[ANPPOM-Lista] [etnomusicologiabr] JSS vs. Philip A. Ewell

Camila Durães Zerbinatti camiladuze em gmail.com
Sexta Dezembro 18 16:07:11 -03 2020


prezades,


acompanhei essa conversa com grande atenção e foi importante ler e refletir
a partir do que foi partilhado aqui.


agradeço especialmente ao Carlos, Hugo, Rafael e Climério pelo que vocês
escreveram e disseram aqui. nossa. que necessário. que urgente. e como foi
de contribuição enorme pra mim. muito obrigada a vocês.


desde uma perspectiva que reconhece o entrelaçamento inegável e verificável
entre a supremacia branca (e suas variações globais de supremacias
étnico-raciais com diferentes e localizadas manifestações e interpretações
da branquitude), o patriarcado, a normalizadora matriz cis e héterossexual,
o capitalismo e o colonialismo (entre outras matrizes de opressão),

e, portanto, o quanto o racismo estrutural está imbricado com o sexismo
estrutural e o classismo estrutural e à diferentes expressões de
colonialismos,


é importante notar o quanto se repetem estratégias de grupos dominantes, e,
de sujeitos pertencentes a esses grupos.






com foco no que venho observando (coletivamente, em companhia de outres
pesquisadores) no que toca às pesquisas em música e gênero e
interseccionalidades no Brasil (pensando especialmente nos trabalhos
embasados de fato e com rigor/ respeito/ ética nessas áreas de
conhecimento, ou seja, pensando nas pesquisas que de fato reconhecem também
os campos de conhecimento em gênero, etnia e raça, sexualidade, classe,
interseccionalidade, descolonização, corporeidades, deficiência, entre
outros, como, de fato, campos de conhecimento - com criticidade, rigor,
epistemologias, ontologias, métodos, critério, cientificidade, histórico -
e, portanto, pesquisas em diálogos éticos com esses campos quando a partir
do e/ou com o campo da música), e, considerando também as resistências que
essas pesquisas específicas têm enfrentado no campo da música,



percebo a repetição de estratégias e padrões defensivos e mantenedores
do *status
quo *de gênero (sexista) e étnico-racial (racista), entre outros, do/no
campo da música nacional - são tantos comportamentos e estratégias
defensivas narcísicas dos grupos sociais dominantes em prol da manutenção
das estruturas, relações e situações de dominação e opressão como as que
vocês aqui já nomearam e descreveram antes de mim, que, listá-las aqui
seria repetitivo e, para além, exaustivo.



é triste, porque, para além do desrespeito e das violências e falta de
ética que isso implica e significa não só contra campos inteiros de
conhecimento que têm muito a contribuir e inclusive a nos ensinar (sim, o
que é desconfortável, mas também um fato), isso também têm implicado em
desrespeito, violências, exclusões e ações e produções antiéticas contra
sujeitos e grupos inteiros de pessoas de outros campos e do próprio campo
da música, o quê, ao fim, desfavorece e trabalha contra, mais do que tudo,
o próprio campo da música, e, num momento em que, me parece, tudo o que não
precisamos é trabalharmos contra nós mesmes enquanto campo de saberes e
fazeres/ práticas. embora isso não seja inédito em nosso país, em nossa
história, ainda, assim, lamento muito.




que possamos e saibamos fazer diferente, é o que espero, pelo que torço, e,
sei ser possível (e que bom saber disso através de exemplos reais).



sabendo que o colonialismo insiste e se materializa inclusive dentro das
fronteiras de um mesmo país, e que o sul e norte (e tantos outros
binarismos coloniais) se reconfiguram de diferentes formas, partilho aqui
no ps* algo que, quem sabe, pode ser de contribuição para a mudança desse
estado de coisas. reconheço que o fato disso estar em inglês pode
dificultar ou impossibilitar a leitura para muitas pessoas falantes de
porutugês aqui no e do Brasil. ao mesmo tempo, lembro de recursos de
tradução online como o google translate que, ainda que acessíveis apenas a
quem, como nós, têm algum acesso digital, podem ajudar.



saudações,
camila.



ps*

Engaged Music Theory

Inspired by Naomi André
<https://lsa.umich.edu/rc/people/faculty/nandre.html>’s vision of an
“engaged musicology” (2018
<https://www.press.uillinois.edu/books/catalog/47wcf3tf9780252041921.html>),
the members of the Engaged Music Theory Working Group collectively
assembled the following bibliography to encourage music scholars to engage
directly with issues of cultural politics—race, ethnicity, gender,
sexuality, class, intersectionality, decolonization, and disability—in
their research and teaching. We especially highlight scholarly work that
confronts the centralized, historically Eurocentric and heteropatriarchal
framing of North American music theory. Thus we include scholarship that
has explicitly and significantly intervened in our field’s established
practices at the time of publication, especially in terms of subject
position, topic, methodology, and repertoire. While this list is not meant
to be exhaustive, we hope it offers a starting point for engaged music
theoretical research. It focuses primarily on music theoretical work as
well as directly relevant scholarship from musicology and ethnomusicology.

The bibliography purposefully omits work by scholars who do not
self-identify as music theorists or musicologists, but whose work is
indispensable to the aims of our group. A list of these authors would
include Sara Ahmed <https://www.saranahmed.com/>, Daphne Brooks
<https://afamstudies.yale.edu/people/daphne-brooks>, Patricia Hill Collins
<https://socy.umd.edu/facultyprofile/collins/patricia-hill>, Rosemarie
Garland-Thomson
<http://english.emory.edu/home/people/bios/garland-thomson-rosemarie.html>,
Saidiya
Hartman <https://english.columbia.edu/content/saidiya-v-hartman>, Lisa Lowe
<https://americanstudies.yale.edu/people/lisa-lowe>, Fred Moten
<https://english.ucr.edu/people/faculty/fred-moten/>, José Esteban Muñoz
<https://lareviewofbooks.org/article/vacating-now-remembering-jose-esteban-munoz/>
, Christina Sharpe <https://profiles.laps.yorku.ca/profiles/cesharpe/>, Eve
Tuck <http://www.evetuck.com/>, and Alexander G. Weheliye,
<https://www.afam.northwestern.edu/people/faculty/alexander-weheliye.html>
among
many others. We strongly encourage anyone who is interested in the goals of
our group to read and cite this body of scholarship.

Please contact the administrators of this group at
engagedmusictheory em gmail.com if you require assistance accessing any of the
items on this list.

New Item Suggestions

Please use this form
<https://docs.google.com/forms/d/e/1FAIpQLSdkqP3Epro4MU_oVsqfT9XT9MECuQQUYZm9aiCaaihqys3cew/viewform>
to
suggest new items for this bibliography. You will need to provide a full
citation using Chicago footnote style, 17th edition, as well as suggested
keywords.

Important Notes on the Search Function

The search bar will filter the bibliography so that it only includes items
that contain your word(s). This search includes both the complete
bibliographic entry (“black” will include any item from *Black Music
Research Journal* or with “Black” in the title or author name, for example)
and a set of invisible keywords that we have entered for each item. All
keywords are constructed as one word.

Suggested keywords include: blackmusic, colonialism, disability,
embodiment, feminism, gender, hiphop, historyoftheory, improvisation,
indigenousmusic, interculturality, intersectionality, jazz, methodology,
nonwesternmusic, pedagogy, philosophy, popularmusic, posttonal,
queertheory, race, rhythmandmeter, schenker, sexuality, timbre, tonality,
16thcentury, 17thcentury, 18thcentury, 19thcentury, 20thcentury, and
21stcentury.

Entering numbers such as 198 will produce a list of anything published in
the 1980s (useful), but will also include anything with a page range that
includes these numbers (less useful).

Search items are additive: entering “queer 198” will include items that
include “queer” anywhere in their bibliographic entry or keywords,
published in the 1980s, *and* any page ranges that include “198.”


https://engagedmusictheory.com/

Em qua., 14 de out. de 2020 às 23:22, climério de oliveira santos <
zabumba2 em gmail.com> escreveu:

> Concordo, Carlos. Ewell vai num ponto tão "óbvio" que ninguém parecia ver.
> A noção de "estruturas racializadas", de Bonilla-Silva, cai bem na
> fundamentação dele, uma vez que desvela o contexto letárgico que leva as
> pessoas ao pouco caso diante do problema. Não dar muita atenção – ou tentar
> minimizar os questionamentos – só corrobora o que 'parece óbvio, mas quase
> ninguém quer tocar'. Vestir-se na moldura desse "quadro" ainda será
> confortável por algum tempo... não sem os incovenientes Ewells que surgem.
>
> Abraços,
>
> Climério.
>
>
>
> Em seg., 27 de jul. de 2020 às 22:00, Carlos Palombini <
> cpalombini em gmail.com>
> escreveu:
>
> >
> >
> > Hugo,
> >
> > Achei o artigo de Cook autojustificativo ao tentar demonstrar, em pouco
> > mais de duas páginas, que Ewell não o entendeu. O argumento final, a
> pedir
> > que se leve em consideração que Schenker era judeu e sua esposa morreu
> num
> > campo de concentração não faz sentido à luz da exposição de Ewell. Ao
> fim e
> > ao cabo, ele acaba por servir de ilustração para a tese à qual se
> > contrapõe. Tudo leva a crer que Cook desferiu um golpe contra si mesmo.
> > Veja a resposta rápida do Conselho Executivo da Society for Music Theory:
> >
> > Society for Music Theory
> >> 7:57 PM
> >> to smt-announce
> >
> > The Executive Board of the Society for Music Theory condemns the
> >> anti-Black statements and personal ad hominem attacks on Philip Ewell
> >> perpetuated in several essays included in the “Symposium on Philip
> Ewell’s
> >> 2019 SMT Plenary Paper” published by the *Journal of Schenkerian
> Studies*
> >> .
> >> The conception and execution of this symposium failed to meet the
> >> ethical, professional, and scholarly standards of our discipline. Some
> >> contributions violate our Society’s policies on harassment and ethics.
> As
> >> reported by participants, the journal’s advisory board did not subject
> >> submissions to the normal processes of peer review, published an
> >> anonymously authored contribution, and did not invite Ewell to respond
> in a
> >> symposium of essays that discussed his own work. Such behaviors are
> >> silencing, designed to exclude and to replicate a culture of whiteness.
> >> These are examples of professional misconduct, which in this case
> enables
> >> overtly racist behavior. We humbly acknowledge that we have much work to
> >> do to dismantle the whiteness and systemic racism that deeply shape our
> >> discipline. The Executive Board is committed to making material
> >> interventions to foster anti-racism and support BIPOC scholars in our
> >> field, and is meeting without delay to determine further actions.
> >> Patricia Hall, President
> >> Robert Hatten, Past-President
> >> Gretchen Horlacher, Vice President
> >> Philip Stoecker, Secretary
> >> Jocelyn Neal, Treasurer
> >> Inessa Bazayev
> >> Anna Gawboy
> >> Julian Hook
> >> Jennifer Iverson
> >> Nancy Yunhwa Rao
> >> Leigh VanHandel
> >
> >
> > Abraço,
> >
> > Carlos
> >
> > Le lun. 27 juil. 2020 à 15:11, Hugo Leonardo Ribeiro <
> hugoleo75 em gmail.com>
> > a écrit :
> >
> > Muito interessante, principalmente por gerar discussão sobre ideias que
> >> nem sempre tinha espaço para serem discutidas. Gostei da resposta do
> >> Nicholas Cook. E me impressiona mesmo que tenha uma resposta anônima.
> Por
> >> fim, Análise schenkeriana é bem limitada mesmo e sua permanência na
> área de
> >> teoria só deixa claro o quanto valorizamos um determinado repertório
> >> musical em detrimento de outros.
> >>
> >> Bom para pensar.
> >>
> >> Agradeço.
> >>
> > --
> > Etnomusicologia BR
> > Fórum livre sobre Etnomusicologia
> >
> > Apoio ABET Associação Brasileira de Etnomusicologia
> > http://www.abet.mus.br/
> >
> > Informações, inscrições e mensagens anteriores, além de outras
> informações
> > sobre esta lista de discussões, no sítio
> > http://groups.google.com/forum/etnomusicologiabr/
> >
> > COMPORTAMENTO
> > São bem-vindos: dicas de livros, textos, sítios, cursos, palestras,
> > seminários etc, referentes ao tema. Não são bem-vindas e podem ocasionar
> a
> > exclusão do emitente, o envio de mensagens que não correspondam ao
> objetivo
> > do grupo, assim como termos ofensivos.
> >
> > FUNCIONAMENTO
> > A rede é moderada. As mensagens fora do foco (puramente pessoais,
> > agressões, fofocas), repetidas, com HTML e assuntos relacionados a
> > administração da rede não são liberadas. Os participantes são leitores,
> > correspondentes, comentaristas, articulistas, divulgadores e etc.
> > ---
> > Recebeu esta mensagem porque subscreveu ao grupo "Etnomusicologiabr" do
> > Grupos do Google.
> > Para anular a subscrição deste grupo e parar de receber emails do mesmo,
> > envie um email para etnomusicologiabr+unsubscribe em googlegroups.com.
> > Para ver este debate na Web, visite
> >
> https://groups.google.com/d/msgid/etnomusicologiabr/CAJWibmEqf4ZRkRoUSyQDbK9LGqep%3DYMhFTTGtLWFE2t2%2BEEn_w%40mail.gmail.com
> > <
> https://groups.google.com/d/msgid/etnomusicologiabr/CAJWibmEqf4ZRkRoUSyQDbK9LGqep%3DYMhFTTGtLWFE2t2%2BEEn_w%40mail.gmail.com?utm_medium=email&utm_source=footer
> >
> > .
> >
> ________________________________________
> anppom-l em listas.unicamp.br
> Lista de Discussão dos Associados da ANPPOM - Associação Nacional de
> Pesquisa e Pós-Graduação em Música
> https://www.listas.unicamp.br/mailman/listinfo/anppom-l
>
> Conforme deliberado na Assembleia Geral da ANPPOM realizada em Belo
> Horizonte, em 24/08/2016, esta lista é moderada e não veicula mensagens
> contendo ANEXOS.
>


Mais detalhes sobre a lista de discussão Anppom-L