[ANPPOM-L] saiasjustas no anhembi
Didier Guigue
dguigue em cchla.ufpb.br
Ter Dez 19 10:12:28 BRST 2006
Prezados
Nesta discussão, se focalizou toda a culpa em cima da omissão de um
suposto acadêmico enrustido , trancafiado num determinado tipo de saber e
com temor ao que acontece na vida real, na música “real” (leia–se o
“rock”).
Discordo por várias razões, duas delas aqui expostas:
1. Estou prestes a apostar que uma significativa proporção de “acadêmicos”
assinantes desta lista não se enquadram neste perfil, e mais: que já
tomaram, ou tentaram tomar, iniciativas no sentido de adequar os
currículos e conteúdos dos cursos ou disciplinas pelas quais são ou foram
responsáveis, ao contexto socio-cultural atual, tentando inclusive
oferecer uma base teórica e prática, que forme músicos ativamente e
criticamente implicados na maneira com que se insere a sua atividade
dentro da sociedade, e não, apenas, técnicos alienados .
Mas…
2. Um curso como este, proposto pela Anhembi-Morumbi, necessita grande
agilidade na adquisição, manutenção e renovação do equipamento, de um
Coordenador que tenha acesso permanente a verba, e um Corpo docente que
tenha plena autonomia para decidir o que fazer com isto. Precisa de
assistentes técnicos e funcionários estimulados a trabalhar em prol do
curso, e não contra, como os nossos. Infelizmente, nenhuma dessas
condições está reunida nas instituicões públicas, não preciso entrar em
detalhes neste ponto: burocracia, licitaçãoões públicas, ausência de
autonomia , administração cartorial, morosidade ou até impedimento de
contratações, salários desestimulantes…
No meu entender, é _esta_ esclerose, e não a de alguns eventuais
professores “reacionários”, se houver, a principal responsável pelo
desajusto observado nesta discussão, pelo não atendimento da demanda.
P.S.
Em tempo: ao associar, mais uma vez, musica “erudita” a música
“européia”, o nosso “pianista brasileiro” esqueça, ou então não sabia, e
aí estou trazendo para ele uma informação em primeira mão, que 90% dos
elementos melódicos e harmônicos de qualquer tipo de gênero dito
“não-erudito”, feito no Brasil e na maior parte dos continentes, como
rock, jazz, chorinho, samba, pagode, MPB, e o que mais quiser, encontra
sua fonte na prática européia “erudita” dos dois/três últimos séculos (ou
mais, visto que o rock tem base modal, geralmente). Sem falar do
instrumental, visto que até agora o toré não conseguiu se impor no rock
nacional.
Negar essas evidências, e se negar a saber mais sobre isto, traduz, no
mínimo, um curioso conceito de formação musical.
Didier Guigue (UFPB)
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