[ANPPOM-L] refs villa
silvio
silvio.ferraz em terra.com.br
Qua Ago 15 12:45:41 BRT 2007
caros
não sou contra o debate sobre villa.
apenas disse na mensagem anterior q a forma como
villa foi citado na referida entrevista não
difere da forma como foi pinçada a citação de
goethe, marx ou berio.
aliás, esta citação de goethe não precisa ser
encontrada em goethe, muitos blogs na internet
citam a mesma passagem.
mas, já q o debate continua e tornou-se
oportunidade de sabermos o que se passa no mundo
villa-lobiano...
seguem algumas referências (incompletas...sorry!)
sobre villa-lobos:
paulo de tarso: villa-lobos, metáforas e processos
tese de doutorado, defendida na unicamp em 2005
renata botti: não tenho o título mas é sobre texturas em prole do bebê 2
mestrado denfendido na usp, 2003
darlan aves: também estou sem o título comigo
agora, mas analisa amazonas de villa.
mestrado defendido na ufpb em 2005
gilmar jardim: análise de bachianas, revisão de
partitura, também não estou com o dito aqui e não
tenho refs.
mas foi tese de doutorado, defendida na usp em
2004 e resultou em livro sobre villa-lobos.
tem mais alguns e aplicam métodos analíticos com
base em trabalhos mais recentes de análise
musical, assim como o citado trabalho da val, q
tece uma interessante comparação entre villa e
ives qto a índice de densidade orquestra e
aspectos texturais.
apenas me desculpem por não colocar aqui
referências completas, esqueço-me constantemente
de títulos e tudo o mais, mas creio q estes dados
podem estar nos lattes dos orientadores dos
trabalhos iazzetta, didier guigue, silvio ferraz
e no lattes do próprio gilmar jardim.
silvio ferraz
>Caro Silvio,
>
>Não dá para aceitar qualquer censura nessa discussão. Você pode argumentar a
>favor do fim da discussão, como fez abaixo, mas o _poupe-nos_ é inaceitável.
>Estamos discutindo música e não tem nada a ver com a "flame war"
>preconceituosa e fora de tópico que surgiu na lista da Anppom há pouco tempo
>atrás.
>
>Sobre a profundidade com que se poderia ler Villa-Lobos ou Goethe, ora, numa
>lista de discussão, trata-se de uma possibilidade em aberto. Concordo que o
>Flo apenas pinçou uma citação polêmica. Mas ninguém pode prever a
>possibilidade de um outro assinante responder de modo brilhante. Ou alguém
>que tenha analisado Villa-Lobos (lembro aqui da Val Albright, que nem sei se
>está na Anppom) apontar para resultados sólidos que serão do interesse de
>todos.
>
>Assim, meu objetivo não é promover a auto-promoção de alguém, mas suscitar
>discussões que podem ser interessantes. Eu acredito no conceito de
>comunidade científica proposto por Peirce. Para ele a ciência avança não
>pelo trabalho de alguns cientistas geniais, mas pela força da comunidade. Eu
>vejo na Anppom uma autêntica comunidade de músicos e musicólogos. A sua
>lista é um dos instrumentos mais dinâmicos, complementado pelos congressos e
>pela Opus. Talvez com essa linha de discussão sobre Villa-Lobos novos
>artigos e comunicações serão produzidos e apresentados à comunidade
>científica. Aquilo que for realmente bom permanecerá. O resto vai
>desaparecer, mas pode ser que a boa produção surgiu justamente em reação à
>uma manifestação medíocre. Quem sai ganhando é a música brasileira.
>
>Para terminar com mais uma citação, dizia Peirce:
>
>"Do not block the way of science."
>
>
>
>Abraços,
>Martinez
>
>
>
>
>On 14/08/2007 22:50, "silvio" <silvio.ferraz em terra.com.br> wrote:
>
>> se o autor da citação lê goethe com a densidade q tem analisado villa-lobos,
>> acredito de minha parte q este debate não
>>levará a lugar nenhum...quem de vcs
>> analisou villa-lobos? são opiniões, opiniões e mais opiniões...não aparentam
>> nenhuma camada de estudo mais criterioso a não
>>ser o de pinçar frases feitas.
>>
>> caro martinez:
>> o antunes tem razão.
>> e pra citar...já q intelectual gosta de citar:
>> já dizia jânio quadro: "falem mal mas falem de mim".
>>
>> poupe-nos! ou voltaremos a discutir "cristo".
>>
>> abs
>> silvio
>>
>>> Caros colegas,
>>>
>>> Atendendo ao pedido do Leonardo Fuks, faço aqui um breve relato do contexto
> >> da discussão, cuja última mensagem foi
>postada por Flo Menezes. Tudo começou
> >> com uma entrevista dada pelo compositor Flo
>Menezes, disponível na Internet:
>>>
>>> http://p.php.uol.com.br/tropico/html/textos/2880,1.shl
>>>
>>> A essa entrevista, o crítico Lauro Machado respondeu, em especial, sobre a
>>> questão da importância da obra de Villa-Lobos. Ao que Flo, por sua vez,
>>> responde. Foi esse estado da questão que eu postei na lista da ANPPOM.
>>>
>>> Seguiram várias respostas de membros da associação, expressando seus pontos
>>> de vista, ao meu ver, de forma judiciosa e em alto nível. Os argumentos
>>> podem ser aceitos ou não, dependendo da posição de cada um. Nada de anormal
>>> no meio acadêmico. Recebo então uma mensagem do compositor Jorge Antunes,
>>> questionando a validade da discussão e sentenciando: "poupe-nos", como se
>>> fossem palavras de nosso colega Fuks. Respondo a essa injunção inaceitável.
>>> E agora, precisamente na mensagem em que
>>>vocês estão lendo, repasso a última
>>> mensagem de Flo Menezes, onde ele cita um interessante texto de Goethe, o
>>> qual certamente poderá despertar novas,
>>>interessantes e salutares discussões
> >> na nossa área, a saber, música.
>>>
>>>
>>> Abraços,
>>> Martinez
>>>
>>>
>>>
>>> ------ Forwarded Message
>>>> From: Flo Menezes <flomenezes em uol.com.br>
>>>> Date: Tue, 14 Aug 2007 14:20:37 -0300
>>>> Subject: Re: [ANPPOM-L] FW: Flo & Villa
>>>>
>>>> Diante da comoção nacional que uma "simples" frase minha ocasionou, ao
>>>> referir-me, en passant, ao emblema Villa-Lobos (especialmente ao mau
>>>> Villa-Lobos), em meio a milhões de outros
>>>>pensamentos, e em face das tantas
>>>> manifestações que têm circulado até em listas
>>>> das quais nem participo (ANPPOM)
>>>> - algumas bem ofensivas, às vezes covardemente
>>>> anônimas, às vezes bossalmente
>>>> assumidas, mas que nem mereceriam resposta,
>>>>haja vista o nível intelectual
>>>> baixo das colocações -, transcrevo uma bela
>>>> passagem de Goethe acerca do juízo
>>>> artístico que me fôra transmitida por um
>>>> ex-aluno, apenas salientando que, em
>>>> minha opinião, deveríamos, como músicos, ter a formação adequada a que se
>>>> refere Goethe!
>>>>
>>>> "À questão de saber se se devem ou não
>>>>fazer comparações quando se observam
>>>> diferentes obras de arte, gostaríamos de dar a resposta que se segue. O
>>>> conhecedor que tem formação adequada deve comparar: a idéia paira à sua
>>>> frente, e ele apreendeu o conceito relativo ao que pode e ao que deve ser
>>>> produzido. Já o amador, que é apanhado
>>>>ainda no trajeto da sua formação, só
>>>> tem a ganhar se não fizer comparações e se observar em separado cada
>>>> realização: é assim que o seu gosto e o seu
>>>> sentido do geral se formará pouco
>>>> a pouco. Quanto à comparação levada a cabo
>>>>pelo não iniciado, é apenas uma
>>>> solução de facilidade que dispensa qualquer juízo." (Johann Wolfgang von
>>>> Goethe, in 'Máximas e Reflexões')
>>>>
>>>> Flo Menezes
>>>> Compositor &
>>>> Diretor Artístico do
>>>> Studio PANaroma
>>>> e do
>>>> PUTS - PANaroma/Unesp: Teatro Sonoro
>>>>
>>>>
>>>> On 8/14/07 11:05 AM, "Sandra Reis" <sandramontreal em hotmail.com> wrote:
>>>>
>>>>> Stela, faço minhas suas palavras.
>>>>>
>>>>> Um grande abraço,
>>>>>
>>>>> Sandra Loureiro de Freitas Reis
>>>>>
>>>>>>
>>>>>> From: "Stela Brandao" <sbrandao em nyc.rr.com> To: "Rubens Ricciardi"
>>>>>> <rrrr em usp.br>, Jos é Luiz Martinez <rudrasena em uol.com.br>, "Musikeion"
>>>>>> <musikeion em pucsp.br>, "ANPPOM lista"
>>>>>><anppom-l em iar.unicamp.br>, "Comuarte
>>>>>> (lista)" <comuarte em yahoogrupos.com.br>
>>>>>>CC: dmneto em usp.br, Lauro Machado
>>>>>> Coelho <machadocoelho em terra.com.br>, Flo
>>>>>>Menezes <flomenezes em uol.com.br>,
>>>>>> Rodolfo Coelho de Souza
>>>>>><rcoelho em bighost.com.br> Subject: Re:
>>>>>>[ANPPOM-L]
>>>>>> FW: Flo & Villa Date: Tue, 14 Aug 2007 00:51:35 -0400 Ah! Adorei esta
>>>>>> resposta do Professor Ricciardi! Agora, chovendo mais um pouquinho no
>>>>>> molhado, uma pergunta quanto à curiosa constatação: "...diante da
>>>>>> constatação de que artistas pouco exigentes, como Villa-Lobos, e que
>>>>>> escreviam pelos cotovelos, apenas terão
>>>>>> reconhecimento como "gênios" dentro
> >>>>> dos limites, bastante restritos, de
>nossa "nação brasileira". Ora bolas,
> >>>>> o
>>>>>> que dizer então das inúmeras gravações da música de Villa-Lobos que são
>>>>>> colocadas no mercado internacional a cada ano? Dizer que ele não tem
>>>>>> reconhecimento fora do Brasil é no mínio desinformação. Além de ser
>>>>>> constantemente gravado e regravado por
>>>>>>artistas não brasileiros (dêem uma
>>>>>> olhada na amazon.com) com as Bachianas,
>>>>>>Choros, Quartetos, música para
>>>>>> piano, música para violão, canções, música
>>>>>> de câmara diversa, sinfonias...!,
>>>>>> é o compositor erudito brasileiro mais
>>>>>> frequente nas salas de concerto aqui
>>>>>> dos EUA. Porque? Por que sua música é bela, emociona, tem impacto, tem
>>>>>> força, tem lirismo, tem espírito! Como o próprio Villa já o disse:
>>>>>> existem
>>>>>> compositores de papel e aqueles que compõem em sintonia com o coração.
>>>>>> Não
>>>>>> faltam compositores eruditos cuja inspiração
>>>>>> não vai além do aspecto formal
>>>>>> e técnico e, se escutamos uma vez sua música, já não dá vontade de
>>>>>> escutar
>>>>>> uma segunda vez , de tão fria. Entretanto,
> >>>>> Villa-Lobos, que "escrevia pelos
>>>>>> cotovelos", nos deixou inúmeras obras destinadas à eternidade e
>>>>>> universalidade. Ele foi moderno e muito à
>>>>>> frente do seu tempo. Quanto mais
>>>>>> estudo, ensino e canto Villa-Lobos, mais
>>>>>>fascinada eu fico com a riqueza
>>>>>> e
>>>>>> poder de sua música. Foi uma encarnação
>>>>>>de gênio que Deus presenteou ao
>>>>>> Brasil num momento de suma importância,
>>>>>>que foi a afirmação da identidade
>>>>>> nacional. Outro como esse vai ser difícil de
>>>>>> "baixar" tão cedo. Ainda vamos
>>>>>> levar mais uns 100 anos para descobrir todo o significado e importância
>>>>>> de
>>>>>> tal encarnação para a alma musical brasileira. Stela Brandão, Nova York
>>>>>> ----- Original Message ----- From: "Rubens
>>>>>> Ricciardi" <rrrr em usp.br> To: "Jos
>>>>>> é Luiz Martinez" <rudrasena em uol.com.br>; "Musikeion"
>>>>>> <musikeion em pucsp.br>;
>>>>>> "ANPPOM lista" <anppom-l em iar.unicamp.br>; "Comuarte (lista)"
>>>>>> <comuarte em yahoogrupos.com.br> Cc: <dmneto em usp.br>; "Flo Menezes"
>>>>>> <flomenezes em uol.com.br>; "Lauro Machado Coelho"
>>>>>> <machadocoelho em terra.com.br>; "Rodolfo Coelho de Souza"
>>>>>> <rcoelho em bighost.com.br> Sent: Tuesday,
>>>>>> August 14, 2007 4:30 AM Subject: Re:
>>>>>> [ANPPOM-L] FW: Flo & Villa
>>>>>>
>>>>>>>>
>>>>>>>> meus caros,
>>>>>>>>
>>>>>>>> estamos falando de Villa-Lobos...
>>>>>>>>
>>>>>>>> quais são afinal as reais dimensões de Villa-Lobos???
>>>>>>>>
>>>>>>>> simplesmente Villa-Lobos é um dos maiores
>>>>>>>> compositores do século XX e sem
>>>>>>>> dúvida está no mesmo nível de um Stravinsky, de um Prokofiev, de um
>>>>>>>> Debussy, de um Manuel de Falla, de um Bartók - enfim, seja em seus
>>>>>>>> momentos futuristas dos choros e do "Noneto", seja nos momentos
>>>>>>>> neoclássicos das bachianas, ou mesmo em qualquer outro gênero, sempre
>>>>>>>> há
>>>>>>>> obras primas em Villa-Lobos, sempre há uma singularidade, sempre há o
>>>>>>>> métier de um grande mestre, um mundo musical exposto da modernidade
>>>>>>>> brasileira numa manifestação de verdade até hoje jamais superada...
>>>>>>>>
>>>>>>>> tentar em vão diminuir as reais dimensões de Villa-Lobos seria até
>>>>>>>> ridículo, se de fato não fosse trágico (patologias de alguns poucos
>>>>>>>> representantes da velha vanguarda
>>>>>>>>exaurida e cansada e de seus epígonos
>>>>>>>> estagnados e melancólicos)...
>>>>>>>>
>>>>>>>> abraço a todos, Rubens Ricciardi
>>>>>>>>
>>>>>>>> ----- Original Message ----- From: "Jos é Luiz Martinez"
>>>>>>>> <rudrasena em uol.com.br> To: "Musikeion" <musikeion em pucsp.br>; "ANPPOM
>>>>>>>> lista" <anppom-l em iar.unicamp.br>; "Comuarte (lista)"
>>>>>>>> <comuarte em yahoogrupos.com.br> Sent: Monday, August 13, 2007 10:49 PM
>>>>>>>> Subject: [ANPPOM-L] FW: Flo & Villa
>>>>>>>>
>>>>>>>>
>>>>>>>>
>>>>>>>> ------ Forwarded Message From: Eduardo Guimarães Álvares
>>>>>>>> <eduardogalvares em uol.com.br> Date: Mon, 13 Aug 2007 22:22:42 -0300 To:
>>>>>>>> José Luiz Martinez <rudrasena em uol.com.br> Cc: silvio
> >>>>>>> <silvio.ferraz em terra.com.br> Subject: Re: Parar para se pensar!!!
> >>>>>>>
>>>>>>>> Parar para se pensar!!!
>>>>>>>>
>>>>>>>> Prezado Florivaldo
>>>>>>>>
>>>>>>>> Como recebi um e-mail diretamente enviado por você, teço aqui minha
>>>>>>>> opinião baseada nos dados que ele continha:
>>>>>>>>
>>>>>>>> Primeiro você reclama que toda a
>>>>>>>>riqueza dos assuntos abordados em sua
>>>>>>>> entrevista foram ofuscados pelo seu
>>>>>>>>comentário tecendo juízos de valor
>>>>>>>> sobre a obra de Villa-Lobos. Por que será?
>>>>>>>>
>>>>>>>> Segundo, seu comentário sobre a
>>>>>>>>quantidade e qualidade de obras boas e
>>>>>>>> ruins de Villa-Lobos é baseada em qual quantidade de música que você
>>>>>>>> conhece por partituras ou escutou, em
>>>>>>>> gravações com um bom nível técnico e
>>>>>>>> musical? Quanto da obra do Villa é
>>>>>>>>conhecida ou registrada em gravações
>>>>>>>> com boa qualidade ou estão disponíveis em
>>>>>>>> partituras devidamente editadas
>>>>>>>> e revisadas?
>>>>>>>>
>>>>>>>> Terceiro, seu comentário: "artistas
>>>>>>>>pouco exigentes, como Villa-Lobos,
>>>>>>>> e
>>>>>>>> que escreviam pelos cotovelos, apenas terão reconhecimento como
> >>>>>>> "gênios"
>>>>>>>> dentro dos limites, bastante restritos, de
>>>>>>>> nossa "nação brasileira". Bom,
>>>>>>>> o Olivier Messiaen, professor de Boulez, que eu não considero um
>>>>>>>> compositor "menor", fez alguns comentários
>>>>>>>> positivos sobre alguns aspectos
>>>>>>>> da música do Villa. Ou seja, o
>>>>>>>>interesse por sua música ultrapassou um
>>>>>>>> pouco as nossas fronteira nacionais.
>>>>>>>>
>>>>>>>> Tenho certeza que, tanto para o bem quanto
>>>>>>>> para o mal, a obra com altos e
>>>>>>>> baixos do Villa é referencial dentro da
>>>>>>>>história da música brasileira.
>>>>>>>>
>>>>>>>> Juízos muito gerais sobre compositores grandes ou menores, ou pior
>>>>>>>> ainda
>>>>>>>> "geniais", só demonstram que tratamos a
>>>>>>>>cultura musical brasileira sem
>>>>>>>> a
>>>>>>>> devida seriedade, pois só a pesquisa, o
>>>>>>>> estudo e a análise sérios poderão
>>>>>>>> avaliar sua real importância. Assim como é
>>>>>>>> feito, penso eu, com as grandes
>>>>>>>> obras dos gênios internacionais.
>>>>>>>>
>>>>>>>> Um abraço
>>>>>>>>
>>>>>>>> Eduardo Guimarães Álvares
>>>>>>>>
>>>>>>>>
>>>>>>>> ----- Original Message ----- From: Flo
>>>>>>>>Menezes To: Lauro Machado Coelho
>>>>>>>> Cc: revistatropico em uol.com.br ; Humberto Pereira da Silva ; João Luiz
>>>>>>>> Sampaio Sent: Monday, August 13, 2007 9:32 AM Subject: Parar para se
>>>>>>>> pensar!!!
>>>>>>>>
>>>>>>>>
>>>>>>>> Prezado Lauro Machado Coelho,
>>>>>>>>
>>>>>>>> chegaram-me a meu conhecimento comentários
>>>>>>>> (sempre benvindos quando vêm de
>>>>>>>> críticos de sua estatura) acerca de minha
>>>>>>>> recente entrevista na UOL, pelas
>>>>>>>> vias de um blog e de uma recomendação a minha entrevista por parte do
>>>>>>>> jornalista João L. Sampaio, a quem tomo
>>>>>>>>a liberdade de enviar uma cópia
>>>>>>>> desta minha mensagem, juntamente com outras pessoas que me são caras.
>>>>>>>>
>>>>>>>> Refiro-me mais precisamente às linhas abaixo, escritas por você,
>>>>>>>> transcritas ao final desta minha mensagem.
>>>>>>>>
>>>>>>>> Gostaria de registrar aqui minhas impressões, dada a responsabilidade
>>>>>>>> de
>>>>>>>> homens da imprensa que são tanto vc quanto o João L. Sampaio.
>>>>>>>>
>>>>>>>> Minha entrevista na UOL
>>>>>>>>
>>>>>>>>(http://p.php.uol.com.br/tropico/html/textos/2880,1.shl),
>>>>>>>>respondendo a
>>>>>>>> perguntas muito bem elaboradas pelo
>>>>>>>> filósofo e crítico de cinema Humberto
>>>>>>>> Pereira da Silva (a quem tb envio esta mensagem, para seu
>>>>>>>> conhecimento),
>>>>>>>> versa sobre diversos aspectos de minha postura estética e é, sem
>>>>>>>> sombras
>>>>>>>> de dúvidas, uma das melhores que concedi até hoje, ao longo de meu
>>>>>>>> percurso criativo.
>>>>>>>>
>>>>>>>> Nela falo de diversos aspectos de minha
>>>>>>>>produção, elucidando inclusive
>>>>>>>> muitas das noções que introduzo em meus
>>>>>>>>escritos e pelas vias de minha
>>>>>>>> obra musical:
>>>>>>>>
>>>>>>>>
>>>>>>>> a.. conceito de maximalismo b.. noção
>>>>>>>>de "laborinto" (em Berio etc) c..
>>>>>>>> noção de "perder-se para achar e procurar" d.. referências a Trotsky
> >>>>>>> e..
>>>>>>>> comentário sobre a relevância da
>>>>>>>>tonalidade e sobre sua prática no dia
> >>>>>>> a
>>>>>>>> dia f.. sobre os "sistemas" em arte e
>>>>>>>> sobres seus "esgotamentos" g.. sobre
>>>>>>>> o capitalismo tardio h.. sobre a pertinência de novas proposições
>>>>>>>> estéticas >>>>> e o Novo i.. noção de
>>>>>>>>especulação no terremo na criação
>>>>>>>> musical j.. a relação entre música e
>>>>>>>>afetos k.. noção de que "gosto se
>>>>>>>> discute" em arte l.. noção da música
>>>>>>>>como "matemática dos afetos" m.. a
>>>>>>>> música como a mais difícil das artes n.. a questão da "tecnicidade
>>>>>>>> musical" o.. a música como uma espécie de
>>>>>>>> "maçonaria" p.. a importância de
>>>>>>>> se ouvir o silêncio q.. o papel inovador
>>>>>>>> de Cage r.. a relação novos meios
>>>>>>>> / novos sons s.. a relação entre meios e
>>>>>>>> fins em arte t.. a relação entre
>>>>>>>> sons e contexto u.. a defesa da
>>>>>>>> radicalidade estética (de cunho adorniano)
>>>>>>>> v.. a relevância da autenticidade na criação artística w.. a
>>>>>>>> tripartição
>>>>>>>> poundiana entre mestria, invenção e diluição em arte x.. a questão em
> >>>>>>> torno da genialidade e a noção de gênio
>>>>>>>> y.. comentários sobre a MPB z.. as
>>>>>>>> diferenças e desavenças nos meandros da
>>>>>>>> Música Nova aa.. cometários sobre
>>>>>>>> a música dos DJs ab.. música e
>>>>>>>>sociedade ac.. a importância dos ritos e
>>>>>>>> sua relatividade ad.. a noção de u-topia ae.. a questão acerca da
>>>>>>>> música
>>>>>>>> "européia", que tanto me imputam af.. a proposta utópica de uma
>>>>>>>> nacionalidade post-mortem ag.. comentário
>>>>>>>> sobre o nacionalismo ah.. Freud
>>>>>>>> e o Novo ai.. a perversão e o Velho aj.. sobre Wagner ak.. defesa da
>>>>>>>> pretensão em oposição à presunção e à prepotência al.. os resíduos da
>>>>>>>> história e sua relação com a criação atual
>>>>>>>> am.. Demócrito, Merleau-Ponty,
>>>>>>>> Barthes an.. a relação entre música e
>>>>>>>>matemática ao.. a relação entre a
>>>>>>>> complexidade maximalista e a velocidade da luz ap.. a defesa das
>>>>>>>> simultaneidades, do labirinto criativo, das ramificações aq.. sobre o
>>>>>>>> acorde de Tristão e as entidades
>>>>>>>>harmônicas ar.. relação entre ruptura
>>>>>>>> e
>>>>>>>> progresso: noção de "transgresso" as.. a
>>>>>>>> arte como campo flexível at.. os
>>>>>>>> baluartes da vanguarda musical au.. a
>>>>>>>>situação da música no Brasil av..
>>>>>>>> comentário sobre Villa-Lobos aw.. aspectos
>>>>>>>> (parâmetros) da textura sonora
>>>>>>>> ax.. o serialismo integral e a aversão cega dos nacionalistas ay.. a
>>>>>>>> diferença entre a complexidade em Berio e em Ferneyhough az.. balanço
>>>>>>>> crítico da Nova Complexidade de
>>>>>>>> Ferneyhough ba.. a noção de Manoury sobres
>>>>>>>> arquipélagos da contemporaneidade bb..
>>>>>>>>sistemas de referência comum em
>>>>>>>> música e sua superação na atualidade bc.. a importância das novas
>>>>>>>> tecnologias bd.. sobre a divulgação da música be.. minhas atuações à
>>>>>>>> frente do Studio PANaroma bf.. a
>>>>>>>> condenação das concessões em arte bg.. a
>>>>>>>> referência à imagem do "rio" em arte (Joyce, Berio, Heráclito etc)
>>>>>>>>
>>>>>>>>
>>>>>>>> Por tudo isto, espanta-me (sem
>>>>>>>>surpreender-me!) como algumas pessoas se
>>>>>>>> ativeram ao "simples" e direto comentário que fiz acerca da obra de
>>>>>>>> Villa-Lobos e se silenciaram sobre
>>>>>>>>todas as demais questões, a meu ver
>>>>>>>> MUITO mais importantes do que essa
>>>>>>>>discussão. (Até mesmo email anônimo
>>>>>>>> e
>>>>>>>> desrespeitoso cheguei a receber... não
>>>>>>>> tiveram sequer a coragem de assinar
>>>>>>>> a mensagem).
>>>>>>>>
>>>>>>>> Quando vc "sai em defesa" de Villa-Lobos
>>>>>>>> (que vc afirma ser uma "chuva no
>>>>>>>> molhado", com o quê sinceramente
>>>>>>>>discordo!), tece comentários bastante
>>>>>>>> pertinentes, e concordo com boa parte deles, especificamente com
>>>>>>>> relação
>>>>>>>> às boas obras de sua autoria a que vc se referiu.
>>>>>>>>
>>>>>>>> Minha opinião acerca do que vem a constituir um GRANDE compositor não
>>>>>>>> se
>>>>>>>> altera, porém, substancialmente em nada: a proporção entre as obras
>>>>>>>> medíocres e as obras geniais tem de ser
> >>>>>>> nitidamente favorável, na balança,
>>>>>>>> às obras geniais, e isto de modo muito
>>>>>>>>claro e evidente, como foram os
> >>>>>>> casos de Webern, Berg, Schoenberg, Berio, Stockhausen, Stravinsky (e
>>>>>>>> não
>>>>>>>> de compositore menores, tais como
>>>>>>>> Shostakóvitch, Martinu e Milhaud, que vc
>>>>>>>> cita como exemplos - sei que estou
>>>>>>>>pondo lenha na fogueira, mas é minha
>>>>>>>> opinião sincera...).
>>>>>>>>
>>>>>>>> Ademais, não vejo como pertinente a comparação entre a música que se
>>>>>>>> praticou a partir do início do século XX, em plena era da indústria
>>>>>>>> cultural e diante das "rupturas" com os
>>> velhos códigos, "promulgadas" por
>>>>>>>> Schoenberg e outros, com as práticas da
>>> música barroca, clássica e mesmo
>>>>>>>> romântica: os critérios de excelência, naquelas épocas (sobretudo na
>>>>>>>> música barroca e clássica) dobravam-se comumente às exigências de uma
>>>>>>>> produção ininterrupta, socialmente
>>>>>>>> subalterna às "necessidades" religiosas
>>>>>>>> ou das cortes. Algo, pois, bem diverso
>>>>>>>>da época dita "moderna", em que
>>>>>>>> o
> >>>>>>> critério da criação autônoma, por mais relativa que possa ser tal
>>>>>>>> autonomia, norteia o pensador, e na
>>>>>>>>qual se deve constantemente "parar
>>>>>>>> para pensar", para que quando se faça
>>>>>>>> algo, se faça o MELHOR e sobretudo o
>>>>>>>> que se DESEJA fazer! Pensemos, por
>>>>>>>> exemplo, em Berg, Webern ou Boulez, com
>>>>>>>> o rigor de suas (poucas, porém vastas, ao menos no que tange às suas
>>>>>>>> ramificações posteriores) obras!!!
>>>>>>>>
>>>>>>>> Concluindo, é preciso que acordemos para a discussão de tantos outros
>>>>>>>> aspectos mais interessantes do que nos
>>>>>>>>sentirmos afetados ou agredidos
>>>>>>>> diante da constatação de que artistas
>>>>>>>> pouco exigentes, como Villa-Lobos, e
>>>>>>>> que escreviam pelos cotovelos, apenas terão reconhecimento como
>>>>>>>> "gênios"
>>>>>>>> dentro dos limites, bastante restritos, de nossa "nação brasileira".
>>>>>>>>
>>>>>>>> Grande abraço a todos.
>>>>>>>>
>>>>>>>> ___ Comentário de Lauro Machado:
>>>>>>>>
>>>>>>>> A respeito da entrevista de Flo Menezes: Ninguém é "forçado a venerar
>>>>>>>> Villa-Lobos como o gênio nacional", é
>>>>>>>> claro. Mas é uma simples questão de
>>>>>>>> justiça reconhecer que o Brasil nunca produziu outro compositor tão
>>>>>>>> completo. A obra de Villa-Lobos é
>>>>>>>> irregular, sim. Como todo compositor que
>>>>>>>> escreve com extrema facilidade, o excepcional, em sua obra, se
>>>>>>>> acotovela
>>>>>>>> com o medíocre, é verdade. Isso acontece com outros autores do século
>>>>>>>> XX
>>>>>>>> (sem mencionar os prolíficos autores do
>>>>>>>>Barroco ou do Classicismo). Eu
>>>>>>>> citaria Dimitri Shostakóvitch, Bohuslav
>>>>>>>> Martinu e Darius Milhaud, que são
>>>>>>>> igualmente ecléticos e desiguais. Mas nem por isso questionamos a
>>>>>>>> genialidade deles.
>>>>>>>>
>>>>>>>> Na verdade, que outro compositor brasileiro praticou todos os gêneros
>>>>>>>> --
>>>>>>>> inclusive a ópera -- com igual número de acertos? (a afirmação de Flo
>>>>>>>> Menezes de que as peças medíocres
>>>>>>>>superam as excepcionais não resiste,
>>>>>>>> acredito, a uma simples avaliação aritmética).
>>>>>>>>
>>>>>>>> Não são só as Bachianas e os Chôros, no domínio da música orquestral.
>>>>>>>> Os
>>>>>>>> quartetos de cordas estão entre as
>>>>>>>> coleções mais importantes do século XX.
>>>>>>>> E a música para piano tem verdadeiras
>>>>>>>>preciosidades, entre elas, coisas
>>>>>>>> como as Cirandas e o Guia Prático -- recentemente gravado pela Clara
>>>>>>>> Sverner - que mapeam a riqueza melódica e rítmica do cancioneiro
>>>>>>>> luso-brasileiro. Há, na música de câmara, coisas de uma originalidade
>>>>>>>> gritante, como o Noneto. >>>>> E o
>>>>>>>> repertório das canções é um setor a ser
>>>>>>>> ainda explorado com mais profundidade.
>>>>>>>>
>>>>>>>> Sair em defesa de Villa-Lobos, a esta
>>>>>>>>altura do campeonato, é chover no
>>>>>>>> molhado, eu sei. Só queria dizer que não
>>>>>>>> preciso fazer esforço algum para
>>>>>>>> me orgulhar de o Brasil ter produzido um artista dessa estatura. ___
>>>>>>>>
>>>>>>>> Flo Menezes CP 141 06803-971 - Embu - SP Brasil
> >>>>>>>
>>>>>>>> - - - Compositor & Diretor Artístico do Studio PANaroma e do PUTS -
> >>>>>>> PANaroma/Unesp: Teatro Sonoro
>>>>>>>>
>>>>>>>> Tel & Fax: ++55/11/4781-6775 Celular: ++55/11/8282-0960 Studio
>>>>>>>> PANaroma:
>>>>>>>> ++55/11/6166-6513 email: flomenezes em uol.com.br web:
>>>>>>>> http://flomenezes.sites.uol.com.br
>>>>>>>>
>>>>>>>> ------ End of Forwarded Message
>>>>>>>>
>>>>>>>>
>>>>>>>>
>>> ------ End of Forwarded Message
>>>
>>>
>>>
>>> ________________________________________________
>>> Lista de discussões ANPPOM
>>> http://iar.unicamp.br/mailman/listinfo/anppom-l
>>> ________________________________________________
>>>
>>> E-mail classificado pelo Identificador de Spam Inteligente Terra.
>>> Para alterar a categoria classificada, visite
>>>
>>>http://mail.terra.com.br/cgi-bin/imail.cgi?+_u=silvio.ferraz&_l=1,1187136136.
>>> 652116.1125.domoni.hst.terra.com.br,23756,Des15,Des15
>>
>
>
>
>E-mail classificado pelo Identificador de Spam Inteligente Terra.
>Para alterar a categoria classificada, visite
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