[ANPPOM-L] resultado da audincia -ensinodemsica nas escolas

Jorge Antunes antunes em unb.br
Ter Jan 2 12:11:37 BRST 2007


Oi, Mario:

Que bom ler suas linhas.
Você anda sumido das bandas de cá.
Mande notícias para meu e-mail antunes em unb.br

Com relação à sua reflexão, que questiona o tipo de música a ser ensinada nas escolas do Acre, envio minha opinião.
Não gosto da frase "ensinar música na escola".
Pior ainda é: "volta do ensino da música nas escolas".
A palavra ensinar, do latim vulgar "insignare", via "insignire", está totalmente deturpada em sua significação, pelo menos no Brasil.
A sua origem, na acepção de Plinius, é interessante: tornar notável, distinguir-se.
Na acepção de Virgilius Maro, também segue na mesma via: pôr em relevo, realçar.
Hoje, até mesmo as acepções dicionarizadas no Brasil são esquecidas: instruir, lecionar.
Convido você a ler meu artigo intitulado "Provocando os sentidos", publicado na revista Humanidades número 51, de maio de 2005.
Ali está detalhada, em 15 páginas, minha opinião a respeito.
No artigo eu defendo a tese de François Rabelais (1494-1553): "A criança não é um vaso que se enche, mas sim um fogo que se acende".
No texto eu critico os métodos Orff, Kodaly, Martenot, Dalcroze e Montessori, reconhecendo e ressaltando suas poucas qualidades, passo pela OBM, por Bryan Denis e Murray Schafer, até chegar no som eletrônico e na música eletroacústica, para desenvolver propostas no sentido do exercício de ouvir, das novas estéticas, da criatividade e invenção e da educação sensorial.
Feliz ano novo, abraço,
Jorge Antunes




mario em unb.br wrote:

> Sem dúvida é uma discussão importante e por isso gostaria de colocar
> mais um parâmtro para ser pensado. O Brasil é muito diverso
> culturalmente. Que tipo de música vamos ensinar para as crianças do
> Acre, onde a chamada música erudita, seja ela clássica ou contemporânea
> agora que está engantinhando e ao redor de nossas cidades temos etnias
> indígenas cujas tradições são bem mais antigas que o nosso própio País?
>
> Mário Brasil
>
> Quoting Alexandre Bräutigam <alexandrebrautigam em hotmail.com>:
>
> > Todo cuidado é pouco com esse Eterno Retorno.
> >
> > A música mudou muito dos anos 40 pra cá. Um ensino de música sério
> > não pode se restringir a apenas um modelo, apenas um sistema, como o
> > tonal, por exemplo. Ainda mais quando se tem tempo para trabalhar. Em
> > um currículo escolar que propicia anos de continuidade, um programa
> > mais abrangente pode ser desenvolvido e aplicado. Não se limitar às
> > notas musicais, por exemplo. Desenvolver nas crianças/adolescentes a
> > escuta. A percepção. Trabalhar uma área que é importante na música e
> > aonde ela está inscrita, que é a sonologia. E aproveitar a estrutura
> > que cada escola possui para já em sala de aula introduzir
> > brincadeiras lúdicas de percepção e manipulação do som, com os
> > computadores e softwares livres. Abrir a cabeça dos jovens para a
> > quantidade infinita de possibilidades de se brincar com o som e
> > organizá-lo. Compor.
> >
> > O problema é que isso deveria ser mostrado na faculdade de educação
> > musical. No currículo deste curso superior, qual é a porcentagem de
> > tempo/aulas gasta em novas tecnologias de manipulação sonora? Em
> > aculogia (área de estudo dos diferentes tipos de escuta)? O que sabem
> > os graduados em educação musical sobre música eletroacústica,
> > estocástica, Cage, Xenakis ou Stockhausen? Isso só pra falar de
> > alguns já "clássicos" (claro q não no sentido de pertencerem ao
> > classissismo europeu) e "antigos" compositores do século passado. O
> > currículo que forma os educadores musicais que darão aulas nas
> > escolas abordam de maneira satisfatória esses temas?
> >
> > Senão corremos o risco de reformatar (sim, na pior das leituras q a
> > palavra pode oferecer) pessoas do século XXI como músicos enraizados
> > com a teoria do século XIX, mesmo depois de todos os berros de
> > teóricos da educação no século XX sobre o ensino tradicional (como o
> > nosso Paulo Freire) e até bandas de rock (é só ver o filme "The
> > Wall", de 1982, do Pink Floyd, discutindo a formatação educacional
> > via música, um de seus grandes hits).
> >
> > Discutir é preciso.
> >
> > abraços,
> >
> > Alexandre Bräutigam.
> >
> >
> >> From: jcsnfo em unb.br
> >> To: "antunes em unb.brAdriana Giarola Kayama" <akayama em iar.unicamp.br>,
> >>        anppom-l em iar.unicamp.br, assom em yahoogrupos.com.br,
> >> cdmusica em unicamp.br,        cidaclf em globo.com,
> >> contemporaneidadeprazere_arte em yahoogrupos.com.br,
> >> forumnacionaldemusica em yahoogrupos.com.br, i_1 em yahoogrupos.com.br,
> >>     mobilizacaomusical em grupos.com.br,
> >> musicaparacriancas em yahoogrupos.com.br, abmusica em abmusica.org.br
> >> Subject: Re: [ANPPOM-L] resultado da audiência - ensinodemúsica nas escolas
> >> Date: Thu, 23 Nov 2006 21:06:47 -0200
> >>
> >> Agora eu comecei a gostar!
> >> É verdade, fico apático, sequer consigo reagir quando alguns verbos
> >> são utilizados.
> >> Precisamos mesmo começar a pensar sobre música nas escolas, educação
> >> e cultura realmente são idissolúveis, concordo plenamente com isso
> >> que o Antunes escreveu, acho mesmo que precisamos pensar alguns
> >> valores e, se for mesmo o caso de repensar, é repensar para melhorar
> >> e não para reutilizar.
> >> Jonas Correia
> >>
> >> Quoting Jorge Antunes <antunes em unb.br>:
> >>
> >>> Colegas:
> >>>
> >>> Gosto quando vejo, nos documentos de nossa luta, frases e
> >>> expressões como estas:
> >>>
> >>> *Introdução da Música na grade curricular
> >>> *incluir a Música no currículo escolar
> >>> *implantação do ensino de música nas escolas
> >>>
> >>> Acho muito bom o uso destes verbos: introduzir, incluir, implantar.
> >>>
> >>> Fico preocupado quando vejo colegas falarem em "volta da música às
> >>> escolas" ou usarem os verbos: reintroduzir, reincluir, reimplantar.
> >>>
> >>> A educação musical e o ensino da música nas escolas não podem
> >>> voltar a ser como eram nos anos 40-50-60, quando ministrados pelos
> >>> egressos do C.N.C.O. de Villa-Lobos. Formação de orfeões nas
> >>> escolas devem, sim, voltar a acontecer.
> >>> Mas, naquela época acontecia uma total deseducação musical, com
> >>> aulas chatíssimas de "Canto Orfeônico" em que apenas hinos cívicos
> >>> eram trabalhados. As turmas eram divididas em primeira voz, segunda
> >>> voz e ouvintes.
> >>> Também não podemos deixar margem para que o ensino da música nas
> >>> escolas se atenha a métodos Dalcroze, Orff, Kodaly, Martenot e
> >>> Montessori, em que tudo se encaminha para o sistema tonal, com
> >>> alienação total com relação às estéticas pós anos 20.
> >>> Também não devemos dar margem a que tudo se resuma a reuniões de
> >>> porralouquice em oficinas básica de música, com sessões de catárse
> >>> coletiva.
> >>> Discutamos.
> >>>
> >>> Abraço,
> >>> Jorge Antunes
> >>>
> >>>
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