RES: [ANPPOM-L] PIERCINGS versus BATINAS

JAMANNIS jamannis em uol.com.br
Seg Dez 18 11:35:52 BRST 2006


Colegas,

Reforço a colocação do Mauricio esclarecendo que o principal foco de critica
do Silvio não é quanto ao gênero ou estilo, de música ou de vida, mas quanto
a letargia dos meios acadêmicos que se mexem com muita dificuldade face às
tendências da atualidade e à realidade dos fatos. 

De fato, continuar ensinando composição 'pura' (desculpe mas não achei nada
melhor no momento...) unicamente num curso de composição me parece
extemporâneo face à realidade da ação efetiva dos músicos de hoje.

Também me permito falar tendo sido baixista de rock, tocando as quintas (e
mais alguns intervalos), e por ter sido produtor de concertos de rock.

Desde cedo senti necessidade de ter uma abordagem musical mais ampla que o
rock, ou seja, pela música. A diversidade na formação de um músico é
essencial para seu desenvolvimento pleno e efetivo.

Tanto é que os eventuais alunos de composição que saem escrevendo
pseudo-bach, pseudo-chopin, pseudo-qq, acabam não contribuindo em nada à
efetiva participação da música na vida das pessoas, a não ser a função
lúdica de jogar e brincar sem pretensão. O que não é ruim, mas também não é
necessário. Pode ser descartado sem prejuízos.

A imagem da formação médica é uma metáfora muito boa. 

Para formar um médico pleno, do zero, sem saber nada de medicina é preciso
pelo menos 10 anos. Mas 10 anos depois de saber biologia, citologia,
química, química orgânica, mecânica - física (para quem vai ser ortopedista
é necessário...), botânica no colegial(útil para farmacologia), genética...

Acho que para formar um músico essas condições são necessárias:

Antes de entrar para a faculdade de música ele precisa saber ler. Ler e
ouvir música, como o médico sabe ler seus textos e sabe ler também nas
coisas e nos fenômenos o que eles significam o que eles são. Antes de entrar
da faculdade, o médico já sabe ler em seu idioma, e já sabe entender que
aquilo que está acontecendo com uma célula é, por exemplo, uma fagocitose.
Ele consegue ler nos seres vivos. O músico precisa então ler nos sons e ler
na música. Não somente partituras, mas saber 'como ouvir as coisas'. A
diferença entre uma escuta técnica e uma escuta estética.

Precisa saber os rudimentos equivalentes à biologia, que seriam os elementos
básicos da teoria musical, e não somente a européia, mas igualmente os
rudimentos de diversas culturas, numa formação básica de fato revista e
efetiva.

Um músico, não se faz em menos de 10 anos. Alguém que não sabe nem ler
música, precisa, depois de passar por essa fase de 'aprender a ler', mais
uns 10 anos, como o médico.

Portanto, todos estão de acordo, porque a verdade é uma e única:

Ninguém, que seja normal, aprende tudo em tão pouco tempo. É uma ilusão e
uma falta de honestidade, assumir um compromisso de formar um profissional
sem que domine os elementos mínimos.

Ou seja, até quando as universidades vão ficar paradas olhando essa enorme
demanda ser atendida por oportunistas que enxergaram brechas no mercado?

O que o Silvio defende, o que o Mauricio defende, o que eu defendo e estou
certo que o que o Sr. Farlley Derze defende, é uma formação honesta e de
fato com conteúdo pertinente, coerente e suficiente.

É impossível defender uma proposta enganosa só porque ela é inovadora. 

Mesmo sendo, talvez, a única, ela, mesmo assim, continua sendo enganosa.

José Augusto Mannis



-----Mensagem original-----
De: anppom-l-bounces em iar.unicamp.br [mailto:anppom-l-bounces em iar.unicamp.br]
Em nome de Mauricio Alves Loureiro
Enviada em: segunda-feira, 18 de dezembro de 2006 10:37
Para: 'Farlley Jorge Derze'; anppom-l em iar.unicamp.br
Assunto: RES: [ANPPOM-L] PIERCINGS versus BATINAS

Pessoal, 

Mesmo tendo sido grande fã do rock dos tempos do woodstock, não tenho
prestado muita atenção no rock dos últimos anos. Portanto, me desculpem a
ingenuidade quanto ao rock de hoje, mas não é a quinta justa o intervalo
mais usado neste tipo de musica? (às vezes o único que a gente ouve no
baixo...). Não é meio complicado prometer a um cara que não sabe o que é uma
quinta justa, que ele poderá se tornar um roqueiro em 2 anos? 

Abraços

Mauricio

-----Mensagem original-----
De: anppom-l-bounces em iar.unicamp.br [mailto:anppom-l-bounces em iar.unicamp.br]
Em nome de Farlley Jorge Derze
Enviada em: domingo, 17 de dezembro de 2006 23:49
Para: anppom-l em iar.unicamp.br
Assunto: [ANPPOM-L] PIERCINGS versus BATINAS

Prezado Silvio, permita-me compartilhar de sua crítica. Eu não veria com
tanto 
espanto a expressão "produtor de rock", se formos capazes de admitir que a 
expressão "Cursos de Música" nos Editais de Vestibulares de nossas 
universidades brasileiras é bastante inapropriado, porque os jovens que se 
interessam por um "Curso de Música" não sabem que se trata de uma formação
em 
música centro-européia, a começar pelo critério de avaliação dos candidatos 
(provas de habilidades específicas), em que se exige o conhecimento da
teoria 
musical (quinta justa, solfejo, etc.). Vejo mais propriedade na 
expressão "Produtor de Rock" caso o curso não esteja voltado a 
aplicar "delays", "flangers", "chorurs", "drop-ecos", "cross 
delay", "randerização de PAN", naqueles instrumentos de pele típicos do 
universo do samba, pagode, forró e Cia. Imagino que o Curso esteja se 
predispondo a lidar com o aparato de tecnologia e de nomenlcatura da qual se

valem aqueles que navegam nos acordes do Rock. Diferentemente da
nomenclatura 
inapropriada que jaz nos Editais de nossas universidades que prometem um
"Curso 
de Música". Seria mais justo, academicamente falando, que os editais se 
restringissem à formacao que efetivamente nossas universidades 
oferecem "Faculdade de Música Erudita e Européia". Há anos vejo currículos 
produzindo pianistas "românticos, clássicos e impressionistas", assim como 
os "cantores", e tantos outros instrumentistas. Se eles vão por brincos a 
partir do terceiro trimestre (como mencionado pelo professor Jorge Antunes),

não nos caberia tanto espanto: cada música parece ter seu ritual e sua 
idumentária, bastando dar uma olhada ao redor: vejamos como se veste um
maestro 
brasileiro e sus orquestra. Nada contra, ok ! Mesmo sob 42 graus de Rio de 
Janeiro; vejamos como se vestiam os patriarcas do Canto Gregoriano ! Nada 
contra. Falar sobre como se portam ou como se vestem músicos é no mínimo 
imprudente. Daqui a pouco será possível criticar os longos cabelos do
professor 
Jorge Antunes como não condizentes com a música que ele aprendeu a gostar. 
Deixemos os piercings, brincos, lantejolas e batinas para celebrar cada qual

sua ocasião, não importa se hoje ou a partir do terceiro semestre da Novo
Curso 
de Produtor de Rock. Ou a idéia é continuar iludindo os jovens brasileiros
de 
que nas universidades brasileiras se dá um Curso de Longa Duração de Música?
O 
fato inconteste e objetivo é: quem desejar ingressar na "Faculdade de
Música" 
já precisa ser Músico (vide teste de habilidade específica). Ou seja, a
rigor, 
nao é um Curso de Formação, mas de Controle do status quo ! Felizmente o
Curso 
de Medicina não exige que seus candidatos dê um talho no couro de um bode,
por 
exemplo, para saber se possui habilidades específicas para no futuro cortar
com 
precisao um músculo, transplantar um rim, suturar veias e outras 
microparafernálias do tecido anatômico dos mamíferos. Tais habilidades sao 
FORMADAS durante o Curso e durante a prática ao longo da vida profissional,
mas 
nada que exija uma habilidade manual anterior e repetitiva como uma escala 
diatonica, um solfejo tonal, condições para ingressar no "Curso de Música" 
(entre aspas mesmo). Eu gostaria imensamente que inúmeros cursos de
produtores 
e outras FORMAÇÕES, que abdiquem do conforto de receber cérebros pré-
selecionados pela "habilidade específica", se multiplicassem no Brasil e 
vencessem a resistência que alguns acadêmicos oferecem a tudo que escape ao 
latifúndio intelectual que se buscar preservar e perpetuar,
confortavelmente, 
já que o desafio de FORMAR um músico parece ser maior que o de formar um 
cirurgião. Claro que são matérias de natureza diferentes: formar um médico é

bem mais simples, sequer necessita de habilidades específicas, pois toda 
anatomia do "homo sapiens" é igual; diferente é a anatomia do "homo
academicus".

Farlley Derze




agora é q a porca torce o rabo.
>pq não um curso de produtor de samba?
>pq não um curso de produtor de pagode, ou de forró, ou de xaxado?
>produtor de música caipira e sertaneja?
>concordo com curso de produtor, mas pq definir a 
>música específica...pra atrair público???
>pq um profissional em rock e não em outro tipo de música qualquer?
>cheira a ocasião.
>o curso é rapidinho né...dois anos, e com isto 
>espera-se o q mesmo? "ouvidos apurado com senso 
>estético"...? da estética de hegel ou kant ou 
>estética marxista?????
>
>silvio
>
>
>>O curso de Formação de Produtores e Músicos de 
>>Rock caiu nas graças do Brasil inteiro. A equipe 
>>do Jornal Hoje, da Rede Globo, esteve na 
>>universidade no sábado de vestibular (2/12) e 
>>fez gravações externas com o coordenador, o 
>>músico Frank Jorge.
>>
>>O papel do músico na sociedade e as opções de 
>>inserção no mundo profissional mudaram muito. E 
>>para melhor. Através de novos recursos de mídia, 
>>ampliação do mercado de trabalho e novas 
>>estratégias de marketing, o músico pode e deve 
>>ser visto como um profissional completo. Um 
>>misto da imagem já conhecida de instrumentista, 
>>compositor e arranjador, com habilidades até 
>>então ignoradas pelo universo acadêmico, como 
>>operador de softwares de áudio, produtor de 
>>discos e crítico musical.
>>
>>Entendendo essa nova realidade, a Unisinos está 
>>lançando o curso de Formação de Músicos e 
>>Produtores de Rock. A intenção é formar um 
>>profissional para a área da música que tenha 
>>capacidade de gerenciar sua própria carreira, 
>>que saiba discorrer sobre a história do rock com 
>>apurado senso estético, relacionar-se 
>>fluentemente com os meios de comunicação e 
>>utilizar adequadamente as ferramentas 
>>tecnológicas e a internet. Enfim, que ele seja 
>>capaz de incutir nas pessoas um novo 
>>entendimento do papel do músico hoje em dia.
>>
>>As aulas acontecem de segunda à quarta, das 14h 
>>às 16h45. Porém, nas segundas e terças, as aulas 
>>ocorrem das 17h30 às 20h30. O curso tem duração 
>>de dois anos e meio (1.660 horas-aula).






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http://iar.unicamp.br/mailman/listinfo/anppom-l
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