[ANPPOM-L] OSESP na II Bienal de Música de Ribeirão Preto

Rubens Ricciardi rrrr em usp.br
Qua Out 18 13:28:18 BRT 2006


II BIENAL DE MÚSICA DE RIBEIRÃO PRETO



150 anos de Ribeirão Preto

80 anos de Olivier Toni



Uma realização:



Fundação D. Pedro II

Prefeitura Municipal de Ribeirão Preto

Curso de Música da USP de Ribeirão Preto

Pró-Reitoria de Cultura e Extensão da USP

OSRP

OCAM

OSESP





 Theatro Pedro II - Ribeirão Preto

Dia 22/10 - domingo, às 20h



Concerto com a OSESP

sob regência de John Neschling

com Antônio Meneses (violoncelo solista)

 

 Osesp

Mantida pelo Governo do Estado de São Paulo, a orquestra foi fundada em 1954 pelo maestro Souza Lima. Foi dirigida durante 24 anos por Eleazar de Carvalho e, a partir de 1997, por John Neschling. Em julho de 1999, instala-se definitivamente na Sala São Paulo, sede própria e marco de sua reestruturação. Além dos 30 programas e, cerca de, 130 concertos anuais na Sala São Paulo, turnês nacionais e internacionais e gravação de CDs com distribuição mundial, há também uma série de atividades fora dos palcos com o apoio da administração estadual. Entre elas estão o Centro de Documentação Musical, a Coordenadoria de Programas Educacionais e a Editora Criadores do Brasil.

 

Regente - John Neschling 

John Neschling é Diretor Artístico e Regente Titular da Osesp. Nasceu no Rio de Janeiro em 1947. Seguiu a vocação para regência com Hans Swarowsky, em Viena, e com Leonard Bernstein, em Tanglewood. Dentre os concursos internacionais de regência que venceu, destacam-se os de Florença (1969), da Sinfônica de Londres (1972) e do La Scala (1976). No Brasil, assumiu a direção dos teatros municipais de São Paulo e do Rio de Janeiro e na Europa, foi diretor artístico do Teatro São Carlos (Lisboa), do Teatro de Sankt Gallen (Suíça), do Teatro Massimo (Palermo) e da Ópera de Bordeaux, além de ter sido regente residente na Ópera de Viena. Em 1996, na Ópera de Washington, conduziu Il Guarany, com Plácido Domingo no papel de Peri. À frente da Osesp desde 1997, somou importantes conquistas e fez turnês pela América Latina, Estados Unidos, Europa e por todo Brasil. Nas últimas duas temporadas, regeu diversas orquestras, como: Sinfônica da RAI de Turim, Orquestra Nacional da Bélgica, Orchestre de la Suisse Romande, Orquestra da Rádio Nacional Polonesa, etc. Dedica-se também à composição para cinema e teatro, sendo o autor das trilhas dos filmes Pixote, O Beijo da Mulher-Aranha, Lúcio Flávio - o Passageiro da Agonia, Gaijin, Os Condenados, Desmundo e da minissérie Os Maias.

 

Violoncelo - Antônio Meneses

 Antônio Meneses nasceu em 1957 em Recife, numa família de músicos, e começou a estudar violoncelo aos dez anos. Aos 16 chamou a atenção de Antonio Janigro, que se tornou seu professor em Düsseldorf e Stuttgart. Em pouco tempo conquistou os primeiros lugares nos concursos internacionais de Munique e Tchaikovsky de Moscou.

Tem sido convidado a atuar com orquestras como a Filarmônica de Berlim (Karajan, Mutti e Jansons), Sinfônica de Londres (Abbado e Previn), Sinfônica da BBC (Davis), Concertgebouw de Amsterdã (Bychkov e Blomstedt), Sinfônica de Viena e com as filarmônicas de Nova York (Sanderling), Checa, de Moscou, de São Petersburgo (Temirkanov) e de Israel, além da Orquestra da Suisse Romande (Järvi), da Rádio Bávara (Rostropovitch), NHK de Tóquio e regularmente com a Osesp, incluindo a participação na Turnê USA 2006.

Regularmente toca nos festivais de Berlim, Salzburg, Viena, Lucerna, Seattle, Jerusalém, Pablo Casals de Porto Rico, Primavera de Praga, Mostly Mozart de Nova York, Grange de Meslay e no festival de Colmar. Tem se apresentado em recitais com Menahem Pressler e Géard Wyss e toca com o Quarteto Vermeer e com o Beaux Arts Trio.

Sob a direção de Karajan gravou Dom Quixote de Strauss e o Concerto duplo de Brahms com Anne-Sophie Mutter. Registrou ainda as Suítes de Bach, o Trio de Tchaikovsky, os três Concertos de Carl P.E. Bach e, de Villa-Lobos, os dois Concertos, a Fantasia, a integral para violoncelo e piano com Cristina Ortiz e, com a Osesp, as Bachianas brasileiras nº 1 e 5.

 

REPERTÓRIO

 

Heitor VILLA-LOBOS

Concerto nº 2 para Violoncelo
Duração aproximada: 20 minutos

Ano da composição: 1953

 

O violoncelo foi o instrumento favorito de Villa-Lobos. As primeiras lições, ainda bem jovem, tomou com seu pai, que trabalhava na Biblioteca Nacional e era músico amador. Logo, porém, Villa-Lobos passou a estudar com Benno Niederberger, professor de violoncelo no Instituto Nacional de Música. Contrariamente ao mito de que sua formação musical foi inteiramente autodidata, os estudos de violoncelo foram feitos com seriedade. Foi como violoncelista que Villa-Lobos inseriu-se inicialmente no mundo profissional da música. Para justificar posteriormente seu projeto estético de aproveitamento de fontes populares nas composições, Villa-Lobos dava ênfase à experiência de ter tocado violão em grupos de chorões. Provavelmente a importância dessas participações foi superestimada porque os relatos de seus contemporâneos dão conta do jovem Villa-Lobos como sempre acompanhado do violoncelo, tocando em orquestras, muito mais preocupado em desenvolver a erudição de sua música do que interessado em música popular. Entre as primeiras composições que chamaram a atenção do público -e a resistência da crítica-, destacaram-se, como havia de se esperar, algumas para violoncelo. Em 1918, o violoncelista Newton de Pádua, sob regência de Alberto Nepomuceno, estreou no Teatro Municipal do Rio de Janeiro o Concerto no 1 para Violoncelo. Em 1922, quando participou da Semana de Arte Moderna, em São Paulo, Villa-Lobos fez tocar sua Sonata para Violoncelo e Piano no2, escrita em 1916. Nos anos seguintes, algumas obras primas, entre elas as Bachianas no 1 e 5, utilizaram a formação inusitada de uma orquestra de violoncelos. Todavia foi preciso esperar até perto do fim de sua vida, para que Villa-Lobos voltasse a escrever para violoncelo solo. Seu Concerto no 2 para Violoncelo é uma peça de estilo neoclássico, como as demais obras do período. A linguagem é francamente tonal, impregnada de melodismo lírico derramado. Podemos cogitar que existe aí um efeito regressivo da memória do compositor, criando um paralelismo curioso entre o violoncelo das sessões de cinema mudo da juventude e a linguagem das últimas composições, que se aproxima da música de cinema de Hollywood dos anos 50.

 

Rodolfo Coelho de Souza é compositor, doutor em composição pela University of Texas at Austin e professor da Universidade de São Paulo - Ribeirão Preto.

 

Alberto GINASTERA

Estância, Op.8a: Suíte
Duração aproximada: 13 minutos

Ano da composição: 1941

 

Alberto Ginastera é o compositor argentino que alcançou, em sua geração, a mais significativa projeção para além das fronteiras de seu país. Esta Suíte é bem representativa da primeira fase do compositor, na qual ele adere estritamente aos cânones do nacionalismo modernista que floresciam naquela época por toda a América Latina. Por isso é possível localizar na partitura temas estilizados ou emprestados do folclore argentino. Mas isso não quer dizer que vamos ouvir uma sucessão de tangos. Danças de origem urbana não entravam no ideário nacionalista, que buscava apenas no folclore rural suas fontes de inspiração. A esse respeito costuma-se mencionar a influência estética de Stravinsky e Bartók sobre os compositores argentinos do período. É preciso também lembrar da presença na Argentina, de 1939 a 1946, do compositor espanhol Manuel de Falla. Entretanto, o nacionalismo de Ginastera é algo tardio. Isso explica porque a música madura de Ginastera logo se descola do nacionalismo estrito e se aproxima do expressionismo. Ainda não é o caso, entretanto, da Suíte Estância, escrita quando o compositor tinha apenas 25 anos. A primeira composição de Ginastera a chamar a atenção foi um balé intitulado Panambi. Na esteira dos louros daquele êxito, ele recebeu a encomenda de escrever este outro balé, Estância, que seria montado por Kirstein com a companhia American Ballet Caravan. A partitura foi terminada em 1941, mas a companhia dissolveu-se no ano seguinte, sem levar à cena a obra. Para não desperdiçar o trabalho, o compositor reconfigurou-o numa suíte orquestral que foi estreada com grande sucesso em 1943, no Teatro Colón de Buenos Aires. A versão completa do balé ainda teve de esperar outra década até ser finalmente montada. A história original do balé é inspirada no poema épico Martín Fierro de José Hernandez e descreve um dia na vida de um gaúcho que cuida do gado nos pampas argentinos. A poesia bucólica, mas intensa, da vida nômade nos pampas é bem representada no movimento da Dança do Trigo, enquanto a figura do gaúcho ganha dimensões míticas amplificadas na energia rítmica irresistível da dança final, Malambo.

 

Rodolfo Coelho de Souza é compositor, doutor em composição pela University of Texas at Austin e professor da Universidade de São Paulo - Ribeirão Preto.

 

M. CAMARGO GUARNIERI

Abertura Concertante (segunda versão)
Duração aproximada: 12 minutos

Ano da composição: 1942

 

Camargo Guarnieri nasce em 1907, em Tietê (SP), primogênito de uma família pobre que faz música nas horas vagas. O casal Miguel e Gécia - flautista e pianista, respectivamente - terá mais oito filhos, sendo três homens: Belline, Rossine e Verdi. Camargo é o pequeno "Mozart" de Miguel que, ao perceber a grande vocação do filho, muda-se para a capital para proporcionar melhor formação musical para o menino que compõe desde cedo. Na cidade grande a atenção maior é para o piano, até conhecer o maestro italiano Lamberto Baldi, em 1927, com quem trabalha composição e regência. Integrado a um ambiente onde circulam idéias sobre o compromisso dos artistas com uma arte que se queira brasileira e universal, busca uma nova roupagem para suas idéias musicais: decide não usar mais o nome Mozart, por extenso, presunçoso e anacrônico para um compositor do século XX, e adota o ano de 1928 para inaugurar seu catálogo de obras. O "passado musical" fica guardado em pastas, algumas peças apelidadas de "obra interdita" - título que aguça a curiosidade dos estudiosos - e passa a assinar "M. Camargo Guarnieri". A estréia brasileira da Abertura concertante se dá no mesmo ano da composição, em 1942, com boa receptividade da crítica especializada. Dentre as manifestações destaca-se a do musicólogo Mário de Andrade, afirmando que pela primeira vez um autor encontrava a solução para o "allegro" brasileiro, ou seja, nas peças de movimento vivo, conseguia fugir às soluções coreográficas valendo-se de ritmos de danças populares. De fato, os temas da Abertura - assemelhados entre si - são inventados por Guarnieri e trabalhados com os recursos da orquestra clássica onde os tímpanos são usados no reforço da estruturação, no desenvolvimento das idéias temáticas, conferindo dinâmica interna à obra ternária. Em algum momento, antes de março de 1951, Guarnieri elimina dois trechos da Abertura. O compositor teria dito que tais supressões confeririam maior equilíbrio à arquitetura interna. Como é sabido entre os estudiosos de sua obra, o autor nutria grande respeito às construções formais clássicas, bem como prezava as complexas redes contrapontísticas.



Adaptado do texto de apresentação do CD gravado pela Osesp e autoria de Flávia Camargo Toni, musicóloga, curadora do acervo Camargo Guarnieri no Instituto de Estudos Brasileiros da USP.

 

Claude DEBUSSY

La Mer (O Mar)
Duração aproximada: 23 minutos

Ano da composição: 1903-05

 

A composição dos 'três esboços sinfônicos' intitulados La Mer (O Mar) ocupou Debussy por quase dois anos. Com esse subtítulo, o compositor reforça a imprecisão, a arte da sugestão que compartilhava com os poetas simbolistas, e relativiza o emprego do grande aparato sinfônico.

Os títulos das seções, como quase sempre em Debussy, aludem à luz e ao movimento, a cores e texturas: Da aurora ao meio-dia no mar, Jogo das ondas e Diálogo do vento e do mar. Categorias formais tradicionais tais como exposição e desenvolvimento não mais se aplicam aqui. Os motivos não são desenvolvidos a partir de um único tema principal, mas derivam uns dos outros. A evolução do discurso musical parece um jogo, pequenas unidades dispostas de forma caleidoscópica. Em longos trechos, o acompanhamento parece superar o elemento melódico, o que confere à música um colorido jamais imaginado antes. A alucinante sucessão de texturas de O Mar é uma obra-prima de sugestão, uma interpretação única na arte ocidental dos ruídos e movimentos, do jogo espacial e luminoso do oceano em contínua transformação.

 

Dante Pignatari é pianista.
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