[ANPPOM-L] FWD: TRADI ÇÃ O E RUPTURA - John Corigliano e a m ú sica do presentepor Matheus G. Bito ndi

carlos palombini palombini em terra.com.br
Sex Jul 20 22:05:01 BRT 2007


Achei muita coisa estranha neste artigo.

[1] É estranho ver Gilberto Mendes descrito como o representante 
brasileiro do pós-modernismo. Matheus Bitondi não deve ter lido o 
prefácio que o compositor santista escreveu para o livro em que Jorge 
Antunes publicou sobre Jorge Antunes, _Uma poética musical brasileira e 
revolucionária_. Considerem este excerto:

"Neste momento em que o hip-hop e DJs são elevados, pela mídia, à 
importância de Stockhausen, Berio, Pousseur, este livro de análises das 
obras de Antunes vem em boa hora, como reação a esta descaracterização 
das diversidades. Vem para colocar as coisas em seus devidos lugares, 
mostrando o que é de fato um compositor voltado para uma música 
realmente de invenção. Um compositor que pensa a música, como um 
artista, como um homem da alta cultura."

[2] É estranho ver o "ecletismo" de um compositor norte-americano dos 
séculos XX e XXI ser apresentado como  tendo raízes em Monteverdi, 
Tchaikovski e Dvorak e, portanto, não sendo realmente novo. O serialismo 
integral de Boulez não combinava Webern, Messiaen, Varèse, Cage e 
Stravinski? E o dodecafonismo
de Schoenberg não era a conseqüência necessária de Brahms, Mozart, Bach, 
Beethoven e Wagner? Por que o pós-modernismo de uns necessita reduzir-se 
às mesmas narrativas historiográficas que o modernismo de outros? E por 
que estas estruturas narrativas são usadas ao mesmo tempo para 
justificar os modernistas como conseqüência lógica da tradição e 
desqualificar os pós-modernos como nem tão novos assim?

[3] É estranho ver os compositores ditos pós-modernos só podendo ser 
compreendidos se colocados em oposição ao serialismo integral, como se 
só o serialismo integral os tivesse precedido e nos anos cinqüenta não 
houvesse mais nada de novo acontecendo no mundo. Não houve Cage? Não 
houve Scelsi? Não houve Messiaen? Não houve Varèse? E não houve o soul, 
o gospel, o rock, o twist, o cool jazz? E não houve Villa-Lobos, Camargo 
Guarnieri, o baião, Ary Barroso, Ângela Maria, a bossa nova?

--
cvp


silvio escreveu:
> interessante a frase:
>
> " A libertação das amarras seriais e a 
> conseqüente reabertura dos ouvidos para toda a 
> história da música"
> afinal de contas ela era usada antes de outro 
> modo: "a liberação da música das amarras do 
> tonalismo", "a liberação do som". E não houve 
> época mais aberta a ouvir toda a história do que 
> os anos 50 e 60, nas classes de messiaen e 
> maderna.
>   




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