[ANPPOM-L] Congada p á ra a Pra ç a da S é

Jos=?ISO-8859-1?B?6SA=?=Luiz Martinez rudrasena em uol.com.br
Sex Maio 19 20:53:22 BRT 2006


Amigos e amigas,

Parece que, afinal, eu fui o único da PUC a assistir a congada da Irmandade
dos Homens Pretos, hoje, às 13 h., na Sé. O grupo chegou ao Sesc Carmo
pronto para sair, com roupas vermelho e branco e uma boa sessão de
percussão. A banda de congos tinha mais ou menos umas 20 pessoas.
Interessante ver a variação de faixa etária. A mãe do mestre veio também,
uma senhora com muitas décadas, e liderou o cortejo, sentada em sua cadeira
de rodas. Entre os congadeiros, crianças, que deveriam ter cerca de cinco
anos e assim subindo, jovens, adultos, velhos e velhas.

A percussão era composta de tambores graves, surdos, outros de médio porte
e, tocada por um moleque brabo, uma caixa que sou enfezada todo o cortejo.
Na frente da percussão iam as moças, com os bastões e com a cantoria. O
mestre liderava, apitando, e junto dele um cantor com violão.

Foi bonito ver esse cortejo, percorrendo lentamente a Rua do Carmo,
atravessando avenidas em evoluções coreográficas, e chamando a atenção dos
passantes. Fiquei tocado com esse grupo, sua convicção, sua identidade
cultural e pensava no ideal que os congadeiros passavam aos meninos de rua,
aos pedintes. Numa cidade onde o crime é, infelizmente, um modelo para as
crianças, aquela congada era uma lição de cultura popular e cidadania.

Num trecho da Sé, à esquerda da Catedral, a congada parou para fazer
evoluções na frente de um banco da praça, onde vários senhores negros
estavam sentados. Eles observavam sérios, e um deles levantou a mão,
abençoando o grupo.

Seguindo, já em frente da Catedral, a congada literalmente parou a praça.
Uma multidão observava entusiasmada. Eu já tinha que ir para a PUC, que era,
13:45, quando um pregador de rua, enlouquecido, se dirigia ao grupo
gritando: "O inferno, o inferno!". A multidão gritava de volta, defendendo a
congada. Impressionante ver o teatro de rua: de um lado o pregador, saindo
de seu círculo de fieis e gritando ameaçadoramente para os congos. De outro,
a multidão respondendo em defesa do grupo. Mas congada não tava nem aí,
sairam com seus batuques em direção à Igreja do Rosário, no Paissandu. E eu
peguei o metrô.



Abraços,
Martinez


-- 
Prof. Dr. José Luiz Martinez
Departamento de Linguagens do Corpo
Faculdade de Comunicação e Filosofia - PUC-SP

Rede Interdisciplinar de Semiótica da Música
http://www.pucsp.br/pos/cos/rism

Musikeion - fórum sobre signficação musical
http://listas.pucsp.br/mailman/listinfo/musikeion
http://listas.pucsp.br/pipermail/musikeion/






Mais detalhes sobre a lista de discussão Anppom-L