[ANPPOM-L] FW: Flo & Villa

Jos=?ISO-8859-1?B?6SA=?=Luiz Martinez rudrasena em uol.com.br
Ter Ago 14 20:49:16 BRT 2007


Caros colegas,

Atendendo ao pedido do Leonardo Fuks, faço aqui um breve relato do contexto
da discussão, cuja última mensagem foi postada por Flo Menezes. Tudo começou
com uma entrevista dada pelo compositor Flo Menezes, disponível na Internet:

http://p.php.uol.com.br/tropico/html/textos/2880,1.shl

A essa entrevista, o crítico Lauro Machado respondeu, em especial, sobre a
questão da importância da obra de Villa-Lobos. Ao que Flo, por sua vez,
responde. Foi esse estado da questão que eu postei na lista da ANPPOM.

Seguiram várias respostas de membros da associação, expressando seus pontos
de vista, ao meu ver, de forma judiciosa e em alto nível. Os argumentos
podem ser aceitos ou não, dependendo da posição de cada um. Nada de anormal
no meio acadêmico. Recebo então uma mensagem do compositor Jorge Antunes,
questionando a validade da discussão e sentenciando: "poupe-nos", como se
fossem palavras de nosso colega Fuks. Respondo a essa injunção inaceitável.
E agora, precisamente na mensagem em que vocês estão lendo, repasso a última
mensagem de Flo Menezes, onde ele cita um interessante texto de Goethe, o
qual certamente poderá despertar novas, interessantes e salutares discussões
na nossa área, a saber, música.


Abraços,
Martinez



------ Forwarded Message
> From: Flo Menezes <flomenezes em uol.com.br>
> Date: Tue, 14 Aug 2007 14:20:37 -0300
> Subject: Re: [ANPPOM-L] FW: Flo & Villa
> 
> Diante da comoção nacional que uma ³simples² frase minha ocasionou, ao
> referir-me, en passant, ao emblema Villa-Lobos (especialmente ao mau
> Villa-Lobos), em meio a milhões de outros pensamentos, e em face das tantas
> manifestações que têm circulado até em listas das quais nem participo (ANPPOM)
> ­ algumas bem ofensivas, às vezes covardemente anônimas, às vezes bossalmente
> assumidas, mas que nem mereceriam resposta, haja vista o nível intelectual
> baixo das colocações ­, transcrevo uma bela passagem de Goethe acerca do juízo
> artístico que me fôra transmitida por um ex-aluno, apenas salientando que, em
> minha opinião, deveríamos, como músicos, ter a formação adequada a que se
> refere Goethe!
> 
> "À questão de saber se se devem ou não fazer comparações quando se observam
> diferentes obras de arte, gostaríamos de dar a resposta que se segue. O
> conhecedor que tem formação adequada deve comparar: a idéia paira à sua
> frente, e ele apreendeu o conceito relativo ao que pode e ao que deve ser
> produzido. Já o amador, que é apanhado ainda no trajeto da sua formação, só
> tem a ganhar se não fizer comparações e se observar em separado cada
> realização: é assim que o seu gosto e o seu sentido do geral se formará pouco
> a pouco. Quanto à comparação levada a cabo pelo não iniciado, é apenas uma
> solução de facilidade que dispensa qualquer juízo." (Johann Wolfgang von
> Goethe, in 'Máximas e Reflexões')
> 
> Flo Menezes 
> Compositor &
> Diretor Artístico do
> Studio PANaroma
> e do
> PUTS ­ PANaroma/Unesp: Teatro Sonoro
> 
> 
> On 8/14/07 11:05 AM, "Sandra Reis" <sandramontreal em hotmail.com> wrote:
> 
>> Stela, faço minhas suas palavras.
>> 
>> Um grande abraço,
>> 
>> Sandra Loureiro de Freitas Reis
>> 
>>> 
>>> From:  "Stela Brandao" <sbrandao em nyc.rr.com> To:  "Rubens Ricciardi"
>>> <rrrr em usp.br>, Jos é Luiz Martinez <rudrasena em uol.com.br>, "Musikeion"
>>> <musikeion em pucsp.br>, "ANPPOM lista" <anppom-l em iar.unicamp.br>, "Comuarte
>>> (lista)" <comuarte em yahoogrupos.com.br> CC:  dmneto em usp.br, Lauro Machado
>>> Coelho <machadocoelho em terra.com.br>, Flo Menezes <flomenezes em uol.com.br>,
>>> Rodolfo Coelho de Souza <rcoelho em bighost.com.br> Subject:  Re: [ANPPOM-L]
>>> FW: Flo & Villa Date:  Tue, 14 Aug 2007 00:51:35 -0400 Ah! Adorei esta
>>> resposta do Professor Ricciardi! Agora, chovendo mais um pouquinho no
>>> molhado, uma pergunta quanto à curiosa constatação: "...diante da
>>> constatação de que artistas pouco exigentes, como Villa-Lobos, e que
>>> escreviam pelos cotovelos, apenas terão reconhecimento como "gênios" dentro
>>> dos limites, bastante restritos, de nossa "nação brasileira". Ora bolas, o
>>> que dizer então das inúmeras gravações da música de Villa-Lobos que são
>>> colocadas no mercado internacional a cada ano? Dizer que ele não tem
>>> reconhecimento fora do Brasil é no mínio desinformação. Além de ser
>>> constantemente gravado e regravado por artistas não brasileiros (dêem uma
>>> olhada na amazon.com)   com as Bachianas, Choros, Quartetos, música para
>>> piano, música para violão, canções, música de câmara diversa, sinfonias...!,
>>> é o compositor erudito brasileiro mais frequente nas salas de concerto aqui
>>> dos EUA.  Porque? Por que sua música é bela, emociona, tem impacto, tem
>>> força, tem lirismo, tem espírito! Como o próprio Villa já o disse: existem
>>> compositores de papel e aqueles que compõem em sintonia com o coração. Não
>>> faltam compositores eruditos cuja inspiração não vai além do aspecto formal
>>> e técnico e, se escutamos uma vez sua música, já não dá vontade de escutar
>>> uma segunda vez , de tão fria. Entretanto, Villa-Lobos, que "escrevia pelos
>>> cotovelos", nos deixou inúmeras obras destinadas à eternidade e
>>> universalidade.  Ele foi moderno e muito à frente do seu tempo. Quanto mais
>>> estudo, ensino e canto Villa-Lobos, mais fascinada eu fico com a riqueza e
>>> poder de sua música.  Foi uma encarnação de gênio que Deus presenteou ao
>>> Brasil num momento de suma importância, que foi a afirmação da identidade
>>> nacional. Outro como esse vai ser difícil de "baixar" tão cedo.  Ainda vamos
>>> levar mais uns 100 anos para descobrir todo o significado e importância de
>>> tal encarnação para a alma musical brasileira. Stela Brandão, Nova York
>>> ----- Original Message ----- From: "Rubens Ricciardi" <rrrr em usp.br> To: "Jos
>>> é Luiz Martinez" <rudrasena em uol.com.br>; "Musikeion" <musikeion em pucsp.br>;
>>> "ANPPOM lista" <anppom-l em iar.unicamp.br>; "Comuarte (lista)"
>>> <comuarte em yahoogrupos.com.br> Cc: <dmneto em usp.br>; "Flo Menezes"
>>> <flomenezes em uol.com.br>; "Lauro Machado Coelho"
>>> <machadocoelho em terra.com.br>; "Rodolfo Coelho de Souza"
>>> <rcoelho em bighost.com.br> Sent: Tuesday, August 14, 2007 4:30 AM Subject: Re:
>>> [ANPPOM-L] FW: Flo & Villa
>>> 
>>>>> 
>>>>> meus caros,
>>>>> 
>>>>> estamos falando de Villa-Lobos...
>>>>> 
>>>>> quais são afinal as reais dimensões de Villa-Lobos???
>>>>> 
>>>>> simplesmente Villa-Lobos é um dos maiores compositores do século XX e sem
>>>>> dúvida está no mesmo nível de um Stravinsky, de um Prokofiev, de um
>>>>> Debussy, de um Manuel de Falla, de um Bartók - enfim, seja em seus
>>>>> momentos futuristas dos choros e do "Noneto", seja nos momentos
>>>>> neoclássicos das bachianas, ou mesmo em qualquer outro gênero, sempre há
>>>>> obras primas em Villa-Lobos, sempre há uma singularidade, sempre há o
>>>>> métier de um grande mestre, um mundo musical exposto da modernidade
>>>>> brasileira numa manifestação de verdade até hoje jamais superada...
>>>>> 
>>>>> tentar em vão diminuir as reais dimensões de Villa-Lobos seria até
>>>>> ridículo, se de fato não fosse trágico (patologias de alguns poucos
>>>>> representantes da velha vanguarda exaurida e cansada e de seus epígonos
>>>>> estagnados e melancólicos)...
>>>>> 
>>>>> abraço a todos, Rubens Ricciardi
>>>>> 
>>>>> ----- Original Message ----- From: "Jos é Luiz Martinez"
>>>>> <rudrasena em uol.com.br> To: "Musikeion" <musikeion em pucsp.br>; "ANPPOM
>>>>> lista" <anppom-l em iar.unicamp.br>; "Comuarte (lista)"
>>>>> <comuarte em yahoogrupos.com.br> Sent: Monday, August 13, 2007 10:49 PM
>>>>> Subject: [ANPPOM-L] FW: Flo & Villa
>>>>> 
>>>>> 
>>>>> 
>>>>> ------ Forwarded Message From: Eduardo Guimarães Álvares
>>>>> <eduardogalvares em uol.com.br> Date: Mon, 13 Aug 2007 22:22:42 -0300 To:
>>>>> José Luiz Martinez <rudrasena em uol.com.br> Cc: silvio
>>>>> <silvio.ferraz em terra.com.br> Subject: Re: Parar para se pensar!!!
>>>>> 
>>>>> Parar para se pensar!!!
>>>>> 
>>>>> Prezado Florivaldo
>>>>> 
>>>>> Como recebi um e-mail diretamente enviado por você, teço aqui minha
>>>>> opinião baseada nos dados que ele continha:
>>>>> 
>>>>> Primeiro você reclama que toda a riqueza dos assuntos abordados em sua
>>>>> entrevista foram ofuscados pelo seu comentário tecendo juízos de valor
>>>>> sobre a obra de Villa-Lobos. Por que será?
>>>>> 
>>>>> Segundo, seu comentário sobre a quantidade e qualidade de obras boas e
>>>>> ruins de Villa-Lobos é baseada em qual quantidade de música que você
>>>>> conhece por partituras ou escutou, em gravações com um bom nível técnico e
>>>>> musical? Quanto da obra do Villa é conhecida ou registrada em gravações
>>>>> com boa qualidade ou estão disponíveis em partituras devidamente editadas
>>>>> e revisadas?
>>>>> 
>>>>> Terceiro, seu comentário: "artistas pouco exigentes, como Villa-Lobos, e
>>>>> que escreviam pelos cotovelos, apenas terão reconhecimento como "gênios"
>>>>> dentro dos limites, bastante restritos, de nossa "nação brasileira". Bom,
>>>>> o Olivier Messiaen, professor de Boulez, que eu não considero um
>>>>> compositor "menor", fez alguns comentários positivos sobre alguns aspectos
>>>>> da música do Villa. Ou seja, o interesse por sua música ultrapassou um
>>>>> pouco as nossas fronteira nacionais.
>>>>> 
>>>>> Tenho certeza que, tanto para o bem quanto para o mal, a obra com altos e
>>>>> baixos do Villa é referencial dentro da história da música brasileira.
>>>>> 
>>>>> Juízos muito gerais sobre compositores grandes ou menores, ou pior ainda
>>>>> "geniais", só demonstram que tratamos a cultura musical brasileira sem a
>>>>> devida seriedade, pois só a pesquisa, o estudo e a análise sérios poderão
>>>>> avaliar sua real importância. Assim como é feito, penso eu, com as grandes
>>>>> obras dos gênios internacionais.
>>>>> 
>>>>> Um abraço
>>>>> 
>>>>> Eduardo Guimarães Álvares
>>>>> 
>>>>> 
>>>>> ----- Original Message ----- From: Flo Menezes To: Lauro Machado Coelho
>>>>> Cc: revistatropico em uol.com.br ; Humberto Pereira da Silva ; João Luiz
>>>>> Sampaio Sent: Monday, August 13, 2007 9:32 AM Subject: Parar para se
>>>>> pensar!!!
>>>>> 
>>>>> 
>>>>> Prezado Lauro Machado Coelho,
>>>>> 
>>>>> chegaram-me a meu conhecimento comentários (sempre benvindos quando vêm de
>>>>> críticos de sua estatura) acerca de minha recente entrevista na UOL, pelas
>>>>> vias de um blog e de uma recomendação a minha entrevista por parte do
>>>>> jornalista João L. Sampaio, a quem tomo a liberdade de enviar uma cópia
>>>>> desta minha mensagem, juntamente com outras pessoas que me são caras.
>>>>> 
>>>>> Refiro-me mais precisamente às linhas abaixo, escritas por você,
>>>>> transcritas ao final desta minha mensagem.
>>>>> 
>>>>> Gostaria de registrar aqui minhas impressões, dada a responsabilidade de
>>>>> homens da imprensa que são tanto vc quanto o João L. Sampaio.
>>>>> 
>>>>> Minha entrevista na UOL
>>>>> (http://p.php.uol.com.br/tropico/html/textos/2880,1.shl), respondendo a
>>>>> perguntas muito bem elaboradas pelo filósofo e crítico de cinema Humberto
>>>>> Pereira da Silva (a quem tb envio esta mensagem, para seu conhecimento),
>>>>> versa sobre diversos aspectos de minha postura estética e é, sem sombras
>>>>> de dúvidas, uma das melhores que concedi até hoje, ao longo de meu
>>>>> percurso criativo.
>>>>> 
>>>>> Nela falo de diversos aspectos de minha produção, elucidando inclusive
>>>>> muitas das noções que introduzo em meus escritos e pelas vias de minha
>>>>> obra musical:
>>>>> 
>>>>> 
>>>>> a.. conceito de maximalismo b.. noção de "laborinto" (em Berio etc) c..
>>>>> noção de "perder-se para achar e procurar" d.. referências a Trotsky e..
>>>>> comentário sobre a relevância da tonalidade e sobre sua prática no dia a
>>>>> dia f.. sobre os "sistemas" em arte e sobres seus "esgotamentos" g.. sobre
>>>>> o capitalismo tardio h.. sobre a pertinência de novas proposições
>>>>> estéticas >>>>> e o Novo i.. noção de especulação no terremo na criação
>>>>> musical j.. a relação entre música e afetos k.. noção de que "gosto se
>>>>> discute" em arte l.. noção da música como "matemática dos afetos" m.. a
>>>>> música como a mais difícil das artes n.. a questão da "tecnicidade
>>>>> musical" o.. a música como uma espécie de "maçonaria" p.. a importância de
>>>>> se ouvir o silêncio q.. o papel inovador de Cage r.. a relação novos meios
>>>>> / novos sons s.. a relação entre meios e fins em arte t.. a relação entre
>>>>> sons e contexto u.. a defesa da radicalidade estética (de cunho adorniano)
>>>>> v.. a relevância da autenticidade na criação artística w.. a tripartição
>>>>> poundiana entre mestria, invenção e diluição em arte x.. a questão em
>>>>> torno da genialidade e a noção de gênio y.. comentários sobre a MPB z.. as
>>>>> diferenças e desavenças nos meandros da Música Nova aa.. cometários sobre
>>>>> a música dos DJs ab.. música e sociedade ac.. a importância dos ritos e
>>>>> sua relatividade ad.. a noção de u-topia ae.. a questão acerca da música
>>>>> "européia", que tanto me imputam af.. a proposta utópica de uma
>>>>> nacionalidade post-mortem ag.. comentário sobre o nacionalismo ah.. Freud
>>>>> e o Novo ai.. a perversão e o Velho aj.. sobre Wagner ak.. defesa da
>>>>> pretensão em oposição à presunção e à prepotência al.. os resíduos da
>>>>> história e sua relação com a criação atual am.. Demócrito, Merleau-Ponty,
>>>>> Barthes an.. a relação entre música e matemática ao.. a relação entre a
>>>>> complexidade maximalista e a velocidade da luz ap.. a defesa das
>>>>> simultaneidades, do labirinto criativo, das ramificações aq.. sobre o
>>>>> acorde de Tristão e as entidades harmônicas ar.. relação entre ruptura e
>>>>> progresso: noção de "transgresso" as.. a arte como campo flexível at.. os
>>>>> baluartes da vanguarda musical au.. a situação da música no Brasil av..
>>>>> comentário sobre Villa-Lobos aw.. aspectos (parâmetros) da textura sonora
>>>>> ax.. o serialismo integral e a aversão cega dos nacionalistas ay.. a
>>>>> diferença entre a complexidade em Berio e em Ferneyhough az.. balanço
>>>>> crítico da Nova Complexidade de Ferneyhough ba.. a noção de Manoury sobres
>>>>> arquipélagos da contemporaneidade bb.. sistemas de referência comum em
>>>>> música e sua superação na atualidade bc.. a importância das novas
>>>>> tecnologias bd.. sobre a divulgação da música be.. minhas atuações à
>>>>> frente do Studio PANaroma bf.. a condenação das concessões em arte bg.. a
>>>>> referência à imagem do "rio" em arte (Joyce, Berio, Heráclito etc)
>>>>> 
>>>>> 
>>>>> Por tudo isto, espanta-me (sem surpreender-me!) como algumas pessoas se
>>>>> ativeram ao "simples" e direto comentário que fiz acerca da obra de
>>>>> Villa-Lobos e se silenciaram sobre todas as demais questões, a meu ver
>>>>> MUITO mais importantes do que essa discussão. (Até mesmo email anônimo e
>>>>> desrespeitoso cheguei a receber... não tiveram sequer a coragem de assinar
>>>>> a mensagem).
>>>>> 
>>>>> Quando vc "sai em defesa" de Villa-Lobos (que vc afirma ser uma "chuva no
>>>>> molhado", com o quê sinceramente discordo!), tece comentários bastante
>>>>> pertinentes, e concordo com boa parte deles, especificamente com relação
>>>>> às boas obras de sua autoria a que vc se referiu.
>>>>> 
>>>>> Minha opinião acerca do que vem a constituir um GRANDE compositor não se
>>>>> altera, porém, substancialmente em nada: a proporção entre as obras
>>>>> medíocres e as obras geniais tem de ser nitidamente favorável, na balança,
>>>>> às obras geniais, e isto de modo muito claro e evidente, como foram os
>>>>> casos de Webern, Berg, Schoenberg, Berio, Stockhausen, Stravinsky (e não
>>>>> de compositore menores, tais como Shostakóvitch, Martinu e Milhaud, que vc
>>>>> cita como exemplos - sei que estou pondo lenha na fogueira, mas é minha
>>>>> opinião sincera...).
>>>>> 
>>>>> Ademais, não vejo como pertinente a comparação entre a música que se
>>>>> praticou a partir do início do século XX, em plena era da indústria
>>>>> cultural e diante das "rupturas" com os velhos códigos, "promulgadas" por
>>>>> Schoenberg e outros, com as práticas da música barroca, clássica e mesmo
>>>>> romântica: os critérios de excelência, naquelas épocas (sobretudo na
>>>>> música barroca e clássica) dobravam-se comumente às exigências de uma
>>>>> produção ininterrupta, socialmente subalterna às "necessidades" religiosas
>>>>> ou das cortes. Algo, pois, bem diverso da época dita "moderna", em que o
>>>>> critério da criação autônoma, por mais relativa que possa ser tal
>>>>> autonomia, norteia o pensador, e na qual se deve constantemente "parar
>>>>> para pensar", para que quando se faça algo, se faça o MELHOR e sobretudo o
>>>>> que se DESEJA fazer! Pensemos, por exemplo, em Berg, Webern ou Boulez, com
>>>>> o rigor de suas (poucas, porém vastas, ao menos no que tange às suas
>>>>> ramificações posteriores) obras!!!
>>>>> 
>>>>> Concluindo, é preciso que acordemos para a discussão de tantos outros
>>>>> aspectos mais interessantes do que nos sentirmos afetados ou agredidos
>>>>> diante da constatação de que artistas pouco exigentes, como Villa-Lobos, e
>>>>> que escreviam pelos cotovelos, apenas terão reconhecimento como "gênios"
>>>>> dentro dos limites, bastante restritos, de nossa "nação brasileira".
>>>>> 
>>>>> Grande abraço a todos.
>>>>> 
>>>>> ___ Comentário de Lauro Machado:
>>>>> 
>>>>> A respeito da entrevista de Flo Menezes: Ninguém é "forçado a venerar
>>>>> Villa-Lobos como o gênio nacional", é claro. Mas é uma simples questão de
>>>>> justiça reconhecer que o Brasil nunca produziu outro compositor tão
>>>>> completo. A obra de Villa-Lobos é irregular, sim. Como todo compositor que
>>>>> escreve com extrema facilidade, o excepcional, em sua obra, se acotovela
>>>>> com o medíocre, é verdade. Isso acontece com outros autores do século XX
>>>>> (sem mencionar os prolíficos autores do Barroco ou do Classicismo). Eu
>>>>> citaria Dimitri Shostakóvitch, Bohuslav Martinu e Darius Milhaud, que são
>>>>> igualmente ecléticos e desiguais. Mas nem por isso questionamos a
>>>>> genialidade deles.
>>>>> 
>>>>> Na verdade, que outro compositor brasileiro praticou todos os gêneros --
>>>>> inclusive a ópera -- com igual número de acertos? (a afirmação de Flo
>>>>> Menezes de que as peças medíocres superam as excepcionais não resiste,
>>>>> acredito, a uma simples avaliação aritmética).
>>>>> 
>>>>> Não são só as Bachianas e os Chôros, no domínio da música orquestral. Os
>>>>> quartetos de cordas estão entre as coleções mais importantes do século XX.
>>>>> E a música para piano tem verdadeiras preciosidades, entre elas, coisas
>>>>> como as Cirandas e o Guia Prático -- recentemente gravado pela Clara
>>>>> Sverner - que mapeam a riqueza melódica e rítmica do cancioneiro
>>>>> luso-brasileiro. Há, na música de câmara, coisas de uma originalidade
>>>>> gritante, como o Noneto. >>>>> E o repertório das canções é um setor a ser
>>>>> ainda explorado com mais profundidade.
>>>>> 
>>>>> Sair em defesa de Villa-Lobos, a esta altura do campeonato, é chover no
>>>>> molhado, eu sei. Só queria dizer que não preciso fazer esforço algum para
>>>>> me orgulhar de o Brasil ter produzido um artista dessa estatura. ___
>>>>> 
>>>>> Flo Menezes CP 141 06803-971 - Embu - SP Brasil
>>>>> 
>>>>> - - - Compositor & Diretor Artístico do Studio PANaroma e do PUTS -
>>>>> PANaroma/Unesp: Teatro Sonoro
>>>>> 
>>>>> Tel & Fax: ++55/11/4781-6775 Celular: ++55/11/8282-0960 Studio PANaroma:
>>>>> ++55/11/6166-6513 email: flomenezes em uol.com.br web:
>>>>> http://flomenezes.sites.uol.com.br
>>>>> 
>>>>> ------ End of Forwarded Message
>>>>> 
>>>>> 
>>>>> 
------ End of Forwarded Message






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