziram, a partir da década de 50, conceitos
assimilados ao que hoje denominamos o campo da gestão e tratamento da
informação em música. Luiz Heitor, entre outros, foi responsável pela
primeira bibliografia musical brasileira (*Bibliografia Musical
Brasileira* (1820-1950),
com a colaboração de Cleofe Person de Matos e Mercedes Reis Pequeno,
Instituto Nacional do Livro, 1952, 254 páginas). Mercedes Reis Pequeno,
enquanto chefe da Divisão de Música da Biblioteca Nacional, não só
colaborou com Luiz Heitor e foi responsável pela expansão do segundo volume
da BMB (1999), mas também utilizou e informou dados para as bases do RISM
(fontes musicais) e RIdIM (iconografia musical) a partir do conjunto
documental da DIMAS/Biblioteca Nacional, além de ter exercido por 3 vezes a
vice-presidência da Associação Internacional de Bibliotecas, Arquivos e
Centros de Documentação em Música AIBM/IAML – disponível em:
http://www.iaml.info/en/node/486. Portanto, até onde tenho  conhecimento, a
participação da Academia Brasileira de Música, enquanto Comitê RILM-Brasil,
foi desenvolvida neste âmbito e nestes mesmos termos de colaboração com o
RILM, configurando suas ações em projetos complementares, exportando-se de
uma base à outra, ou mesmo, a inserção dos mesmos dados em ambas as bases.



6. Em 2013, o RILM iniciou reformulação de seus grupos nacionais buscando
participação ampliada e inclusão irrestrita de dados da produção
intelectual brasileira cujo objeto seja a música. O que inclui desde as
produções dos PPGs-Música brasileiros, como também aqueles produzidos em
outros programas, modalidades e níveis. Não há assim crivo apriorístico
(i.e., "gatekeeping") a não ser aquele desenvolvido pelas exigências do
próprio pesquisador e dos seus pares nos processos inerentes à práxis
acadêmica.



7. O volume de trabalho mapeado pelo grupo RILM-Brasil visa hoje priorizar
as produções cujas lacunas sejam maiores na base, quais sejam, teses e
dissertações, anais de eventos e monografias. Para termos uma ideia, na
Universidade de Brasília somam-se mais de 200 trabalhos defendidos em
música (dos quais 57 dissertações defendidas no PPGMUS). Se estabelecermos
uma média de 200-300 trabalhos defendidos por universidade brasileira com
PPGMUS instalado, teremos um universo de 2800-4200 teses e dissertações dos
quais nem 5% fazem parte hoje da base RILM. Portanto, não são conhecidos
nem acessados internacionalmente.



8. Em relação aos CORE JOURNALS propusemos adotar o QUALIS CAPES como
parâmetro, incluindo todos os periódicos avaliados com qualificação A (A1 e
A2) a B (B1, B2, B3, B4 e B5), permanecendo consoantes às avaliações feitas
pela própria área, evitando não só a duplicidade de ações mas também a
*ambiguidade
de critérios*.



Entendemos que a iniciativa beneficia a área e portanto deve ser discutida
e moldada de acordo com as práticas acadêmicas e interesses brasileiros na
ampliação da disseminação do conhecimento desenvolvido no Brasil, que tem
hoje com meta a sua internacionalização - e, portanto, do seu
reconhecimento.



Lembramos que o acesso a bibliotecas digitais constitui hoje forma
democrática e eficaz, pelas dimensões geográficas brasileiras, de *acesso
ao conhecimento*, e o IBICT é responsável pela instalação de diversas
iniciativas (estrangeiras) em Open Source (SEER, D-Space, repositórios
institucionais, BDTD, etc). Contudo, há métodos e investimentos
consolidados internacionalmente como o JSTOR, Oxford Music Online, RILM,
PROQUEST, EBSCO, para os quais o país ainda não desenvolve ações no mesmo
nível e abrangência. Consequentemente, a prática de aquisições de bases
digitais é consolidada em qualquer área bastando um breve passeio pelo
Portal de Periódicos CAPES.



De qualquer modo, teremos que encontrar formas para enfrentar o problema e
que sejam evidentemente colaborativas, pois não será jamais tarefa de
poucos, mas investimento de muitos no desenvolvimento de iniciativas que
dialoguem ao nível internacional e promovam a disseminação do conhecimento
produzido no país.



Poderá auxiliar o papel relevante que a AIBM/IAML-Brasil (seção brasileira
da Associação Internacional de Bibliotecas, Arquivos e Centros de
Documentação em Música AIBM/IAML, recém-aprovada na Assembleia Geral na
Antuérpia julho 2014 – e disponível em:
http://www.iaml.info/en/organization/national_branches) tem no sentido de
fomentar em nosso país iniciativas diversas, inclusive os Rs e o RILM,
especialmente para viabilizar ações no próximo Congresso da ANPPOM. Estamos
assim à disposição para oferecer minicursos e workshops nesta temática
(i.e., formas de uso; abrangência; importância de participação dos núcleos
de pesquisa) inclusive em função da crescente demanda por sistematização de
arquivos de pesquisadores,  muitos destes oriundos de pesquisa de campo que
hoje não foram organizados, tratados e muito menos disponibilizados para a
área por falta de apoio e ação especializada.



Portanto, deve ser entendida primordialmente enquanto área estratégica para
a pesquisa brasileira em música. Nos colocamos assim à disposição para
prestar outros esclarecimentos, como integrar outros interessados em
participar da iniciativa.



Buscando sempre aprofundar esta discussão,



Cordialmente,



Beatriz Magalhães Castro


--
Professor Associado III
Universidade de Brasília
Coordenador, Programa de Pós-graduação Música em Contexto (UnB)
Presidente, IAML-Brasil
Coordinator, RISM / RILM-Brasil & RIdIM-DF
​Membro Comitê Gestor, Associação Brasileira de Musicologia​ (ABMUS)


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Dear Mr. Andre Cardoso,



Thank you for your email, and for letting us know officially that ABM is no
longer interested in collaborating with RILM.



You have expressed some issues in your email that prompt a brief reply. As
you know, since the days of the close cooperation between Mercedes Reis
Pequeno and RILM, Ricardo Tacuchian was chair of the committee, and
communications with him also were very positive, though fewer records came
from ABM during this time. Ricardo never expressed the concerns you outline
below, including a perception of lack of "reciprocity", and certainly never
mentioned that concerns of this type led to stalled collaboration. Just so
you know, committee members in Brazil always could have free access to RILM
for themselves, and several did, at Ricardo's request. But institutions,
indeed, do have to pay for access to RILM, because RILM does not receive
state funding as ABM does. Nevertheless, the value to Brazilian scholars is
that the RILM database is widely searched around the world (these days it
is searched 2.2 million times every week), and the detailed indexing our
editors add to every record means that music scholarship published in
Brazil (and all other countries) is far easier to discover by scholars
worldwide through inclusion in RILM. This is what RILM offers back to those
whose works are included, and why many countries around the world are
strong partners in RILM.



Regarding proposals from Maria Alice that you mention below, if the request
was free access for Brazil, indeed that is not possible for RILM given our
structure. If there were any other proposals, I am unaware of them.



I think it is a wonderful thing for scholars and students in Brazil to have
access to the Bibliografia Musical Brasileira for free, and send you all my
best wishes for ongoing success and strength for that project. Many
countries offer their own national bibliographies for free, and it is a
great and worthy service. RILM is a different kind of organization and
service, as you know, and the two do not have to be mutually exclusive.
RILM will carry on with the cooperation of others in Brazil, and through
that, we will do our best to continue to represent the published works of
Brazilian scholars. We will be glad to consider new collaboration with ABM
if interest there is ever renewed.



In the meantime, I send you cordial good wishes for every success in the
future.



Sincerely,

Barbara Dobbs Mackenzie



*Barbara Dobbs Mackenzie*

*Editor-in-Chief, Répertoire International de Littérature Musicale (RILM)*

*Director, Barry S. Brook Center for Music Research and Documentation*

*President, International Association of Music Libraries, Archives, and
Documentation Centres (IAML)*

The Graduate Center of The City University of New York

365 Fifth Avenue  •  New York, NY 10016

T: 212.817.1991 •   BMackenzie em rilm.org

www.rilm.org  •  brookcenter.gc.cuny.edu

www.iaml.info



***

Prezado Sr. André Cardoso,



Obrigada pelo seu e-mail, e por nos informar oficialmente que a ABM não
está mais interessada ​​em colaborar com RILM.



O senhor expressou alguns problemas no seu email que necessitam uma breve
resposta. Como o senhor sabe, durante os dias da estreita colaboração entre
Mercedes Reis Pequeno e RILM, Ricardo Tacuchian foi presidente da comissão
do RILM no Brasil, e as comunicações com ele sempre foram muito positivas,
embora tenha havido uma redução na quantidade de material enviado pela ABM
durante este tempo. Ricardo nunca expressou as preocupações que o senhor
detalha em seu email, incluindo a percepção de falta de "reciprocidade", e
certamente nunca mencionou que preocupações deste tipo tivessem levado a
uma paralização da colaboração com RILM. Os membros da comissão do RILM no
Brasil sempre puderam ter acesso gratuito ao RILM, e vários deles fizeram
uso constante do nosso banco de dados. Entretanto, é imprescindível que
RILM cobre pelo acesso de outras instituições ao nosso banco de dados,
porque RILM não recebe financiamento do Estado como é o caso da ABM. No
entanto, o valor para acadêmicos brasileiros é que o banco de dados do RILM
é amplamente utilizado em todo o mundo (atualmente, RILM é usado 2,2
milhões de vezes a cada semana), e a indexação detalhada que nossos
editores preparam para cada registro significa que o trabalho dos
musicólogos brasileiros (como é o caso de outros países que colaboram com
RILM) tenha uma penetração internacional e seja descoberto e conhecido por
estudiosos em todo o mundo exatamente devido à inclusão no RILM. Isto é o
que o RILM oferece como reciprocidade e reconhecimento pelo trabalho de
nossas várias comissões em todo o mundo, que por tantos anos têm sido
parceiros estáveis do RILM.



Quanto às propostas de Maria Alice que o senhor menciona, se estas se
referem ao pedido de acesso gratuito para o Brasil, isso realmente não é
possível para o RILM. Se houve quaisquer outras propostas, não tenho
conhecimento delas.



Sem dúvida, é algo excelente para acadêmicos e estudantes no Brasil terem
acesso gratuito à Bibliografia Musical Brasileira, e envio-lhe meus
melhores votos para o sucesso contínuo desse projeto. Muitos países
oferecem suas próprias bibliografias nacionais de graça, e isto é um grande
e digno serviço. RILM é um tipo diferente de organização, como o senhor
sabe, e estes dois tipos de organização não têm que ser mutuamente
exclusivos. RILM vai continuar com a cooperação dos outros membros da
comissão no Brasil, e através disso, vamos fazer o melhor para continuar a
representar os trabalhos dos musicólogos brasileiros em nossa plataforma
internacional. Teremos o maior prazer de renovar nossa colaboração com a
ABM, se isso for algo desejável no futuro.



Nesse meio tempo, eu lhe envio cordiais votos de todo sucesso.


====================================



2015-04-23 23:40 GMT-03:00 Diósnio Machado Neto <diosnio em gmail.com>:

> Caros colegas,
> Considero a participação brasileira nos depositórios R importante. Ela
> integra ao mesmo tempo que divulga. No entanto, não posso deixar de
> manifestar que não é possível não termos uma contrapartida em forma de
> livre acesso quando os dados se referem a nossa própria produção.
> Nesse sentido solidarizo com o problema levantado na ABM.
> Acredito que é necessário esclarecer determinados pontos, e, ademais,
> buscar soluções para que possamos cada dia mais nos integrar nestes
> sistemas-mundo, mas garantir acesso ao que não só trabalhamos para montar,
> mas ao patrimônio que nos diz respeito.
> Sem mais,
> Diósnio Neto
>
> Em quarta-feira, 22 de abril de 2015, Profa. Dra. Maria Alice Volpe <
> volpe em musica.ufrj.br> escreveu:
>
>> Caros colegas da ANPPOM,
>> Encaminho mensagem da Academia Brasileira de Música, cujo assunto é de
>> interesse público e, especialmente, de nossa comunidade.
>> O arquivo anexo contém a exposição de motivos.
>> Abraço a todos,
>> Maria Alice
>>
>>
>> *Maria Alice Volpe*
>>
>> *Academia Brasileira de Música*
>>
>> *Projeto Bibliografia Musical Brasileira, Coordenadora*
>>
>>
>>
>>
>>
>> ---------- Mensagem encaminhada ----------
>> De: Andre Cardoso <andrecardoso em musica.ufrj.br>
>> Data: 22 de abril de 2015 23:27
>> Assunto: RILM - Academia Brasileira de Música
>>
>>
>> Caros colegas
>>
>> Cumprimentando a todos cordialmente encaminho cópia traduzida da mensagem
>> enviada à Dra. Bárbara Mackenzie, onde comunico o desligamento oficial da
>> Academia Brasileira de Música do projeto RILM. Os motivos de tal decisão
>> seguem expostos no documento anexado.
>>
>> Muito atenciosamente
>>
>> André Cardoso
>> Presidente da Academia Brasileira de Música
>> Diretor da Escola de Música da Universidade Federal do Rio de Janeiro
>>
>>
>>
>>
>>
>
> --
> Diósnio Machado Neto
> História da Música e Música Brasileira
> Departamento de Música - FFCLRP/USP
>
>
> ________________________________________________
> Lista de discussões ANPPOM
> http://iar.unicamp.br/mailman/listinfo/anppom-l
> ________________________________________________
>



-- 
Profa. Dra. Beatriz Magalhães Castro
Professor Associado III
Universidade de Brasília
Coordenador, Programa de Pós-graduação Música em Contexto
Tutor, Grupo PET-Música em Etnografia
 ​ ​

Presidente, IAML-Brasil
Coordinator, RISM / RILM-Brasil & RIdIM-DF
​Membro Comitê Gestor, Associação Brasileira de Musicologia​ (ABMUS)

tel: (61)9817-6373
e-mail: bmagalhaescastro em gmail,.com
Para acessar o CV LATTES: http://lattes.cnpq.br/1300185668660798
-------------- Próxima Parte ----------
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