[ANPPOM-L] (sem assunto)

Leandro Rodrigues leandro_srodrigues em yahoo.com.br
Qua Abr 11 11:35:44 BRT 2007


    Conforme as categorias de classificação do colega José Augusto Mannis, gostaria de comentar algumas coisas. Sou graduando em Música pela Universidade Estadual do Rio Grande do Sul - UERGS, e atualmente estou concluindo o meu trabalho de conclusão de curso, o qual se intitula "Jingles: uma abordagem processual". Assim como citou o colega, tive que "aprender no tranco", ou seja, na prática composicional dessas canções. Para tanto tive que buscar diversos subsidios, pesquisa pela qual realizei de forma solitária. A composição dessas canções possui como pré-requisitos conhecimentos em diversos campos específicos, tais como acústica, computação musical, produção musical, etc. Nesse meu trabalho, pretendo discutir exatamente essa questão. Por que não abordar esses temas na graduação? Afinal a música aplicada é uma perpectiva profissional para os músicos da atualidade, sendo assim, essa realidade também deve ser contemplada pela formação acadêmica. Enfocando precisamente a música aplicada a publicidade, como é o caso dos jingles, os músicos vem "perdendo terreno", pois as diversas faculdades de publicidade já englobam componentes curriculares tais como "Criação e Produção em Audio", o que para mim é de cunho exclusivo da música.



Saudações cordiais,


Leandro Rodrigues



Caros Colegas,

Caro Rubens, Caro Jorge, Caro Rodolfo, Caro Carlos, Cara Sandra, 

Vejo com entusiasmo que este assunto esteja suscitando nosso interesse.

Isso é muito importante sendo tal empreendimento fundamental para que alguma ação seja encetada.

Mais uma vez saliento que há necessidade de examinar o problema de uma posição distante, de modo que possamos ver o todo.

Foi por isso que chamei a atenção para o o fato de que "conjugar perfis com necessidades de capacitação distintas me parece um equivoco".

Justamente o que está suscitando esta discussão. Todos os que nela estão envolvidos tem excelência reconhecida e se expressaram de forma coerente.

Observo que todos consideram a mesma posição, somente que cada um está no dominio da área de sua abrangencia.

Pediria que considerassem que estamos diante de uma situação nova.

Há novos perfis de atividade na sociedade que não estão totalmente institucionalizados, estão em formação e, por isso, não estão sendo atendidos pelas instituições acadêmicas.

Em nenhum momento a formação do músico deve ser menos efetiva. Ao contrário, os alunos de música deveriam chegar na universidade
com capacitação mais avançada do que agora. Mas isso seria outra questão que não convém abordar neste âmbito.

A formação do interprete, do compositor e do pesquisador em música é fundamental, certamente. Deve seguir e mesmo se aperfeiçoar.

Minha preocupação é centrada no fato de que 2.000 pessoas entram no Mercado de Trabalho e têm que "se virar de qualquer jeito".

Acho que seria melhor ter um Engenheiro de Som que fosse violinista, e que tivesse uma cultura musical ampla, do que um Engenheiro de Som somente centrado em um segmento especifico da música. Para garantir a diversidade, precisamos colocar no mercado pessoas com a mente aberta e com visão musical ampla.
       
Acho melhor que o pianista que acabou indo trabalhar no comércio, que pelo menos tenha a chance de atuar num campo onde a música esteja presente. 
O compositor que teve que ir para o mercado editorial, que pelo menos seja para o segmento de música e não que se ocupe com coisas alheias a seu mundo;
O pesquisador que acabou trabalhando na imprensa, que seja uma função onde expresse sua capacitação em arte e cultura e não num setor técnico básico.

Mas para isso os estudantes necessitam de pelo menos algumas ferramentas complementares.

Poderiamos talvez pensar em que disciplinas seriam desejáveis nos cursos de música para capacitar alunas e alunos em algumas técnicas exigidas nas demandas de trabalho: por exemplo, conhecer bem os repertorios musicais (estilos, épocas, generos); ter uma escuta trabalhada (saber analisar uma sensação sonora; e saber analisar uma expressão sonora) (saber fazer uma escuta técnica e alternar para uma escuta estética com o devido controle); ter senso crítico e saber se expressar diante do que acabou de ouvir (comentar com pertinencia); aprender a editar uma partitura de orquestra (isso é importante para todo músico, saber como preparar uma virada de página ...); saber como microfonar os instrumentos (hoje nos estudios se o interprete não souber como é o campo acustico de seu instrumento corre o risco de sair da gravação com um som de 'metálico' sem saber porque e sem saber o que fazer, pois há técnicos que não sabem isso); como fazer um Press Release para um evento seu; como funciona um roteiro de radio e de cinema; como captar recursos para projetos; como montar projetos claros e objetivos; como funciona acusticamente uma caixa cênica, qual a função de cada parte do palco na escuta dos músicos; etc...

Sem REFLEXÃO sobre as especifidades de cada elemento da enorme MALHA DE ATIVIDADES que aqui se abre, sem considerar as hierarquias e categorias intrinsecas, acabam surgindo inevitavelmente imagens nebulosas.

HÁ MÚSICOS, HÁ PROFISSIONAIS/PESQUISADORES LIGADOS Á MÚSICA, HÁ MÙSICOS LIGADOS A OUTROS SETORES. São três coisas distintas. Se pudermos não refletir sobre uma pensando na outra vamos avançar positivamente.

1) MÚSICA : interpretação, composição, pesquisa

2) PROFISSIONAIS/PESQUISADORES LIGADOS À MÙSICA: todos os que atuam para a atividade fim MUSICA ou que estudam a MUSICA à luz de outras áreas do conhecimento.

3) MÚSICOS LIGADOS A OUTROS SETORES: música aplicada, multimeios, intermidias.  

O Número 1), nós já temos na Universidade e precisamos melhorar.

Os Números 2) e 3): DOCENTES - Muitos fazem na academia e, para seguir, necessitam de adequações estruturais; ALUNOS - Muitos acabam "aprendendo no tranco" sem a devida preparação e sem algumas bases que facilitariam sua vida;

Se os 2.000 alunas e alunos que saem anualmente das escolas de música pudessem ter algumas ferramentas em 2) e 3) a vida deles seria muito melhor e hoje estariam muito mais felizes. Mais que isso, no setor em que estivessem trabalhando, teriamos aliados e pessoas que SABEM DO QUE ESTAMOS FALANDO. (Quantas vezes não precisamos explicar que o que fazemos não é o que grande parte dos profissionais pensam que é?)

Reforçar os itens 2) e 3) é criar condições adequadas de que a SOCIEDADE tenha PESSOAS em vários setores CONSCIENTES dos valores nos quais todos nós acreditamos e queremos passar adiante.

Nós temos 2.000 pessoas que entram no mercado de trabalho POR ANO e estamos PERDENDO A MAIORIA DELAS.

Nos ultimos 10 anos dos 20.000 profissionais desovados me pergunto: Quantos ainda trabalham COM MÚSICA?; Quantos ainda podem considerar A MÚSICA algo importante em suas vidas?; Quantos tem em suas mãos poder para INCENTIVAR ou NÃO uma iniciativa musical? Quantos puderam desenvolver os valores que receberam em sua formação?

Por isso, gostaria de expressar novamente que "conjugar perfis com necessidades de capacitação distintas me parece um equivoco".

Pessoalmente creio que estamos ao meio de uma articulação no processo histórico, portanto, vivendo um tempo importante e decisivo.   

Estamos num MOMENTO DE EXPANSÃO, uma OPORTUNIDADE que cabe a nós, MÚSICOS, aproveitar ou não dela. 

Apesar dessa oportunidade estar aí PARA TODOS, neste momento está MUITO MAIS PROXIMA DE NÓS, mas não vai ficar estacionada eternamente onde está.

Melhores saudações e Boa Páscoa !

José Augusto Mannis
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