[ANPPOM-L] artigo

Jorge Antunes antunes em unb.br
Sáb Jun 17 18:33:17 BRT 2006


Car@ amig@:

O Correio Braziliense de hoje, segunda-feira, 19 de junho, publicou meu artigo intitulado A covarde invasão do Congresso.
Abaixo reproduzo o artigo e convido você à leitura.
Na luta pela moralização e pela estetização da Política, peço sua colaboração repassando o texto aos amigos de sua lista de e-mails.
Grato, abraço,
Jorge Antunes
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A covarde invasão do Congresso
Jorge Antunes
Professor titular da UnB, autor da Sinfonia das Buzinas e da ópera Olga

 No começo da era cristã alguns grupos de germanos orientais, entre eles os asdingos e os silingos, atravessaram o Reno e saquearam a Gália. Em 439, depois de vários roubos e saques, conquistaram Cartago. Seis anos depois, fortalecidos, atacaram Roma por mar. Ali novamente saquearam sem
piedade. Esses grupos perseguidores de cristãos eram os chamados vândalos.
 Grupos de vândalos ainda hoje saqueiam o povo desprotegido. Isso acontece aqui, em nosso Congresso Nacional. À população são exibidas cenas deprimentes que revelam prejuízo de milhões de reais aos bolsos dos brasileiros.
 Hoje sabemos que foi tudo premeditado. Existem filmes que comprovam isso. Lembro-me muito bem da campanha na TV em 2002. Os filmes estão guardados nos arquivos dos partidos existentes à época. Algumas emissoras de televisão guardam os filmes da cobertura jornalística da cerimônia de
posse. Os filmes, apresentados no horário gratuito de propaganda eleitoral, levavam às casas dos brasileiros promessas falsas de gente que por fora era boa viola mas que, por dentro, era pão bolorento. Como verdadeiros lobos em pele de cordeiro, os olhos das feras, em suas falações televisivas, se mexiam de um lado para outro, denunciando a leitura vazia que faziam de textos pré-fixados em um teleprompter.
 Enfim, conseguiram ludibriar o povo brasileiro. Festanças foram organizadas por seus apoiadores para comemorar a vitória. O ano novo despontava para execução de planos mirabolantes. Terno novo, gravata nova, sapato novo, vestidos elegantes para esposas, amantes e filhas, iriam enfeitar o salão
verde e o próprio plenário para a cerimônia de posse.
No primeiro dia eles se aproximaram, engravatados, eleitos pelo povo, e roubaram algumas flores do jardim que fica em frente ao Anexo 2 do Congresso Nacional. Os seguranças não disseram nada. Pelo contrário, sorriram achando poética aquela agachadinha do novo tribuno, representante do povo. As
flores, é verdade, iriam murchar nos gabinetes. Mas, parecia que eles queriam levá-las para as respectivas amadas que, lindamente vestidas, aguardavam na entrada.
No segundo dia, na maior cara de pau, eles pisaram no jardim esmagando as flores. De novo, os seguranças não disseram nada. Ao invés de se dirigirem ao plenário, foram matar a sessão, às gargalhadas, no cafezinho. Os seguranças e os demais funcionários não disseram nada. Os eleitores também não disseram nada, apesar de noticiada a gazeta na imprensa.
Até que um dia, o mais frágil deles entrou sozinho na casa do povo e roubou-nos a luz da esperança, liderando uma quadrilha que tramou compra de votos, mensalões e emendas escusas no orçamento. Conhecendo o medo do povo e a ingenuidade do eleitorado, começaram a ensaiar patifarias maiores. Com casuísmos e mentiras, passaram a arrancar as vozes das gargantas dos colegas que começaram a denunciar as ações criminosas. Achavam que os radicais, com as vozes arrancadas, já não poderiam dizer nada. Enganavam-se redondamente.
É criminoso usar a mentira, o subterfúgio e a hipocrisia para, enganando o eleitor, ser sufragado nas urnas e tomar o Congresso, de assalto, com intenções espúrias e inconfessáveis. Corruptos, selvagens, sanguessugas, baderneiros: assim têm sido chamados os deputados traidores do povo, que
atacam a democracia em nosso país.
 Os deputados pisadores de flores e arrancadores de vozes de gargantas honestas são hoje tratados pelo povo como arruaceiros e criminosos, chegando até a serem comparados com o PCC. Mas o sentimento corporativo da corrupção livrou os enlameados tribunos da prisão e da cassação.
Computadores foram apreendidos e um carro foi virado pelo avesso na busca de documentos comprometedores. Era sabido que todos os corruptos tinham telhado de vidro. Assim, vidraças foram atingidas pelas pedras retóricas de discursos inflamados. Mas, não deu em nada.
 A fúria dos deputados corruptos os faz vândalos. Enquanto as forças imperialistas se fartam em seus domínios, centenas de representantes do povo, não contando com o oficial financiamento público de suas campanhas, querem lutar pela reeleição. Muitos têm de se sujeitar ao trabalho escravo, servindo
aos empresários doadores de campanha. A solução, então, passa a ser a luta desenfreada para a formação de um gordo caixa dois que garanta a riqueza e a independência da próxima propaganda eleitoral.
A covarde invasão do Congresso Nacional que vândalos, corruptos, baderneiros e ladrões realizaram no dia 1º de janeiro de 2003, vai ser repudiada pelo povo brasileiro, com todo vigor, nas urnas, em 1º de outubro do corrente ano.
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