[ANPPOM-L] 1 º Encontro Internacional para o Estudo da Semiosfera

Jos é Luiz Martinez rudrasena em uol.com.br
Qui Jun 16 09:33:04 BRT 2005


Caros amigos,

Só hoje fui informado sobre esse interessante congresso. As inscrições estão
praticamente encerradas, mas creio que ainda se possa enviar um resumo. Mais
informações no site:

http://www.pucsp.br/pos/cos/semiosfera/


Abraços,
Martinez


-- 
José Luiz Martinez
Faculdade de Comunicação e Filosofia
Departamento de Artes do Corpo - PUC-SP
Rede Interdisciplinar de Semiótica da Música
http://www.pucsp.br/pos/cos/rism

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I ENCONTRO INTERNACIONAL PARA O ESTUDO DA SEMIOSFERA

http://www.pucsp.br/pos/cos/semiosfera/

Centro Universitário Belas Artes, São Paulo.

De 22 a 27 de agosto de 2005.

Tema: Interferências das diversidades nos sistemas culturais

Presidente de honra Boris Schnaiderman

In memorian Mikhail Mikhalovich Bakhtin
Roman Osipovich Jakobson
Iúri Mikhailovich Lótman
Haroldo de Campos  

Semiosfera como novo domínio de idéias científicas para o estudo da cultura
Encontros culturais são movimentos que estão na base formadora de toda
cultura. A história das civilizações nunca deixou de registrá-los, ainda
que, no campo das disputas sócio-políticas e econômicas, tais encontros
sejam traduzidos como choque, resultado irreversível de toda sorte de
conflitos. Por conseguinte, os encontros culturais são definidos como
momentos explosivos, capazes de redirecionar o campo de forças em todos os
níveis da conjuntura social. Explosões culturais, contudo, não são fenômenos
físicos, como via de regra se denomina a explosão. Do ponto de vista
filosófico, são momentos de grande imprevisibilidade que levam ao
florescimento de novas configurações no cenário das representações
culturais. Para a abordagem semiótica, trata-se da constituição de sistemas
de signos que, mesmo marcados pela diversidade, apresentam-se
inter-relacionados num mesmo espaço cultural, estabelecendo entre si
diferentes diálogos graças aos quais o choque se transforma em encontro
gerador de novos signos. Isso é válido tanto para encontros de culturas e de
línguas (veja-se o exemplo dos vários multiculturalismos), quanto para o
encontro entre diferentes sistemas (caso comum nos sistemas da arte e, mais
recentemente, nos explosivos sistemas da comunicação pelos meios e pelas
redes). Essa é a dinâmica que está na base dos sistemas culturais que podem
ser compreendidos, assim, como manifestação de linguagem. Para os encontros
culturais assim concebidos, o maior desafio é a compreensão da natureza das
interações - entre códigos, linguagens, sistemas culturais das mais variadas
procedências -  a partir das quais duas culturas radicalmente diferentes
dialogam e se compreendem mutuamente. A idéia predominante de que os
encontros culturais são explosivos, dialógicos e geradores de sistemas de
signos novos, foi a principal responsável pelo questionamento que levou o
semioticista russo Iúri Lótman a investigar as relações entre sistemas de
signos no interior do espaço semiótico que ele muito apropriadamente
denominou ³semiosfera². Seguindo a orientação daquilo que já fora formulado
por Mikhail Bakhtin em seus estudos sobre o dialogismo, Lótman investiu seus
esforços para compreender a dinâmica dos encontros culturais, isto é, para
compreender como duas culturas se encontram, que tipo de diálogo elas travam
entre si e como elas criam experiências capazes de reconfigurar o campo das
forças culturais. Os tópicos principais desse trabalho Lótman apresentou num
artigo entitulado ³Sobre a semiosfera², publicado em 1984. Trata-se de um
estudo rico em direcionamento de análise e, por isso mesmo, que aponta um
novo e imenso campo de pesquisa dentro dos estudos semióticos. A compreensão
da semiosfera concebida por Lótman é, portanto, uma tarefa urgente. Os
estudos sobre a semiosfera marcam o nascimento intelectual de um complexo
domínio teórico de investigação científica sobre as intrincadas relações,
interações, tensões e conexões entre signos e sistemas de signos nos espaços
culturais. Nele a cultura passa a ser focalizada como processo, nunca como
produto. Na verdade, a capacidade de estabelecer diálogo entre diversidades
(códigos, linguagens, culturas) tornou os sistemas semióticos os objetos
privilegiados dos estudos sobre a semiosfera. Assim como a biosfera é a
instância da manutenção da vida no planeta, a semiosfera foi proposta como
esfera da vida dos signos garantida pela interação da diversidade semiótica,
vale dizer, da semiodiversidade (em sentido correlato ao de biodiversidade).
Este é um aspecto importante no entendimento da Semiosfera. Desde que a
informação em circulação no cosmos pode ser codificada e se constituir
enquanto signo ou sistemas de signos, a distinção entre natureza e cultura
perde o rigor e deixam de ser entendidas como oposição. Do ponto de vista da
semiosfera, ³a nossa natureza é a cultura², logo, natureza e cultura são
sistemas que se interrelacionam de alguma forma. Esse é o argumento
elementar que justifica a Semiosfera como um novo domínio de idéias para o
estudo científico da cultura.Essas e muitas outras formulações ainda estão à
espera de uma compreensão mais aguda e abrangente, sobretudo no contexto da
cultura contemporânea. O ponto de partida certamente é a tradição da
semiótica russa, particularmente as investigações da Escola de Tártu-Moscou
e seus estudos sobre os sistemas modelizantes, as linguagens secundárias,
artificiais e dos códigos culturais. Esses estudos amadureceram em reuniões
científicas, os chamados seminários de verão, que se realizaram na
Universidade de Tártu, Estônia, a partir dos anos 50. Nosso objetivo é
alcançar os propósitos delineados pelo pensamento semiótico por meio dos
encontros culturais e da conseqüente mobilização de signos que os avanços
das tecnologias da informação e da comunicação introduziram na cultura. Com
o objetivo de estimular discussões posteriores e avanços acadêmicos no campo
de pesquisa e estudo sobre a diversidade semiótica na cultura contemporânea
é que propomos  a realização do I Encontro Internacional para o estudo da
Semiosfera. Poucos de nós duvida de que a cultura seja um espaço
privilegiado de signos; contudo, há muito o que se compreender sobre a
dinâmica que comanda a relação entre os sistemas nesses espaços. Quanto mais
instrumentos para se pensar tais mecanismos formos capazes de desenvolver,
maiores serão nossas possibilidades de conhecer a semiose. Daí nossa
necessidade em apresentar a semiosfera como um novo campo de conhecimento
científico da semiótica da cultura. Cultura é semiose (vale dizer, processo)
e os processos culturais são sempre dinâmicos. Por isso, é sempre um desafio
examiná-los cientificamente. Então, o que se propõe aqui como temário geral
do I Encontro são as formulações que identificam artérias desse novo domínio
de idéias para o estudo da cultura.

   1. Campo conceitual da semiosfera.
   2. Entrecruzamentos teóricos.
   3. Mecanismos semióticos em espaços culturais.
   4. Interrelação entre linguagens da arte e sistemas semióticos.
   5. Emergências como manifestação da semiodiversidade no planeta.
   6. Desdobramentos dos estudos sobre a semiosfera.

 
Com isso espera-se transformar a reunião científica em exercício
investigativo dentro do espírito dos seminários de verão recuperando aquilo
que parece ter sido sua mais arrojada exploração: a experimentação das
idéias sobre o grande diálogo entre sistemas culturais.
         
Grandes temas
   
Diversidade
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Natureza e cultura
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Conexões
Imprevisibilidade
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Assimetria
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