[ANPPOM-L] "Candelárias" de Ricciardi pela OSB no RJ

Rubens Ricciardi rrrr em usp.br
Sáb Jul 14 01:57:04 BRT 2007


    caros amigos e colegas,

    informo a todos que a Orquestra Sinfônica Brasileira (OSB), sob regência do maestro convidado Ronald Zollman (Bélgica), vai apresentar minha composição sinfônica "Candelárias - uma abertura trágica", no Theatro Municipal do Rio de Janeiro, no próximo dia 2 de agosto, quinta-feira, às 20h (no mesmo programa também serão apresentadas obras de Tchaikovisky e Piazzolla),

    agradeço a atenção,

    Prof. Rubens Ricciardi - ECA-USP/Ribeirão Preto

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    segue um texto sobre a obra redigido pela colega Bárbara Luz...

Candelárias – uma abertura trágica

A primeira obra sinfônica de Rubens Ricciardi, Candelárias - uma abertura trágica, teve sua versão definitiva estreada por Roberto Minczuk frente à Orquestra Sinfônica de Ribeirão Preto (Teatro Municipal de Ribeirão Preto, a 14 de junho de 1995). Posteriormente, a obra foi apresentada por esta mesma orquestra no Festival de Campos de Jordão, pela OSESP na Sala São Paulo e ainda por orquestras no exterior (Canadá e México), tendo sido premiada no México.

Composta entre 1994 e 1995, foi desenvolvida segundo sugestões do libretista alemão Wolfgang Herbert, parceiro do compositor em vários projetos. Trata-se de uma reflexão musical sobre a tragédia ocorrida junto à Igreja da Candelária, no Rio de Janeiro, quando oito crianças ("Pimpolho", "Neguinho", "Caolho", "Careca", "Gambazinho", Paulo da Silva, "Nojento" e Marco Antônio da Silva - o "Russo") foram assassinadas na noite de 21 de julho de 1993, numa chacina que teve repercussão mundial. In Memoriam, esta obra é dedicada a elas.

O título no plural, "Candelárias", designa uma situação em que aquela tragédia infelizmente não se resume a um fato isolado.

O clima inicial da obra corresponde à sensação do desconforto de dormir na rua: um sono leve, interrompido a cada ruído, ou ao mínimo presságio de perigo, sempre no contexto sonoro de uma grande cidade. As distorções dos acordes estáticos com pequenos glissandi procuram criar uma tensão sempre crescente a partir de texturas numa tradição poético-musical que remonta a Webern (Opus 10) e Ligeti (Atmosphères). O medo e a insegurança confirmam-se na cena dos tiros (percussão em fortíssimo) - ponto culminante da obra - restando depois as linhas retas dos clusters das cordas, representando a morte. O solo de cuíca - e depois num duo com trombone - é um lamento, manifestação de tristeza, mas ao mesmo tempo, um "choro de malandro", um "expressionismo tropical".

Candelárias é uma obra sem final feliz - ao contrário da tradição clássica otimista, como, por exemplo, na abertura Egmont de Beethoven. A seqüência de acordes estáticos no final de Candelárias simboliza a falta de perspectiva e a impossibilidade de solução diante de um quadro estarrecedor. Não há aqui triunfo das idéias (como nos ideais iluministas). No entanto, é uma obra ainda assim concebida como atitude de transformação: um espírito de resistência e negação diante da indiferença predominante nestes bárbaros dias (Bárbara Luz).
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